Prof. Theo Luiz Ferraz de Souza
Disciplina: Controle de Qualidade de Produtos Biotecnológicos
Departamento de Fármacos e Medicamentos Faculdade de Farmácia/UFRJ
Metodologias Bioanalíticas I:
Cromatografia e Eletroforese
Proteínas
Hemoglobina
Transtirretina (TTR)
Insulina
Paracetamol
Conjunto de técnicas de separação cujo princípio depende da
distribuição diferenciada dos componentes de uma mistura entre
duas fases: uma considerada estacionária (fixa) e a outra, móvel.
Diferenças na propriedades das fases móvel e estacionária
possibilitam com que os componentes da amostra se desloquem
através do material cromatográfico com velocidades desiguais
gerando a separação.
Forças Moleculares
Tipos de interação Energia (kJ/mol)
Espécies que interagem
Íon-íon 250 Somente íons
Íon-dipolo 15 Íons e moleculas polares Dipolo-dipolo 2
0,3
Moléculas polares estacionarias Moléculas polares em rotação Dispersão 2 Todos os tipos de moleculas Ligacao de hidrogenio 20 N,O, F a ligação é um átomo H
compartilhado
Métodos Cromatográficos - Princípios
A interação dos componentes da mistura com estas duas fases é
influenciado por diferentes forças intermoleculares, incluindo iônica,
bipolar, apolar, e específicos efeitos de afinidade e solubilidade.
Métodos Cromatográficos – Utilização Geral
Identificação de compostos (padrões)
Purificação de compostos
As diferentes formas de cromatografia podem ser classificadas
considerando diversos critérios:
1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico
2. Classificação pela fase móvel empregada
3. Classificação pela fase estacionária utilizada
4. Classificação pelo modo de separação
Em relação à forma física do sistema, a cromatografia pode ser
subdividida em cromatografia em coluna e cromatografia
planar.
EM COLUNA: cromatografia líquida, gasosa e supercrítica.
PLANAR: Centrífuga, em papel e camada delgada.
Métodos Cromatográficos - Classificação
•Utilização de Gás
Cromatografia Gasosa (CG)
Cromatografia Gasosa de Alta Resolução (CGAR)
•Utilização de Líquido
Cromatografia Líquida Clássica (CLC)
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)
•Utilização de Gás Pressurizado
Sólidas
Líquida (este pode estar simplesmente adsorvido sobre um
suporte sólido ou imobilizado sobre ele)
Quimicamente ligadas (Suportes modificados são considerados
separadamente,
como
fases
quimicamente
ligadas,
por
normalmente diferirem dos outros dois em seus mecanismos de
separação.
Adsorção
(Duas substâncias ligadas por uma interface onde não ocorre solubilização) – Fase estacionária sólida
Partição
(Este processo é baseado na diferente solubilidade dos componentes da mistura nas duas fases líquidas) – Fase estacionária líquida
Troca iônica
Exclusão
Misturas desses mecanismos.
CROMATOGRAFIA
Planar
Coluna
PapelLíquida
Fluído
Supercrítico
Gás
Centrífuga Camada Delgada Gasosa Gasosa de Alta Eficiência Clássica Alta Eficiência
Compostos hidrossolúveis, ácidos orgânicos e ions metálicos
Princípio: partição (solubilidade)
Quantidade de amostra necessária 10
-3a 10
-6g
Tipos: ascendente, descendente, bidimensional, circular
F.M. - Sistema de solventes
F.E. - Água retida na celulose (papel Whatman)
Métodos de detecção: físico-químicos
Análise qualitativa: Rf (fator de retenção) - problema : reprodutibilidade
Análise quantitativa: densitômetro, extração dos solutos
Cromatografia Planar - Papel
Cromatografia Planar
Cromatografia em papel
Ascendente
Métodos Cromatográficos - Tipos
Cromatografia em papel
Descendente
Método rápido (20-40 min.)
Uso de diversos agentes cromogênicos
Maior sensibilidade que C.P. (10
-9g)
Grande gama de compostos pode ser analisada
Método simples e barato
F.M. - sistema de solventes
F.E - Adsorventes (
sílica, alumína
, celite, amido)
Métodos de detecção: físico-químicos
Princípio: Adsorção Líquido-Sólido (polaridade)
Cromatografia Planar – Camada Delgada
Cromatografia Planar
Métodos Cromatográficos - Tipos
Cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica de adsorção líquido–
Cromatografia Planar
Migração cromatográfica ou Fator de Retenção (R
f)
R
f= da/ds
Frente da progressão da fase móvel
Linha de aplicação da amostra
C. Papel
Vantagens:
técnica simples
não requer instrumentação sofisticada
baixo custo
Desvantagens:
uso limitado
alargamento de banda-difusão-
pouca alternativa de reveladores
C. Camada Delgada
Vantagens:
•maior sensibilidade
•mais rápido
•> repetibilidade
•< difusão
•> faixa de aplicação
•reveladores reativos
•permite aquecimento
Desvantagens
•degradação de compostos lábeis
devido á grande superfície de
exposição
•dificuldades na quantificação
Comparação
Cromatografia Planar – Desenvolvimento bidimensional
Métodos Cromatográficos - Tipos
Cromatografia líquida clássica:
Muito utilizada para isolamento de produtos naturais e purificação de
produtos de reações químicas.
