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A VIOLÊNCIA SEXUAL NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR: primeira aproximação com as características das vítimas

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Academic year: 2022

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A VIOLÊNCIA SEXUAL NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR: primeira aproximação com as características das vítimas

Tayná Schnepper Barche1 Cleide Lavoratti2

RESUMO: A violência sexual se caracteriza, segundo a Lei 12.015 de 7 de agosto de 2009, como estupro, violência sexual mediante fraude e assédio sexual, previstos na Constituição Federal de 1988. Esta pesquisa tem como objetivo geral realizar uma primeira aproximação com as características das vítimas do município de Ponta Grossa - PR, contemplando variáveis como:

faixa etária, sexo, escolaridade, raça e religião. Trata-se de uma pesquisa exploratória que foi executada por meio da aplicação de um formulário online divulgado em redes sociais para pessoas residentes em Ponta Grossa – PR e respondido por 104 pessoas. Essa atividade está vinculada ao projeto de iniciação científica “A violência sexual contra crianças e adolescentes no município de Ponta Grossa-PR: caracterizando vítimas e agressores” que será executado no período de agosto de 2019 a agosto de 2020, através do levantamento e análise de dados dos três Conselhos Tutelares, através dos registros do Sistema de Informação para Infância e Adolescência (SIPIA); Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescente (NUCRIA); da 3ª. Regional de Saúde através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e dos dois Centros de Referências Especializados em Assistência Social (CREAS).

PALAVRAS-CHAVE: Violência sexual; vítimas; incidência

INTRODUÇÃO

A Lei 12.015/2009 que modifica o Código Penal, trata dos crimes referentes à Dignidade Sexual, contemplando o estupro, violação sexual mediante fraude e assédio sexual, crimes contra a liberdade sexual. Esses crimes atingem milhares de pessoas no mundo inteiro, sendo necessário estudos que identifiquem o perfil das vítimas e agressores, com a finalidade de se elaborem políticas públicas para atender essa população, reduzindo os danos causados pelas referidas violações de direitos humanos. Portanto, essa pesquisa visa inicialmente identificar a incidência de pessoas que passaram por situações de violência sexual no município de Ponta Grossa (denunciadas ou não aos órgãos de defesa), caracterizando brevemente a faixa etária onde ocorreu a violência sexual, o sexo das vítimas, cor e religião. Também identifica a escolaridade dos participantes da pesquisa. Esse trabalho integra a pesquisa

1 Tayná Schnepper Barche - Estudante de Graduação - Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG - E-mail: taynaasb@gmail.com

2 Cleide Lavoratti - Professor com formação em Serviço Social - Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG

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do Programa Voluntário de Iniciação Científica (PROVIC), da pesquisadora Tayná Schnepper Barche acadêmica de graduação do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa, com o título “A violência sexual contra crianças e adolescentes no município de Ponta Grossa-PR:

caracterizando vítimas e agressores.” A problematização desta pesquisa parte do seguinte questionamento: Quem são as vítimas e os agressores de violência sexual em Ponta Grossa - PR?

A fim de alcançar o objetivo proposto neste artigo, foi necessário elencar alguns objetivos específicos, como analisar os resultados obtidos por meio de um formulário online sobre as respostas dos 104 participantes residentes no município de Ponta Grossa (PR). Ainda, foi necessário conceituar a violência sexual a partir da pesquisa documental e pesquisa bibliográfica.

Como a violência sexual é um problema “democrático” e não escolhe raça, idade, gênero ou classe social, a Nota Técnica apresentada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) analisou dados do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (SINAN) de 2014, onde, segundo os registros do Sinan 89% das vítimas eram do sexo feminino e possuíam, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% eram crianças e adolescentes. Ainda o IPEA (2014), estima por meio de pesquisas que, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e que, destes casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. Sabendo desta realidade, esta pesquisa busca uma primeira aproximação com o perfil das vítimas de violência sexual no município de Ponta Grossa – PR, buscando contribuir com as políticas públicas de enfrentamento às violências contra os segmentos vulneráveis.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada para o presente artigo, é qualitativa de natureza exploratória. A pesquisa exploratória “[...] contribui tanto para uma aproximação da realidade que se quer conhecer quanto para o domínio teórico necessário à definição de hipóteses; [...]” (BOURGUIGNON; JUNIOR; SGARBIERO; 2012, p.197)

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A fim de alcançar os objetivos esperados, foi executado por meio da aplicação de um formulário online divulgado em redes sociais: Facebook, Instagram e WhatsApp, direcionados para pessoas residentes em Ponta Grossa (PR). O formulário online ficou disponível no período de 24/05/2019 até o dia 01/06/2019 e contemplou um total de 104 respostas. No formulário estavam contidas as seguintes questões: Você já foi vítima de alguma violência sexual?;

Quantos anos tinha na primeira vez que sofreu alguns dos abusos sexuais acima?; Sexo; Cor; Escolaridade; Religião.

