• Nenhum resultado encontrado

Supremo Tribunal Federal

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Supremo Tribunal Federal"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 922.827 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA

RECTE.(S) :MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO

JOSÉ DO RIO PRETO

RECDO.(A/S) :FLOR DE LIZ MENDES DE SEIXAS

ADV.(A/S) :CELSO KAMINISHI

DECISÃO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. SEXTA-PARTE.

FORMA DE CÁLCULO.

IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. SÚMULA N. 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. AGRAVO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

Relatório

1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário interposto com base na al. a do inc. III do art. 102 da Constituição da República contra o seguinte julgado do Colégio Recursal de São José do Rio Preto/SP:

“RECURSO INOMINADO. SEXTA PARTE. CONTAGEM

DE TEMPO DE SERVIÇO REGIDO PELA CLT. VIABILIDADE. PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. PRESERVADO. DIREITO RECONHECIDO. RECURSO IMPROVIDO.

(…) Quanto à prescrição, a sentença bem acolheu a quinquenal.

(2)

ARE 922827 / SP

que ‘Ao funcionário que completar 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público municipal, contínuo ou não, é assegurada a 6ª (sexta) parte dos vencimentos integrais’.

Note-se que a lei menciona ‘efetivo exercício’ e não ‘exercício em cargo efetivo’, coisas absolutamente distintas.

Já a Lei Complementar n. 66/99 estabeleceu que o regime jurídico único do Município é estatutário, com direito de opção pelo servidor em permanecer no regime celetista. O art. 2º é claro em afirmar que ‘os servidores admitidos pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e que se incluírem no regime instituído por esta Lei, terão assegurados a transformação de seus empregos em cargos de provimento efetivo, desde que admitidos por concurso público’ (inciso I).

O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de apreciar matéria semelhante, editando a Súmula n. 678 com a seguinte redação: ‘São inconstitucionais os incisos I e III do art. 7º da Lei n. 8.162/91, que afastam, para efeito de anuênio e de licença-prêmio, a contagem do tempo de serviço regido pela CLT dos servidores que passaram a submeter-se ao Regime Jurídico Único’.

Além disso, o art. 9º da Lei Complementar n. 66/99 dispõe que ‘O regime jurídico estabelecido nesta Lei não extingue e nem restringe direitos e vantagens já concedidos por leis em vigor, anteriores à sua vigência’, logo, como o Estatuto do Servidor Municipal já concede tal direito aos servidores municipais, não há motivo, agora, para excluir o tempo de serviço prestado ao Município no regime celetista.

Assim sendo, considerando que o servidor optou pelo regime estatutário e completou 20 anos de efetivo exercício no serviço público municipal, fica assegurada a 6ª (sexta) parte dos vencimentos integrais, desde quando completou 20 anos de efetivo exercício no serviço público municipal, apostilando o direito, com o pagamento das diferenças havidas, respeitada a prescrição quinquenal das parcelas, a contar da data do ajuizamento da ação, atualizando-se o valor desde a época em que deveria ser paga a parcela, nos moldes da Lei n. 9.494/97, em sua versão atualizada.

Por tais considerações, pelo meu voto, nego provimento ao recurso inominado, nos termos acima expendidos” (fls.155-157).

(3)

ARE 922827 / SP

2. O Agravante alega contrariado o art. 37, caput, da Constituição da República, sustentando que “a sexta parte se trata de benefício tipicamente estatutário e, por isso, voltado à percepção de servidores estatutários. Não se justifica, pois, admitir-se sofram os seus pressupostos de concessão influência do decurso de tempo no exercício de serviço público em atividade estranha à do regime estatutário” (fls. 160-166).

3. O recurso extraordinário foi inadmitido ao fundamento de ausência de ofensa constitucional direta.

Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 4. Razão jurídica não assiste ao Agravante.

5. A apreciação do pleito recursal demandaria análise da legislação infraconstitucional aplicável à espécie (Leis Complementares municipais ns. 5/1990 e 66/1990). A alegada contrariedade à Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, a inviabilizar o processamento do recurso extraordinário. Incide na espécie a Súmula n. 280 deste Supremo Tribunal:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SERVIDORA PÚBLICA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL INVOCADA. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. ADICIONAL DE SEXTA-PARTE. LEI COMPLEMENTAR 5/1990, DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 280/STF. 1. A questão constitucional invocada no recurso extraordinário não foi objeto de debate no acórdão recorrido, tampouco foram opostos embargos de declaração. Óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 2. Nos termos da orientação sedimentada na Súmula 280 do STF, não cabe recurso extraordinário quando a verificação da alegada ofensa à Constituição

(4)

ARE 922827 / SP

pertinente à matéria em discussão. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (ARE n. 911.042-AgR, Relator o Ministro Edson

Fachin, Primeira Turma, DJe 9.12.2015).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. ADICIONAL DE SEXTA PARTE E QUINQUÊNIOS. JULGADO RECORRIDO FUNDAMENTADO EM LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE n. 688.307-AgR, de minha relatoria,

Segunda Turma, DJe 11.10.2012).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO ADMINISTRATIVO. ADICIONAL DE SEXTA-PARTE E QUINQUÊNIOS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO. NECESSIDADE DE PRÉVIA ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE n. 767.978-AgR, Relator o Ministro

Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 13.2.2014).

