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A qualidade do emprego agrícola/ não agrícola entre os residentes rurais nas regiões metropolitanas brasileiras: Uma análise por gênero 2009.

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A qualidade do emprego agrícola/ não agrícola entre os

residen-tes rurais nas regiões metropolitanas brasileiras: Uma análise por

gênero 2009.

Taciana Letícia Boveloni

Ciências Econômicas

Centro de Economia e Administração taci_boveloni@hotmail.com

Nelly Maria Sansígolo de Figueiredo

Desigualdades Sócio-econômicas e

Políticas Públicas

Centro de Economia e Administração nelly.figueiredo@puc-campinas.edu.br Resumo: O presente estudo visa analisar a

qualida-de do emprego na PEA rural com o objetivo qualida-de iqualida-denti- identi-ficar as disparidades de gênero existentes nos vários aspectos que caracteriza a qualidade do emprego. Além do contraste por gênero, são estudadas as dife-renças da qualidade do emprego quando o emprega-do vive no rural das regiões metropolitanas, compara-tivamente aos que vivem nas demais áreas rurais. O trabalho inclui; 1) uma investigação sobre as princi-pais características socioeconômicas das pessoas ocupadas residentes no meio rural metropolitano e não-metropolitano segundo o gênero; 2) a identifica-ção do perfil da ocupaidentifica-ção dos trabalhadores - ocupa-ção, posição na ocupaocupa-ção, setor de atividade, infor-malidade, rendimentos do trabalho - contrastando os resultados por gênero; 3) Cálculo de índices de quali-dade do emprego,considerando três dimensões da qualidade do emprego- renda, formalidade e auxílios, contrastando as diferenças de gênero e tipo de rural. As informações básicas provêm dos microdados da PNAD de 2009, sendo analisados os ocupados na condição de empregado, residentes no meio rural do conjunto das 9 regiões metropolitanas oficialmente reconhecidas pelo IBGE (São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém) e seus respectivos esta-dos. Os resultados mostramque a qualidade do em-prego rural é pior para as mulheres e no rural não-metropolitano, e particularmente para as empregadas rurais da região não-metropolitana. Índices parciais da qualidade do emprego revelaram para a emprega-da rural uma alta taxa de informaliemprega-dade e salários menore, quando comparados com os empregados de gênero masculino. Prevalece o trabalho feminino em setores de atividades em que prevalecem condições mais precárias,com grandes desvantagens em rela-ção ao masculino, sobretudo no não-metropolitano. Palavras-chave: qualidade do emprego, mercado de trabalho rural, economia regional, gênero.

Área do Conhecimento: Ciências Sociais aplicadas – Economia Agrária – CNPq.

1. INTRODUÇÃO

Desde os anos 70 o setor agrícola passa por intenso processo de modernização da atividade agropecuá-ria e expansão da fronteira agrícola, acompanhados pela intensificação dos fluxos migratórios principal-mente em direção aos centros metropolitanos, acele-rando a urbanização do país. O rural1 brasileiro

tam-bém mudou, pela diversificação das atividades eco-nômicas que acontecem nesse espaço, que vão além da agropecuária, enquanto que a maior proxi-midade, acesso e comunicação com o meio urbano favoreceram o emprego de trabalhadores rurais no meio urbano (e vice-versa) bem como a adoção, no rural, de hábitos, padrões de consumo, culturais e valores antes considerados “urbanos”, caracterizan-do o que se denomina por “novo rural” brasileiro [3] Com relação ao trabalho feminino, tem sido obser-vada uma crescente participação da mulher no mer-cado de trabalho brasileiro, com significativas mu-danças no perfil da PEA feminina. Como apontado por BRUSCHINI [2], até os anos de 1970 a força de trabalho feminina era caracterizada por ser composta por jovens, solteiras e sem filhos, sendo que depois desse período passou a ser de mulheres mais ve-lhas, casadas e mães. Porém a participação das mulheres prevalece nos empregos de má qualidade, e de salários mais baixos, comparativamente ao emprego masculino. Além disso, na PEA feminina a informalidade e o trabalho secundário são mais fre-qüentes, e a taxa de desemprego é maior [2].