As fases estacionárias mais utilizadas são sílica e alumina, entretanto
estes adsorventes podem servir simplesmente como suporte para uma fase
estacionária líquida.
Fases estacionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases
estacionárias líquidas por partição.
C oncent raç ão Tempo ou volume Coletor de frações Tempo 1 Mais tampão é colocado na coluna, forçando os componentes da amostra a interagirem com a resina Componentes da amostra se separam e saem da coluna com diferentes volumes de tampão Tempo 2 Tempo n Líquido que sae da coluna é recolhido em tubos de um coletor de frações
Os componentes da mistura são separados por interação diferenciada com a resina, com
base em propriedades moleculares como:
• massa molecular • carga elétrica • solubilidade • afinidade Amostra com diferentes componentes Resina embebida em tampão Tempo zero
Funcionamento Básico de uma Coluna Cromatográfica
Métodos Cromatográficos - Tipos
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE):
É uma técnica analítica usada para separar e quantificar
componentes numa mistura líquida.
A fase móvel (líquida) movimenta-se continuamente através da
coluna contendo a FASE ESTACIONÁRIA (sólido). O soluto interage
com as fases estacionária e móvel por adsorção, partição, exclusão
molecular, troca iônica.
As separações em CLAE podem se dar por adsorção (separação
sólido-líquido), partição (separação líquido-líquido) ou ambos.
Comparação de CLAE com métodos
convencionais
Critérios no desenvolvimento de cromatografia
moderna
•
Solvente: Alto grau de pureza, filtrado e degaseificado, caros.
Sistemas de injeção:válvulas de volumes definido
•
Colunas: recheios materiais porosos com partículas de diâmetros o mais
homogêneo possível e de diâmetro igual ou menor a 10 um (em geral) Silica
e Alumina.
•
Colunas com fase ligada silica como suporte
•
A) formação do éster silicato (Si-O-R)
•
B) formação da ligação siloxano (Si-O-SiR)
•
C) Ligação Si-C
Instrumentacao básica da CLAE:
Parâmetros cromatográficos e relações importantes
Tempos diferentes
de migração
Tempo de retenção para métodos cromatográficos
Especificações CLAE
N = L/H
N = Numero de prato teórico L = Comprimento da coluna H = Altura do prato
Análise qualitativa
Quais são os componentes presentes na amostra?
Comparar com padrão
Análise quantitativa
Métodos de determinação manual da área da distribuição
Análise quantitativa
Confiabilidade nos dados experimentais
Análises de Quantificação:
Calibração Externa
Cromatografia de permeação em gel ou gel-filtração: separação de moléculas pela massa molecular
géis são porosos, funcionando como peneiras ou filtros Cromatografia de troca iônica:
separação de moléculas pela carga elétrica
géis apresentam grupos carregados positiva- ou negativamente
Cromatografia de partição (fase reversa ou hidrofóbica):
separação de moléculas pela solubilidade relativa em meio aquoso géis possuem carácter hidrofóbico
Cromatografia de afinidade:
separação de moléculas pela capacidade de interagir com um ligante géis possuem ligante específico ligado covalente à resina
Que características devem ter as resina cromatográficas para possibilitar
separações de moléculas baseadas em diferentes propriedades ?
