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Sumário. Texto Integral. Tribunal da Relação de Coimbra Processo nº 346/06.4TBGVA.C1

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Tribunal da Relação de Coimbra Processo nº 346/06.4TBGVA.C1 Relator: GABRIEL CATARINO Sessão: 13 Junho 2007

Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: RECURSO CRIMINAL Decisão: CONFIRMADA

INIBIÇÃO DA FACULDADE DE CONDUZIR SUSPENSÃO

EXECUÇÃO

Sumário

I- A suspensão da execução da sanção acessória apenas pode ser decretada quando estiver em causa a prática de contra-ordenação grave. E mesmo nesta, se o condenado não tiver sofrido condenação nos últimos cinco anos.

II- A atenuação da sanção acessória unicamente é possível nos casos previstos no art.º 140, do C. E.

III- A norma do art.º 141º, do C. E. não sofre de inconstancionalidade.

Texto Integral

Acordam no Tribunal da Relação de Coimbra.

I. – Relatório.

Desavindo com o julgado prolatado no processo supra epigrafado, em que foi decidido julgar o recurso impulsado pelo arguido, A... , improcedente e, consequentemente, manter a decisão administrativa recorrida “nos seus precisos termos” por se haver considerado que se não verificava “a nulidade arguida e não ser legalmente admissível a pretensão do arguido/recorrente”, recorre o arguido tendo rematado a motivação com que cevou o recurso com o sequente epítome conclusivo:

«A) O arguido é vendedor, necessitando de conduzir diariamente, conduzir diariamente, para o pleno desempenho das suas funções, na medida em que contacta, pessoalmente, com clientes, deslocando-se, para o efeito, a vários pontos do país.

B) Aplicar ao Recorrente a sanção acessória de inibição de conduzir será

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colocar em risco a actividade empresarial, bem como a manutenção do seu posto de trabalho e, consequentemente, a estabilidade económica do seu agregado familiar, na medida em que a sua esposa se encontra desempregada e tem uma filha de 17 anos a estudar.

C) A entidade empregadora não tem condições financeiras, nem condições estruturais para contratar outro trabalhador para o substituir nesta tarefa.

D) Assim, a aplicação efectiva da sanção acessória de inibição de conduzir, implicará graves consequências, não só a nível profissional, mas, também a nível financeiro e pessoal.

E) O arguido é um condutor prudente e não colocou em perigo a segurança rodoviária de qualquer outro automobilista.

F) Da aplicação da sanção acessória de inibição de conduzir não pode resultar consequências gravosas e/ou desnecessárias para o condenado ou terceiros dele dependentes, uma vez que as restrições dos direitos devem limitar-se ao estritamente necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos, devendo ainda a restrição ser apta para o efeito (artigo 18º da C.R.P.)

G) In casu, deve aplicar-se, por analogia, o artigo 141° do C. Estrada, sob pena de esta norma ser considerada inconstitucional, na medida em que, no

presente caso, a sua não aplicação colide com direitos fundamentais do recorrente, os quais se encontram constitucionalmente consagrados (artigo 47º e 58º da C. R. P.)

H) Nos termos do disposto no artigo 141º do Código da Estrada (norma que deve ser aplicada por analogia ao presente caso), a pena pode ser suspensa mediante a prestação de uma caução de boa conduta, encontrando-se

preenchidos todos os requisitos para o efeito.

I) Sem prescindir, a condenação não é justa e adequada, sendo certo que os critérios utilizados na escolha e medida da pena, não se coadunam com o caso sub judice.

J) A conduta do arguido não é dolosa, não se verificando, quer o dolo específico, quer o dolo eventual.

K) A interpretação do artigo 141º, nº1 do C. Estrada, na actual redacção, no sentido de não ser possível a suspensão da sanção acessória de inibição de conduzir no caso de contra ordenações muito graves, deve ser declarada inconstitucional por violação das normas constitucionais constantes dos artigos 18º, 47º, nº1 e 58º da C.R. P.

L) A sentença recorrida viola as normas dos artigos 41º, 27º, al. c), 30º-A, 31º e 141º do Código da Estrada, artigos 50º e 121º do C. Penal e artigos 18º, nº1 e 2, 47º, nº1, e art. e 58 da C.R.P.

Nestes termos e mais de direito, revogando a douta sentença recorrida e

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optando pela suspensão ou substituição da sanção acessória de inibição de conduzir, pela prestação de uma caução de boa conduta, nos termos do artigo 141º do C. Estrada […]”.

Em resposta inconclusiva, estima o digno Magistrado do Ministério Público, junto do tribunal recorrido: “Afigura-se-nos, porém, que não assiste razão ao recorrente, concordando-se inteiramente com a decisão recorrida e respectiva fundamentação. Na verdade, a pretendida suspensão da execução da sanção acessória de inibição de conduzir em que o arguido fora condenada não é, no caso, e tendo em conta que o mesmo fora sancionada com referência à prática de uma contra-ordenação muito grave, legalmente admissível em face do novo regime que, a esse propósito, foi estabelecido no art. 141º, do Código de

Estrada.