No meio rural, as mulheres que tradicionalmente se ocupavam de atividades agrícolas e domésticas, quando deixam de atuar na agricultura, se direcio-nam para empregos não-agrícolas mais próximos à sua experiência anterior, principalmente o emprego de serviços domésticos, que representam ocupações

1

Não se deve confundir rural com agrícola. A idéia de rural está associada ao território enquanto que agrícola se refere ao setor de atividade. Uma síntese do debate sobre a definição e as ca-racterísticas do rural pode ser encontrada em Kageyama [8]

(2)

com condições precárias de trabalho BALSADI [1]. Nesse contexto, estudos sobre o mercado de traba-lho rural têm mostrado que a qualidade do emprego da PEA feminina está muito abaixo da masculina, tanto nas ocupações agrícolas como não-agrícolas, como mostra Balsadi para a década de 1990 [1]. Nesse contexto, este trabalho trata das disparidades de gênero na PEA rural em 2009, focalizando dois espaços rurais: o rural metropolitano de nove regiões metropolitanas brasileiras oficialmente reconhecidas pelo IBGE e o espaço rural não-metropolitano, com-postos pelas demais áreas rurais das Ynidades da Federação (UF) a que pertencem as metrópoles estudadas. O rural das regiões metropolitanas possui características específicas, pela integração com o espaço urbano. Nesse aspecto, pode-se esperar que uma maior proximidade aos centros urbanos influen-cie favoravelmente nas condições de trabalho e ren-da para os trabalhadores rurais metropolitanos, pela maior diversificação de oportunidades de ocupação nas metrópoles. É esperado, também, que as dispa-ridades de gênero no mercado de trabalho sejam menos intensas no rural metropolitano, tendo em vista que o ambiente urbano concorreria para uma maior formalização do trabalhador, favorecendo crité-rios mais objetivos de valoração do trabalho, inde-pendente do gênero. Dessa forma, busca-se analisar as diferenças de disparidades de gênero no rural metropolitano x rural metropolitano do Brasil. A qua-lidade do emprego nesta pesquisa é estudada com base em índices de qualidade do emprego apresen-tados em Balsadi [1].

2. METODOLOGIA Fonte de dados

O estudo é desenvolvido para o conjunto das nove regiões metropolitanas brasileiras oficialmente reco-nhecidas pelo IBGE, as quais são pesquisadas pela PNAD: Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Esse espaço é caracterizado, neste estudo como “rural metropolitano”. Complementar-mente, é estudada s demais áreas rurais das unida-des federativas a que pertencem essas regiões me-tropolitanas, resultando no que se denomina neste estudo por “rural não-metropolitano”.

A base de dados é fornecida pelos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE). As análises estatísticas são feitas ponderando-se os dados pelos fatores de ex-pansão (peso da pessoa) fornecidos pela PNAD para cada ano, sendo que a extração das amostras e a

análise estatística exploratória dos dados foram desen-volvidas com o apoio do software SPSS.

A classificação do domicílio por situação rural e ur-bana pela PNAD segue a classificação legal à época da realização do Censo Demográfico. Na presente pesquisa a população rural compreende os residen-tes nas 5 localizações de rural disponibilizadas na PNAD: 1) aglomerado de extensão urbana, localiza-dos fora do perímetro urbano, de caráter urbano; 2) povoado, que é o aglomerado rural isolado que ofe-rece um número mínimo de serviços ou equipamen-tos; 3) núcleo, que é o aglomerado rural isolado de caráter privado ou empresarial, vinculado a um único proprietário do solo que dispõe de serviços e equi-pamentos; 4) outros aglomerados que não dispõem de um mínimo de serviços ou equipamentos; 5) área rural exceto aglomerado [6: p.10].

