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Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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Controladoria-Geral da União

Ouvidoria-Geral da União

PARECER

Referência: 99902.001290/2014-16

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

Restrição de acesso:

Sem restrição.

Ementa: Concurso público. Recursos humanos – Interesse pessoal – Risco à competitivi-dade. Estratégia corporativa – Acata-se o argumento do recorrido – Recurso co-nhecido e desprovido – Recomendações. Indicar a possibilidade de recurso, pra-zo correlato e autoridade para a qual é dirigido. Garantir que a autoridade res-ponsável por julgar o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da instituição pública.

Órgão ou entidade recorrido (a):

CEF – Caixa Econômica Federal.

Recorrente: E.S.M.

Senhor Ouvidor-Geral da União,

1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

RELATÓRIO Data Teor

Pedido 18/07/2014

“Fui aprovado no concurso da Caixa realizado neste ano, polo de Assis - SP e queria saber qual a quantidade de técnicos Bancários atuam nesta região e também se já tem cargos efetivos aprovados na estrutura das unidades constantes no polo de Assis - SP ( SP07 )que conta com oito agências em cinco cidades: Cândido Mota, Assis, Paraguaçu Paulista, Quatá e Palmital. desde já agradeço a atenção!”

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Resposta Inicial 08/08/2014

“Prezado (a) Cidadão (ã),

1. Conforme solicitação através do E-SIC, site CGU, in-formamos que:

1.1. O Decreto 7.724/12, que regulamenta a referida Lei de Acesso à Informação, dispõe em seu art. 13: Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: (...) III – que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produ-ção (...). Dessa forma, entendemos que os pedidos exigem trabalho adicional de consolidação de dados e informa-ções.

1.2. Na oportunidade, informamos que a CAIXA publica, ao fim de cada semestre, no Diário Oficial da União (D.O.U), as informações sobre seu quadro de pessoas, ten-do a última publicação ocorriten-do em 03/07/2014. Por fim, agradecemos o contato e informamos que a CAIXA, no endereço www.caixa.gov.br, disponibiliza as informações corporativas em atendimento à Lei 12.527/2011. 2. Informamos que a CAIXA mantém SAC para informa-ções, reclamainforma-ções, cancelamentos, sugestões, serviços e elogios, com atendimento 24 horas por dia 07 dias por se-mana, pelo DDG 0800 726 0101 e para reclamações não solucionadas no SAC ou denúncias, a CAIXA mantém ca-nal de Ouvidoria com atendimento de segunda a sexta-fei-ra, das 08 às 18 horas, pelo DDG 0800 725 7474.

3. A CAIXA coloca-se à disposição através de seus canais de atendimento.

Atenciosamente,

CAIXA - Serviço de Informações ao Cidadão”

Recurso à Autoridade Superior

08/08/2014 “Venho através desta pedir uma resposta mais satisfatória sobre a informação solicitada, pois foi sobre o mesmo assunto que o cidadão G.C. conseguiu informações do seu interesse. vou anexar a resposta obtida por tal cidadão e como cidadão de direitos iguais e amparado pela LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011, peço novamente que respondam minha dúvida. vou deixar aqui novamente a minha pergunta, caso não necessite desconsidere:

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1. qual a quantidade de cargos efetivos aprovados de TÉCNICO BANCÁRIO NOVO na estrutura das unidades

constantes nas cidades de:

Cândido Mota, agência: 1190 – 8

Assis, agências: 0284 - 4, 2790 - 1, 4101 - 7, 4234-0 Paraguaçu Paulista, agência: 0901 – 6

Quatá, agência: 0802 – 8 Palmital, agência: 1197 – 5

desde já agradeço a informação disponibilizada!”

