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2 - Autuado como Representação em conformidade com o Despacho de fl. 114 vieram os autos à esta Unidade Técnica para exame.

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Tribunal de Contas da União Assunto: Representação Colegiado: Plenário Classe: Classe VII Sumário:

Representação com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Irregularidade em procedimento licitatório constatada no curso de inspeção. Desclassificação indevida de proposta de menor valor. Inobservância do disposto no art. 48 da Lei nº 8.666/93. Indícios de irregularidade na desclassificação de proposta de menor preço. Conhecimento. Descumprimento dos requisitos formais e materiais previstos no Edital. Improcedência. Recomendações. Ciência à interessada. Apensamento às contas relativas ao exercício de 2000 (TC 009.943/2001-6).

Natureza: Representação Data da Sessão: 31/10/2001

Relatório do Ministro Relator:

Adoto como parte do presente Relatório a percuciente instrução de fls. 163/169, verbis: “Cuidam os autos de representação apresentada pela empresa Unipres Comércio e Serviços de Equipamentos Ltda contra a Gerência Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus/BA apontando possíveis irregularidades ocorridas na Tomada de Preços nº 05/2000, que teve como objetivo a contratação de empresa para execução de serviços de manutenção preventiva, corretiva e assistência técnica em aparelhos de ar condicionado de parede e centrais de ar condicionado.

2 - Autuado como Representação em conformidade com o Despacho de fl. 114 vieram os autos à esta Unidade Técnica para exame.

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3 - A Gerência Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus/BA, com vistas a contratar empresa para manutenção de aparelhos de ar condicionado de parede e centrais de ar condicionado, realizou a tomada de preço em 09/06/2000, cujo resultado foi publicado em 26/07/2000 (fl.22). Das oito empresas habilitadas apenas duas foram classificadas com relação à proposta de preços por estarem de acordo com o edital (fl. 110).

4 - Consta às fls. 138/140 a proposta da Unipres, que foi desclassificada porque estava “em desacordo com as exigências do edital, isto é, apresentou planilha orçamentária diferente daquela do Anexo III e formulou seus preços (mensal e anual) utilizando o dobro de TRs para a central de duto de ar e central self container” (fls. 96/97).

5 - A Representante apresentou recurso administrativo não acolhido pela Comissão que entendeu não estar caracterizado o excesso de rigor na análise da proposta como argumenta a recorrente e que tampouco seria o momento próprio para questionar o edital já que, de acordo com o art. 41, § 2º, da Lei nº 8.666/93, poderia fazê-lo apenas até o segundo dia útil que antecedesse a abertura dos envelopes com as propostas.

6 - Argüi a Representante (Unipres) que o instrumento convocatório relacionou os equipamentos através de planilha de custos (fl. 42) sem valores totais, possibilitando dupla interpretação e que a Comissão abandonou de forma injustificada sua proposta, que seria a mais vantajosa, valorizando em excesso o formalismo .

7 - A Unidade Técnica, em primeira instrução, entendeu não haver dúvidas em relação à quantidade de TR a ser cotada uma vez que é fácil perceber na planilha de custos de fl.54 que a quantidade de TR indicada, tanto das centrais de ar condicionado quanto dos self containers, se refere ao total dos aparelhos pois o valor total em reais eqüivale ao número de TR multiplicado pelo valor unitário, não havendo como a licitante considerar o total de TR dos equipamentos de central de ar e self container fosse 100 como é indicado na tabela de fl. 10. A Representante não atentou para o fato de que o número total de TR era 50, sendo 25 para as centrais de ar condicionado e 25 para os self containers. A Comissão de Licitação por sua vez, foi inflexível desclassificando a proposta da Unipres que era a economicamente mais vantajosa.

8 - Propôs a Unidade Técnica, na instrução de fls. 109/112 audiência da Gerente Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus, bem como do presidente da Comissão de Licitação para:

a) apresentarem as razões que motivaram a desclassificação da proposta da empresa Unipres Comércio e Serviços de Equipamentos Ltda na Tomada de Preços nº 05/2000,

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considerando que continha claramente os preços unitários;

b) apresentarem as razões que motivaram o não provimento de recurso da mesma empresa quando o mesmo comprovava a intenção da empresa em fornecer os equipamentos por preço mais baixo que as outras licitantes, ou seja, manteria os preços unitários fornecidos; c) remessa de cópia das propostas de preços das outras licitantes habilitadas.

DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA

9 - Em atendimento à audiência determinada pelo Ministro-Relator em despacho de fl. 114 a Gerente Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus anexou cópia da documentação solicitada e apresentou suas razões de justificativas inseridas às fls. 117/157 resumidas como se segue:

a) a proposta da Unipres foi desclassificada por estar em desacordo com o Edital, contrariando a planilha de custos contemplou o dobro de TR para as centrais com duto de ar e self container;

b) a planilha de custos não enseja a menor dúvida quanto aos quantitativos estando indicados os valores unitários e totais estimados pelo INSS. O total estimado das centrais (R$ 750,00) resulta da multiplicação do valor unitário pelo número de TR (R$ 30,00 x 25); c) a planilha continha todos os detalhes para nortear a formulação das propostas; não prospera a alegação de que a falha da proposta teria decorrido da indefinição da planilha de custos;

d) dispõe o item 4.6 do edital que “as propostas deverão obedecer rigorosamente aos termos deste Edital e serão classificadas pela ordem crescente dos preços ofertados e aceitáveis, sendo considerada vencedora da licitação a proponente que apresentar a proposta de MENOR PREÇO, considerando-se a soma do valor global para ar condicionado de parede e valor global para centrais de ar condicionado, respeitados os critérios para classificação estabelecidos neste Edital e devendo a mesma estar em conformidade com o contido na Planilha de Custos - Anexo III”;

e) a irregularidade da proposta não é meramente formal, não podendo ser passível de correção aceitando-a com base nos preços unitários fornecidos pois que os quantitativos exercem influência decisiva na oferta de preços. Quanto maior é a quantidade menor é o preço;

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f) permitir a correção da proposta quando já conhecidos os preços dos demais concorrentes implicaria em violação ao Princípio da Isonomia;

g) a Administração está inexoravelmente adstrita ao princípio da legalidade, conforme dispõe o caput do art. 37 da Carta Magna;

h) o INSS tem sua atuação delineada pelo princípio da legalidade, que ao lado dos princípios da moralidade, impessoalidade e publicidade, deve pautar a conduta do administrador;

i) a atuação da Administração se deu nos estritos ditames da norma legal, observando estritamente os termos do edital, que, como se sabe, constitui a lei interna da licitação. 10 - Administração afirma que a proposta da Unipres foi desclassificada porque contrariou a planilha de custos cotando o dobro da quantidade de TR estando assim em desconformidade com o edital. A comissão de licitação, com base na análise técnica desclassificou a proposta por não estar “de acordo com o exigido no Edital de Licitação”. 11 - Analisando a proposta apresentada pela Representante (fls. 138/140) verifica-se que a mesma contém todos os dados especificados nos subitens 3.1 “a”, “a 1”, “a 3”, 3.2 e 3.3 do edital variando apenas na apresentação em relação ao Anexo III - Planilha de Custos (fl. 42) pois que inclui os aparelhos split no item 2, cotando com base no quantitativo das TR, quando no Anexo III deveria estar incluído na item 1 e cotado por quantidade de aparelho. 12 - A Representante (Unipres) no entanto, errou na indicação da quantidade de TR cotadas, uma vez que interpretou que cada equipamento teria 25 TR, totalizando 100 TR, quando na realidade a quantidade de 25 TR se referia à totalidade dos equipamentos por tipo (25 para as centrais de ar e 25 para os self containers, num total de 50 TR).

13- O argumento da Representante de que o erro na elaboração da proposta foi motivado por indefinição dos quantitativos constantes da planilha de custos não prospera pois que, como dito no item 7 desta instrução razão cabe à Administração quando afirma que a planilha de custos não enseja dúvida quanto aos quantitativos. É fácil perceber na planilha de fl. 54 que a quantidade de TR indicada, tanto das centrais de ar condicionado quanto dos self containers, se refere ao total dos aparelhos pois o valor em reais eqüivale ao número de TR multiplicado pelo valor unitário. Assim, o erro praticado pela Representante (Unipres) não foi meramente formal conforme alega no texto da presente representação.