Pois que, com a revisão do Código de Estrada efectuada através do Decreto Lei nº 44/05, de 23/02, aplicável ao caso em apreço, o legislador veio limitar o regime da suspensão da execução da sanção acessória aplicada às contra- ordenações graves, nos termos previstos no art. 141.º, do Código de Estrada.

Estabelecendo apenas, quanto às contra-ordenações muito graves, a possibilidade de atenuação especial da sanção acessória, nos termos do disposto no art. 140º, do Código de Estrada.

Assim, dispõe o art. 140º, do Código de Estrada, sob a epígrafe de atenuação especial da sanção acessória, que os limites mínimo e máximo da sanção acessória cominada para as contra-ordenações muito graves podem ser reduzidos a metade tendo em conta as circunstâncias da infracção, se o infractor não tiver praticado, nos últimos cinco anos, qualquer contra- ordenação grave ou muito grave ou facto sancionado com proibição ou inibição de conduzir e na condição de se encontrar paga acoima.

Regime este de que, no presente caso, o arguido não poderia beneficiar, pois que já fora anteriormente sancionado em proibição de conduzir pela prática de uma contra-ordenação grave praticada nos últimos cinco anos, verificando- se, ao invés, uma situação de reincidência, prevista no art. 143º, do Código da Estrada, por que foi sancionado.

Enquanto que o art. 141º, do Código de Estrada, sob a epígrafe de suspensão da execução da sanção acessória, estatui, no seu nº 1, que pode ser suspensa a execução da sanção acessória aplicada a contra-ordenações graves no caso de se verificarem os pressupostos de que a lei penal geral faz depender a suspensão da execução das penas, desde que se encontre paga a coima, nas condições previstas nos números seguintes.

Daqui decorre inequivocamente, e ao contrário do que foi sustentado pelo corrente, que a suspensão da execução da sanção acessória, no actual regime, além de exigir verificação das demais condições que o legislador estabeleceu

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nos números seguintes naquele preceito legal, pressupõe a verificação de um requisito básico e essencial, previsto no nº 1 do art. 141ºdo Código de

Estrada, relativo à natureza da contra-ordenação a que essa sanção acessória foi aplicada.

Ou seja, no actual Código de Estrada, só é legalmente admissível a suspensão da execução da sanção acessória aplicada a contra-ordenações graves. Ora, no presente caso, tendo o arguido sido sancionada na inibição de conduzir pela prática de uma contra-ordenação muito grave, ter-se-ia que concluir – como na decisão recorrida – que não era legalmente admissível sua pretensão de

suspensão da execução da sanção acessória ao abrigo do disposto no actual art. 141º, nº 1, do Código da Estrada.

E nem se diga, como pretende o recorrente, que tal preceito legal deveria ser aplicado por analogia à situação dos autos.

Pois que, e desde logo, consideramos que não existe no presente caso

qualquer lacuna que urgisse colmatar através de norma aplicável aos casos análogos – cfr. Art. 10º, do Código Civil.

Pelo contrário, o actual regime previsto nos arts. 140º e 141º, do Código da Estrada, reflecte uma clara opção do legislador de tratar de maneira diferente o que é diferente, consoante a diferente gravidade da contra-ordenação que esteve subjacente à aplicação da sanção acessória de inibição de conduzir aplicada.

Estabelecendo, assim, um diferente (e gradativo) regime aplicável a essa

sanção acessória em atenção à natureza diversa da contra-ordenação a que foi aplicada.

Nos termos do qual a sanção acessória cominada para as contra-ordenações muito graves só pode ser objecto de atenuação especial – art. 140°; enquanto que a suspensão da execução está reservada à sanção acessória aplicada às contra-ordenações graves – art. 141º, do Código da Estrada, se verificado, em cada um dos casos, o demais condicionalismo previsto em cada um desses normativos legais.

E, nem se diga também, como igualmente pretende o recorrente, que a exclusão da aplicabilidade do regime de suspensão da execução da sanção acessória nas contra-ordenações muito graves implica a inconstitucionalidade do disposto no art. 141º, nº 1, do Código da Estrada.

Em primeiro lugar, verifica-se que art. 3º, alíneas m) e n), da Lei nº 53/2004, de 04/11, que autoriza o Governo a proceder à revisão do Código da Estrada, aprovado pelo Decreto-Lei nº 114/94, de 3 de Maio, estabelece, no que

concerne à autorização referida no seu art. 1º, que:

“m) A previsão de atenuação especial e de suspensão da execução da sanção acessória de inibição de conduzir condicionadas ao prévio pagamento da

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coima e ao facto de o infractor não ter praticado outras infracções no período fixado;

n) A consagração do princípio de que a suspensão da execução da sanção acessória possa ser condicionada, além da prestação de caução de boa

conduta, à frequência de acções de formação ou ao cumprimento de deveres específicos previstos em legislação própria. “

Ora, na verdade o disposto no nº 1 do art. 141º, do Código da Estrada regula matéria cuja competência é de reserva exclusiva da Assembleia de República (cfr. alínea d) do artigo 161º e alínea b) do nº 1 do art. 198º, da Constituição da República Portuguesa), e, por tal, a necessidade da Lei de Autorização supra referida.

