Perícias Ambientais
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Perícia Ambiental -
Judicial
Perícia Ambiental é um importante instrumento para a
preservação do meio ambiente e destina-se a avaliação
dos danos ambientais, causados por ação de pessoa,
seja ela física ou jurídica, de direito público ou privado,
que venham a resultar na degradação da qualidade
ambiental, disciplinada nos artigos “420 a 439 da Seção
VII – Da Prova Pericial (Cap. VI – Das Provas), do
Código de Processo Civil (CPC).
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“PERÍCIA – Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o elemento de que necessita a Justiça para poder julgar. No crime, a perícia obedece ás normas estabelecidas pelo Código de Processo Penal (arts. 158 e seguintes), devendo ser efetuada o mais breve possível, antes que desapareçam os vestígios. No cível compreende a vistoria, a avaliação , o arbitramento, obedecendo às normas procedimentais do Código de Processo Civil.
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A perícia judicial pode ser solicitada por uma das partes ou pelo juízo.
O juiz pode indeferir a perícia quando:
- A prova do fato não depende de conhecimento especial de um técnico;
- For desnecessária a perícia, em vista de outras provas já produzidas nos autos;
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Perito
Na concepção jurídica, o perito é um auxiliar da justiça que assessora o juiz na formação de seu convencimento quando as questões em pauta exigem conhecimentos técnicos ou científicos específicos para a elucidação dos fatos, em busca de uma solução justa e verdadeira. O perito é nomeado pelo juiz, que o considera de sua confiança.
Perito: Profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia. Deve possuir uma noção básica de Direito Processual Civil, tendo que obrigatoriamente seguir os ritos previstos no Código do Processo Civil.
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O perito poderá ser recusado quando: - Recusar-se por motivo legítimo;
- Deixar de cumprir o prazo que lhe foi determinado, o juiz
comunica ao Conselho e receberá as penalidades aplicáveis; O perito poderá ser substituído quando:
- O valor de seus honorários for considerado alto pelas partes e pelo juiz, que indicará um novo perito;
- Não possuir conhecimento técnico sobre a matéria. Nesses casos pede-se a impugnação do perito.
O artigo 147 do CPC, descreve que o perito que prestar informação inverídica, responderá pelos prejuízos que causar as partes, ficando inabilitado de exercer essa atividade em outras perícias.
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Assistente Técnico
Profissional legalmente habilitado, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir os trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitir seu parecer
técnico.”
A nova redação do Código de Processo Civil, dada pela lei nº 8.455, de 24/08/92, alterou profundamente as funções do assistente técnico, que passou a não mais estar sujeito a impedimento e suspeição pelo teor da parte final do artigo 422: “Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.”
Isto significa que o assistente técnico pode incorrer em todos os impedimentos do artigo 134 (CPC), não podendo ser argüido de suspeição, ou seja, pode ser parcial.
O prazo para nomeação do assistente técnico é de cinco dias após o despacho do juiz.
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PRÁTICA FORENSE DA PERÍCIA
Em linhas gerais, os procedimentos processuais relacionados à perícia envolvem atos do juiz, do advogado do autor e seu assistente técnico (se indicado), do advogado do réu e seu assistente técnico do perito do Juízo, conforme descreve Barros(1995):
Do Advogado
Desenvolvimento:
- ajuíza ou contesta a ação;
- requer as provas: pericial e outras; - indica assistente técnico;
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Do Advogado
Requer:
- guia para depósito dos honorários do perito. Desenvolvimento:
- comenta sobre o laudo pericial;
- requer ao juízo, se necessário, o esclarecimento por parte do perito;
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Do Assistente técnico
Assessora a parte que o contratou (advogado do autor ou do réu);
- na formulação de quesitação;
- mantém-se em contato com o perito e procura atendê-lo quanto ao fornecimento de informações e documentos;
- acompanha os trabalhos periciais.
Atuação:
- comenta, criticando ou não, o laudo elaborado pelo perito;
- formula quesitação, se for o caso, para esclarecimento do perito sobre o laudo apresentado;
- encaminha, se for o caso, laudo divergente ao laudo do perito, para o advogado.
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Do Juiz
Despacho:
- manda citar o réu para contestar; - manda o autor à réplica.
Despacho saneador: - saneia o processo;
- determina a realização de provas: documental, pessoal, pericial;
- nomeia perito
- faculta indicação de assistente técnico - faculta formulação de quesitos.
