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PROSPECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Gossypium, NATIVAS OU NATURALIZADAS NO ESTADO DE SERGIPE

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Academic year: 2021

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PROSPECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Gossypium, NATIVAS OU NATURALIZADAS NO ESTADO DE SERGIPE

Joaquim Nunes da Costa (Embrapa Algodão / jnunes@cnpa.embrapa.br), Francisco das Chagas Vidal Neto (Embrapa Algodão), Paulo Augusto Vianna Barroso (Embrapa Algodão),

Gildo Pereira de Araújo (Embrapa Algodão), Cícero Bueno dos Santos (CENTEC), Francisca Robevania Medeiros Borges (CENTEC)

RESUMO - O estudo da diversidade genética de uma espécie é de grande importância para sua preservação e utilização em programas de melhoramento genético. Neste contexto, a coleta e caracterização das populações de Gossypium ocorrentes no Brasil são instrumentos para o conhecimento da sua diversidade, importantes para o desenvolvimento de políticas de preservação da variabilidade existente no país. Como parte de um projeto maior, foi conduzida uma expedição ao estado de Sergipe, para realizar um estudo sobre a ocorrência de populações de espécies nativas ou naturalizadas, do gênero Gossypium. Foram realizadas 42 coletas, em 20 propriedades de 20 municípios, pertencentes a onze microrregoões geográficas. Na ocasião foram preenchidos questionários visando caracterizar as populações encontradas e coletadas amostras de sementes para comporem o BAG da Embrapa Algodão. A ocorrência de exemplares de G. barbadense foi constatada em todas as três mesorregiões geográficas do estado, com maior representatividade no Agreste e no Leste sergipano, onde é cultivado como plantas de fundo de quintal. Os exemplares de algodoeiro Mocó foram coletados nas Mesorregiões do Agreste e Sertão sergipano.

Palavras-chave: diversidade genética, Gossypium hirsutum, Gossypium barbadense INTRODUÇÃO

O Brasil possui grande variabilidade dos algodoeiros tetraplóides por ser centro de origem da espécie Gossypium mustelinum e centro de distribuição de Gossypium barbadense var. barbadense, Gossypium barbadense var. brasiliense e Gossypium hirsutum L.r. marie galante Hutch (FREIRE, 2000). Estas espécies são encontradas na forma silvestre, no país, sendo a G. mustelinum constatada, atualmente, nos estados do Rio Grande do Norte e Bahia, a G. hirsutum L.r. marie galante Hutch (Algodoeiro Mocó), de ocorrência comum em grande parte do Nordeste, onde foi amplamente cultivada até meados da década de 1980, e a G. barbadense, nas formas varietais semi-domesticadas rim-de-boi e quebradinho, comumente encontrada em regiões litorâneas (FREIRE, 2000). Nos últimos anos tem-se observado uma significativa perda de variabilidade genética das espécies vegetais, decorrente de fatores como: perda do habitat natural (desmatamento, desertificação, expansão urbana, modernização da agricultura), distúrbios no habitat (construção de rodovias e outras ações do homem), desastres naturais (seca, enchente), substituição de variedades locais ou tradicionais por novas variedades melhoradas, mudanças nas práticas culturais, etc. (FALEIRO, 2005). De modo semelhante, a modernização da cotonicultura restringiu o cultivo destes algodoeiros , aumentando assim as possibilidades de perdas de variabilidade, como ocorreu com o algodoeiro Mocó, que já chegou a ocupar mais de 2,5 milhões de hectares, na região Nordeste e hoje está em extinção (FREIRE et al., 1999).

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O objetivo do trabalho foi coletar, caracterizar, in situ, e sistematizar informações para o mapeamento da variabilidade das espécies de Gossypium, no estado de Sergipe, visando atualizar os conhecimentos sobre sua evolução e oferecer subsídios a ações de preservação e melhoramento.

MATERIAL E MÉTODOS

A caracterização in situ e coleta de sementes de plantas de G. barbadense e G. hirsutum var. marie galante foi conduzida mediante levantamentos realizados por uma expedição abrangendo todas as Mesorregiões do Estado, e realizada em conformidade com a legislação vigente, mediante o documento de AUTORIZAÇÃO DE ACESSO DE AMOSTRA DE COMPONENTE GENÉTICO No 034/2004, expedido pelo IBAMA em 14/09/2004 e, com validade prorrogada até 09/01/2007. Este trabalho é parte do projeto “Prospecção e caracterização de populações das espécies do gênero Gossypium nativas ou naturalizadas do Brasil” e foi realizado no estado de Sergipe. A expedição durou 5 dias e foram realizadas 37 coletas, em 20 municípios. As coletas foram realizadas no mês de dezembro de 2006. Para cada ponto de coleta das populações foi preenchido um questionário visando obter informações sobre a localização geográfica, dados do proprietário/mantenedor, da estrutura da população e do ambiente em que a população está localizada. Estas informações serão, posteriormente, sistematizadas e incorporadas a uma base de dados da Embrapa Algodão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As coletas foram realizadas em 11 das 13 microrregiões geográficas do estado de Sergipe, ficando de fora apenas às microrregiões de Aracaju e Tobias Barreto, por não terem sido encontrados exemplares das espécies (Tab. 1).

Tabela 1. Distribuição das coletas realizadas por município, no estado de Sergipe, segundo as meso e microrregiões geográficas.