Além disso, o artigo foi construído a partir da revisão teórica e pesquisa documental sobre a referida temática.

CONCEITUANDO A VIOLÊNCIA SEXUAL

Existem diversas expressões da violência sexual. Segundo o Código Penal, faz-se necessário entender alguns conceitos previstos na Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009 referente aos crimes contra a dignidade sexual, como o estupro, violação sexual mediante fraude e assédio sexual. A lei Lei nº 13.718, de 2018 também trouxe outras alterações na lei anterior:

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:

(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

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Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função." (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

Para alcançar os objetivos da pesquisa, além da conceituação dos tipos de violência conforme o Código Penal, faz-se necessário entender algumas características que os participantes da pesquisa relatam sobre as vítimas de violência sexual.

RESULTADO E DISCUSSÕES

A pesquisa contou com 104 participantes que responderam voluntariamente e sem identificação, um formulário eletrônico divulgado eplas redes sociais. Coletou-se dados a respeito do sexo, cor, escolaridade e religião dos respondentes. Além disso a pesquisa possuía como foco identificar se os participantes sofreram algum tipo de violência sexual e a idade que os mesmos relataram o ocorrido, comparando esse dado posteriormente aos outros dados a serem coletado nas instituições do Município de Ponta Grossa-PR.

Figura 1: Sexo dos participantes da pesquisa - 2019

FONTE: Google Forms

ORGANIZADORA: BARCHE (2019)

Das 104 pessoas que responderam o formulário 92,3% são do sexo feminino (96 mulheres) e 7,7% masculino (8 homens).

Figura 02: Cor declarada pelos participantes da pesquisa – 2019.

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FONTE: Google Forms

ORGANIZADORA: BARCHE (2019)

Segundo a figura 2, que diz respeito a cor dos participantes da pesquisa, a maioria das respostas obtidas foi a identificação com a cor branca, sendo 88 pessoas, 10 pessoas se consideram negras, 5 consideram-se pardas e somente 1 se considera de cor amarela.

As respostas obtidas pelos participantes diferem dos dados do Ministério da Saúde (2018), que aponta que, em 45,5% das notificações de denúncias de violência sexual as vítimas são da raça negra. Essa contradição pode ser justificada pois a pesquisa foi aplicada para residentes no município de Ponta Grossa- PR, cidade de colonização europeia, com grande número de descendentes de imigrantes alemães, italianos, poloneses, russos, etc. A cor declarada pelos participantes onde 84,6% das respostas obtidas foi de cor branca, significa que existe forte influência da colonização europeia ainda nos dias de hoje.

Pode-se concluir através da figura 5 que 51% das pessoas que participaram da pesquisa no Município de Ponta Grossa, não possuem Ensino Fundamental Completo. Ainda, analisando a figura da escolaridade, 32,7% das pessoas concluíram o Ensino Superior.

Figura 5: Escolaridade dos participantes da pesquisa – 2019.

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FONTE: Google Forms

ORGANIZADORA: BARCHE, T.S

No que diz respeito à religião dos participantes da pesquisas, observa-se a predominância do Cristianismo, contemplando 80 pessoas das 104 participantes. Nota-se ainda, as diferentes crenças que se fazem presentes no município de Ponta Grossa, contemplando religiões como o budismo, espiritismo, umbanda e bruxaria.

Figura 6: Religião declarada pelos participantes da pesquisa - 2019

FONTE: Google Forms

ORGANIZADORA: BARCHE (2019)

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No formulário foi perguntado aos participantes se já tinham sofrido algum tipo de violência sexual e qual o tipo. Observa-se por meio da figura 07 que a violência sexual que atingiu o maior número de vítimas, segundo a pesquisa, foi o assédio sexual, contemplando 47,1% das respostas obtidas. Por segundo, a violência que obteve maior resposta foi a violação sexual mediante fraude, onde a vítima é induzida a praticar o ato sexual (17,3%) e o Estupro (14,4%).

Figura 7: Tipos de violência sexual sofrida pelos participantes da pesquisa - 2019.

FONTE: Google Forms

ORGANIZADORA: BARCHE (2019)

No universo de pesquisa de 104 participantes, apenas 34 pessoas afirmaram não ter sofrido algum tipo de violência sexual no decorrer de sua vida.