Contudo, da leitura da norma autorizante decorre que tal reserva se limita à autorização da possibilidade de previsão de atenuação especial e de suspensão da sanção acessória de inibição de conduzir; e, neste caso, com as eventuais condicionantes referidas na citada alínea n) da Lei de Autorização, dado que a regra é a não atenuação ou suspensão da execução da respectiva sanção, cabendo, assim, ao órgão autorizado a legislar – Governo – estabelecer em que condições e a que tipo de sanção acessória, dentro da qualificação

estabelecida no Código da Estrada, poderá ser aplicada atenuação, ou poderá ter lugar a respectiva suspensão.

Ou seja, vindo a estabelecer o nº 1 do art. 141º do Código da Estrada, a exclusão da aplicabilidade do regime de suspensão da execução da sanção acessória nas contra-ordenações muito graves, entendemos que tal

possibilidade se encontra dentro da norma autorizante.

E, por outro lado, ao estabelecimento pelo legislador de sanção acessória de inibição de conduzir para o sancionamento da prática de contra-ordenações graves e muito raves, bem como da definição do seu regime de execução (cfr.

arts. 138º a 141º Do Código da Estrada), presidem razões de política legislativa que visam atingir os objectivos de prevenção e segurança

rodoviária, que necessariamente contendem com a perigosidade/gravidade de determinadas infracções estradais, que violam as elementares regras e

deveres dos condutores e que frequentemente colocam em causa valores de particular relevo, incluindo a vida e integridade física de outrem, e cuja prática urge prevenir, num país de tão elevada sinistralidade.

E, como na imposição de qualquer pena/medida de segurança, a imposição de uma sanção acessória de inibição de conduzir justifica-se e impõe-se nos casos considerados mais graves (v.g. como o dos autos, em que está em causa a prática de uma contra-ordenação muito rave, numa situação qualificada na lei como reincidência). Como forma de alcançar o desiderato da lei punitiva, com a consequente e necessária restrição dos direitos do infractor e sem que, por

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isso, possa estar ferida de inconstitucionalidade, nos termos pretendidos”.

O Exmo. Senhor Procurador-geral Adjunto junto deste tribunal é de parecer que o recurso não merece provimento, iterando, na parte atinente à

inconstitucionalidade suscitada pelo recorrente as razões expostos na douta resposta, que transcreveu.

Para a economia do recurso reputam-se pertinentes as questões que a seguir se destacam:

a) – Contra-ordenação muito Grave – Sanção Acessória – Suspensão da sanção – Substituição por caução de boa conduta;

b) – Constitucionalidade do artigo 141º do Código da Estrada.

II. – Fundamentação.

II.A. – De Facto.

Para a decisão proferida sedimentou o tribunal recorrido, a sequente facticidade:

«1º) – No dia 2005-11-04, pelas 01:50, no local EN17, rotunda da Pulga, conduzindo o veículo automóvel, ligeiro de mercadorias, com a matrícula 95-56-UB, o arguido apresentava uma taxa de álcool no sangue de 1,15g/l, testado pelo aparelho Drager, Alcooteste, modelo 7110MKIII, com o nº 0026, aprovado pelo IPG e autorizado pela Direcção-Geral de Viação, através do despacho nº 0017DGV/ALC/98, de 6 de Agosto de 1998;

2º) – O arguido não procedeu com o cuidado a que estava obrigado;

3º) – Do registo individual de condutor consta uma contra-ordenação - auto nº 229513395-, praticada em 2002, com aplicação de sanção acessória de

inibição de conduzir;

4º) – O arguido pagou voluntariamente o montante da coima pelo seu mínimo;

5º) - Não resulta do auto que o arguido tenha colocado em perigo a segurança dos outros automobilistas;

6º) – Do recibo de vencimento inserto a fls. 33 consta que o arguido é vendedor na firma Umbelino Monteiro, S.A., auferindo mensalmente o montante de €601,80.