grãos (beads) da resina com poros grão da resina poroso
proteína grande proteína pequena Tampão “empurra” moléculas através da resina tubos
Moléculas com massas diferentes
Fluxo do tampão
Cromatografia de gel filtração ou peneira molecular
Abso rbâ ncia a 2 8 0 nm volume M edida da ativ . bio ló g ica Moléculas maiores Moléculas menores Kav Massa m ol ecu la r (kD) 20 40 60 80 100 120 mL 25 50 75 100 125 mL volume de eluição
Curva de calibração
traçado da medida de atividade biológica nas frações
Ler a massa correspondente
A cromatografia de gel-filtração possibilita estimar a massa
molecular de uma proteína em seu estado nativo
Resinas para Gel-Filtração
Sephadex G - 10 Dextrana 0.05 - 0.70 Sephadex G - 25 Dextrana 1 - 5 Sephadex G - 50 Dextrana 1 - 30 Sephadex G - 100 Dextrana 4 - 150 Sephadex G - 200 Dextrana 5 - 600 Bio - Gel P - 2 Policrilamida 0.1 - 1.8 Bio - Gel P - 6 Policrilamida 1 - 6 Bio - Gel P - 10 Policrilamida 1.5 - 20 Bio - Gel P - 30 Policrilamida 2.4 - 40 Bio - Gel P - 100 Policrilamida 5 - 100 Bio - Gel P - 300 Policrilamida 60 - 400 Sepharose 6B Agarose 10 - 4.000 Sepharose 4B Agarose 60 - 20.000 Sepharose 2B Agarose 70 - 40.000NOME TIPO FAIXA DE RESOLUÇÃO (kD)
*Sephadex e Sepharose: Amersham Pharmacia Biotech; Bio - Gel: Bio - Rad Laboratories
Moléculas pequenas
Moléculas pequenas
Proteínas
Proteínas
Células, partículas sub-celulares
Existem diferentes tipos de resinas para gel-filtração, conforme o
tipo de moléculas ou partículas a serem separadas
A resina para cromatografia de troca iônica apresenta carga elétrica, positiva ou negativa, em uma ampla faixa de pH.
Trocadora de ânions Trocadora de cátions
DEAE
CM
Existem dois tipos básicos: resinas trocadoras de ânions (possuem carga positiva), como o dietilaminoetil (DEAE)-celulose e resinas trocadoras de cátions (possuem carga negativa), como o carboxi-metil (CM)-celulose
Adsorção Eluição + + + + + + + +
Moléculas com a mesma carga, ou sem carga, não interagem com a resina, sendo as primeiras a sair da coluna
Adição de sal ao tampão resulta em competição entre os íons em solução e as moléculas adsorvidas na resina.
Na
+Cl
-+
A cromatografia de troca iônica compreende duas etapas: 1) adsorção das proteínas com carga contrária à
resina, e saída da coluna das proteínas com a mesma carga;
2) eluição das proteínas adsorvidas.
+ + + + + + + + + + +
No exemplo ao lado, como funciona uma resina catiônica ou trocadora de ânions, como o DEAE-celulose):
Para a eluição, as condições de adsorção da coluna (pH ou força iônica) são alteradas para neutralizar a interação entre as proteínas e a resina.
Mais frequentemente utiliza-se um aumento da
concentração do sal no tampão, pois alterações de pH podem desnaturar proteínas, levando-as a precipitar dentro da coluna.
PI ácido + básico -neutro -COOH -COO -NH3 H+ + - H+ -NH2
O processo da cromatografia de troca iônica depende da diferença de ponto isoelétrico das proteínas na amostra e das condições escolhidas de pH e de força iônica.
Proteína P.I.
Pepsina <1,0
Ovalbumina galinha 4,6 Albumina sérica humana 4,9
Tropomiosina 5,1 Insulina bovina 5,4 Fibrinogênio humano 5,8 Gama-globulina 6,6 Colágeno 6,6 Mioglobina equina 7,0 Hemoglobina humana 7,1 Ribonuclease A bovina 7,8 Citocromo C equino 10,6 Histona bovina 10,8 Lisozima, galinha 11,0 Salmina, salmão 12,1
Ponto Isoelétrico de algumas Proteínas
Carboximetil~celulose
(trocadora de cátions) Dietilaminoetil~celulose (trocadora de ânions)
Gradientes de sal podem fracionar as proteínas adsorvidas na resina de acordo com a intensidade de suas cargas, que é dada pela diferença entre seus PIs e o pH do tampão de eluição.
As proteínas não retidas (com a mesma carga da resina) não são separadas, sendo simplesmente “arrastadas” pelo tampão (ou seja, não são repelidas pela resina).
_ = = _ + + + + + (+) (+) (+) (+) 0. 10 M 0. 15 M 0. 20 M Eluição NaCl Não retidas
DEAE
+ + 0. 10 M 0. 15 M 0. 20 M Eluição NaCl + (-) (-) (-) + + + _ = = _ (-) Não retidasCM
Eluição: condições que interferem na ligação da proteína ao ligante, como mudanças no pH e/ou força iônica, ou por competição com o ligante livre
Desprezar proteínas não retidas Lavagem Eluição pH 2,0 ou sal Antígeno A puro Anti-A interage apenas com a proteína A -Mistura de proteínas Coluna empacotada com ess gel
Partículas de gel recobertas de anticorpos anti-A Adsorção Complexo Ag-AC é desfeito
Ex: cromatografia de imunoafinidade
Ligante grupo-específico Especificidade
Proteína A Região Fc de IgG
Proteína G Região Fc de IgG
Concanavalina A Grupos glicosil- ou manosil- Cibacron Blue Várias enzimas, albumina
lisina Plasminogênio, RNA ribossomal arginina proteinases tipo tripsina
1. Mono-específicos - ligação específica da molécula-alvo
- análogos de substratos ou inibidores de enzimas - agonistas ou antagonistas de receptores
- haptenos ou determinantes antigênicos de anticorpos - ligantes com “tag” ou “marcação”
- glutationa-S-transferase - poli-Histidina
2. Grupo-específico: ligantes para separação de grupos:
Cromatografia de Partição
Princípio: Explora diferenças de solubilidade dos compostos em solventes com grau de
hidrofobicidade diferentes, um polar e outro apolar.