São estudados os indivíduos ocupados com 10 anos ou mais de idade residentes no rural. O IBGE apre-senta as seguintes categorias de ocupação: empre-gado (pessoa que trabalha para um empreempre-gador, com carteira assinada ou não, sendo que os empre-gados domésticos são tratados como uma categoria distinta); conta-própria (trabalha conduzindo seu próprio empreendimento, sem ter empregado remu-nerado); empregador (trabalha no próprio empreen-dimento, com pelo menos um empregado remunera-do); trabalhador não-remunerado (membro da família ou não); trabalhador na produção para o próprio consumo; e trabalhador na construção para o próprio uso [7: p.12].

Na análise da qualidade do emprego são considera-dos apenas os trabalhadores ocupaconsidera-dos na posição de empregados, seguindo o procedimento de outros trabalhos sobre o assunto [1, 4]. Isso se justifica porque para conta-própria, empregadores e os ocupa-dos atividades de autoconsumo e autoconstrução se torna difícil caracterizar as ocupações exercidas e ava-liar a qualidade do emprego nessas situações. Pela mesma razão foram eliminados os empregados com atividades mal definidas. Diferentemente dos autores supracitados, o trabalho inclui todos os trabalhadores não-remunerados, independente da jornada de traba-lho exercida, resultando nas amostras da Tabela 1. Tabela 1. Empregados rurais segundo o gênero e tipo de

área rural em 9 UF. Brasil(a)., 2009. .

Feminino Masculino

N-Metrop Metrop N-Metrop Metrop

Empregados 2.079.751 243.949 3.250.933 346.170

% c/ rend. positivo. 55,2 91,1 78,6 96,6

% não-remunerado 44,8 8,9 21,4 3,4

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(3)

Indicadores socioeconômicos estudados

Como indicadores socioeconômicos deste estudo são considerados: ocupação ( ocupados e não ocu-pados dentro da PEA), posição na ocupação no tra-balho principal, setor de atividade no tratra-balho princi-pal, escolaridade média, taxa de alfabetização, grau de formalização no trabalho.

Com relação à renda, é analisado o rendimento no trabalho principal do empregado e demais fontes de rendimento, notando-se que, segundo (Figueiredo et al., 2011), com base na PNAD2009, 95,5% emprega-dos rurais tinham apenas um trabalho, e o trabalho principal contribuía com 96,9% do rendimento total de todos os trabalhos, e com 86,0% do rendimento de todas as fontes. Também são calculadas as propor-ções de empregados que recebem menos que 1 salá-rio mínimo (SM) ou R$465,00 por mês, ½ SM (R$232,50) e ¼ SM (R$116,25). Para estudar a desi-gualdade da distribuição dos rendimentos do trabalho principal nos grupos estudados são calculadas medi-das do índice de Gini, baseamedi-das em Hoffmann [5]. Indices de Qualidade de Emprego:

Para analisar a qualidade do emprego, são adotados os critérios utilizados por Kageyama e Reher (1993), e apresentados em Balsaldi [1] e Figueiredo et al.[4]. As características do emprego são desenvolvidas tomando como base o trabalho principal. São calcu-lados primeiramente três índices parciais de qualida-de do emprego que expressam três dimensões: grau de formalidade no emprego (IP_FORMAL); rendi-mento no trabalho principal (IP_REND) e auxílios recebidos pelo empregado na execução do trabalho principal (IP_AUX)2. A partir desses índices parciais,

são propostos três índices de qualidade do emprego (IEQ) apresentados abaixo:

IQE = 1/3 IP_FORMAL + 1/3 IP_REND + 1/3 IP_AUX IQE* = 0,4 IP_FORMAL + 0,4 IP_REND + 0,2 IP_AUX IQE**= 0,3 IP_FORMAL +0,5 IP_REND + 0,2 IP_AUX 3. RESULTADOS

Setor de atividade

Pelos resultados da Tabela 2, quando não ocupada na agricultura, a empregada rural trabalha no setor de serviços, com grande participação nos serviços domésticos. Entre empregados de gênero masculino existe maior diversificação nas ocupações, com par-ticiação mais expressiva da indústria e da constru-ção. Comparando-se as duas regiões resulta que no

2

As variáveis utilizadas no cálculo dos índices parciais são apre-sentadas nas tabelas de resultados

rural metropolitano a agricultura absorve 14,3% dos homens e 8,2% das mulheres empregadas enquanto que no rural não metropolitano a agricultura é res-ponsável pelo emprego de 50% empregadas mulhe-res e 68,3% dos empregados. A maior ocupação no setor de serviços e nos serviços domésticos contribui para menores rendimentos entre elas, já que nestes h as condições do emprego são mais precárias. Tabela 2. Empregados rurais segundo o setor de atividade,

por gênero e tipo de área rural em 9 UF. Brasil(a)., 2009.