IV – FACTOS NÃO PROVADOS

De entre a matéria alegada não se provaram quaisquer outros factos que excedam ou estejam em contradição com os supra descritos, designadamente:

- Que o arguido seja Director Comercial, na Sociedade Umbelino Monteiro, S.A., e que necessite de conduzir diariamente, primordialmente, por interesses profissionais, na medida em que a esposa se encontra desempregada e que tenha uma filha de 17 anos a estudar;

- Que a aplicação efectiva da sanção acessória de inibição de conduzir,

implique graves prejuízos, não só profissionais, como, também, financeiros e

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pessoais,

- Que privá-lo de conduzir será colocar em risco o pleno desempenho das suas funções e, consequentemente, a manutenção do Posto de Trabalho;

- Que o arguido seja um condutor prudente que, em circunstância alguma pretendeu colocar em risco a segurança rodoviária e, consequentemente, a dos outros automobilistas.

- Que o arguido tenha agido na convicção de que a sua conduta não seria considerada perigosa e, como tal, foi feita com toda a segurança.

- Que não seja possível ao arguido deslocar-se em transportes públicos.

V – FUNDAMENTAÇÃO

Foram determinantes para formar a convicção do Tribunal:

- O auto de contra-ordenação de fls. 4, que faz fé em juízo, sobre os factos presenciados pelo autuante, até prova em contrário, nos termos do artº 170º, n.º 3, do actual C. E., o talão de resultado do teste de alcoolemia de fls. 5, bem como todos os documentos juntos aos autos a fls. 8, 28 e 33.

A matéria de facto dada como não provada resulta pelo facto de não se ter efectuado prova de tal factualidade, dado que, conforme resultará infra, tal prova tornar-se-ia a prática de actos inúteis, proibidos por lei».

II.B. – De Direito.

II.B.1. – Contra-ordenação muito Grave – Sanção Acessória – Suspensão da sanção – Substituição por caução de boa conduta.

Por decisão administrativa proferida pela Direcção Geral de Viação foi imposta ao arguido a sanção acessória de inibição de conduzir pelo período de 120 dias, precipitada pela prática de um ilícito contra-ordenacional, p. e p. no art.

81º, nº 1, do Código da Estrada, sancionável com coima de 500,00 euros a €2 500,00 euros, nos termos do citado artº 81º, nº 5, al. b), e ainda com sanção acessória de inibição de conduzir de 2 a 24 meses, por força dos artºs 138º e 145º, alínea j), do Código da Estrada.

A pretensão do arguido, já manifestada na impugnação que opôs à predita decisão da autoridade administrativa, colima com a necessidade de, para aplicação de uma sanção acessória, haver de ter que se tomar em

consideração a personalidade do condutor, a sua conduta anterior,

nomeadamente a ausência de situações geradoras ou potenciadoras de perigo, associado á sua condição de homem respeitador das mais elementares regras estradais. Acrescerá que a suspensão da sanção de inibição da faculdade de conduzir só não deverá ser decretada se se vier a provar que da suspensão poderá resultar perigo para “a confiança da comunidade”.

O tribunal a quo justificou a negação da pretensão do recorrente, com a sequente argumentação (transcreve-se o troço da decisão adrede): “Pretende o arguido a dispensa, ou a suspensão da execução da sanção acessória de

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inibição de conduzir veículos motorizados que lhe foi aplicada-120 dias.

Em matéria de suspensão de execução da sanção acessória de inibição de conduzir veículos a motor, o actual artigo 141º, nº 1, do Código da Estrada, na sua actual redacção, dispõe que:

“1- Pode ser suspensa a execução da sanção acessória a contra-ordenações graves no caso de se verificarem os pressupostos de que a lei penal faz

depender a suspensão da execução das penas, desde que se encontre paga a coima, nas condições previstas nos números seguintes”.

2 – Se o infractor não tiver sido condenado, nos últimos cinco anos, pela prática de crime rodoviário ou de qualquer contra-ordenação grave ou muito grave, a suspensão pode ser determinada pelo período de seis meses a um Ano.

3 – A suspensão pode ainda ser determinada, pelo período de dois anos, se o infractor, nos últimos cinco anos, tiver praticado apenas uma contra-

ordenação grave, devendo, neste caso, ser condicionada, singular ou cumulativamente:(…).

Conforme se referiu supra, o arguido efectuou o pagamento voluntário da coima, condição prévia para apreciar o requerido.

A revisão do Código da Estrada pôs fim à possibilidade de dispensa da sanção acessória, pelo que não é possível tal como requerido, e redefiniu os

pressupostos para suspensão da execução da citada sanção.

Deste modo, e antes de mais, a suspensão apenas poderá ser decretada quando estiver em causa a prática de contra-ordenação de natureza grave, excluindo-se, portanto, as contra-ordenações muito graves, e nas graves desde que o “infractor não tiver sido condenado, nos últimos cinco anos, pela prática de crime rodoviário ou de qualquer contra-ordenação grave ou muito grave, a suspensão pode ser determinada pelo período de seis meses a um Ano.”

