• Nenhum resultado encontrado

O SOM DO SILÊNCIO: UMA EXPERIÊNCIA MUSICAL COM ALUNOS SURDOS DO CEJA CRATO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O SOM DO SILÊNCIO: UMA EXPERIÊNCIA MUSICAL COM ALUNOS SURDOS DO CEJA CRATO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

O SOM DO SILÊNCIO: UMA EXPERIÊNCIA MUSICAL COM

ALUNOS SURDOS DO CEJA – CRATO

Suília Isabel Jurema de Oliveira Trigueiro¹ Mariana Furtado Cabral² Crislaine Alencar Santos³ Maria Isabel Caldas Grangeiro4

Marisa do Nascimento Galdino5

Márcio Mattos Aragão Madeira6 RESUMO: Esta pesquisa consiste em uma experiêcia musical realizada com pessoas surdas do Centro de Educação de Jovens e Adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira – CEJA – Crato, relatando a regência em sala de aula e as metodologias utilizadas através de percepção ritimica, percepção vibrotátil e percussão instrumental e corporal. Através das atividades propostas foi possível perceber a capacidade rítmica do surdo tanto individualmente como coletivamente. Foi desenvolvida no período 2013.1, através da esperiência do estágio supervisionado III, na modalidade de Educação Especial. Com isso foi possível provocar uma reflexão a cerca da inclusão do surdo na arte musical mesmo sem a referência sonora.

PALAVRAS-CHAVES: Surdez; Educação Musical; CEJA – Crato; Inclusão Social.

INTRODUÇÃO

A música é a arte de expressar sentimentos através de sons compostos de melodia, harmonia e ritmo. Levando em consideração diversas pesquisas do músico e compositor Koellreutter, onde ele afirma que a educação musical é um meio de desenvolver todas as faculdades do homem, onde é trabalhada a concentração, a autodisciplina, a capacidade analítica, a autoconfiança, a criatividade, o senso crítico, a memória e a sensibilidade, utilizando-se de estimulação motora, sensorial, emocional e intelectual. Considerando também a importante função de integração social, ou seja, a transformação do ser humano.

Pensar em Educação Musical e Surdez é um assunto um tanto polêmico, visto que música por ser um fenômeno que deve ser experimentado através da audição, dentro da percepção do ouvinte, afasta-se da realidade dos surdos, sendo vista como algo que a comunidade surda não possa viver.

A surdez consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir. Pode ser considerada como congênita, ou seja, o individuo nasce surdo; ou adquirida, ou seja, que é quando perde a audição ao longo da vida.

A surdez causa uma privação sensorial, interferindo na comunicação e gerando dificuldades de relação com o meio em que vive. Com isso, a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - permite ao surdo sua integração social, efetivando o direito à informação e à comunicação com outros indivíduos, seja ele surdo ou ouvinte.

__________________________________________________

1 Discente, Universidade Federal do Cariri, Crato, Ceará, suilia_i.j.o.t@hotmai.com

2 Discente, Universidade Federal do Cariri, Juazeiro do Norte, Ceará, marianacbrl@gmail.com 3 Discente, Universidade Federal do Cariri, Juazeiro do Norte, Ceará, laranjinha_lana@hotmail.com 4 Discente, Universidade Federal do Cariri, Juazeiro do Norte, Ceará, mariabel.musica@gmail.com 5 Discente, Universidade Federal do Cariri, Crato, Ceará, marisagaldino.musica@gmail.com 6 Docente, Universidade Federal do Cariri, Crato, Ceará, mmttos@gmail.com

(2)

“É comum, através da visão, a pessoa surda perceber tudo o que está acontecendo ao redor e devidas mudanças que ocorrem na aparência física de pessoas, objetos, lugares, etc. Desta forma, também usará sua expressão para possíveis dúvidas, esclarecimentos e realização de atividades.” (SILVA, 2008, p.29)

As pessoas surdas são capazes de realizar todas as atividades que os ouvintes realizam, inclusive uma atividade musical, mas para isso é necessário a presença de um interprete de LIBRAS no desenvolvimento educacional de um aluno surdo, ou seja, é importante o acompanhamento do interprete na execução musical do surdo, fazendo a interação entre os surdos, como também do surdo com os ouvintes.

As pessoas surdas são capazes de realizar todas as atividades que os ouvintes realizam, inclusive uma atividade musical, mas para isso é necessário a presença de um interprete de LIBRAS no desenvolvimento educacional de um aluno surdo, ou seja, é importante o acompanhamento do interprete na execução musical do surdo, fazendo a interação entre os surdo, como também do surdo com os ouvintes.

