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Competitividade regional do setor sucroenergético na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba : agricultura científica globalizada e implicações socioambientais no município de Uberaba - MG

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Geociências

HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

COMPETITIVIDADE REGIONAL DO SETOR SUCROENERGÉTICO NA MESORREGIÃO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: AGRICULTURA CIENTÍFICA GLOBALIZADA E IMPLICAÇÕES

SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG

CAMPINAS 2017

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HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

COMPETITIVIDADE REGIONAL DO SETOR SUCROENERGÉTICO NA MESORREGIÃO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: AGRICULTURA CIENTÍFICA GLOBALIZADA E IMPLICAÇÕES

SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GEOGRAFIA NA ÁREA DE ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL

ORIENTADOR: PROF. DR. RICARDO ABID CASTILLO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO HENRIQUE FARIA DOS SANTOS E ORIENTADA PELO PROF. DR. RICARDO ABID CASTILLO.

CAMPINAS 2017

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2015/02028-5 ORCID: http://orcid.org/0000-0002-5376-3429

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Geociências

Cássia Raquel da Silva - CRB 8/5752

Santos, Henrique Faria dos, 1989-

Sa59c Competitividade regional do setor sucroenergético na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba : agricultura científica globalizada e implicações

socioambientais no município de Uberaba - MG / Henrique Faria dos Santos. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

Orientador: Ricardo Abid Castillo.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

1. Competitividade. 2. Regionalismo. 3. Agroindústria canavieira. 4. Triângulo Mineiro (MG). 5. Alto Paranaíba (MG). I. Castillo, Ricardo,1963-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Regional competitiveness of sugarcane industry in the mesoregion of the

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba : globalized scientific agriculture and social and environmental implications on the municipality of Uberaba - MG

Palavras-chave em inglês: Competitiveness Regionalism Sugarcane industry Triângulo Mineiro Alto Paranaíba

Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial Titulação: Mestre em Geografia

Banca examinadora:

Ricardo Abid Castillo [Orientador] Mirlei Fachini Vicente Pereira Fernando Campos Mesquita

Data de defesa: 27-04-2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Geociências

AUTOR: Henrique Faria dos Santos

COMPETITIVIDADE REGIONAL DO SETOR SUCROENERGÉTICO NA MESORREGIÃO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: AGRICULTURA CIENTÍFICA GLOBALIZADA E IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO

DE UBERABA – MG

ORIENTADOR: PROF. DR. RICARDO ABID CASTILLO

Aprovado em: 27/04/2017

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Ricardo Abid Castillo

Prof. Dr. Mirlei Fachini Vicente Pereira Prof. Dr. Fernando Campos Mesquita

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me presenteado com a oportunidade de cursar a pós-graduação, um sonho de muito tempo. Agradeço aos meus familiares, especialmente minha mãe Rosa Gabriel, meu pai Oswaldo Gabriel e meus irmãos William Gabriel, Ricardo Gabriel e Leandro Faria, que sempre me apoiaram e incentivaram os meus estudos e a realização dos meus sonhos.

Um agradecimento especial à minha namorada Sidnea Batista, que com muito amor e carinho se tornou uma parceira inseparável e que me deu muitas forças nos momentos difíceis. Agradeço também aos meus sinceros amigos, Valdelice Mezavila, Fabio Vieira e Michele Renzo, que desde a Graduação me acompanham e torcem pelas minhas conquistas.

Agradeço também ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Castillo, que confiou em nosso trabalho e me deu todas as condições de crescer academicamente como geógrafo crítico. Os conhecimentos e aprendizados serão para toda a vida. Aos membros da minha banca de Qualificação e de Defesa, Prof. Dr. Mirlei Fachini Vicente Pereira e Dr. Fernando Campos Mesquita, pelas valiosas contribuições à minha pesquisa e pela amizade.

Um agradecimento aos funcionários da Secretaria de Pós-graduação do Instituto de Geociências da UNICAMP e aos colegas do programa de pós em Geografia, em especial Lucas Baldoni, Danilo Garófalo e Cassiano Messias, que me acolheram e muito ajudaram em diversas questões e dúvidas cotidianas.

Agradeço também à Prof. Dr. Marina de Castro Almeida (UFTM – Uberaba) e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Uberaba, Vanderlei Francisco da Silva, pelas ricas contribuições em alguns trabalhos de campo, sem os quais não conseguiria ter acesso à algumas entrevistas de suma importância para a pesquisa.