A contra-ordenação pela qual o arguido vem acusado é classificada como muito grave, nos termos conjugados dos artºs 136º, nºs 1 e 3 e 145º, nº 1, al.

j), do Código da Estrada. E tal qualificação não se altera se se aplicar a margem de erro de alcoolímetros a que se alude na Circular nº 101/2006, dado que a TAS corrigido seria de 1,06g/l., taxa essa ainda no âmbito de tal norma

Ou seja, estabelecendo o nº 1 do art. 141º do Código da Estrada, a exclusão da aplicabilidade do regime de suspensão da execução da sanção acessória nas contra-ordenações muito graves, não é, assim, admissível tal suspensão, razão pela qual não resultou necessário produzir prova do demais alegado pelo arguido.

Face ao que vem de ser dito, nos termos do disposto no nº 1, do artº 141º, do C. da Estrada, e não se verificarem os pressupostos de admissibilidade legal

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de suspensão de execução da aplicada sanção acessória de inibição de conduzir veículos a motor, o presente recurso vai improcedente».

Ainda que fosse possível, no caso que nos ocupa, a suspensão da execução da sanção acessória de inibição da faculdade de conduzir, convirá situar o feixe fáctico em que o arguido se escorou para requestar a suspensão e confrontá- los com aqueles que vieram a ser dados como não provados pelo tribunal a quo. Assim para requestar a suspensão da sanção acessória alegou, o ora recorrente, junto do tribunal de primeira instância (sic).

«B) O arguido é Director Comercial, na Sociedade Umbelino Monteiro, S.A., pelo que necessita de conduzir diariamente, primordialmente, por interesses profissionais, na medida em que a esposa se encontra

desempregada e tem uma filha de 17 anos a estudar.

C) A aplicação efectiva da sanção acessória de inibição de conduzir, implicará graves prejuízos, não só profissionais, como, também, financeiros e pessoais.

D) Privá-lo de conduzir será colocar em risco o pleno desempenho das suas funções e, consequentemente, a manutenção do Posto de Trabalho.

E) A aplicação da sanção acessória não tem em conta as circunstâncias do caso concreto, sendo desmesuradamente gravosa, violando o disposto no artº 140º do Código da Estrada.

F) O arguido é um condutor prudente que, em circunstância alguma

pretendeu colocar em risco a segurança rodoviária e, consequentemente, a dos outros automobilistas.

G) Agiu na convicção de que a sua conduta não seria considerada perigosa e, como tal, foi feita com toda a segurança.

H) Não resulta do auto que, o arguido, tenha colocado em perigo a segurança dos outros automobilistas».

Já para a matéria que foi reputada estruturante para o pedido formulado pelo recorrente, o tribunal não considerou: «Que o arguido seja Director

Comercial, na Sociedade Umbelino Monteiro, S.A., e que necessite de conduzir diariamente, primordialmente, por interesses profissionais, na medida em que a esposa se encontra desempregada e que tenha uma filha de 17 anos a

estudar;

- Que a aplicação efectiva da sanção acessória de inibição de conduzir,

implique graves prejuízos, não só profissionais, como, também, financeiros e pessoais,

- Que privá-lo de conduzir será colocar em risco o pleno desempenho das suas funções e, consequentemente, a manutenção do Posto de Trabalho;

- Que o arguido seja um condutor prudente que, em circunstância alguma pretendeu colocar em risco a segurança rodoviária e, consequentemente, a dos outros automobilistas.

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- Que o arguido tenha agido na convicção de que a sua conduta não seria considerada perigosa e, como tal, foi feita com toda a segurança.

- Que não seja possível ao arguido deslocar-se em transportes públicos».

Isto é, o quadro factual de que o recorrente quis fazer depender a suspensão da sanção acessória (ainda que tal fosse possível) não resultou, de todo, provado.

O artigo 141º do Código da Estrada, operou uma contracção do regime de suspensão da sanção de inibição da faculdade de conduzir. No regime da anterior legislação – Decreto-Lei nº 114/94, de 3 de Maio, com as alterações que lhe foram sendo introduzidas, mas que para o caso não relevam – o regime de suspensão era indistintamente aplicado às situações em que o agente tivesse praticado uma contra-ordenação grave ou muito grave. No regime actual a suspensão da sanção para os casos em que a contra- ordenação seja qualificada de muito grave – cfr. artigo 146º do Código da Estrada – não poderá obter uma ordem de suspensão – cfr. artigo 141º do mesmo diploma legal. O legislador quis, com um sancionamento mais apertado de um leque de infracções, incutir, por via da acção dissuasora que as penas também devem exercer nos comportamentos dos agentes sociais, induzir uma inibição e uma retracção na assumpção de condutas que, pela sua gravidade e potenciais consequências danosas, sejam susceptíveis de gerar efeitos lesivos que afectam não só os indivíduos involucrados como a própria sociedade, na medida em que é esta que, reflexamente, pode vir a sofrer os efeitos de condutas estradais inconscientes e irresponsáveis.