Setor de atividade (%)

Feminino Masculino

N-Metrop Metrop N-Metrop Metrop

Agricultura 50,0 8,2 68,3 14,3 Indústria 6,3 12,7 9,6 20,0 Construção 0,1 0,4 5,2 12,0 Serviços 43,5 78,7 16,9 53,7 Serviços domésticos 16,8 30,2 2,0 6,3 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(b) PA, CE, PE, BA, RJ, MG, SP, PR e RS.

Escolaridade e rendimento

A Tabela 3 apresenta resultados para a escolaridade e o rendimento médio no trabalho principal e sua distribuição. Com relação à escolaridade, as mulhe-res têm em média mais anos de estudo do que os homens. Também apresentam maior grau de alfabe-tização. Isso acontece quando são comparados os dois gêneros dentro do mesmo tipo de rural. Compa-rando os resultados por tipo de rural, nota-se que a escolaridade média é superior no rural metropolitano para ambos os gêneros, com a média de 8 anos de estudo para as mulheres diante de 7,4 anos para os homens.

Tabela 3. Escolaridade e Distribuição dos Rendimentos no

trabalho principal, para os empregados rurais segundo o gênero e tipo de área rural em 9 UF. Brasil(a). 2009

Feminino Masculino

Total

N_Metr Metrop N_Metr Metrop

Escolaridade Anos estudo 6,3 8,0 5,2 7,4 5,8 % Alfabetizados 88,0 95,6 81,9 94,0 85,4 Rendimento R-TPrinc (R$) 253,3 614,1 429,4 858,1 400,2 % c/ Rend. < 1 SM 69,3 26,3 51,3 14,1 54,4 % c/ Rend. < ½ SM 61,5 16,6 34,3 6,3 41,5 % c/ Rend. < ¼ SM 52,3 10,8 25,6 4,3 33,1 % c/ Rend. = 0 44,8 8,9 21,4 3,4 28,0 Índice de Gini 0,666 0,381 0,489 0,357 0,547

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(4)

Com relação ao rendimento no trabalho principal, em média os homens empregados recebem rendimentos mais altos do que as mulheres: 70% a mais no rural não-metropolitano e 40% a mais no não metropolita-no, apesar da maior escolaridade média das mulhe-res. Nota-se a grande proporção de mulheres com rendimento zero no trabalho principal, em especial no rural não-metropolitano (quase 45%). O rendi-mento de quase 70% da s empregadas rurais não alcançava 1 SM no rural não-metropolitano. A situa-ção é menos crítica no rural das metrópoles, mas mesmo assim, cerca de ¼ das empregadas recebi-am menos de 1 SM. Esse padrão se repete para as linhas de ½ e ¼ de salário mínimo: maior proporção de mulheres que não tingem esses patamares, e situação mais crítica no rural não-metropolitano. Os resultados sobre a desigualdade da distribuição de renda fornecidos pelo Índice de Gini (G) indicam que ocorre maior desigualdade de renda para as mulheres do não-metropolitano, com G=0,666 (neste grupo 44% têm rendimento zero). De uma maneira menor, os rendimentos são pior distribuídos nos grupo de empregadas e no rural não-metropolitano. Informalidade no emprego

Entre os empregados rurais, a formalização no em-prego é quando homens e no rural metropolitano. Pela Tabela 4, aproximadamente 67% dos emprega-dos do rural metropolitano tinham carteira assinada, contra 55,7% das empregadas do mesmo tipo de rural, ou seja, nesse rural a proporção de homens com carteira é 20% maior do que as mulheres. No rural não-metropolitano a diferença na ofrmalização chega a 39%, com apenas 23,5% das empregadas com carteira assinada, contra 33,1% doe emprega-dos homens. Portanto, as mulheres empregadas rurais nesses dois espaços sofrem de maior insegu-rança no emprego e menor acesso aos benefícios da seguridade social.

