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MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) MATHEUS CARDOSO FERREIRA SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS ESTADO DE GOIÁS

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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 257262-78.2012.8.09.0000 (201292572620)

COMARCA DE GOIÂNIA

IMPETRANTE MATHEUS CARDOSO FERREIRA

IMPETRADO SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS

LITISCONSORTE ESTADO DE GOIÁS

LITISCONSORTE PASSIVO

ESTADO DE GOIÁS

RELATOR DES. FRANCISCO VILDON JOSÉ VALENTE

RELATÓRIO E VOTO

MATHEUS CARDOSO FERREIRA impetrou Mandado de Segurança com Pedido de Liminar contra ato acoimado ilegal, do SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS, por não deferir a isenção do ICMS e IPVA para compra de veículo automotor.

No caso em tela, o Impetrante, por meio de sua representante legal, aduziu ser portador de Síndrome de Down (Laudos Médicos jungidos à exordial às fls. 22/23), que lhe reduz severamente sua capacidade física e mental.

Alegou que tem dificuldades para se locomover, uma vez que não pode dirigir veículo automotor, dependendo de terceiros para ver seus

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Assim, com o fim de facilitar sua locomoção, de buscar maior qualidade de vida e dignidade, buscou, através de sua genitora, adquirir um veículo automotor, e, para isso, solicitou a isenção de IPI e IOF junto à Receita Federal em Goiás, obtendo êxito (fl. 14/15).

Ocorre que, ao solicitar o referido benefício relativamente ao ICMS e IPVA (fls. 16/25), perante à Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, seu pedido foi negado pela autoridade coatora, sob o argumento de o requerente ser menor, não ter apresentado laudo médico fornecido pelo DETRAN-GO e Carteira Nacional de Habilitação, com a restrição para dirigir veículo adaptado (fl. 29).

O Impetrante, em suas razões recursais, alegou que, no momento do requerimento administrativo junto à Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, os documentos supracitados, que serviram de fundamento para a recusa da isenção, não lhe foram solicitados, sendo que todos os requeridos inicialmente foram, de fato, apresentados (documentos pessoais do impetrante e sua responsável, laudo de avaliação de deficiência mental, certidões e declarações) .

Sustentou, ainda, que a ausência de CNH com a restrição para dirigir veículo adaptado não pode impedir que goze seus direitos ou que busque a defesa de sua dignidade, mesmo porque não será o impetrante a dirigir o veículo.

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Desta maneira, impetrou o presente mandado de segurança a fim de que sejam concedidas as isenções fiscais citadas. Pugnou pelo deferimento de liminar e, ao final, pela concessão da segurança em definitivo.

O pedido de liminar foi deferido às fls. 33/38.

O ente estadual, em defesa apresentada às fls. 52/58, pugnou pela denegação da segurança pleiteada com fundamento no princípio da estrita legalidade, ou seja, não é possível que o poder executivo conceda isenção tributária em desconformidade com a lei.

Diante disso, bate-se pela denegação da segurança ou, caso assim não se entenda, requer a adequação ao valor expresso no artigo 7º, XIV do RCTE – R$ 70.000,00 (setenta mil reais).

Consoante certidão de fl. 59, não houve manifestação por parte do Impetrado.

A douta Procuradoria Geral de Justiça, às fls. 61/77, opinou pela concessão da segurança.

É o relatório. Passo ao voto.

Em suma, circunscreve-se o mandamus em averiguar se o Impetrante, portador de Síndrome de Down, impossibilitado de dirigir veículos,

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conduza.

Pois bem. A questão, a despeito de bastante delicada, já se encontra pacificada nesta egrégia Corte de Justiça.

Toda matéria administrativo-tributária, por si só, merece um trato diferenciado pelo operador do Direito, exatamente porque naquela prevalece uma preeminência do interesse público em prejuízo ao particular.

Dessa forma, exatamente com amparo em tal raciocínio é que o art. 111, inciso II, do Código Tributário Nacional, além do Convênio ICMS nº 003/07, a Lei Estadual nº 11.651/1991 e o art. 7º, inciso XIV, do Anexo IX, do Decreto Estadual nº 4.852/97, devem ser filtrados pela Lei Maior e, ao mesmo tempo, sopesados com o art. 1º, inciso III, c/c art. 3º, inciso I, e art. 203, inciso IV, todos deste último diploma.

Operado o referido juízo de valor, é pouco mais do que evidente que a dignidade do Impetrante há de ser prestigiada – não obstante a colisão com o interesse público –, princípio não menos importante, mas que merece ser afastado ante a peculiaridade da hipótese em tela.

Em síntese: o Impetrante não pode ter menos direito do que o deficiente físico que, por exibir uma limitação que lhe cause menor grau de incapacitação, ostenta condições de conduzir o veículo adaptado.