Como bem diz o recorrente a suspensão da execução da sanção acessória só deve decretada se o comportamento delitivo não puser em crise a confiança que as normas devem possuir na comunidade para que regem. Provavelmente sem saber, o recorrente parte para a afirmação que produz de uma tese

estrénua da teoria positivo-funcionalista da pena, qual seja a que vem sendo defendida por Günther Jakobs, na esteira de da concepção do Direito de Luhmann. Para aquele tratadista “a vida social requer uma certa estabilidade e segurança das expectativas de cada sujeito frente ao comportamento dos demais. As normas jurídicas estabilizam e institucionalizam expectativas sociais e servem, assim, de orientação da conduta dos cidadãos no seu

contacto social. Quando se produz a infracção de uma norma, convém deixar claro que esta segue em pé e mantém a sua vigência pese embora a sua infracção. O contrário poria em risco a confiança na norma e na sua função orientadora”. [1]

Partindo desta tese, parece-nos que o comportamento do infractor, no atinente à expectativa estradal que dele seria exigível, no respeito pelas normas que regem para este campo, não tem correspondido à exigência que o

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ordenamento jurídico reclama do comportamento institucional e cívico de cada cidadão, em particular e na relação para com os demais, a saber o dever imposto a cada cidadão de pautar a sua conduta pela vigência das normas que criam estabilidade e segurança no trânsito rodoviário. O tráfego rodoviário, com o feixe regulamentador que o enforma, procura criar na consciência social e na expectativa dos utentes das vias rodoviárias que aqueles que nelas circulam observam as regras contidas nas normas estradais. Esta expectativa, pelo comportamento infraccional do agente, tem vindo a ser gorada e posta em crise, criando, no conspecto da prevenção, uma necessidade de

accionamento de mecanismos inibidores do comportamento desregulado e desviante que tem vindo a ser assumido pelo arguido, exigindo-se, pois, que para retoma da confiança da norma violada se puna o infractor por forma a reorientá-lo, pessoal e socialmente, tendo em conta os valores que as normas encerram e pretendem reverberar nos comportamentos dos cidadãos.

Por isso é que se entende que, ao contrário do que o recorrente defende, e á luz das teorias da prevenção, sejam elas as social-normativo–funcionalista, seja a positiva reintegradora de Roxin, por nós adoptada e plasmada no artigo 40º do Cód. Penal, o arguido não merece, pela reiterada colocação em crise da confiança da comunidade e nas normas reguladoras, ver suspensa a execução da sanção acessória que lhe foi imposta.

Para o efeito pretendido, o recorrente faz apelo à sua condição de trabalhador, à imprescindibilidade do veículo para o exercício da sua profissão e da

dependência do seu trabalho de outras pessoas. Nada do que o recorrente alega se provou. Aquilo de que poderia fazer depender (repete-se, se tal fosse possível) não radica no quadro profissional e familiar do recorrente.

A lei estabeleceu um novo quadro regulador para a suspensão da execução da sanação acessória. Assim, de acordo com o estatuído no artigo 141º do

<Código da Estrada, para que a suspensão da execução de uma sanção de inibição possa ser decretada, a lei impõe dois requisitos ou pressupostos de verificabilidade: um primeiro, que o grau da infracção contra-ordenacional cometido não seja qualificado como contra-ordenação grave; um segundo é que a coima se encontre paga. Estes são requisitos infranqueáveis e

inamovíveis. Supostos estes requisitos, a lei estabelece pressupostos de possibilidade de decretamento da suspensão da sanção acessória desde que sejam verificáveis os pressupostos que atinam com o regime geral da execução das penas.

Ao estabelecer este regime o legislador pretendeu, através da imposição de um regime mais austero e confinado, inculcar nos destinatários das normas reguladoras uma tensão constritiva e inibidora, apenas possível com regras imperativas e excludentes de substituição ou atenuação.

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Espelho desta tenção legislativa é o facto de o ordenamento estradal

estabelecer uma única possibilidade de atenuação da sanção acessória nos casos em que a infracção cometida haja sido qualificada de muito grave.

Encontra-se prevista no artigo 140º do Código da Estrada, e estabelece que, em caso em que a infracção a punir seja taxada de muito grave, a sanção acessória pode ser especial atenuada, para metade: 1º - atendendo às circunstâncias em que a infracção foi cometida, v.g. se não foi causal de acidente de viação, se não colocou em perigo outros utentes, tendo em conta as concretas em que a circulação se efectuava, etc.; 2º - se o infractor não tiver praticado nos últimos cinco anos qualquer contra-ordenação grave ou muito grave ou ainda, nesse período não tiver cometido facto sancionado com proibição ou inibição de conduzir, vale dizer se não praticou nenhum crime de que possa decorrer a aplicação de pena acessória prevista no artigo 69º do Código Penal, 3º - que a coima correspondente à contra-ordenação praticada se encontre paga.

Este é o regime que o legislador quis que vigorasse a partir da última alteração ao Código da Estrada.

