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Medidas de Reforma da Segurança Social

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Academic year: 2021

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Medidas de Reforma da

Segurança Social

Documento de Trabalho Complementar

Dando continuidade ao processo negocial em curso, em sede de Comissão Permanente de Concertação Social, e na sequência do anterior documento do Governo “Medidas de Reforma da Segurança Social”, apresentado aos Parceiros Sociais em 19 de Junho, e das respectivas reacções e comentários, apresenta-se um documento complementar, que clarifica um conjunto de matérias e representa igualmente uma evolução das propostas do Governo.

(2)

1.

Introdução de um Factor de Sustentabilidade

Tendo em conta as posições de vários Parceiros Sociais, favoráveis ao princípio de introdução de um mecanismo que permita ajustar o sistema de Segurança Social às consequências do envelhecimento da população, o Factor de Sustentabilidade, mas simultaneamente de alerta para a necessidade de um maior gradualismo e clarificação dos elementos que estarão na base do cálculo de tal factor, o Governo propõe:

a) A aplicação do Factor de Sustentabilidade, limitando os seus efeitos à situação já conhecida de anos anteriores, tornando portanto objectivos os dados de partida.

b) A introdução de mecanismos de diferenciação em função da situação dos trabalhadores que actualmente têm carreiras muito longas e pensões previsivelmente baixas.

2. Aceleração dos Mecanismos de Transição para a Nova Fórmula de Cálculo

das Pensões

Tendo em conta as reacções dos parceiros sociais, reitera-se a importância de uma entrada em vigor mais célere da nova fórmula de cálculo das pensões, ainda que uma vez mais seja desejável reforçar o carácter faseado da aplicação das novas regras de cálculo. É ainda intenção do Governo acolher a preocupação manifestada por alguns parceiros relativamente à clarificação da situação dos beneficiários com carreiras muito longas. Importa ainda clarificar um conjunto de regras sobre o processo de transição proposto. Por isso, propõe-se: a. que a pensão dos inscritos na Segurança Social até Dezembro de 2001 seja calculada da

seguinte forma:

a.1. para os contribuintes que se encontravam já em Dezembro de 2001 em período de constituição de remuneração de referência para a pensão (anteriormente calculada exclusivamente pelos melhores dez dos últimos quinze anos de carreira), e portanto, na prática, para todos os pensionistas até Dezembro de 2016, a nova pensão resultará da pensão calculada pela aplicação da antiga fórmula de cálculo (que baseava o cálculo da pensão nos melhores dez dos últimos quinze anos da carreira), ponderada pelo número de anos de carreira contributiva registada até 31 de Dezembro de 2006, e da pensão calculada com base em toda a carreira contributiva que será ponderada pelo número de anos de desconto desde 1 de Janeiro de 2007, nos seguintes termos:

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C

C

P

C

P

Pensão

=

1

×

1

+

2

×

2 Em que:

P, é o montante mensal da pensão estatutária;

P1, corresponde ao valor da pensão calculado por aplicação da fórmula que considera os melhores 10 dos últimos 15 anos;

P2, corresponde ao valor da pensão calculada por aplicação da fórmula que considera toda a carreira contributiva;

C é o número de anos civis da carreira contributiva com registo de remunerações para efeitos de taxa de formação de pensão;

C1, corresponde ao número de anos civis da carreira contributiva com registo de remunerações cumpridos até 31 de Dezembro de 2006;

C2, corresponde ao número de anos civis da carreira contributiva com registo de remunerações cumpridos após 1 de Janeiro de 2007.

a.2. para todos os outros contribuintes que em Dezembro de 2001 não se encontravam ainda a formar a sua remuneração de referência, de acordo com as regras então em vigor, a nova pensão resultará do cálculo através do mecanismo de média ponderada da nova e da antiga fórmula de cálculo, nos termos previstos no DL 35/2002.

b. que se continue a prever que a pensão dos novos inscritos na Segurança Social a partir de 2002 será totalmente calculada com base em toda a sua carreira contributiva;

Esclarece-se ainda que, em ordem a garantir adequadamente a protecção dos trabalhadores, e desincentivar qualquer movimento de saída precoce do mercado de trabalho, o cálculo a efectuar da parcela correspondente aos melhores dez dos últimos quinze anos da carreira contributiva, será sempre baseado nos últimos anos da carreira contributiva, e não nos quinze anos decorridos até à alteração do mecanismo de transição para a nova fórmula de cálculo das pensões.

