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Horiz. antropol. vol.7 número16

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Academic year: 2018

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 4, n. 8, p. 182 - 198, junho de 1998

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APRESENTAÇÃO

A escolha de Natureza e Cultura como temática deste número de

Horizontes Antropológicos, ao contrário do que, talvez, possa parecer à primeira vista, não foi determinada pelo generalizado e justificado interesse contemporâneo por questões mais recentes vinculadas ao tema, como as de preservação ambiental e de biotecnologia. O que levou a esta escolha foi o interesse em oferecer um espaço exclusivo para um tema de interesse maior da Antropologia, qual seja o diálogo entre natureza e cultura. Tanto assim que ele se faz presente, de modo mais ou menos intenso, em grande parte, senão mesmo na maioria dos estudos antropológicos. A destacada presença deste diálogo em muitos de seus estudos clássicos, como os de Evans-Pritchard, Firth, Levi-Strauss e Malinowski é indicador seguro da atenção que lhe dá a Antropologia.

Como era de se esperar, os diálogos entre natureza e cultura oferecidos por tais estudos, projetam a dimensão que mais marcadamente orienta a abordagem do tema pela Antropologia: a simbólica.

Todos os trabalhos aqui publicados são inéditos e representam valiosa contribuição de pesquisadores vinculados a instituições acadêmicas respei-táveis, do Brasil, Estados Unidos e França.

Porque, em conformidade com as diretrizes de Horizontes Antropoló-gicos, os artigos temáticos podem abordar assuntos que não guardam neces-sária relação entre si, as matérias tratadas por eles costumam ser diver-sificadas, como se dá com este número. O que não impede, antes impõe, que se busque um certo ordenamento, orientado pela proximidade possível, para apresentá-los.

O trabalho de Claude Rivière, da Universidade de Paris V – França, pela abrangência do tema, foi escolhido para abrir este número de Horizon-tes Antropológicos. Ele apresenta e debate concepções a respeito da natu-reza, da Grécia Clássica aos dias atuais, concebidas por filósofos, artistas, lingüistas e antropólogos.

Nos dois trabalhos que se seguem é o homem que é posto em cena como ser natural e cultural.

Sidney Greenfield, da Universidade de Wisconsin – Estados Unidos, apresenta uma discussão que contrapõe a argumentação do relativismo

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tural à do determinismo biopsicológico, pensadas como suporte científico, para orientar políticas públicas para grupos minoritários e/ou dominados.

Susan McKinnon, da Universidade de Virgínia – Estados Unidos, dis-cute a super-simplificação da cultura pela psicologia evolucionista, no tra-tamento reducionista de parentesco e gênero.

Já nos dois trabalhos a seguir as discussões se dão a partir de dados resultantes da interação humana com animais.

Juan Salvador, da Universidade de Caen – França, discute os movi-mentos em defesa dos animais, percebendo-os como uma forma de sacralização da natureza.

Rui Sérgio S. Murrieta, da Universidade de São Paulo – Brasil, analisa as práticas e significados materiais e simbólicos da pesca do pirarucu, para comunidades rurais no Baixo Amazonas, no estado brasileiro do Pará.

Os demais artigos abordam questões independentes entre si.

Antonio Greco Rodrigues, do Centro Universitário de Belo Horizonte – Brasil, aborda a origem dos conhecimentos que formam a base da medi-cina popular no Brasil, a partir da análise de elementos considerados estra-tégicos, como a natureza do corpo, das doenças e dos alimentos.

Maria Eunice Maciel, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil, desenvolve um diálogo entre cultura e alimentação.

Christine Louveau da la Guigneraye, da Universidade de Paris VII – França, aborda os agudos contrastes mostrado por um filme sobre a explo-ração petrolífera, com tecnologia avançada e maquinário de grande porte, em uma região de natureza exuberante e quase intacta, no estado de Louisiana, nos Estados Unidos.

Alessia de Biase, da Escola de Arquitetura de Paris/La Villette – Fran-ça, analisa projeto de reinvenção de identidade étnica, através da mobiliza-ção de elementos da cultura e natureza, desenvolvido por descendentes de imigrantes do norte da Itália, no sul do Brasil.

Sérgio Alves Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil, aborda o tema da produção e consumo da beleza humana, tendo anedotas, pensamentos e provérbios como dados estratégicos para sua aná-lise.

A secção Espaço Aberto é composta por três artigos e por uma entre-vista, apresentados nesta ordem:

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Jacques Gutwirth, do Laboratório de Antropologia Urbana/CNRS – França, aborda a questão da validade científica da Etnologia.

Marcos Lanna, da Universidade Federal do Paraná – Brasil, reinterpreta a análise de Marshall Sahlins, sobre o setor transpacífico do sistema mundial e, para qual, faz uso da teoria da troca de Lévi-Strauss.

Cláudia Fonseca, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul -Brasil, faz considerações sobre o sistema de avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil, a partir de sua participação no Comitê de Avali-ação da Capes1.

Fechando o Espaço Aberto, é publicada uma entrevista com Martine Segalen da Universidade de Paris X – França. Especialista em parentesco e família, ela fala sobre tais temas contemplando suas perspectivas no século XXI.

A entrevista foi realizada em Paris, pelas professoras Ana Luisa Car-valho da Rocha, Cornélia Eckert, Sophie Chevalier e pelo professor Luis Eduardo Achutti, que também é o autor das fotografias que ilustram a en-trevista.

Como um trabalho deste porte sempre é frutos de muitas mãos e boas vontades, se impõem alguns agradecimentos.

Em termos gerais agradeço a todas as pessoas que com boa vontade e competência contribuíram para a publicação deste número de Horizontes Antropológicos.

Em termos específicos agradeço a todos os articulistas, entrevistadores, entrevistada e resenhistas que pela colaboração dada a este número, são seus verdadeiros autores e às colegas que colaboraram de modo muito intenso para sua concretização: Cláudia Fonseca, Cornélia Eckert e Maria Eunice Maciel.

A escolha de O Nascimento de Vênus para ilustração da capa deste número de Horizontes Antropológicos se impôs muito naturalmente pela feliz combinação do mito do nascimento de Afrodite, cantado por Homero, com sua representação por Botticelli.

Sérgio Alves Teixeira

Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 7, n. 16, p. 5-7, dezembro de 2001

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