Nem o artigo 141º do Código da Estrada padece de inconstitucionalidade orgânica ou se nos afigura inconstitucional, por violação dos artigos 18º, nº2, 47º, nº1 e 57º da Constituição da República Portuguesa.

É o que tentaremos demonstrar no apartado sequente.

II.B.2. – Constitucionalidade do artigo 141º do Código da Estrada.

Para o recorrente, «Da aplicação da sanção acessória de inibição de conduzir não pode resultar consequências gravosas e/ou desnecessárias para o

condenado ou terceiros dele dependentes, uma vez que as restrições dos direitos devem limitar-se ao estritamente necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos, devendo ainda a

restrição ser apta para o efeito (artigo 18º da C.R.P.)

G) In casu, deve aplicar-se, por analogia, o artigo 141° do C. Estrada, sob pena de esta norma ser considerada inconstitucional, na medida em que, no

presente caso, a sua não aplicação colide com direitos fundamentais do recorrente, os quais se encontram constitucionalmente consagrados (artigo 47º e 58º da C. R. P.)

H) Nos termos do disposto no artigo 141º do Código da Estrada (norma que deve ser aplicada por analogia ao presente caso), a pena pode ser suspensa mediante a prestação de uma caução de boa conduta, encontrando-se

preenchidos todos os requisitos para o efeito”. […] K) A interpretação do artigo 141º, nº1 do C. Estrada, na actual redacção, no sentido de não ser possível a suspensão da sanção acessória de inibição de conduzir no caso de contra ordenações muito graves, deve ser declarada inconstitucional por

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violação das normas constitucionais constantes dos artigos 18º, 47º, nº1 e 58º da C.R. P».

Preceitua o artigo 18º, nº2 da Constituição da República Portuguesa que: “A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos

expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses

constitucionalmente protegidos”.

Consagrando um direito pessoal de escolha de profissão estatui o artigo 47º, nº1 da Constituição da República Portuguesa que:”Todos têm o direito de escolher livremente a profissão ou o género de trabalho, salvas as restrições legais impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à sua própria

capacidade”.

Dando guarida constitucional ao direito adquirido por lutas insanas dos

explorados, a Constituição da República Portuguesa estabeleceu como direito programático, a atingir numa sociedade dotada de uma justiça social e

económica arrimada com os direitos daqueles que criam riqueza social, o direito ao trabalho – cfr. artigo 58º.

No argumentário do recorrente, sintetizado nas conclusões que, de harmonia com o disposto nos artigos 403ºe n.º 1 do art.º 412, ambos do C.P.P., e

conforme jurisprudência pacífica e constante Supremo Tribunal de Justiça – cfr. Ac.s do STJ, de 13/5/1998, in B.M.J. 477/263; Ac. STJ de 25/6/1998, in B.M.J. 478/242 e Ac. STJ, de 3/2/1999, in BMJ 477/271) - delimitam o âmbito recurso, sendo que terá de ser em função do teor das conclusões extraídas pelos recorrentes da motivação apresentada, que o tribunal ad quem aprecia as questões desse modo sintetizadas, sem prejuízo das que importe conhecer oficiosamente por obstativas da apreciação do seu mérito, como são os vícios da sentença previstos no art. 410º, n.º 2, do mesmo diploma, mesmo que o recurso se encontre limitado à matéria de direito (cfr. Ac. do Plenário das secções do STJ de19/10/95, in D.R. I-A Série de 28/12/95) [2] , a não aplicação analógica do disposto no artigo 141, nº1 do Código da Estrada ao caso em julgamento violaria os preceitos constitucionais supra enunciados.

A sindicância de constitucionalidade suscitada pelo recorrente cinge-se e delimita-se, de acordo com as conclusões do recurso, não à

inconstitucionalidade orgânica que aflora na motivação, nem sequer à inconstitucionalidade material do preceito acoimado de desrespeitador dos preceitos constitucionais, mas tão só, como sintetiza nas conclusões à sua não aplicação analógica ao caso. Vale por dizer que o recorrente pretende que o artigo 141, nº1 do Código da Estrada seja aplicada, analogicamente, aos casos em que um autor de infracção taxada de muito grave, possa usufruir ou esteja em condições de segundo as regras estabelecidas no predito preceito, vir a

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beneficiar da aplicação de uma contra-ordenação taxada de muito grave.

É, pois, nesta perspectiva e com este alcance que se apreciará o desconforto constitucional do recorrente.

Para aplicação analógica do referenciado preceito – artigo 141º, nº1 do Código da Estrada – o recorrente invoca, e citamos, «[…]a infracção foi praticada sem que tivesse havido perigo concreto para a integridade física de quem quer que fosse, sendo certo que o Recorrente é um condutor responsável, prudente e a sua personalidade é de um homem respeitador das mais elementares regras estradais.