14 - Pode-se argüir em favor da Representante (Unipres) que, em conformidade com o Edital (fls. 23/38) a licitação foi realizada na modalidade Tomada de Preços, sob forma de

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Execução Direta, no “Regime Empreitada por Preço Unitário”, do tipo Menor Preço. Segundo o art. 6º, inciso VIII, alínea “b”, da Lei nº 8.666/93, a empreitada por preço unitário é definida da seguinte forma: “quando se contrata a execução do serviço por preço certo de unidades determinadas”.

15 - Como salientado no item 12 da instrução de fls.109/112, Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 5ª Edição), ao tecer comentários sobre o referido dispositivo legal, diz que, sendo “por preço unitário, a prestação devida ao particular será fixada em função de unidades a serem executadas”.

16 - No caso em tela a quantidade de unidades a serem executadas é certa e determinada não podendo ser alterada pelo fato do licitante ter se enganado quanto às quantidades. 17 - O licitante, em seu recurso enfatiza o ânimo de manter o preço unitário ofertado mesmo retificando-se a proposta em relação ao quantitativo de TR cotadas.

18 - Outro ponto em favor da Representante é que o item 4.11 do Edital especifica que havendo divergência entre os preços unitários e o preço total resultante de cada item prevalecerão os primeiros.

19 - A alegação da Administração de que o quantitativo influencia decisivamente na oferta do preço unitário (quanto maior a quantidade menor o preço) não é de todo aplicável ao caso sob exame. Não há como alegar que o preço cotado pela Unipres ficou muito abaixo em função da quantidade por ele interpretada uma que vez outra licitante - Hidro Engenharia e Comércio Ltda (desclassificada por questões outras que não o preço ofertado ou a quantidade de TR indicadas para as centrais de ar e sefl containers) - ofereceu preço por TR inferior ao da Unipres (fls. 141 e 154).

20 - Vale ressaltar que dentre as licitantes habilitadas apenas uma ofertou preço inferior ao da Unipres sendo que teve sua proposta desclassificada por motivo diverso do ensejador da desclassificação da Unipres (fls. 127/128 e 154).

21 - Alega a Administração que permitir a correção da proposta quando já conhecidos os preços dos demais concorrentes implicaria em violação ao Princípio da Isonomia, e que Administração está inexoravelmente adstrita ao princípio da legalidade, conforme dispõe o caput do art. 37 da Carta Magna.

22 - Entendemos também não caber razão à Administração neste particular porque, independente da correção, a proposta da Unipres foi a de menor preço conforme de observa na tabela a seguir:

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LICITANTEValor MensalValor AnualJulgamento ADEL3.438,0041.256,00Desclassificada Unipres3.843,0046.116,00Desclassificada MONT FRIO4.011,0048.132,00Classificada HIGRO ENGENHARIA4.170,0050.040,00Desclassificada TÉRMICA4.344,0052.128,00Classificada TECTENGE5.144,4061.732,80Desclassificada MPC ENGENHARIA11.413,58136.962,96Desclassificada

23 - Com a correção da proposta da Unipres seu valor ficaria abaixo apenas do valor apresentado pela Adel (Unipres R$ 3.393,00; Adel R$ 3.438,00). A proposta da Adel como já dito no item 20 foi desclassificada por motivos outros que não o da desclassificação da Unipres.

24 - Entendemos que estaria violado o Princípio da Isonomia caso a proposta da Unipres, após a correção da quantidade de TR e consequentemente do valor total, passasse a ter valor inferior ao de outras licitantes classificadas. Nessa situação a Unipres estaria claramente sendo favorecida em prejuízo das demais. Não foi o que aconteceu. Independente de correção da proposta, a oferta da Unipres foi a mais vantajosa para a Administração pois que inferior às demais propostas classificadas.

25 - A Administração, ao priorizar o Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório em detrimento do Princípio da Economicidade, desprezou a proposta mais vantajosa. Isto contudo não significa que tenha violado dispositivo legal uma vez que a Unipres efetivamente errou na apresentação de sua proposta e que tal erro não foi meramente formal.

26 - Indica a Gerente Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus, em suas justificativas, que a licitação de que trata o presente processo se encontra sub judice por conta de Mandado de Segurança impetrado pela Unipres, em curso na 5ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado da Bahia sob nº 2000.33.00025098-9, ainda não julgado.