Em ordem a proteger mais os trabalhadores de carreiras muito longas, propõe-se ainda que o cálculo da pensão através de média ponderada terá em conta:

1. para efeito de remuneração de referência (na parcela relativa à média das remunerações de toda a carreira), apenas os melhores 40 anos de desconto, no caso das carreiras com mais de 40 anos;

2. para efeito de definição dos ponderadores aplicáveis a cada cálculo, todos os anos da carreira contributiva (ainda que superiores a 40), acentuando assim a progressividade de aplicação da nova fórmula de cálculo no valor das pensões

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Por outro lado, para as pensões mais baixas, define-se ainda um mecanismo adicional de protecção transitória das carreiras mais longas: para os contribuintes que actualmente tenham carreiras contributivas longas e pensões previsivelmente mais baixas, poder-se-ão estabelecer garantias adicionais no cálculo da pensão, relativamente às supra-enunciadas.

3. Novas Regras de Actualização das Pensões

a. Um Novo Indexante para as Prestações Sociais, e definição de uma Regra

para a Actualização Anual das Pensões

Para que o SMN volte a constituir-se como um instrumento de regulação das relações laborais, mantém-se a proposta da sua substituição como referencial de actualização e cálculo das prestações sociais por um novo Indexante de Apoios Sociais (IAS).

Tendo em conta o conhecimento da evolução no passado da actualização das pensões, e os contributos dos parceiros sociais no quadro do processo negocial em curso, a regra proposta pelo Governo para a actualização das pensões continua a assentar na definição de diferentes percentuais de aumento das pensões, em função da evolução anual conhecida da inflação e do Produto Interno Bruto. Valoriza-se particularmente o facto de este mecanismo salvaguardar continuamente o poder de compra aos beneficiários de prestações de valor médio ou baixo, assegurando, quando o desempenho efectivo da economia o permitir, maiores actualizações, e estendendo a possibilidade de recuperação do poder de compra agora a todas as pensões com valores até 6*IAS:

Regra de Aumento Anual das Pensões

As pensões de valor inferior ao salário líquido do Presidente da República são actualizadas anualmente de acordo com as seguintes regras:

ƒ Se o crescimento real do PIB no ano anterior tiver sido igual ou superior a 3% a actualização das pensões resultará das seguintes regras:

▫ Prestações inferiores a 1,5*IAS: IPC do ano anterior + 20% da taxa de crescimento real do PIB (com um limite máximo de 1p.p. acima da inflação)

▫ Prestações superiores a 1,5* IAS e inferiores a 6*IAS: IPC do ano anterior+ 10% da taxa de crescimento real do PIB (com um limite máximo de 0,5p.p. acima da inflação)

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ƒ Se o crescimento real do PIB no ano anterior tiver sido igual ou superior a 2% e inferior a 3%, a actualização das pensões resultará das seguintes regras:

▫ Prestações inferiores a 1,5*IAS: IPC do ano anterior + 20% da taxa de crescimento real do PIB (com um limite mínimo de 0,5p.p. acima da inflação)

▫ Prestações superiores a 1,5* IAS e inferiores a 6*IAS: IPC do ano anterior ▫ Prestações superiores a 6*IAS: IPC do anterior – 0.25 p.p.

ƒ Se o crescimento real do PIB no ano anterior tiver sido inferior a 2%, a actualização das pensões será efectuada de acordo com as seguintes regras:

▫ Prestações inferiores a 1,5*IAS: IPC do ano anterior

▫ Prestações superiores a 1,5* IAS e inferiores a 6*IAS: IPC do ano anterior – 0,5 p.p. ▫ Prestações superiores a 6*IAS: IPC do anterior – 0,75 p.p.

A nova regra de actualização agora proposta deve passar a vigorar a partir de 1 de Janeiro de cada ano, em linha com o aumento anual dos salários e tendo em vista uma harmonização com o ciclo orçamental. Propõe-se ainda a reavaliação quinquenal deste mecanismo de actualização, nomeadamente no que respeita às regras a estabelecer. Outros mecanismos de consideração da evolução económica poderão vir a ser considerados, no quadro da discussão em sede de CPCS.

b. Congelamento e Limitação das Pensões Mais Elevadas

Tendo em conta as posições dos parceiros sociais, o Governo esclarece que a proposta apresentada, agora reiterada, vai no sentido da introdução a partir de 2007 de um limite superior exclusivamente na parte do cálculo da pensão que considera os melhores dez dos últimos quinze anos de carreira contributiva, que propiciava a gestão das carreiras para maximizar benefícios. Este limite não se verificará igualmente, se a pensão calculada exclusivamente pela nova fórmula de cálculo resultar em valor superior ao referencial estabelecido.