Com relação aos que contribuem para a previdência, o empregado do rural metropolitano está em maior proporção, com 69,3%. Em contraste, encontram-se as mulheres do não-metropolitano, com 32,4%. Considerando os dois cortes regionais conclui-se que a formalização é maior no rural metropolitano, porém, nesse espaço as diferenças pro gênero ainda estão presentes, se bem que de forma menos aguda do que no rural não-metropolitano.

Outro aspecto ligado à informalidade é a presença do trabalho infantil. Pela mesma Tabela 4 nota-se que neste aspecto as empregadas levam vantagens já que maior proporção de empregados têm mais de 15 anos de idade. No rural metropolitano a ocupação

de menores também é menos frequente do que no rural metropolitano.

Com relação à carga horária de trabalho novamente as mulheres apresentam vantagens, pela maior pro-porção delas que trabalham dentro do intervalo de 15 a 44 horas semanais. Os empregados homens apresentam maior sobrecarga de trabalho no merca-do de trabalho: 34%merca-dos empregamerca-dos no rural não-metropolitano e 41% do rural não-metropolitano traba-lham mais de 44 horas/semana. Para as emprega-das esses números são 15% e 22%, respectivamen-te. Em compensação, as mulheres trabalhem mais horas em afazeres domésticos.

Indices de qualidade no emprego

A Tabela 4 fornece ainda o valor do índice parcial de formalidade (IP_FORMAL), que é o resultado das pro-porções dos indicadores para cada grupo estudado. Pelos valores do Índice Parcial de Formalidade, os empregados a região não-metropolitana estão em desvantagem com relação à metropolitana, enquanto que as mulheres da primeira região possuem um índice de 56,9 enquanto que na segunda elas apre-sentam o valor de 72,2 para esse índice de 72,2. Ao comparar o índice para os dois gêneros, ocorre uma pequena diferença entre eles, porém, para o item mais importante, que é ter carteira assinada, as mu-lheres estão em clara desvantagem

Tabela 4. Índice Parcial de Formalidade e seus

componen-tes para os empregados rurais segundo o gênero e tipo de área rural em 9 Unidades da Federação. Brasil(a)., 2009

Feminino Masculino

N_Metr Metrop N_Metr Metrop Médial

Carteira_assinada 23,8 55,7 33,1 66,9 32,7

Contrib. previdência 32,4 60,0 36,4 69,3 37,9

Idade_maior15 96,8 99,5 93,9 98,5 95,4

15 a < 45 h/semana 74,5 73,7 61,2 57,0 66,2

ÍP_FORMAL 56,9 72,2 56,2 72,9 58,1

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(a) PA, CE, PE, BA, RJ, MG, SP, PR e RS.

O Índice Parcial de Rendimento (IP_REND) e seus componentes são apresentados na Tabela 5. O Ren-dimento padronizado foi calculado de forma a atribuir valor zero ao menor rendimento médio no trabalho principal (feminino não-metropolitano) e 100 ao maior valor observado (masculino metropolitano). O valor do índice parcial de rendimento para os homens da região metropolitana é 88, enquanto que para as mulheres dessa mesma região é de 59,1, ou seja, uma divergência de 28,9 pontos. As diferenças tam-bém são grandes na comparação por gênero no rural não-metropolitano (22,2 pontos). Ou seja, as mulhe-res empregadas rurais encontram-se em situação

(5)

menos favorável do que os homens nos dois tipos de espaço rural.

Tabela 5. Índice Parcial de Rendimento no trabalho

princi-pal e seus componentes para os empregados rurais segun-do o gênero e tipo de área rural em 9 Unidades da Federa-ção. Brasil(a)., 2009

Feminino Masculino

N_Metr Metrop N_Metr Metrop Média

R-TPrinc padronizado 0,0 59,7 29,1 100,0 24,3

% c/ R-TPrinc > 1 SM 18,3 58,5 33,5 76,0 31,7

ÍP_REND 9,1 59,1 31,3 88,0 28,0

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(a) PA, CE, PE, BA, RJ, MG, SP, PR e RS.