O Recorrente é vendedor, necessitando de conduzir diariamente, para o pleno desempenho das suas funções, na medida em que contacta, pessoalmente, com clientes, deslocando-se, para o efeito, a vários pomos do País. É, também, verdade que, neste momento, a entidade empregadora não tem condições financeiras, nem condições estruturais para contratar outro trabalhador para o substituir nesta tarefa.

Inibir o arguido de conduzir e, assim, desempenhar as suas funções, será colocar em risco a actividade empresarial bem como a manutenção do seu posto de trabalho e, consequentemente, a estabilidade económica do seu

agregado familiar, na medida em que é a sua única fonte de rendimentos, dado que a sua esposa se encontra desempregada e tem urna filha de 17 anos a estudar. Por seu turno, para o pleno desempenho das suas funções, não é possível, ao Recorrente, deslocar-se em Transportes Públicos.

Face ao exposto, privar o arguido de conduzir será colocar em risco o pleno desempenho das suas funções e, consequentemente, a manutenção do posto de trabalho. O Recorrente é um condutor consciente e prudente, nunca tendo provocado qualquer acidente de viação, necessitando da carta de condução, atendendo aos fundamentos supra referidos».

Este quadro de argumentação não colheu apreciação positiva por parte do tribunal, como evidenciamos supra, ao confrontar este feixe de factos com a decisão relativa aos factos não provados expressa pelo tribunal a quo.

Considerando desnecessário chamar novamente á liça o cotejo que se fixou no apartado antecedente, o recorrente não logrou provar em tribunal qualquer facto atinente à sua actividade profissional, necessidade do título habilitador de condução, necessidade do veículo para o exercício da sua actividade profissional. Assim, ainda que fosse possível a suspensão da execução da sanção acessória de inibição da faculdade de conduzir (que não é, repete-se, pela enésima vez), nunca poderia vir a ter aplicação analógica o disposto no citado artigo 141º, nº1 do Código da Estrada.

No caso concreto, a aplicação, ainda que possível, que não é, do artigo 141º, nº1 do Código da Estrada nunca resultaria violada porquanto não violaria

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qualquer dos direitos invocados pelo recorrente, maxime o direito ao trabalho.

Não se provou que, para o exercício do seu trabalho, o recorrente necessite da carta de condução, nem sequer se provou que o recorrente exerça as funções de que faz depender a necessidade premente do título de condução.

Não resulta violado qualquer dos preceitos constitucionais invocados pelo recorrente, nomeadamente o nº 2 do artigo 18º, nº2 da Constituição da República Portuguesa, dado que, a aplicação da sanação acessória não

restringe ou constrange de forma intolerável os direitos do arguido, antes se mostra adequada à prevenção dos valores em que a sociedade se escora, nomeadamente, prevenindo que pessoas com taxas inapropriadas de álcool no sangue possam, pela diminuição dos reflexos e da capacidade de percepção dos perigos envolventes ser causadores de danos pessoais nos demais utentes da via pública.

Em vez de perorar, de forma ingente e cruciante, pela manutenção suspensão da execução da sanção acessória, melhor teria andado se se tivesse abstido de se colocar na situação em que se viria a encontrar quando foi fiscalizado. As obrigações familiares e profissionais deveriam prevalecer ao prazer (?) de ingerir algum álcool e antes de o ter feito o arguido bem poderia ter pensado em si, na família, na sua actividade profissional (se é que a tem) e nos demais utentes da via. Teria evitado encontrar-se na situação em que se encontra.

Por tudo o que ficou argumentado, e na resposta (estabelecida pelas

conclusões) à questão da inconstitucionalidade do artigo 141º,nº1 do Código da Estrada, dir-se-á que, no caso concreto, para além de juridico-penalmente não ser possível, também o não seria pelas concretas razões que enformam (ou não) o caso.

III. – Decisão.

Na defluência do exposto, decidem os juízes que constituem este colectivo, na secção criminal, do Tribunal da Relação de Coimbra, em:

- Julgar o recurso interposto pelo recorrente A.... totalmente improcedente e, em consequência, manter a decisão impugnada;

- Condenar o recorrente nas custas, fixando-se a taxa de justiça em dez (10) Uc’s.

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[1] Cfr. o que a este propósito vem ensinado Em “Estado, Pena e Delito”, Santiago Mir Puig, Editorial Bde f, Montevideo – Buenos Aires, 2006, p. 58.

[2] Em sentido similar se pronunciam Simas Santos e Cunha Rodrigues, respectivamente, in “Recursos em Processo Penal”, 5ª edição, 2002, pág.93, nota 108, “Recursos”, Jornadas de Direito Processual Penal. O novo Código

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Processo Penal”, pag.387.”Daí que, se o recorrente não retoma nas conclusões as questões que desenvolveu no corpo da motivação (porque se esqueceu ou porque pretendeu restringir o objecto do recurso), o Tribunal Superior só conhecerá das que constam das conclusões”.

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