Resposta do Recurso à Autoridade

Superior

13/08/2014

“Prezado (a) Cidadão (ã),

1.Conforme solicitação através do E-SIC, site CGU, informamos que: 1.1. Em relação à quantidade de cargos de Técnico Bancário Novo que estão aprovados nas unidades constantes nas cidades de Cândido Mota, agência: 1190 - 8 Assis, agências:0284 - 4, 2790 - 1, 4101 - 7, 4234-0 Paraguaçu Paulista, agência: 0901 - 6 Quatá, agência: 0802 - 8 Palmital, agência: 1197 - 5, esclarecemos que as informações referentes à forma de gerir o quadro de pessoas e a disposição dos cargos, vagas e funções na empresa ou em quaisquer de suas unidades são de caráter sigiloso a fim de resguardar a competitividade da CAIXA, conforme o art. 22 da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), e o art. 5º, §1º do Decreto n.º 7.724/2012, que regulamentou a Lei de Acesso à Informação. 2. Por fim, agradecemos o contato e esclarecemos que a CAIXA, na página

www.caixa.gov.br/acessoainformacao, disponibiliza as informações corporativas em atendimento à Lei 12.527/2011.

3. Informamos que a CAIXA mantém SAC para informações, reclamações, cancelamentos, sugestões, serviços e elogios, com atendimento 24 horas por dia 07 dias por semana, pelo DDG 0800 726 0101 e para reclamações não solucionadas no SAC ou denúncias, a CAIXA mantém canal de Ouvidoria com atendimento de segunda a sexta-feira, das 08 às 18 horas, pelo DDG 0800 725 7474.

4. A CAIXA coloca-se à disposição através de seus canais de atendimento.

Atenciosamente,

MARCIA GUIMARAES GUEDES DEPES - DE Gestão de Pessoas

CAIXA - Serviço de Informações ao Cidadão”

Recurso à

Autoridade Máxima 13/08/2014

O cidadão recorreu nos mesmos termos do recurso de primeira instância.

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à Autoridade Máxima

1.Conforme solicitação através do E-SIC, site CGU, infor-mamos que:

1.1. Ratificamos que à quantidade de cargos de Técnico Bancário Novo que estão aprovados nas unidades da CAI-XA, esclarecemos que as informações referentes à forma de gerir o quadro de pessoas e a disposição dos cargos, va-gas e funções na empresa ou em quaisquer de suas unida-des são de caráter sigiloso a fim de resguardar a competiti-vidade da CAIXA, conforme o art. 22 da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), e o art. 5º, §1º do Decreto n.º 7.724/2012, que regulamentou a Lei de

Acesso à Informação.

2. Por fim, agradecemos o contato e esclarecemos que a CAIXA, na página www.caixa.gov.br/acessoainformacao, disponibiliza as informações corporativas em atendimento

à Lei 12.527/2011.

3. Informamos que a CAIXA mantém SAC para informa-ções, reclamainforma-ções, cancelamentos, sugestões, serviços e elogios, com atendimento 24 horas por dia 07 dias por se-mana, pelo DDG 0800 726 0101 e para reclamações não solucionadas no SAC ou denúncias, a CAIXA mantém ca-nal de Ouvidoria com atendimento de segunda a sexta-fei-ra, das 08 às 18 horas, pelo DDG 0800 725 7474.

4. A CAIXA coloca-se à disposição através de seus canais de atendimento.

Atenciosamente,

MARCIA GUIMARAES GUEDES

DEPES - DE Gestão de Pessoas CAIXA - Serviço de Informações ao Cidadão”

Recurso à CGU 19/08/2014 O cidadão recorreu nos mesmos termos do recurso de segunda instância.

2. A CGU solicitou os seguintes esclarecimentos adicionais à CEF, prestados em 20/10/2014: a) O cidadão argumenta que pedido semelhante, realizado pelo cidadão G.C., foi respondido, e anexa prova ao seu pedido. Nesse contexto, questiono sobre os critérios levados em conta pela Caixa para responder a determinados pedidos e negar outros aparentemente semelhantes.

RESPOSTA: Em atenção ao questionamento acima, esclarecemos que houve um erro operacional, na resposta do NUP 99902.001073.2014.26, onde foi divulgada a quantidade de cargos aprovados na estrutura.