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27 - Em Pesquisa no site do Tribunal Regional Federal - Seção Judiciária da Bahia sobre a situação do processo indicado foi verificado se tratar de Mandado de Segurança Individual, autuado em 08/09/2000 (no dia anterior à autuação da presente representação), sendo autor Unipres Comércio e Serviço de Equipamentos Ltda e réu Gerente Executivo do INSS em Santo Antônio de Jesus e objeto da petição Tomada de Preços Edital Concorrência (fl. 161/162). Pelo resultado da pesquisa não há como se ter certeza de ser o objeto do Mandado de Segurança a Tomada de Preços 05/2000 ou qual a natureza do pedido. 28 - No referido Mandado de Segurança a Liminar foi indeferida em 24/04/2001. Em 08/06/2001 a sentença de mérito foi prolatada sendo o pedido considerado improcedente, e tendo a decisão transitado em julgado em 04/09/2001.

DO PEDIDO

29 - A Representante não expõe claramente seu pedido limitando-se a pedir as “providências legais cabíveis, na forma dos dispositivos apontados no preâmbulo” da peça inicial (arts. 91 e 113 da lei nº 8.666/93).

30 - O art. 91 vem inserido na seção “dos crimes e das penas” da Lei nº 8.666/93. Refere-se ao crime “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário”.

31 - No caso em tela não há nos autos provas de que a Comissão de Licitação tenha agido dolosamente na tentativa de favorecer interesse privado. O que ficou caracterizado foi o rigor adotado quando do julgamento das propostas, na aplicação do princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório o que por si só não se constitui crime. Além do mais em sendo o Mandado de Segurança, referido nos parágrafos 26 a 28 desta instrução, efetivamente relativo à Tomada de Preços nº 05/2000, o indeferimento do pedido da Impetrante (Unipres) desqualifica a aplicação da cláusula penal vez que, ao decidir pela improcedência do Pedido, o Poder Judiciário, mesmo que indiretamente não tenha validado a celebração de instrumento contratual com a licitante vencedora, deixou a Administração livre para que o fizesse.

32 - O artigo 113 por sua vez refere-se à competência dos Tribunais de Contas no tocante ao controle das despesas decorrentes de contratos e outros instrumentos regidos pela Lei nº 8.666/93, e do ônus incumbido aos órgãos interessados da Administração de demonstrarem a legalidade e regularidade da despesa e execução.

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33 - Também sob esse aspecto entendemos que não ficou caracterizada transgressão à norma legal ou regulamentar ou a ocorrência de irregularidade quanto à legitimidade ou economicidade. Se de uma lado a Administração seguiu rigorosamente o disposto nas cláusulas do edital, valorizando as formalidades do instrumento convocatório, a Representante (Unipres) não apresentou sua proposta totalmente em conformidade com o disposto no mesmo edital quando indicou a quantidade errada de TR. Vale lembrar que, conforme explicado no parágrafo 7 anterior, as informações do edital e seus anexos são suficientes para não restar dúvidas sobre o quantitativo de TR que deveriam ser cotadas. 34 - O fato da Administração não ter sido mais flexível no julgamento da proposta da Unipres não significa que tenha agido contra a lei.

35 - Em relação a efeitos diretos que poderiam beneficiar a Representante (Unipres) entendemos estar a questão prejudicada. Decorridos mais de 12 meses da data de adjudicação da proposta vencedora da Tomada de Preços nº 05/2000 (ocorrida em agosto/2000) e, considerando que o recurso interposto pela Representante (Unipres) não foi conhecido administrativamente, que o Mandado de Segurança impetrado pela Unipres teve Liminar Indeferida em 24/04/2001 (Processo 2000.33.00.025098-9 - fl. 161) e que a presente Representação não teve efeito suspensivo, a Administração não ficou impedida de contratar o vencedor do certame, ou realizar outro procedimento licitatório visto já se ter expirado o prazo de 60 dias estabelecido no edital para manutenção, pelas licitantes, dos preços ofertados (item 3.2 do edital - fl. 26).