Mantém-se ainda a proposta de congelamento nominal de todas as pensões de valor superior ao valor do salário do Presidente da República líquido de impostos e de contribuições para a Segurança Social, a aplicar a todas as pensões já a partir de 2007.

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Trata-se de uma medida que pretende sobretudo moralizar a situação das pensões muito altas atribuídas no quadro do sistema de segurança social. Contudo, na sequência das preocupações dos parceiros sociais, o Governo reafirma que seria indesejável prejudicar a contributividade do sistema, pelo que as limitações são apenas de natureza transitória e apenas enquanto se verificar o cálculo de pensões parcialmente baseadas na média dos melhores dez dos últimos quinze anos da carreira contributiva. O Governo está ainda disponível para equacionar referenciais de montantes similares ao agora proposto, mas que se possam vir a revelar mais adequados, porque menos limitadores da evolução de outras variáveis.

5. Promoção do Envelhecimento Activo

Na sequência dos diplomas já aprovados e da discussão em sede de Concertação Social, serão revistos ainda durante o ano de 2006 os regimes de flexibilização da idade de reforma, promovendo o envelhecimento activo.

Neste âmbito serão tomadas medidas com vista a adequar as suas regras à sustentabilidade financeira do sistema da segurança social, procurando garantir a sua neutralidade actuarial, tendo em conta, nomeadamente, a introdução em 1999 de um regime que permitiu a antecipação sem penalização da idade de reforma para os trabalhadores com carreiras contributivas muito longas.

Assim, o Governo propõe a revisão do Regime de Flexibilização da Idade de Reforma, de acordo com os seguintes princípios:

i. Diferenciação das condições de acesso à pensão antecipada por velhice antes e depois dos 60 anos, tendo nomeadamente em conta a duração das carreiras contributivas; ii. Garantia da neutralidade actuarial do regime;

iii. Revisão da bonificação concedida à permanência no mercado de trabalho após a idade de reforma, que passará a ser concedida por cada mês efectivo de trabalho adicional e diferenciada, nomeadamente, em função do número de anos de carreira à idade legal de reforma. Avaliação da natureza dos mecanismos de bonificação da permanência no mercado de trabalho para os pensionistas que podem antecipar a idade de reforma antes dos 65 anos, sem qualquer penalização.

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iv. Penalização ou mesmo restrição da acumulação de pensão antecipada através do regime de flexibilização com trabalho na mesma empresa ou grupo empresarial onde o pensionista desenvolvia a sua actividade profissional antes da reforma, em particular nas situações em que tal situação ocorra imediatamente após a passagem à situação de pensionista.

No quadro do processo negocial em curso, o Governo aceita ponderar a consideração no cálculo actuarial das taxas a aplicar às pensões antecipadas, da decisão de antecipação da idade de reforma sem qualquer penalização, devido à consideração da longa carreira contributiva dos beneficiários.

6. Aprofundamento

da Adequação e Diversificação das Fontes de

Financiamento

Em complemento às propostas apresentadas neste âmbito, o Governo compromete-se a reforçar a informação aos parceiros sociais sobre o financiamento da Segurança Social, nomeadamente em sede de Conselho Nacional da Segurança Social.

Assim, divulgar-se-ão os mapas de receitas e despesas da segurança social desagregados por sub-sistemas, quer em sede de Orçamento da Segurança Social, quer aquando da aprovação da Conta da Segurança Social.

Dentro do sub-sistema previdencial, alargar-se-á a desagregação da informação, procurando identificar progressivamente, e em moldes a operacionalizar, a informação separada de acordo com os regimes de desconto para a segurança social (trabalhadores por conta de outrem, trabalhadores independentes, membros de órgãos estatutários, profissionais do serviço doméstico, etc.). Em particular, no que respeita à informação sobre a despesa, serão testados os melhores mecanismos de desagregação da informação, tendo em conta a livre comunicabilidade e portabilidade dos direitos que se encontra em vigor.

Referências

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