Influência do substrato e do recipiente no desenvolvimento de mudas de
maracujá-amarelo (Passsiflora edulis Sims f.flavicarpa O. Deg.).
Maria Clarete Cardoso Ribeiro¹, Marcos Jerônimo Araújo de Morais¹, Adalberto Hipólito de Sousa¹, Jailma Suerda Silva de Lima¹, Jorge Kleber de Oliveira Gomes¹, Clarisse Pereira Benedito¹; Aurélio Paes Barros Júnior¹
¹ESAM, Núcleo de Pós-Graduação, C. Postal, 137, 59.625-900-Mossoró-RN; e-mail: bezerra@esam.br.
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes substratos e recipientes no desenvolvimento de mudas de maracujá-amarelo, realizou-se o experimento em condições de casa de vegetação na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), no período de julho a agosto de 2003. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 3, onde o primeiro fator refere-se aos recipientes (sacos de polietileno com dimensões de 22 x 5,5 cm de altura e largura, respectivamente e tubetes com dimensões 14,5 x 3,5 cm altura e diâmetro) e o segundo fator refere-se aos substratos (solo + esterco bovino na proporção de 1:1, substrato comercial Plantimax e Vermiculita), com 4 repetições de 10 plantas. Avaliaram-se a massa fresca e seca da parte aérea e da raiz, altura das plantas, comprimento da raiz e número de folhas. As mudas de maracujá-amarelo produzidas com substrato plantimax, em sacos plásticos obtiveram melhor resposta para todas as características avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: substratos, recipientes, mudas, maracujá-amarelo. ABSTRACT
Influence of substrate and container on the growth of yellow-passion (Passsiflora
edulis Sims f. flavicarpa O. Deg.) seedlings.
The effect of different substrates and containers on the growth of yellow-passion seedlings was evaluated in a greenhouse experiment at Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) during July to August 2003. It was utilized a 2 x 3 factorial scheme in a completely randomized design with four 10-plant replications. The treatments were the combinations of container types (polyethylene bag and PVC tube cut piece) and substrates (1:1 mixture of soil and bovine manure, Plantimax and vermiculite). The effect was evaluated through fresh and dry matters of roots and above-ground part, plant height, root length, and number of leaves per plant. Yellow-passion seedlings grown in Plantimax in polyethylene bags provided the best response for all traits evaluated.
A cultura do maracujazeiro no Brasil se expandiu em ritmo acelerado desde o início da década de 1970. Até então, o Brasil não figurava entre os maiores produtores do mundo, porém, a partir daí a cultura ganhou grande impulso, principalmente pela crescente exportação de suco concentrado (São José, 1994).
Na flora da América tropical são conhecidas inúmeras espécies do gênero passiflora, de frutos comestíveis e folhas apreciadas por sua propriedade tranquilizantes. As folhas de maracujá, consideradas popularmente por cedativo, tranquilizante antiespasmódico de valor nas neurastenias, nevralgias e insônia tiveram sua propriedade tranquilizante comprovada em recente trabalho de avaliação científica coordenada pela SEME, orgão de coordenação farmacêutica do Ministério da Saúde (Matos, 1991).
A produção de mudas de alta qualidade torna-se estratégica para quem deseja tornar mais competitiva sua produção, e aumentar a exportação. Considera-se que 60% do sucesso de uma cultura está em implantá-la com mudas de alta qualidade (Minami et al.,1994).
Para obtenção de mudas sadias e de boa qualidade é necessário escolher um substrato que permita o bom desenvolvimento das plântulas (Peixoto, 1986). Na escolha do material para o substrato deve ser levado em consideração o tamanho da semente, sua exigência com relação à umidade, sensibilidade ou não à luz e ainda, a facilidade que este oferece para o desenvolvimento e avaliação de plântulas (Fanti & Perez, 1999).
O recipiente é outro fator que exerce influência significativa no desenvolvimento de mudas. Vários tipos e tamanhos de recipientes podem ser utilizados na produção de mudas de plantas frutíferas. Em trabalhos realizados por vários pesquisadores, verifica-se que recipientes com maior volume de substrato apresentam uma tendência a produzir mudas mais vigorosas e de melhor qualidade (Besagoitia, 1980).
Os sacos plásticos são bastante utilizados na produção de mudas de maracujazeiro. Esses recipientes comportam um volume de substrato que permite a obtenção de mudas vigorosas e de qualidade adequada para o plantio. Por outro lado, contribuem para o aumento da área requerida para o viveiro e a elevação do custo de produção, de transporte e plantio da muda (Melo, 1999). A produção de mudas de maracujazeiro em tubetes surge da busca de inovações técnicas que visam à melhoria do sistema de produção, com melhor qualidade da muda e redução nos custos. Segundo Lima (1986), esse sistema facilita sobremaneira o isolamento de viveiro, a proteção contra nematóides e outras doenças do solo, apresenta maior facilidade no controle de pragas e doenças da parte aérea e preserva a integridade do sistema radicular durante a fase de produção da muda.
Diante de poucos resultados sobre produção de mudas em substratos e recipientes alternativos para produção de maracujazeiro, com este trabalho objetivou-se avaliar a influência de três substratos e dois recipientes na produção de mudas de maracujazeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido em condições de casa de vegetação, na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), no período de julho a agosto de 2003.