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Despacho Saneador
É aquele no qual o juiz separa as questões prévias do mérito
da causa, sana as irregularidades e nulidades, verifica a
legitimidade das partes, a existência do legítimo interesse moral ou econômico e decide sobre provas úteis ao processo, sendo que, caso não haja a necessidade de produção de
mais provas, o feito será julgado antecipadamente, no
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Do Juiz
Homologa honorários:
- manda depositar honorários do perito. Despacho:
- defere a juntada do laudo do perito;
- defere o levantamento dos honorários depositados para o perito;
Despacho:
- intima o para esclarecimentos, se necessário; - marca dia e hora para Audiência;
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Do Perito
Toma conhecimento: - da nomeação pelo juiz; - do tipo da ação proposta;
- da vara em curso do processo; - do nome das partes;
- do número do processo.
Análise dos autos do processo:
- lê os autos para ver do que trata a ação;
- analisa os quesitos formulados pelas partes; - formula pedido de honorários;
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Procedimento técnico:
- retira os autos para a realização da perícia ;
- comunica os assistentes técnicos do dia e hora da vistoria
ao objetivo da lide;
- vistoria local – descreve, fotografa, etc.
- elabora o laudo pericial;
- recolhe o imposto de renda e ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica).
Requer:
- a juntada do laudo pericial aos autos;
- levantamento dos honorários depositados.
Esclarecimentos:
- presta, se necessário, os esclarecimentos solicitados
pelas partes ou pelo próprio juiz.
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QUESITOS
São perguntas ou questões formuladas ao perito e assistentes técnicos , concernentes aos fatos da causa, que constituem o objeto da perícia.”
Na maioria das vezes os quesitos são formulados pelos advogados das partes, sendo que o mais indicado seria que o fizessem sob a orientação de seus respectivos assistentes técnicos, se estes tiverem sido indicados, pois as argüições devem ser pertinentes à matéria em causa, envolvendo questões técnicas a serem elucidadas pelo perito e pelo assistente técnico da parte contrária.
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Os quesitos podem, ainda, ser formulados pelo promotor de justiça e pelo juiz, sendo que também ao juiz compete indeferir aqueles que julgar impertinentes (art. 426 do CPC). Caso o juiz, por alguma razão, deixe de indeferir algum quesito impertinente, o perito deve abster-se em respondê-lo, justificando-se por tal atitude.
Ainda segundo Tarcha (1993), em função dos prazos legalmente estabelecidos para a apresentação dos quesitos, estes são assim designados:
- quesitos originários: são os apresentados no prazo da lei;
- quesitos suplementares: aqueles formulados posteriormente, mas antes da perícia;
- quesitos intempestivos: os formulados fora dos prazos legais; - quesitos elucidativos: os apresentados em audiência, para esclarecer duvidas sobre o laudo.
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A perícia ambiental pode ocorrer na esfera do direito civil, criminal e/ou administrativo.
O resultado da perícia é o laudo pericial, que representa uma das provas e elementos que auxiliam o juiz no ato da decisão final de um processo.
A perícia ambiental não é o que vai decidir o processo, visto que ela serve apenas como fundamento e não como ponto de decisão.
Esta tem papel importante na decisão de vários casos que envolvam e necessitem de uma análise mais detalhada no que se refere ao meio ambiente.
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Sugestões de Procedimentos Técnicos
1. O primeiro passo é ler os autos/ladas, para elaborar uma estratégia de execução do serviço e organizar uma lista de documentos que precisam ser analisados e legislações aplicáveis ao caso.
Exemplo: documentos que devem ser analisados no início da perícia – alvarás, licenças, autorizações, AIA, EIA/RIMA, TAC, perícias, ...
2. Preparação para a vistoria: análise dos quesitos. - Identificação dos assistentes técnicos;
- Solicitação de informações, documentos, projetos, ...
Marcar data e hora para a vistoria (diligência) ao local da perícia, com as partes, no processo.
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3. Levantamento de dados:
- Legislação ambiental específica;
- Informações e parâmetros a serem cumpridos;
- Preparação de fichas de campo para auxiliar na vistoria ao local.
4. Vistoria no local:
- Localização e descrição física do local; - Caracterização da área do entorno;
- Descrição das atividades desenvolvidas apontando constatações.
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- Estimativa do número de pessoas direta e indiretamente atingidas pelo acontecimento;
- Medições e coleta de amostras para análise (se necessário); - Registro fotográfico, confecção de croquis.