Essa relação entre Educação Musical e Surdez é um assunto um tanto polêmico, visto que música por ser um fenômeno que deve ser experimentado através da audição afasta-se da realidade dos surdos, sendo vista como algo que a comunidade surda não possa viver.

O surdo pode não ouvir o som, mas ele pode sentir através das vibrações e compreender através do movimento as intenções musicais. Para isso é preciso fazer com que o surdo compreenda a importância e se concentre na pulsação.

Mas, se a música é uma expressão através de sons, como é possível um surdo perceber a música? Quais métodos de educação musical podem ser incluídos no desenvolvimento educacional de um surdo?

Os surdos não podem ouvir a música, mas eles sentem a música através de vibrações, que são processadas na mesma região do cérebro onde o ouvinte utiliza para ouvir, possibilitando uma percepção diferente do ouvinte, mas não menos capaz.

Essa aproximação do surdo com a música pode ser feita através da leitura rítmica musical, como também é possível se utilizar da sensibilidade tátil do surdo, proporcionando uma percepção das vibrações, ou seja, uma percepção vibrotátil.

“Os indivíduos com deficiências auditivas sentem a música através de vibrações, a percepção destas vibrações musicais são tão reais como o seu equivalente sonoro por serem ambos processados na mesma região do cérebro” (DEAN SHIBATA apud NONATO ).

A surdez consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir. Pode ser considerada como congênita, ou seja, o individuo nasce surdo; ou adquirida, ou seja, que é quando perde a audição ao longo da vida.

A surdez causa uma privação sensorial, interferindo na comunicação e gerando dificuldades de relação com o meio em que vive. Com isso, a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - permite ao surdo sua integração social, efetivando o direito à informação e à comunicação com outros indivíduos, seja ele surdo ou ouvinte.

“É comum, através da visão, a pessoa surda perceber tudo o que está acontecendo ao redor e devidas mudanças que ocorrem na aparência física de pessoas, objetos, lugares, etc. Desta forma, também usará sua expressão para possíveis dúvidas, esclarecimentos e realização de atividades.” (SILVA, 2008, p.29)

(3)

A percepção rítmica do surdo amplia-se através da interação entre a percepção visual e estímulos vibrotáteis. É importante averiguar as possibilidades de transferências rítmicas, visuais e táteis do surdo.

A convivência com alguns surdos e um Work Shop de Inclusão Social realizado pelo grupo PET – Programa de Educação Tutorial, ao qual fazemos parte, foi a motivação para a realização desse trabalho, especialmente com um surdo de Brasília que há alguns anos esteve no Ceará, onde demonstrou seu potencial artístico através de um violão, mostrando a possibilidade de uma vivencia musical mesmo sem a referencia do som. “Ser musical não é um privilégio de seres especiais e bem dotados, mas possibilidade do homem como ser.” SILVA apud FINK, 2008, p.25)

Essa pesquisa foi desenvolvida no período 2013.1, através da esperiência do estágio supervisionado III, na modalidade de Educação Especial. Mesmo tendo 23 alunos surdos matriculados na escola, apenas 6 surdos se propuseram para participar da experiência musical proposta.

Partindo da hipótese de que incluir a educação musical na vivência de um surdo é possibilitar uma elevação da autoestima fazendo com que o surdo perca o medo de se expressar, buscamos métodos de educação musical que pudessem ser incluidos no desenvolvimento educacional de um surdo, tendo como principal finalidade investigar em que medida os surdos percebem a música a partir de uma vivencia musical com alunos do Centro de Educação de Jovens e Adultos em Crato - CEJA.

MATERIAIS E MÉTODOS

Desenvolvemos alguns tipos de atividades musicais durante cinco dias, no período da manhã, onde foi possível fazer uma aproximação dos surdo com a arte da música, por meio dos métodos do educador musical Émile Jaques Dalcroze, que afirma que todo ser humano já traz em si o ritmo natural, a pulsação do coração, a respiração e faz a divisão natural do tempo. Abordamos também os recursos da percussão corporal que facilitou o processo pedagógico dos surdos.

Para a realização dessas atividades, contamos com a ajuda de Adriana Botelho, professora de LIBRAS da UFC – Cariri, que no primeiro dia esteve conosco para uma conversa com os alunos, buscando uma aproximação com a realidade deles.