Com relação aos auxílios (Tabela 6), uma maior pro-porção de empregadas rurais recebe auxilio transpor-te e alimentação, enquanto entre que os emprega-dos, é mais frequente o auxílio moradia. Os valores do índice de auxílios no rural não-metropolitano mos-tram que a proporção de mulheres do rural metropoli-tano que recebem auxílios é em média maior, poden-do-se associar esse fato à ocupação feminina princi-palmente nos serviços domésticos. Em comparação, o índice parcial de auxilio para as empregadas rurais não-metropolitanas é de 13,4, em que o componente mais importante é o auxilio alimentação. Já para os homens, o índice parcial de auxílios também é supe-rior na região metropolitana, com 26,8, sendo que o componente mais importante é o auxiliotransporte.

Portanto, o índice parcial de auxílios revela que as mulheres são a maioria dos que recebem auxílios, principalmente na região metropolitana.

Tabela 6. Índice Parcial de Auxílios e seus componentes

para os empregados rurais segundo o gênero e tipo de área rural em 9 UF. Brasil(a)., 2009

Feminino Masculino

N_Metr Metrop N_Metr Metrop Média

Auxílio moradia 10,0 5,5 23,0 8,6 17,4 Auxílio alimentação 31,4 60,0 25,7 50,7 31,0 Auxílio transporte 16,8 61,6 14,5 51,8 20,5 Auxílio educação 1,3 2,9 0,9 1,9 1,2 Auxílio saúde 7,5 18,8 7,2 20,8 8,9 ÍP_AUX 13,4 29,8 14,2 26,8 15,8

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(a) PA, CE, PE, BA, RJ, MG, SP, PR e RS.

Dos três índices parciais apresentados acima são calculados três índices gerais, que variam conforme o peso dado a cada índice parcial. Pela Tabela 7 nota-se que no geral, o Índice de Qualidade no Emprego revela que as mulheres da região não-metropolitana estão em situação desfavorável na qualidade do em-prego dado pelas três medidas propostas. Em se-gundo lugar estão os homens dessa mesma região.

Em contraste com o baixo índice das mulheres, estão os homens da região metropolitana que apresenta-ram valores elevados para os três IQE do período estudado. Assim, permanece a visão do trabalho feminino secundário, pouco valorizado, caracterizado por remunerações inferiores e maior informalidade. Mesmo que as mulheres tenham melhorado sua po-sição no mercado de trabalho brasileiro, persistem graves disparidades associadas à qualidade do em-prego.

Tabela 7. Índices de Qualidade no Emprego para os

em-pregados rurais segundo o gênero e tipo de área rural em 9 UF. Brasil(a)., 2009

Feminino Masculino

N_Metr Metrop N_Metr Metrop Médial

IQE 26,5 53,7 33,9 62,6 34,0

IQE* 29,1 58,5 37,8 69,7 37,6

IQE** 24,3 57,2 35,4 71,2 34,6

Fonte: PNAD 2009. Elaboração dos autores.

(a) PA, CE, PE, BA, RJ, MG, SP, PR e RS.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos sobre a desigualdade de gênero no merca-do de trabalho rural têm apontamerca-do para grandes dis-paridades nos rendimentos dos trabalhadores, no grau de formalização no emprego e na qualidade do emprego rural, situando-se a mulher trabalhadora em uma condição de precariedade em todos esses as-pectos. Também têm mostrado, assim como neste trabalho, que a mulher tem maior grau de instrução, está mais presente no mercado de trabalho na posi-ção de empregada, e nas atividades de prestaposi-ção de serviços domésticos e serviços sociais e coletivos. Este trabalho buscou contribuir para o estudo das disparidades de gênero na qualidade do emprego rural, incorporando uma dimensão espacial à análi-se. Ou seja, busca comparar a qualidade do empre-go das mulheres e homens em dois espaços rurais – metropolitano e não-metropolitano – buscando des-tacar as disparidades de gênero entre esses dois espaços.