As sementes foram retiradas de maracujás frescos provenientes da feira livre de Mossoró-RN. Após serem retiradas dos frutos, as sementes, foram colocadas para secar a sombra por 48 horas, em seguida tratadas com o fungicida comercial Benlate.
A semeadura foi realizada nos substratos: esterco de curral + terra de subsolo nas proporções de 1:1, vermiculita e substrato comercial (Plantimax). Foram utilizados como recipientes de propagação sacos de polietileno com dimensões de 22 x 5,5 cm de altura e largura, respectivamente e tubetes com dimenções de 14,5cm x 3,5 cm de altura e diâmetro, respectivamente.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 3, onde o primeiro fator refere-se aos recipientes e o segundo aos substratos, com 4 repetições de 10 plantas, totalizando 240 plantas. Avaliaram-se, 30 dias após a semeadura, a massa fresca e seca da parte aérea e da raiz, altura de plantas, comprimento da raiz e número de folhas.
Na determinação da altura das mudas, utilizou-se uma régua graduada em centímetro, tomando como referência a distância do colo ao ápice da muda. A parte aérea e o sistema radicular, após pesados separadamente, foram secos em estufa com circulação de ar forçado à temperatura de 75°C até atingirem o peso constante e em seguida, determinado o peso da matéria seca da parte aérea e raiz.
Os resultados foram submetidos a análise de variância utilizando-se o software ESTAT-UNESP e as médias dos dados comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Interação significativa entre os substratos e os recipientes foi observada na altura, número de folhas e massa seca da parte aérea de mudas de maracujá-amarelo (Tabela 1). Por outro lado, não se observou interação significativa do comprimento de raiz, massa fresca da parte aérea, massa fresca e seca da raiz (Tabela 2).
Desdobrando a interação dos substratos dentro dos recipientes (Tabela 1) observa-se que houve diferença na altura, número de folhas e massa seca da parte aérea, destacando-se o substrato plantimax e solo + esterco nos sacos plásticos. Os sacos plásticos também
tiveram melhores resultados para massa fresca da parte aérea, massa fresca e seca da raiz e comprimento de raiz (Tabela 2).
Resultados semelhantes foram encontrados por Mendonça et al. (2003) num experimento que comparou diferentes substratos e recipientes na formação de mudas de mamoeiro ‘Sunrise solo’ (Carica papaya L.). Constataram que o substrato Plantimax, juntamente com o recipiente saco de polietileno, apresentaram resultados favoráveis a altura das mudas, número de folhas, matéria fresca e seca da parte aérea e raiz. O fato da vermiculita não ter apresentado bom desempenho, certamente, está relacionado a reserva nutricional deste substrato. Segundo Loach (1988) os substratos inorgânicos, como a vermiculita, possuem pouca reserva de nutrientes.
Observa-se na Tabela 2 que houve diferença entre os substratos na massa fresca da parte aérea, massa fresca e seca da raiz, e comprimento de raiz, destacando-se o plantimax que teve melhor resposta. O bom desempenho na formação das mudas, observado no substrato Plantimax, pode ser atribuído aos seus constituintes químicos, provavelmente devido ao fósforo presente em maior quantidade, visto que este nutriente estimula o crescimento da parte aérea da planta (Simão, 1998) e também devido a outros nutrientes que a matéria orgânica fornece, como C, N e S, ou ainda em relação às características físicas destes substratos, que apresentam maior porosidade total, o que dá a estes substratos, maior capacidade de retenção de água e aeração (Silva et al., 2001), produzindo, assim, mudas de melhor qualidade.
As mudas de maracujá-amarelo produzidas no substrato plantimax, em sacos plásticos, obtiveram melhor resposta para todas as características avaliadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tabela 1 – Volores médios de altura, número de folhas e massa fresca da parte aérea de mudas de maracujá-amarelo obtidas em diferentes recipientes e substratos Mossoró-RN, 2003.
Recipientes Plantimax Solo + esterco vermiculita Altura (cm)
Saco Plástico 22,15aA 20,60aA 1,45bA Tubete 10,20aB 6,53bB 7,41bB Número de folhas
Saco Plástico 8,25aA 7,62aA 3,42bA Tubete 5,37aB 4,34aB 3,32bA Massa seca da parte aérea (g)
Saco Plástico 0,48aA 0,43aA 0,08bA Tubete 0,09aB 0,03aB 0,03aA
*Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05).
Tabela 2 – Valores médios de massa fresca da parte aérea, massas fresca e seca da raiz e comprimento de raiz de mudas de maracujá-amarelo obtidas em diferentes recipientes e substratos. Mossoró-RN, 2003.
Tratamentos Massa fresca Massa fresca Massa seca comprimento
da parte aérea da raiz da raiz de raiz Plantimax 2,44a 0,83a 0,11a 16,26a Solo + esterco 1,60ab 0,35b 0,08ab 13,06b
Vermiculita 0,29b 0,38b 0,07b 15,82a Saco plástico 2,21a 0,84a 0,15a 20,90a Tubetes 0,69b 0,18b 0,26b 9,20b