Nos dias seguintes, levamos a história de Beethoven e de alguns surdos que já tiveram experiência com música, na intenção de demonstrar que o exercício musical não se restringe apenas aos ouvintes. Trabalhamos as vibrações internas do corpo humano através dos batimentos cardíacos e a percepção através de uma dinâmica baseada no telefone sem fio, onde em círculo uma pessoa iniciava alguma sequência rítmica nas costas de quem estava a sua frente, e essa sequência ia sendo passada, tendo que chegar corretamente onde começou. Trabalhamos também as vibrações de instrumentos como tuba, trompete, violoncelo, violão, xilofone e cajon.

Apresentamos o vídeo do Surdodum, grupo musical formado por ouvintes e surdos, fazendo um “link” com a inclusão social, e trabalhamos um jogo rítmico (baseado na música Escravos de Jó), para praticar o pulso e algumas sequências rítmicas que foram executados utilizando copos de plástico. Propusemos exercícios de percussão corporal e a partir do contato com a vibração de uma caixa de som tentamos que eles diferenciassem os ritmos samba, baião e rap.

Introduzimos ainda instrumentos de percussão como a timba, o surdo, o pandeiro e o ganzá, que foram divididos entre os alunos de acordo com o interesse de cada um. Criamos uma sequência de códigos para cada instrumento e fizemos uma

(4)

atividade voltada para a execução de alguns ritmos, tendo como objetivo, a prática instrumental e a coletividade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através das atividades propostas foi possível perceber a capacidade rítmica do surdo tanto individualmente como coletivamente. Essa prática nos trouxe uma possibilidade de compreensão rítmica do aluno surdo mesmo sem o uso de uma melodia musical. Com as vibrações dos instrumentos musicais e dos diferentes ritmos que sentiram na caixa de som, eles puderam ter a oportunidade de conhecer um outro lado da música, o lado da sensação vibrotátil.

Com o uso da teoria musical, fizemos uma adaptação para melhor repasse e entendimento do contexto rítmico, com isso percebemos que a condução dos exercícios foi facilmente assimilados por cada um. Contudo ressaltamos que cada pessoa tem seu tempo e sua capacidade própria de entendimento.

A principio nos receamos com a proposta de trabalhar música com pessoas surdas, pois entendíamos que ao não ter referência sonora ele não teria interesse em experienciar a arte musical, como também tínhamos o pensamento retrogrado de que ele não seria capaz de uma execução musical. Mas com essa experiência pudemos perceber, que houve uma pequena rejeição de alguns surdos, mas ao mesmo tempo, uma enorme aceitação dos demais, contudo, no decorrer do estágio soubemos vencer esta barreira e no final conseguimos aceitação de todos.

CONCLUSÕES

Pudemos concluir, com esta pesquisa, que a surdez não impede que uma pessoa possa desenvolver- se musicalmente. Através das propostas inseridas em sala de aula, conseguimos alcançar o nosso objetivo, que foi demonstrar através das atividades que a música não esta ligada somente ao ouvido. Confirmando a possibilidade de criação de novos métodos através de práticas musicais destinadas a pessoas surdas, podendo ser trabalhado a musicalidade somente com surdos, mas também em unidade com ouvites. Tudo sempre foi baseado na busca por entender a música através do sentir, pois conhecer a música é um direito dos surdos e cabe aos professores e interpretes convencê-los da importância desta cultura em suas vidas.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Centro de Educação de Jovens e Adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira – CEJA/Crato, através da diretora Maria Fabiana Gomes Vieira, que nos deu oportunidade desse trabalho nessa instituição; aos surdos que se prontificaram a essa experiencia; a UFCA e ao PET/SESU/SECAD que incentivam o nosso desenvolvimento no meio acadêmico.

REFERENCIAS

FINCK, Regina. Ensinando música ao aluno surdo: perspectivas para a ação pedagógica inclusiva / Regina Finck. 2009. Tese de doutorado

(5)

ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, Mato Grosso do Sul, 2007.

NONATO, Marlene de Almeida Costa. Música na deficiencia auditiva. REVISTA EFICAZ – Revista científica online z ISSN 2178-0552, Maringá – PR.

SILVA, Cristina Soares da. Atividades Musicais para Surdos: Uma experiência na Escola Municipal Rosa do Povo.2008. (Licenciatura Plena em Educação Artística – Habilitação: Música) – Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

da equipe gestora com os PDT e os professores dos cursos técnicos. Planejamento da área Linguagens e Códigos. Planejamento da área Ciências Humanas. Planejamento da área

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

O caso de gestão estudado discutiu as dificuldades de implementação do Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMT) nas escolas jurisdicionadas à Coordenadoria

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Por lo tanto, la superación de la laguna normativa existente en relación a los migrantes climático consiste en una exigencia para complementación del sistema internacional

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição