TRABALHO E DIREITOS HUMANOS
NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
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História social do trabalho e História do
tempo presente: algumas definições
●Trabalho e labor do Antigo Regime ao mundo
contemporâneo;
●Direitos Humanos: dos direitos autoevidentes
ao contexto pós Segunda Guerra Mundial;
PANORAMA
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“Não nos esqueçamos de que a condição de assalariado, que hoje ocupa a grande maioria dos ativos e a que está vinculada a maior parte das proteções contra os riscos sociais, foi, durante muito tempo, uma das situações mais incertas e, também, uma das mais indignas e miseráveis. Alguém era um assalariado quando não era nada e nada tinha para trocar, exceto a força dos seus braços. Alguém caía na condição de assalariado quando sua situação se degradava: o artesão arruinado, o agricultor que a terra não alimentava mais, o aprendiz que não conseguia chegar a mestre... […] Estar ou cair na condição de assalariado era instalarse na dependência, ser condenado a viver 'da jornada', acharse sob o domínio da necessidade”. (CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. 9.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2010, p. 2122)
Depósito de mendigos de Soissons (final do século XVIII): 854 internados: 208 “muito perigosos” (vagabundos, loucos, detidos por ordem real, militares desertores); 256 “trabalhadores braçais” ; 294 “trabalhadores rurais sem recursos”;
“É a grande multiplicação das produções de todos os diversos ofícios — multiplicação essa decorrente da divisão do trabalho — que gera, em uma sociedade bem dirigida, aquela riqueza universal que se estende até as camadas mais baixas do povo. Cada trabalhador tem para vender uma grande quantidade do seu próprio trabalho, além daquela de que ele mesmo necessita; e pelo fato de todos os outros trabalhadores estarem exatamente na mesma situação, pode ele trocar grande parte de seus próprios bens por uma grande quantidade, ou — o que é a mesma coisa — pelo preço de grande quantidade de bens desses outros. Fornecelhes em abundância aquilo de que carecem, e estes, por sua vez, com a mesma abundância, lhe fornecem aquilo de que ele necessita; assim é que em todas as camadas da sociedade se difunde uma abundância geral de bens.” (SMITH, Adam Smith. A Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 70)
“A burguesia, quando lutava contra a nobreza, apoiada pelo clero,
arvorou o livre exame e o ateísmo; mas, triunfante, mudou de tom e
de comportamento e hoje conta apoiar na religião a sua supremacia
econômica e política. Nos séculos XV e XVI, tinha alegremente
retomado a tradição pagã e glorificava a carne e as suas paixões,
que eram reprovadas pelo cristianismo; atualmente, cumulada de
bens e de prazeres, renega os ensinamentos dos seus pensadores, os
Rabelais, os Diderot, e prega a abstinência aos assalariados. A moral
capitalista, lamentável paródia da moral cristã, fulmina com o
anátema o corpo trabalhador; toma como ideal reduzir o produtor
ao mínimo mais restrito de necessidades, suprimir as suas alegrias e
as suas paixões e consumilo ao papel de máquina entregando
trabalho sem tréguas nem piedade". (Paul Lafargue, "O direito à
preguiça",1880)
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Direitos dos trabalhadores e formas de
organização coletiva: das associações de
socorros mútuos aos sindicatos e partidos;
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Direitos humanos e estados de exceção:
liberdade e igualdade políticas;
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ONU e OIT: direitos trabalhistas como direitos
humanos; a mediação do conceito de direito social;
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Luta sindical e regimes de exceção: a luta dos
trabalhadores como luta contra a opressão
generalizada;
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Final do século XX: diversificação dos grupos sociais
e construção de uma nova forma de identificação e
reconhecimento;
Artigo 23.º (Declaração Universal dos Direitos Humanos)
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do
trabalho, a condições equitativas e satisfactórias de trabalho e
à proteção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário
igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e
satisfactória, que lhe permita e à sua família uma existência
conforme com a dignidade humana, e completada, se possível,
por todos os outros meios de proteção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas
sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus
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União Internacional dos Trabalhadores da
Alimentação,
Agrícolas,
Hotéis,
Restaurantes, Tabaco e Afins (UITA)
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Genebra (1920)
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Montevidéu (1967)
La UITA se opondrá, en colaboración con otras organizaciones que actúan sobre los mismos principios , con todo su poder y con todos los medios de que dispone, a toda forma de explotación y de opresión. Se esforzará por estender el control de los/as trabajadores/as a todos los aspectos de la vida económica, social y política y por ampliar las libertades fundamentales de asociación, expresión y huelga. Apoyará a todos los pueblos en sus esfuerzos para obtener la autodeterminación y la libre expresión de su cultura nacional. Se esforzará por erradicar la discriminación basada em la raza, la etnia, la religión o el sexo. La UITA apoyará igualmente todo esfuerzo, que tienda a asegurar una paz duradera, fundada em la libertad y el bienestar para todos
toda vida social se rige a través de relaciones sociales y económicas que pueden ser objeto de un análisis racional y que son susceptibles de cambio por las personas organizadas con este fin;
las relaciones económicas y sociales existentes reflejan el poder detendado por minorías que han organizado la vida social para sus propias ventajas y em detrimento de la gran mayoría de la población mundial.
el predominio de tales intereses minoritarios es la causa principal de los peores males que asolan la sociedad, tales como la pobreza, el hambre, la inseguridad, la opresión y la guerra, los cuales ponen en peligro el bienestar y el futuro de la humanidad (ESTATUTOS, 2002, p. 1, grifos meus).
ESTATUTOS de la Unión Internacional de Trabajadores de la Alimentación, Agrícolas, Hoteles, Restaurantes, Tabaco y Afines. Genebra (Suíça), 2002.
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2004.
AMORÍN, Carlos; IGLESIAS, Enildo. RelUITA 39 años de historia: una biografía colectiva. Montevideo (UY): Ediciones RelUITA, 2006.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. 9.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2010.
COMPA, Lance. Trade unions and human rights [Electronic version]. In. SOOHOO, C., ALBISA, C. & DAVIS, M. F. (eds.),
Bringing human rights home: A history of human rights in the United States (pp. 209253). Westport, CT: Praeger
Publishing, 2008. Disponível em http://digitalcommons.ilr.cornell.edu/articles/390/ (Acesso: 26/07/2013).
DAL ROSSO, Sadi. Mais trabalho! A intensificação do labor na sociedade contemporânea. São Paulo: Boitempo, 2008. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003. HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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