Mesorregiões geográficas

Microrregiões

geográficas Municípios Coletas Plantas

Agreste Sergipano Agreste do Lagarto Lagarto 03 03

Agreste de Itabaiana São Domingos 02 02

Campo do Brito 03 03

Itabaiana 02 02

Nossa Senhora das Dores Nossa S. das Dores 02 02

Aquidabã 01 01

Malhada dos Bois 03 03

Leste Sergipano Própria Santana do S. Francisco 01 01

Ilha das Flores 02 02

Japaratuba Japoatã 01 01

Pacatuba 03 03

São Francisco 01 01

Cotinguiba Capela 01 01

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Estância Itaporanga Dajuda 03 03

Boquim Salgado 02 02

Sertão Sergipano Carira Frei Paulo 01 01

Ribeirópolis 02 02

Sertão de São Francisco Feira Nova 02 02

Gracho Cardoso 02 02

Gararu 01 01

Poço Redondo 03 03

Total 37 37

A maior concentração de coletas ocorreu na mesorregião do Agreste Sergipano (38,1 %), onde foram coletados materiais em quase todas as microrregiões, seguindo-se as mesorregiões do Leste (35,7 %) e Sertão Sergipano (26,2 %), respectivamente.

Este fato está relacionado com a espécie coletada e a sua distribuição. Nas mesorregiões do Leste e do Agreste alagoano, de clima mais ameno e maior disponibilidade hídrica, predominou o G. barbadense. Conforme Freire (2000), esta espécie é adaptada a regiões de altitudes acima de 600m (no semi-árido) ou próximas ao litoral, onde predominava a mata atlântica. Entretanto, 63,7% das populações coletadas no Sertão sergipano, foram desta espécie, o que pode ser explicado pela ocorrência como populações de fundo-de-quintal, onde a limitação da disponibilidade de água é superada pelo aproveitamento da água de torneiras e esgotos das residências.

Observou-se que 86,00 % das coletas foram da espécie G. barbadense, 12,00% de G. hirsutum L.r. marie galante Hutch. e 2,00% foram classificados como espécie desconhecida, pois as características morfológicas intermediárias entre as raças de G. hirsutum Latifolium e G.hirsutum Marie galante sugerem um provável híbrido entre estas (Fig. 1).

86% 12% 2% G. barbadense G. hirsutum Não identificado

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Quanto ao tipo de propriedade, constatou-se que 48% das coletas foram realizadas em residências rurais e 40% em residências urbanas, representando bem a maneira como são mantidas as populações de G. barbadense, que constituiu a maioria das coletas (Fig. 2). Apenas 5% das coletas foram originadas de pequenas propriedades e oriundos de populações de fundo-de-quintal, enquanto 7% foram de beira-de-estrada e oriundas de sementes dispersas durante o transporte.

48% 40% 5% 7% Res. urbana Res. rural Peq. Prop. Beira-de-estrada

Figura 2. Distribuição percentual das populações coletadas, por tipo de propriedade.

O tipo de população predominante foi de fundo-de-quintal (93,00 %), que é característico das populações de G. barbadense, no Nordeste (Fig. 3). As populações de beira-de-estrada representaram 7% das coletas. Este comportamento pode estar relacionado com a menor expressão da cultura algodoeira para o estado de Sergipe, em relação aos demais estados do Nordeste.

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93% 7%

Fundo-de-quintal Beira-de-estrada

Figura 3. Distribuição percentual das coletadas, por tipo de população.

Os tipos de usos declarados estão muito relacionados com os tipos de populações predominantes e denotam a sua vulnerabilidade, por serem, em sua maioria, facilmente substituíveis e não estarem atrelados a atividades econômicas (Fig. 4). Na maioria dos locais, as plantas são usadas para mais de uma finalidade, o que é característico das populações de fundo de quintal, que representam 93% de populações.

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24,3 24,3 51,3 5,4 64,9 5,4 10,8 0 10 20 30 40 50 60 70

Medicinal Fiação Lamparina Ornamental Algodão de

farmácia Nenhum Desconhecido P o ce n ta g en s (% )

Figura 4. Tipos de usos atribuídos à pluma ou partes da planta.

Na maioria das populações a utilização na forma de algodão-de-farmácia (64,90 %), usado para a limpeza de ferimentos e retirada de esmalte de unhas foi o mais comum. O uso para a confecção de pavio de lamparina (51,30 %) vem em seguida, mas é apenas eventual, se considerarmos que a energia elétrica está presente em todas as propriedades. As sementes ou outras partes da planta são usadas com finalidade medicinal (24,30 %), como antiinflamatório ou antibiótico, principalmente.

CONCLUSÕES

• A espécie G. barbadense predominou, ocorrendo em todas as mesorregiões do estado de Sergipe, na forma de populações de fundo-de-quintal e de uso, predominante, para a confecção de pavio de lamparina;

• A ocorrência de G. hirsutum L.r. marie galante foi constatada nas mesorregiões do Agreste e Sertão alagoano;

• As condições em que são mantidas as populações denotam a vulnerabilidade da preservação in situ.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

Este trabalho vem contribuir para o conhecimento e preservação da variabilidade genética do gênero Gossypium no Brasil e oferecer subsídios para programas de melhoramento e políticas de preservação da diversidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FALEIRO, F.G. Preservação da variabilidade genética de plantas: um grande desafio. Boletim Agropecuário, 2005. Disponível em:

<http://www.boletimpecuario.com.br/artigos/showartigo.php?arquivo=artigo350.txt&tudo=sim>. Acesso em: 11 dezembro 2006.

FREIRE, E.C. Distribuição, coleta, uso e preservação das espécies silvestres de algodão no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2000. 22p (EMBRAPA-CNPA. Documentos, 78).

FREIRE, E.C.; MEDEIROS, J. da C.; SILVA, C.A.D. da; AZEVEDO, D.M.P. de; ANDRADE, F.P. de; VIEIRA, D.J. Cultura dos algodoeiros mocó precoce e algodão 7MH. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1999. 65p (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 78).

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