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“EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ICMS E IPVA. PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA E MENTAL. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. EXIGÊNCIAS PARA RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ISONOMIA, DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E INTEGRAÇÃO DO DEFICIENTE FÍSICO À SOCIEDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO. I – É incontroverso conforme acervo probatório coligido aos autos, que o impetrante é deficiente físico e mental, e, portanto, tem necessidades especiais, vez que é portador de Retardo Mental Profundo (CID F73) e de Paralisia Cerebral Infantil (CID 680-8), o que o torna inapto para a condução de qualquer tipo de veículo automotor. II – De outra feita, é público e notório que nosso País, inobstante comando constitucional nesse sentido e apesar dos esforços reiterados, com o fim almejado de minimizar as diferenças, os portadores de deficiência sofrem restrições na sua locomoção. III – Deste modo, o indeferimento do benefício tributário (isenção de ICMS e IPVA) pela autoridade coatora fere o mais basilar dos princípios da hermenêutica, assim como os fins sociais da lei, como as exigências do bem comum, ao propugnar de que a pessoa que possui maiores limitações físicas é privado de benefícios legais concedidos a outras pessoas de um mesmo grupo com limitações menos severas (motoristas

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benefício da isenção ao impetrante, portador de deficiência física e mental, absolutamente inapto, além de ser menor impúbere, para conduzir um veículo automotor, por depender de auxílio alheio, não se trata de aplicar interpretação extensiva ao preceito legal, mas, ao revés, atender ao fim essencial de garantir aos portadores de deficiência a integração social que lhes permita o pleno desenvolvimento de suas aptidões e personalidades, sob pena de ferir aos mais singulares princípios da isonomia, isto é, tratar desigualmente os iguais. V – Assim, a segurança é medida que se impõe na espécie para conceder ao impetrante o benefício da isenção de tributos (ICMS e IPVA) para aquisição de veículo a ser dirigido, em seu prol, por outrem. SEGURANÇA CONCEDIDA.” (TJGO, 6ª CC, MS nº 18.854-0/101, Desº. Fausto Moreira Diniz, DJ nº 565 de 27/04/2010).

De outro turno, calha salientar que, estando a limitação de preço do veículo automotor para gozar da isenção em R$ 70.000,00 (setenta mil reais), determinada na própria letra da lei que ampara este mandamus, a saber, anexo IX, do artigo 7º, inciso XIV, do Regulamento do CTE (Decreto nº 4.852/97), assim como no Convênio ICMS 03/07, concedida a segurança é este o valor máximo para a aquisição do almejado bem.

Ao teor do exposto, concedo a segurança a fim de determinar que a autoridade coatora, com observância da legislação pertinente –

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anexo IX, artigo 7º, inciso XIV, do Regulamento do Código Tributário Estadual (Decreto nº. 4.852/97) e Convênio ICMS 03/2007 – isente o Impetrante de recolher o IPVA e o ICMS quando da aquisição do pretenso veículo automotor novo, no valor de até R$ 70.000,00 (setenta mil reais).

É o voto.

Goiânia, 31 de janeiro de 2013.

DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE RELATOR

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(201292572620)

COMARCA DE GOIÂNIA

IMPETRANTE MATHEUS CARDOSO FERREIRA

IMPETRADO SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS

LITISCONSORTE ESTADO DE GOIÁS

LITISCONSORTE PASSIVO

ESTADO DE GOIÁS

RELATOR DES. FRANCISCO VILDON JOSÉ VALENTE

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. IPVA E ICMS. ISENÇÃO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. SÍNDROME DE DOWN SEVERA. CONDUÇÃO POR TERCEIRA PESSOA. POSSIBILIDADE. ISONOMIA MATERIAL. INTEGRAÇÃO À VIDA EM SOCIEDADE. COMPROMISSO ESTATAL. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E INTERESSE PÚBLICO. PONDERAÇÃO.

1. Em face do princípio da hierarquia das leis, inserto no art. 150, II, da CF/88, as normas concessivas de isenção de tributos aos deficientes físicos (ICMS e IPVA), devem ser interpretadas de forma extensiva, de modo a beneficiar os portadores de necessidades especiais, que não tenham condições de dirigir.

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2. Cediço que a interpretação literal de tais normas malfere os princípios da isonomia e da dignidade da pessoa humana, na medida em que o fato de o veículo ser conduzido por terceira pessoa não constitui óbice ao beneplácito fiscal (isenção tributária).

3. Evidenciado o direito líquido e certo do Impetrante à postulação rogada, imperativa a concessão do pleito mandamental, com a observância da legislação pertinente a respeito do valor máximo do veículo (R$70.000,00) – anexo IX, artigo 7º, inciso XIV, do Regulamento do Código Tributário Estadual (Decreto nº. 4.852/97) e Convênio ICMS 03/2007.

SEGURANÇA CONCEDIDA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Mandado de Segurança nº 257262-78.2012.8.09.0000 (201292572620) da comarca de Goiânia.

Acorda o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, em sessão pelos integrantes da Terceira Turma Julgadora da Quinta Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conceder a Segurança, nos termos do voto do relator.

Votaram com o relator, os Desembargadores Gerson Santana Cintra e Alan S. de Sena Conceição.

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Representou a Procuradoria Geral de Justiça o Dr. Wellington de Oliveira Costa.

Goiânia, 31 de janeiro de 2013.

Des. Francisco Vildon J. Valente Relator

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