Os demais 83 participantes, já sofreram algum crime contra a sua liberdade sexual.

Figura 8: A idade dos participantes quando sofreram violência sexual (2019).

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FONTE: Excel 2016

ORGANIZADORA: BARCHE (2019)

Dos que responderam que sofreram algum tipo de violência sexual, referente a idade da primeira vez em que foram vítimas da violência sexual, tivemos 80 respostas. Analisando as respostas dos participantes, é possível concluir que a violência sexual é cometida principalmente contra crianças e adolescentes. Como aponta a figura 8, a maioria (69,75) das vítimas sofreu violência sexual durante a infância ou adolescência.

As respostas obtidas apresentam coerência em relação a dados nacionais do Ministério da Saúde (2018), que afirma que, do total de notificações de violência sexual contra crianças, 51,2% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos.

Já no que diz respeito à violência sexual contra adolescentes do total, 67,8%

estavam na faixa etária entre 10 e 14 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando a problematização: Quem são as vítimas de violência sexual em Ponta Grossa -PR? Podemos concluir com este trabalho que a vítima de violência sexual no município de Ponta Grossa possui as seguintes características: em sua maioria das vezes é criança e/ou adolescentes, do sexo feminino, raça branca e cristã.

Estas características não distanciam muito da realidade brasileira, onde

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o SINAN (2014) demonstra que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. Estimando que pelo menos ocorrem 527 mil estupros por ano no Brasil, e que somente 10% dos casos são notificados para a polícia.

Esta é uma primeira aproximação com o perfil das vítimas que será complementado por pesquisa documental e coleta de dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes nas instituições da rede de proteção do município de Ponta Grossa: nos três Conselhos Tutelares, através de dados do Sistema de Informação para Infância e Adolescência (SIPIA); Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescente (NUCRIA); na 3ª. Regional de Saúde através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e nos dois Centros de Referências Especializados em Assistência Social (CREAS). Estes dados serão utilizados no processo de construção do PROVIC “A violência sexual contra crianças e adolescentes no município de Ponta Grossa-PR: caracterizando vítimas e agressores” que será elaborado de agosto de 2019 a agosto de 2020.

A pesquisa exploratória foi bem aceita pela comunidade, atingindo um alto número de respostas em um limitado período de tempo (5 dias), contribuindo para a possibilidade de futuras pesquisas na área.

Essa temática é de grande relevância para o profissional de Serviço Social, pois é por meio da pesquisa e produções científicas sobre violações dos direitos humanos de crianças e adolescentes que o profissional se aproxima da realidade da população usuária, podendo assim intervir de forma mais efetiva a fim de atender as demandas e necessidades da comunidade. Ademais o próprio projeto ético- político da profissão nos coloca na “defesa intransigente dos direitos humanos”, especialmente dos grupos vulneráveis (crianças, adolescente, mulheres, idosos, dentre outros), buscando garantir seus direitos fundamentais e devida proteção legal e social.

REFERÊNCIAS

BOURGUIGNON, Jussara Ayres; OLIVEIRA JUNIOR, Constantino Ribeiro de;

SGARBIERO, Márcia. Pesquisa Exploratória: Concepção e Percurso Metodológico. In: BOURGUIGNON, Jussara Ayres; OLIVEIRA JUNIOR, Constantino Ribeiro de. Pesquisa em Ciências Sociais: Interfaces, debates e

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metodologias. Ponta Grossa: Todapalavra, 2012. p. 195-209

BRASIL, Lei nº 13718, de 24 de setembro de 2018. Lei Nº 13.718, de 24 de Setembro de 2018. Brasília, DF, Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm>.

Acesso em: 20 jul. 2019.

_________Lei nº 12015, de 07 de agosto de 2009. Brasília, DF, 07 ago. 2009.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/lei/l12015.htm>. Acesso em: 24 maio 2019.

CERQUEIRA, Daniel; COELHO, Danilo Santa Cruz. Crianças e adolescentes são 70% das vítimas de estupro: 27/03/2014 21:09 Crianças e adolescentes são 70% das vítimas de estupro Nota Técnica apresentada no Ipea analisou dados do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da

Saúde. 2014. Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=

21848&catid=8&Itemid=6>. Acesso em: 24 maio 2o19.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico: Análise epidemiológica da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, 2011 a 2017. 2018.

Disponível em:

<http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/junho/25/2018-024.pdf>.

Acesso em: 01 jul. 2019.

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