CONCLUSÃO

36 - Considerando os fatos elencados e analisados pode-se concluir em favor da Representante os seguintes fatos:

a) a licitação foi realizada no regime de Empreitada por Preço Unitário quando a execução do serviço é contratada por preço certo de unidades determinadas. No caso em tela a quantidade de unidades a serem executadas é certa e determinada não podendo ser alterada pelo fato da licitante ter se enganado quanto às quantidades. Além do mais a Representante em seu recurso administrativo enfatiza o ânimo de manter o preço unitário ofertado mesmo retificando-se a proposta com a redução da quantidade de TR cotadas; b) não há como alegar que o preço cotado pela Representante ficou abaixo em função do aumento da quantidade de TR cotadas pois houve outra licitante - a ADEL (cuja proposta foi desclassificada) - que ofertou preço inferior ao da Unipres;

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c) a correção da proposta da Representante não implicaria em violação ao Princípio da Isonomia uma vez que, após a correção, seu valor global ficaria abaixo apenas de valor da licitante ADEL, que foi desclassificada por motivo outro que não o quantitativo de TR. Independente da correção, a proposta da Unipres foi economicamente a mais vantajosa em comparação com as propostas classificadas.

37 - No entanto, razão cabe à Administração no tocante aos seguintes pontos:

a) a proposta da Representante (Unipres) contrariou a planilha de custos cotando em dobro a quantidade de TR para as centrais de ar condicionado e self containers. A Unipres errou na indicação da quantidade de TR cotadas quando interpretou que cada equipamento teria 25 TR, totalizando 100 TR (2 centrais de ar condicionado e 2 self containers) quando na realidade a quantidade de 25 TR se referia à totalidade dos equipamentos por tipo (25 para as centrais de ar condicionado e 25 para os self containers, num total de 50 TR). Tal erro não é meramente de aspecto formal como afirma a empresa no expediente encaminhado a este Tribunal;

b) a planilha de custos continha todos os detalhes para nortear a formulação das propostas. Assim, não prospera a alegação de que a falha da proposta teria decorrido da indefinição da referida planilha;

c) não existe no processo provas de dolo no procedimento da Comissão de Licitação na tentativa de favorecer interesses privados;

d) a Administração, ao desclassificar a proposta da Unipres, não violou dispositivos legais. O fato de não ter sido flexível no julgamento permitindo a correção da proposta da Representante (Unipres) não significa que tenha agido contra a lei. No máximo cometeu um ato antieconômico, porém não ilegal ou irregular.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

37 - Diante do exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Exmº Ministro Relator Adylson Motta, propondo o que se segue:

I - Considerar parcialmente procedente a presente representação ante os fatos elencados nos parágrafos 10 a 34, 36 e 37 desta instrução.

II - Recomendar à Gerente Executiva do INSS no Município de Santo Antônio de Jesus/BA ou a quem a suceder:

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a) que os editais de licitação da Entidade sejam elaborados de modo que os objetos licitados sejam determinados de forma precisa, suficiente e clara, com descrição dos itens imprescindíveis à qualificação para não deixar margem a qualquer dúvida, bem como contendo todas as exigências necessárias à apresentação das propostas, de forma a não permitir equívocos de interpretação em relação ao que a Administração pretende com a realização do certame;

b) observância, quando da realização de licitações, dos princípios que norteiam os procedimentos licitatórios expressos na Constituição Federal e na Lei nº 8.666/93. III - Dar ciência à Representante da decisão que o TCU vier a adotar.

IV - Remessa dos autos à 4ª Secex para juntada às contas respectivas objetivando exame em conjunto e em confronto, nos termos do § 1º, do art. 194, do RI/TCU, em conformidade com o despacho de fl. 114.”

À fl. 169, o digno Diretor da 2ª Divisão Técnica, acompanhado pelo ilustre titular da Unidade Técnica (fls. 170), acolhe a proposta de encaminhamento acima transcrita.

Voto do Ministro Relator:

Preliminarmente, deve-se registrar que a presente Representação, fulcrada no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 69, § 1º, da Resolução nº 136/2000 combinado com o art. 213 do Regimento Interno. Por esta razão pode ser conhecida.