Desta forma, ratificamos o entendimento da empresa que solicitações de informações referentes à forma de gerir o quadro de pessoas, disposição dos cargos, vagas e funções na

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empresa ou em quaisquer de suas unidades, tendo em vista o caráter sigiloso a fim de resguardar a competitividade da CAIXA, não serão disponibilizadas.

b) Ante o argumento de trabalho adicional, solicito que a CEF demonstre de que modo o atendimento ao pedido prejudica excessivamente o andamento de suas atividades rotineiras, a fim de que possa ser considerado desproporcional.

RESPOSTA: Esclarecemos que os sistemas da CAIXA não agregam as informações por pólo e inclui unidades de área meio que, por norma interna, provê por meio de remanejamentos ou transferências de empregados já contratados, sendo assim, faz-se necessário o levantamento das unidades que pertencem ao pólo solicitado, identificação do quadro existente para cada unidade do pólo, exclusão das unidades de área meio que não contratam diretamente por concurso somente por remanejamento ou transferência de empregado já contratado, para consolidação das informações. Esse trabalho é feito de forma manual, em planilha.

Ademais, a CAIXA tem recebido entre julho e setembro/2014 volume significativo de solicitações desse tipo todos os dias para os mais diversos pólos, gerando grande demanda operacional desproporcional quando comparado a outros períodos, para produção das informações. No mês em questão, foram recebidos mais de 70 solicitações dessa informação para os mais distintos pólos o que exigiria trabalho de análise, interpretação e consolidação para produção das informações no grupamento de pólos, como solicitado. c) Na resposta do recurso à Autoridade Superior, a CEF alegou o sigilo das informações solicitadas a fim de resguardar a competitividade da empresa. Diante deste argumento, a CGU tem firmado entendimento no sentido de que cabe ao recorrido demonstrar o caráter estratégico da informação solicitada. Nesse contexto, questiono: de que modo a divulgação da informação geraria riscos concorrenciais para a empresa? Em outras palavras, solicito que sejam exemplificados os efeitos danosos que poderiam estar associados com a entrega da informação.

RESPOSTA: Esclarecemos que a CAIXA está no mercado como Instituição Financeira atuando junto aos serviços de Governo e comercialmente, e que a divulgação da estratégia da distribuição de vagas ou a informação de quantitativo disponível em cada unidade, considerando que estas informações de caráter extremamente estratégico para o desempenho das atribuições da empresa, poderá comprometer a sua competitividade. O Quadro de Pessoas da CAIXA é controlado pelo MPOG e ao fim de cada semestre, no Diário Oficial da União (D.O.U), as informações sobre seu quadro de pessoas, em conformidade com o que estabelece o art. 63, inciso III, do Estatuto da Caixa Econômica Federal, aprovado pelo Decreto nº 7.973, em 28.03.2013.

Diante do exposto, ressaltamos que os cargos autorizados nas unidades nem sempre estão disponíveis para contratação, de forma que poderão ser utilizados para efetivação de transferências, remanejamentos para unidades com necessidade de mais empregados, conforme estratégia traçada pela empresa, e desta forma este quantitativo poderá sofrer alteração, de modo a possibilitar a unidade negocial o atingimento das metas a ela atribuída. Desta forma, além de comprometer o atingimento das estratégias estipuladas para as unidades negociais da empresa, e considerando possível “fixação” da vaga em decorrência de sua publicação pode-se criar uma expectativa de contratação gerada pelo candidato. A implantação da estrutura definida em determinado polo, ou até mesmo estado, ocorre em decorrência de verificação de potencial de negócios e atendimento, análise da estrutura e capilaridade da concorrência bancária em determinada região, a situação sócio-demográfica dos municípios, o tamanho populacional, dentre outras variáveis, e a divulgação pode despertar interesse em outras instituições em locais em que a CAIXA esteja vislumbrando estas oportunidades de negócios.

A divulgação da distribuição das vagas autorizadas para as unidades CAIXA e consequentemente divulgação da estratégia de expansão da empresa, revelaria para as demais instituições bancárias a estratégia de aproveitar as oportunidades de negócios

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sustentáveis com os segmentos de Pessoa Jurídica, Pessoa Física e de Governo, nas unidades CAIXA.