Aplicável especialmente á moléculas pequenas, como compostos orgânicos, aminoácidos, peptídeos,
açúcares, lipídeos, etc.
Apresenta limitações para uso com proteínas acima de 20-30 kda, que são desnaturadas em presença de solvente orgânico. AMOSTRAS Fase estacionária (suporte sólido)
X
Fase móvel (líquido ou gás)- Amostra se deslocará (é mais solúvel) acompanhando a Fase Móvel
Duas Possibilidades
- Amostra não se deslocará (é mais solúvel) na Fase Estacionária
Consiste de 2 sistemas:
Suporte: PAPEL
Fase Estacionária: Aquosa (H20 na celulose)
Fase Móvel: Solvente orgânico (hidrofóbico) CROMATOGRAFIA DE PARTIÇÃO
Suporte: GEL DE SÍLICA (camada delgada ou TLC)
CROMATOGRAFIA DE FASE REVERSA
Fase Estacionária: sílica (mineral apolar) Fase Móvel: Solvente aquoso ou água
Detector
• Alta sensibilidade
• Resposta rápida para todos os compostos da amostra
• Insensível à mudanças na Fase móvel
• Insensível à mudanças de temperatura
• Resposta independente para a fase móvel
• Resposta linear
• Não deve destruir a amostra
• Fácil operação
•Detector UV-Vis (o mais utilizado)
•Detector de Fluorescência
•Detector de arranjo de diodos
•Detector de Índice de Refração
•Detectores eletroquímicos
•Outros: Espectrometro de Massas, FTIR, Espalhamento de
Luz, atividade optica
Detector
Os detectores de cromatografia líquida não são destrutivos, isto é, as
amostras podem ser coletadas para testes qualitativos posteriores de
.
Eletroforese
O pH do gel deve ser em torno de 9 para garantir que
praticamente todas as proteínas estejam em sua forma negativa e migrem em direção ao anodo quando a voltagem for aplicada.
Avalia a migração diferencial das proteínas através do campo elétrico, permitindo a separação por tamanho e por mobilidade eletroforética.
.
.
Utiliza géis de agarose ou poliacrilamida com tamanho de poros característicos.
A mobilidade das moléculas pequenas é maior do que a mobilidade das moléculas grandes.
.
SDS-PAGE:
Utiliza-se o detergente SDS para desnaturar as proteínas, fazendo com que as proteínas apresentem
formas similares e razões carga/massa parecidas, permitindo a separação apenas pelas diferenças de
tamanho.
A utilização do redutor b-mercaptoetanol permite
avaliar proteínas de múltiplas subunidades.
.
A revelação dos géis de poliacrilamida é feita através de colorações específicas.
Nitrato de Prata
Eletroforese
.
Focalização isoelétrica:
Permite a separação das proteínas pelas cargas.
.
.
Eletroforese Bidimensional:
.
Western-Blot:
Baseia-se na separação das proteínas através da eletroforese em gel. As proteínas após a separação são transferidas do gel para uma membrana de nitrocelulose, onde são utilizados anticorpos específicos capazes de reconhecer e se
ligar à proteína de interesse .
- Holler, F.J., Skoog, D.A., e Crouch, S. R., Princípios de Análise Instrumental, Sexta Edição, Editora Bookman, 2009.
- Farmacopeia Brasileira, 5ª Edição, 2010.
Leitura Recomendada
# Chromatography
http://www.gelifesciences.com/webapp/wcs/stores/servlet/catalog/en/GELifeSciences-fi/service-and-support/handbooks/
# PAGE
http://kirschner.med.harvard.edu/files/protocols/GE_proteinelectrophoresis.pdf
# TWO GREAT Exemples in Biopharmaceuticals
http://www.uspbpep.com/
- Human Albumin - Assay (PAGE) / HMW / Peptide mapping
http://www.uspbpep.com/usp32/pub/data/v32270/usp32nf27s0_m2992.html
- Insulin - Assay / HMW