Da análise dos documentos e informações incluídos nos autos, verifica-se que a proposta da licitante autora da representação, não obstante ser a mais vantajosa dentre as apresentadas, foi, a meu ver, devidamente desclassificada por não preencher requisitos formais e materiais específicos que envolvem a identidade do objeto e a satisfatoriedade da prestação, consoante a classificação adotada por Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Rio de Janeiro: Aide, 1996, p. 310 e seguintes). Em primeiro lugar, restou comprovado que a licitante Unipres - Comércio e Serviços de Equipamentos Ltda. contrariou exigências formais do edital, ao apresentar planilha orçamentária com dados e critérios diferentes da constante do Anexo III do ato convocatório. É notório que as formalidades têm caráter meramente instrumental e não devem ser vistas como um fim em si mesmo, mas, diante da importância do requisito formal relativo à utilização da correta “unidade” para uma boa compreensão da proposta submetida ao exame da Comissão, entendo que uma ofensa a esse requisito não poderia ser relevada.

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Além disso, se levarmos em conta a literalidade da proposta desclassificada, pode-se dizer que os preços anuais e mensais foram cotados levando-se em conta a existência de equipamentos com uma capacidade, expressa em toneladas de refrigeração (TRs), equivalente ao dobro do previsto no Edital, ultrapassando em muito a real necessidade da Administração. Entendo que a Comissão, diante desse informe, poderia validamente interpretar que a empresa se equivocou ao ofertar serviços que sobejam e se distanciam do objeto efetivamente licitado.

Deve-se consignar ainda que, na prestação de serviços licitada, estava compreendido “o fornecimento de mão-de-obra especializada, materiais, peças originais, equipamentos, ferramentas, assistência técnica, enfim, tudo que for necessário para o perfeito e ininterrupto funcionamento dos mesmos” (subitem 1.1 do Edital). É intuitivo que equipamentos de refrigeração mais potentes requerem serviços e peças diferenciados e mais dispendiosos, logo, resta evidente que a proposta também não preencheu o requisito material específico que diz respeito à identidade do objeto e à satisfatoriedade da prestação.

Diante disso, sem prejuízo do acolhimento das recomendações sugeridas pela Secex/BA, entendo que a Gerência Executiva do INSS em Santo Antônio de Jesus/BA agiu corretamente ao desclassificar a proposta da empresa Unipres - Comércio e Serviço de Equipamentos Ltda., autora da presente Representação, uma vez que ela não preencheu os requisitos formais e materiais necessários.

Na preleção de Marçal Justen Filho,

“Os licitantes devem ser tratados com igualdade. Se um único licitante preencher os requisitos necessários (incluindo a proposta formal e materialmente perfeita), não se admitirá apreciação das propostas dos demais” (idem, p. 315).

Destarte, acolho a essência da proposta da Unidade Técnica e Voto no sentido de que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à deliberação deste Plenário.

T.C.U., Sala das Sessões, em 31 de outubro de 2001. ADYLSON MOTTA

Interessados:

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Decisão:

O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator e com fulcro no art. 19, inciso I, u, DECIDE:

8.1. conhecer da presente Representação para, no mérito, considerá-la improcedente;

8.2. recomendar à Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em Santo Antônio de Jesus/BA que:

a) os futuros editais de licitação sejam elaborados de modo que os objetos licitados estejam descritos de forma precisa, suficiente e clara, com todas as exigências necessárias à apresentação das propostas;

b) observe os princípios legais e constitucionais relativos aos procedimentos licitatórios; 8.3. dar ciência à representante a respeito do inteiro teor da presente Decisão;

Grupo: Grupo I Indexação:

Representação; INSS; Santo Antônio de Jesus BA; Tomada de Preços; Licitação; Julgamento das Propostas;

Data da Aprovação: 07/11/2001

Unidade Técnica:

SECEX-BA - Secretaria de Controle Externo - BA; Quorum:

Ministros presentes: Valmir Campelo (Vice-Presidente, no exercício da Presidência), Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

Ementa:

Representação formulada por licitante. Possíveis irregularidades praticadas pela Gerência Executiva do INSS, em Santo Antônio de Jesus BA. Tomada de Preços. Indícios de irregularidades na desclassificação de proposta de menor preço. Improcedência. Recomendação. Juntada às contas.

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Data DOU: 12/11/2001 Número da Ata: 48/2001

Entidade:

Entidade/Órgão: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS/Gerência Executiva em Santo Antônio de Jesus/BA

Processo: 013.539/2000-0 Ministro Relator: ADYLSON MOTTA;

Referências

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