Os resultados apontaram que as empregadas rurais da região não-metropolitana estão em pior situação do que os homens, assim como com relação às pregadas do rural metropolitano. Em geral as em-pregadas rurais apresentam maior escolarização e grau de alfabetização que os homens empregados, porém, os rendimento delas são inferiores aos deles. O setor de atividade em que se ocupam as empre-gadas rurais e a formalização no trabalho são fatores que contribuem para as disparidades de rendimento. Este trabalho comprovou que elas apresentam

(6)

me-nor formalização e quando ocupadas fora da agricul-tura, estão inseridas principalmente no setor de viços, grande parte ocupadas em prestação de ser-viços domésticos. Justamente onde ocorre maior informalidade no trabalho. Desse conjunto de fatores resultam índices de qualidade no emprego que ex-pressam que a mulher do rural não-metropolitano tem pior qualidade no emprego. NO rural não metro-politano, o valor do IQE para elas equivale a 78% do encontrado para os homens nesse mesmo rural. E no rural metropolitano a diferença é de 86%. Esse mesmo padrão é observado quando se comparam os valores dos demais índices, o que leva às seguin-tes conclusões deste trabalho:

• Em geral, a qualidade do emprego é pior para as mulheres empregadas rurais, comparativamente aos empregados de gênero masculino;

• A qualidade no emprego feminino é pior no rural não-metropolitano, determinada predominante-mente pela informalidade e baixa remuneração;

• Da comparação entre regiões conclui-se que a qualidade no emprego é mais baixa no rural não-metropolitano, pelas mesmas razões anteriores;e,

• Finalmente, as disparidades de gênero na quali-dade do emprego são maiores no rural metropoli-tano.

Portanto, além de comprovar também para 2009 que para as mulheres rurais empregadas o emprego é de pior qualidade, comparativamente aos homens rurais empregados, este trabalho apontou que o rendimen-to no trabalho e a informalidade são farendimen-tores impor-tantes para determinar as diferenças encontradas. Conclui-se também que as diferenças por gênero são maiores no rural metropolitano. Em geral, con-firmou-se, com relação à qualidade do emprego ru-ral, que as mulheres continuam ocupando uma posi-ção secundária no mercado de trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Profa. Nelly pelo ensinamento, oportuni-dade, orientação e repeito, contribuindo para a mi-nha formação. Muito obrigada.

REFERÊNCIAS

[1] BALSADI, Otavio V. Características do Em-prego rural no estado de São Paulo nos anos 90. Cam-pinas:Unicamp, 2000 (dissertação de mestrado) [2] BRUSCHINI, M. C. A. (2007) Trabalho e gênero

no Brasil nos últimos dez anos. Cadernos de Pesquisa, v.37, n°132, p.537-572. set/dez. . [3] CAMPANHOLA, Cesar Píeres; GRAZIANO DA

SILVA, José (orgs) O novo rural brasileiro. Brasí-lia:Embrapa, 2004. v.3.

[4] FIGUEIREDO, N. M. S. de; BRANCHI, B. A.; SAKAMOTO, C. S. (2010) evolução da qualidade do emprego rural no Brasil e regiões entre 2004 e 2009 sob uma perspectiva de gênero. In: A-nais do XII Encontro Nacional da ABET. João Pessoa (PB), 21 a 23 de setembro de 2011. [5] HOFFMANN, R. (1998) Distribuição da renda:

medidas de desigualdade e pobreza. São Paulo: Edusp.

[6] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Notas Técni-cas, v.28, Rio de Janeiro, 2008.

[7] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Microdados (CD), Rio de Janeiro, 2009.

[8] KAGEYAMA, Angela. 2008. Desenvolvimento Rural. Conceitos e Aplicação ao caso brasileiro. Porto Alegre: Editora da UFRGS.

[9] KAGEYAMA, Angela ; REHDER, Paulo. O bem-estar rural no Brasil na década de oitenta. Revis-ta de Economia e Sociologia Rural. Brasília, v.31, n.1. p. 23-44.

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