5. Laudo Pericial:
- Relatório de vistoria;
- Parecer conclusivo: análise dos dados coletados no local, resultado das medições e amostragens, correlação com a legislação específica, fundamentação técnica, respostas aos quesitos.
- Petição de juntada do laudo aos autos e expedição do mandato de pagamento para levantamento dos honorários.
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Roteiro de Laudo de Perícia Ambiental: 1. Preâmbulo.
2. Histórico (histórico do caso). 3. Objetivos da Perícia.
4. Dos documentos dos autos. 5. Data e hora da vistoria.
6. Do auxílio à perícia. 7. Do material utilizado.
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Procedimentos ambientais passíveis
de perícia ambiental:
-
Ocupação de áreas de preservação
permanente;
- Caracterização de áreas de preservação
permanente (dunas, restinga, mangues
margem de cursos d´água, topo de
morro);
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Considerações Finais:
É imprescindível que os profissionais com atuação em perícias ambientais tenham pleno conhecimento da Lei n°7.347, correspondente a Ação Civil Pública, além de um conhecimento superficial (no mínimo) dos direitos ambientais e das legislações vigentes.
A questão da ética profissional é de suma importância quando desta atividade, uma vez que a falta de honestidade com relação aos laudos ambientais poderá ocasionar uma decisão injusta e contraditória com a verdade dos fatos.
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Considerações Finais:
Com relação ao artigo 18 desta Lei, os honorários periciais são depositados somente quando transitada e julgada a ação condenatória, o que na maioria das vezes leva bastante tempo, e as despesas, que no caso das demandas ambientais, quase sempre envolvem consultorias, exames laboratoriais e levantamentos topográficos, não podem ser adiantados, estando então a cargo do perito. Esta restrição imposta pela Lei desestimula a atuação profissional em perícias ambientais, resultando num mercado de trabalho pouco atrativo.
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Sugestões de Quesitos para Recursos Hídricos Superficiais: 1. Quais os usos preponderantes do corpo hídrico?
2. O corpo hídrico possui enquadramento em classes de qualidade, de acordo com a Resolução CONAMA n° 357/2005? Em caso afirmativo, qual a classificação desse corpo hídrico? Esta classificação está de acordo com os usos preponderantes identificados?
3. No corpo hídrico em questão, foram identificadas atividades usuárias de água sujeitas a outorga de direito de uso de recursos hídricos?
4. Quais as atividades e quem são os responsáveis por elas?
5. As atividades mencionadas possuem outorga? Os usos averiguados estão de acordo com as atividades?
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Sugestões de Quesitos para Recursos Hídricos Superficiais: 6. Houve alterações no regime, na quantidade ou na qualidade
das águas em desacordo com a legislação vigente? Que alterações foram constatadas?
7. As atividades mencionadas geram efluentes? Atendem aos padrões de emissão e qualidade do corpo receptor?
8. No corpo hídrico foi verificado o perecimento de espécies aquáticas devido a emissão de efluentes ou carreamento de materiais?
9. Os efluentes e materiais descartados no corpo receptor estão de acordo com os padrões de emissão e de qualidade do local?
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Sugestões de Quesitos para Recursos Hídricos Superficiais: 10.Qual o estado das áreas de preservação permanente do
corpo hídrico?
11.Foram identificados danos, cortes ou destruição na vegetação de preservação permanente do corpo hídrico?
12.No corpo hídrico foi identificada poluição de qualquer natureza, em níveis que resultem ou possam resultar em danos para a saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição da flora? Quais os poluentes? Qual a pessoa física ou jurídica pela poluição?
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Sugestões de Quesitos para Recursos Hídricos Superficiais: 13.A captação possui outorga? Em caso positivo, o uso desse
recurso hídrico subterrâneo está em acordo com as condições estabelecidas na outorga?
14.Qual a classificação da água subterrânea captada, de acordo com a Resolução CONAMA 396/2008?
15.Os níveis de extração representam riscos para o aquífero? Justificar.
16.As captações possuem dispositivos adequados de proteção sanitária para evitar a contaminação do aquífero? Quais são eles?
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Sugestões de Quesitos para Recursos Hídricos Superficiais: 17.Foram constatados poços ou perfurações, para fins diversos,
abandonados? Estes se encontram selados de forma a evitar acidentes, poluição ou contaminação dos aquíferos?
18.Foi verificada a perfuração de poço para a extração de água subterrânea sem a autorização dos órgãos competentes?