Por oportuno esclarecemos que o concurso público, deflagrado por meio do Edital 1/2014/NM, objetivou a formação de cadastro de reserva para o nível inicial do cargo de Técnico Bancário da carreira administrativa, sendo que a convocação dos aprovados ocorre de acordo com as necessidades e a disponibilidade de vagas no quadro de pessoal da CAIXA, na estrita conformidade da ordem classificatória alcançada pelo candidato para o cargo, em unidade a ser definida pela CAIXA, que era ou tenha vindo a ser vinculada ao polo de classificação, observadas as disposições normativas internas vigentes na data de contratação, até o final da validade do concurso, o que ocorrerá em 16/06/2015, podendo haver prorrogação pelo período adicional de 1 ano.

Por fim, é importante ressaltar que a convocação dos candidatos decorre do aumento do quadro de pessoal ou, ainda, em reposição aos empregados transferidos ou desligados, a distribuição de vagas, que não é equânime entre os polos, e a divulgação da estrutura de unidade da CAIXA, além do que já foi relatado, poderá envidar comparações entre as vagas autorizadas ou disponíveis na estrutura das unidades da empresa.

3. Em novo contato realizado em 27/10/2014, a CGU solicitou à CEF que verificasse a possibilidade de entregar ao cidadão a quantidade de funcionários ativos por município, já que esta informação foi concedida no pedido de acesso registrado com o NUP 99902.001279/2014-56, cujo recurso de 3ª instância estava em instrução na CGRAI/OGU/CGU. A recorrida acatou os

argumentos apresentados por esta Controladoria e encaminhou ao recorrente, em 29/10/2014, o número de Técnicos Bancários Novos lotados nas agências localizadas nos municípios que compreendem o Polo Assis /SP.

4. Novas perguntas foram formuladas pela CGU e as respostas apresentadas pela CEF seguem reproduzidas abaixo. As respostas foram recebidas em 06/11/2014.

a) Considerando a confirmação acerca da possibilidade de verificação do número de vagas por polo (mensagem enviada em 24 de setembro de 2014), a Caixa consegue precisar o número de vagas/cargos aprovados por unidade?

RESPOSTA: Considerando o questionamento acima, informamos que a CAIXA possui ferramenta de controle que possibilita verificar todos os cargos existentes em suas unidades. b) Tendo em vista que a Caixa fornece o número de funcionários ativos, qual a diferença entre essa informação e o número de cargos aprovados/vagas, isto é, de que forma a divulgação do número de cargos aprovados/vagas expõe as estratégias de expansão/retração da Caixa, em oposição à publicidade do número de funcionários ativos?

RESPOSTA: Em atenção ao questionamento acima, ratificamos que os cargos autorizados nas unidades nem sempre estão disponíveis para contratação, de forma que poderão ser utilizados para efetivação de transferências, remanejamentos para unidades com necessidade de mais empregados, conforme estratégia traçada pela empresa.

Dessa forma, a divulgação do número de vagas além de comprometer o atingimento das estratégias estipuladas para as unidades negociais da empresa, pode criar uma expectativa de contratação gerada pelo candidato, tendo em vista uma possível “fixação” da vaga em decorrência de sua publicação.

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Além disso, esclarecemos que este quantitativo não é estático, podendo sofrer constantes alterações, de modo a possibilitar a unidade negocial o atingimento das metas a ela atribuída.

É o relatório.

Análise

5. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e §1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbis:

Lei nº 12.527/2011

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:

(...)

§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.

Decreto nº 7724/2012

Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

6. Quanto aos procedimentos da Lei de Acesso à Informação, especialmente acerca do cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que consta das respostas que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era hierarquicamente superior ao responsável pela resposta inicial. Já o recurso de segunda instância não foi analisado pela autoridade superior da entidade, mas sim pela mesma pessoa que assina o recurso de primeira instância. Esse fato caracteriza descumprimento do parágrafo único do art. 21 do Decreto 7.724/12 na medida em que a CGU deixa de conhecer o posicionamento da autoridade máxima sobre a solicitação do cidadão. Ademais, a CEF não informou em suas respostas ao cidadão a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo.