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.

ADMINISTRATIVO. FORMA DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE SEXTA-PARTE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS NS. 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO LOCAL: SÚMULA 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Relatório

1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário, interposto com base no art. 102, inc. III, al. a, da Constituição da República.

(5)

ARE 922827 / SP

2. A Segunda Turma Recursal Cível do Colégio Recursal da 16ª Circunscrição Judiciária de São Paulo manteve sentença, com os fundamentos nela adotados, nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099/1995.

Na sentença, a Juíza decidiu:

‘No mérito, o pedido formulado pelo autor é procedente, porquanto está demonstrado que ele tem direito de obter a sexta-parte, independente do regime jurídico, não obstante os respeitáveis entendimentos em sentido contrário, sobretudo porquanto a ré demonstrou que ele foi aprovado em concurso público (fls. 63).

De fato, consoante o disposto no artigo 99 da Lei Complementar nº 5/90 ‘ao funcionário que completar 20 (vinte anos) de efetivo exercício no serviço público municipal, contínuo ou não, é assegurada a 6ª (sexta) parte dos vencimentos integrais.

(…) Ressalte-se, ainda, que se alguma diferença quanto ao regime jurídico pretendesse o legislador estabelecer deveria ter feito a distinção estipulada no artigo 135 da mesma lei, ao prever para quais atividades e serviços o tempo era contado apenas para fins de aposentadoria ou disponibilidade, o que não fez no caso dos servidores celetistas que prestaram efetivo serviço municipal, mencionando, todavia, que somente para tais fins seriam contados o tempo de serviço público prestado à União, aos Estados e ao Distrito Federal, bem como o tempo de serviço em atividade privada e prestação de serviço militar, dentre outros’ (fls. 109 v.-110).

3. No recurso extraordinário, o Agravante alega ter a Turma Recursal de origem contrariado os arts. 30, incs. I e V, 37 e 39 da Constituição da República.

(…) Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. (…) 8. Ademais, a apreciação do pleito recursal demandaria a análise prévia da legislação infraconstitucional aplicável à espécie (no caso, Leis Complementares municipais ns. 5/1990 e 138/2001). Assim, a alegada contrariedade à Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, o que inviabiliza o processamento do recurso extraordinário. Incide, na espécie, a Súmula n. 280 do Supremo Tribunal Federal:

‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

(6)

ARE 922827 / SP

EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. ADICIONAL DE SEXTA PARTE E QUINQUÊNIOS. JULGADO RECORRIDO FUNDAMENTADO EM LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO’ (ARE 688.307-AgR/SP, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe 11.10.2012).

(…) Pelo exposto, nego provimento ao agravo (art. 932, inc. IV, al. a, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal)” (ARE n. 823.665, de minha

relatoria, decisão monocrática transitada em julgado, DJe 27.8.2014).

Nada há a prover quanto às alegações do Agravante.

6. Pelo exposto, nego provimento ao agravo (art. 932, inc. IV, al. a, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).

Publique-se.

Brasília, 14 de junho de 2016.

Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora

Referências

Documentos relacionados

A resposta espectral das imagens de alta resolução utilizadas na área de estudo foi capaz de detectar a vegetação aquática submersa até uma determinada altura

As primeiras perguntas de pesquisa surgiram durante minha participação nas reuniões de trabalho no Instituto e indagaram sobre o papel das narrativas nas reuniões, como as

Vale repetir o que já foi dito acima: a época da doação ainda não havia sequer a propositura da ação em face da pessoa jurídica e, portanto, não havia a desconsideração

O servidor em estágio probatório que possuir cinco anos de efetivo exercício no serviço público federal somente pode usufruir a licença para capacitação após o período do

I - Confirmar, no respectivo cargo, o servidor relacionado no Anexo desta Portaria, o qual completou três anos de exercício na data 14/07/2017, declarando-o estável no serviço

O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada em

A principal finalidade deste artigo consistiu na produção de um conhecimento sobre as desigualdades econômicas e sociais que existiram entre os membros da

Neste artigo, foi apresentada uma abordagem de reuso que pode contribuir para o aumento do reuso de IUs durante o processo de desenvolvimento de um software. Nossa