7. Vale chamar atenção para o fato de que os procedimentos de acesso à informação determinados pela LAI são de observância obrigatória e o desrespeito a eles enseja, nos termos do art. 32, a responsabilidade do ocupante de emprego público nas empresas públicas e sociedades de economia mista, já que a ele “recai a condição inafastável de se inserir dentro do gênero dos agentes públicos”

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(Manual de Direito Disciplinar para Empresas Estatais. Controladoria-Geral da União. Brasília, 2011. p. 17).

8. No caso em tela, o cidadão apresenta à CEF dois questionamentos quanto ao (a) número de Técnicos Bancários Novos lotados nas agências do Polo de Assis/SP e (b) número de cargos aprovados/vagas para as agências do mesmo polo. O primeiro questionamento foi respondido durante a tramitação do recurso de terceira instância, o que configura a perda parcial do objeto do recurso, nos termos do art. 52 da Lei 9.784/99. Resta, portanto, avaliar se os argumentos apresentados pela CEF para não responder ao segundo questionamento encontram respaldo na Lei de Acesso à Informação. O banco alega, em síntese, que a divulgação da informação solicitada coloca em risco estratégias comerciais, o que teria impacto na sua competitividade, e aponta para o disposto no §1º do art. 5º do Decreto nº 7.724/2012.

9. De fato, a Caixa é uma empresa pública sujeita a regime jurídico diferenciado, pois integra a Administração Pública e se submete aos princípios norteadores da atividade administrativa pública, tal como determina o art. 37 da Constituição Federal. Esse regime jurídico diferenciado a coloca em uma situação peculiar no que se refere à promoção da transparência e à garantia do direito fundamental de acesso à informação, já que desenvolve atividade econômica em um setor de livre concorrência e a divulgação de determinadas informações pode colocá-la em uma condição de desvantagem perante seus competidores privados.

10. Por isso, o art. 5º, §1º, do Dec. nº 7.724/2014 determinou que as empresas estatais federais que atuam em regime de concorrência sujeitam-se às normas da CVM sobre divulgação de informações, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários.

11. Com base neste dispositivo, as empresas estatais têm negado pedidos de acesso que tenham por objeto informações acerca de seus funcionários, como nos casos em análise. A CEF argumenta, no caso em tela, que a divulgação do número de vagas disponível em cada unidade indicaria a ampliação ou retração de serviços em determinadas regiões geográficas. Nesse sentido, esclarece que:

A implantação da estrutura definida em determinado polo, ou até mesmo estado, ocorre em decorrência de verificação de potencial de negócios e atendimento, análise da estrutura e

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capilaridade da concorrência bancária em determinada região, a situação sócio-demográfica dos municípios, o tamanho populacional, dentre outras variáveis, e a divulgação pode despertar interesse em outras instituições em locais em que a CAIXA esteja vislumbrando estas oportunidades de negócios.

12. Afirma, também, que os cargos autorizados nas unidades (vagas) nem sempre são preenchidos por meio de contratação de novos Técnicos Bancários, já que o banco pode preenchê-los com transferências e remanejamentos de funcionários de outras agências. Em resumo, a CEF esclareceu à CGU que o número de vagas definido para cada unidade não é estático, podendo sofrer alterações conforme a estratégia traçada pela empresa para que cada unidade atinja suas metas. Portanto, além de indicar uma linha de atuação negocial para a região, a informação solicitada poderia gerar uma falsa expectativa de nomeação para o cidadão, já que as vagas podem ser preenchidas por transferências e podem ser remanejadas, de acordo com a estratégia de ampliação ou retração de serviços da empresa.

13. A CGU tem entendido o §1ºdo art. 5º do Dec. nº 7.724/2014 como um parâmetro de análise: di-ante de demandas de acesso à informação dirigidas às estatais que atuam em regime concorrencial, é preciso levar em conta se a informação requerida tem potencialidade para, se divulgada, prejudi-car a competitividade, a governança coorporativa e os interesses de acionistas minoritários. Em ou-tras palavras, não se trata simplesmente de verificar, diante da solicitação de transparência, se existe ou não norma da CVM definindo que a informação seja publicada, já que as determinações da CVM formam um piso mínimo de transparência, sobre o qual podem ser adicionadas novas infor-mações desde que não haja comprometimento da competitividade e da governança corporativa da estatal (NUPs 99901.000706/2014-99, 99902.001015/2014-01 e 99909.000123/2014-98).

14. No caso em comento, a entidade recorrida demonstrou de que forma a divulgação da informação lhe traz prejuízos concorrenciais. Esse argumento ganha força quando cotejado com os precedentes desta Controladoria que analisaram pedidos de acesso envolvendo informações sobre recursos humanos de estatais (NUPs: 99901.000056/2013-09, 99901.000101/2013-17, 99901.000100/2013-72, 99901.000180/2013-66, 99901.000181/2013-19, 99902.001733/2013-98 e 99902.001279/2014-56). Em especial, quanto a este último processo, destacamos o seguinte fragmento:

É razoável argumentar que a divulgação desse tipo de informação poderia revelar estratégias do recorrido aos competidores. O cotejamento de informações entre o número de funcionários atual (fornecido pela Caixa ao recorrente) e o número de vagas previsto (objeto do pedido) poderia permitir aos concorrentes verificar em quais praças a Caixa

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presença do banco. Por exemplo, se em determinado polo há 45 funcionários e a Caixa divulga a existência de 45 vagas adicionais, é possível inferir que há um movimento de expansão naquela localidade, dada a previsão de aumento em 100% da força de trabalho existente. Da mesma forma, se em determinado local há 20 funcionários e não há vagas disponíveis, pode-se concluir que a Caixa não vislumbra novos investimentos no curto/médio prazo. Sendo assim, é prudente acatar a alegação apresentada pelo recorrido quanto aos riscos à competitividade envolvidos na divulgação das informações solicitadas.

15. Nesse contexto, ante a ausência de normas mais claras referentes à divulgação de informações custodiadas pelas estatais, e tendo como pano de fundo o regime jurídico diferenciado ao qual se submetem, há que se considerar pertinente a alegação da recorrida sobre o caráter estratégico da informação pleiteada. Assim, tendo em vista (a) os entendimentos anteriores da CGU sobre informações estratégicas ou sensíveis do ponto de vista concorrencial; e (b) os alegados danos potenciais à competitividade e à governança corporativa do banco, que poderiam decorrer da divulgação da informação, conclui-se que a negativa de acesso em exame não viola a Lei de Acesso à Informação.

Conclusão

16. De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e, no mérito, pelo desprovimento do recurso, uma vez que parte da informação solicitada foi entregue durante a instrução do recurso (o número de Técnicos Bancários Novos lotados nas agências localizadas nos municípios que compreendem o Polo Assis /SP) e o restante da informação (número de vagas aprovadas) é considerada estratégica do ponto de vista concorrencial, de modo que sua entrega poderia ocasionar danos às atividades comerciais da empresa.

17. Por fim, observou-se que a CEF descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se:

a) Que os recursos de segunda instância sejam julgados por seu dirigente máximo;

b) Que informe em suas respostas ao cidadão a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso.

(11)

Analista de Finanças e Controle

D E C I S Ã O

No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº 99902.001290/2014-16, dirigido à Caixa Econômica Federal.

JOSÉ EDUARDO ROMÃO

(12)

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Controladoria-Geral da União

Folha de Assinaturas

Referência: PROCESSO nº 99902.001290/2014-16 Documento: PARECER nº 4761 de 15/12/2014

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

Ouvidor

Assinado Digitalmente em 15/12/2014 JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Signatário(s):

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