Por último, agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo auxílio concedido para a realização da pesquisa, contribuindo fundamentalmente para o desenvolvimento dos trabalhos de campo.

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RESUMO

COMPETITIVIDADE REGIONAL DO SETOR SUCROENERGÉTICO NA MESORREGIÃO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: AGRICULTURA CIENTÍFICA GLOBALIZADA E IMPLICAÇÕES

SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE UBERABA – MG

HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

O objetivo central do presente trabalho é identificar e compreender os fatores geográficos (naturais, geoeconômicos e político-normativo-institucionais) de competitividade regional do setor sucroenergético presentes na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, uma das principais Regiões Produtivas do Agronegócio Canavieiro do país. O estudo permite analisar a dinâmica de expansão do setor sucroenergético na região e avaliar as principais implicações socioambientais deste processo, propondo como exemplo o município de Uberaba/MG. Nos últimos anos o Brasil vivenciou um grande crescimento do setor sucroenergético, balizado pelas recentes mudanças da conjuntura do agronegócio sob o paradigma da agricultura científica globalizada. Eventos de ordem técnica e político-econômica provocaram uma nova organização do setor, pautada na internacionalização e oligopolização do mercado e na difusão de inovações científico-tecnológicas, evidenciando um uso mais corporativo do território e a busca de novas áreas estratégicas. A pesquisa bibliográfica, documental-estatística e trabalhos de campo permitiram concluir que a recente expansão do setor sucroenergético na área de estudo muito decorre, em grande parte, da existência de condições produtivas e logísticas que conferem maior competitividade aos agentes, principalmente na porção regional a qual denominamos de Região Competitiva Agroindustrial do Setor Sucroenergético (RCASS) de Uberaba-Frutal. Por outro lado, a ocupação agressiva e descompromissada do agronegócio canavieiro e a exacerbação da especialização regional produtiva tem gerado diversas implicações socioambientais em Uberaba, levando a um quadro de vulnerabilidade territorial que se estende de forma mais intensa nos municípios vizinhos de menor dinamismo econômico.

Palavras-chave: Competitividade; Regionalismo; Agroindústria Canavieira; Triângulo Mineiro

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ABSTRACT

REGIONAL COMPETITIVENESS OF SUGARCANE INDUSTRY IN THE MESOREGION OF THE TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA:

GLOBALIZED SCIENTIFIC AGRICULTURE AND SOCIAL AND ENVIRONMENTAL IMPLICATIONS ON THE MUNICIPALITY OF UBERABA – MG

HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

The main objective of this paper is to identify and understand the geographic (natural, geo-economic and politic-normative-institutional) of regional competitiveness factors of sugarcane industry present in the mesoregion Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, one of the main Productive Regions of Sugarcane Agribusiness in Brazil. The study allows us to analyze the dynamics of expansion of the sugarcane industry in the region and to evaluate the main social and environmental implications of this process, proposing as an example the municipality of Uberaba in the state of Minas Gerais. In the last few years, Brazil experienced a great growth in the sugarcane industry, based on the recent changes in the agribusiness situation under the globalized scientific agriculture paradigm. Technical and political-economic events induced a new organization of the sector, based on the internationalization and oligopolization of the market and the diffusion of scientific and technological innovations, evidencing in greater corporative use of the territory and the search for new strategic areas. The bibliographical, documental-statistical and field research have allowed us to conclude that the recent expansion of the sugarcane industry in the study area is due to the existence of productive and logistic conditions that give the agents greater competitiveness, especially in the regional portion, which we call the Competitive Region Agroindustrial of the Sugarcane Industry of Uberaba-Frutal. On the other hand, the aggressive and uncompromising occupation of sugarcane agribusiness and the exacerbation of productive regional specialization have represented several social and environmental implications in Uberaba, leading to a situation of territorial vulnerability that extends more intensely in the nearby municipalities with less economic dynamism.

Keywords: Competitiveness; Regionalism; Sugarcane Industry; Triângulo Mineiro (MG); Alto

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Mapa 1.1 – Brasil: produção municipal de cana-de-açúcar, 2000 ... 64

Mapa 1.2 – Brasil: produção municipal de cana-de-açúcar, 2015 ... 64

Mapa 1.3 – Brasil: capacidade municipal de moagem de cana-de-açúcar, 2013 ... 65

Mapa 2.1 – Áreas de atuação do POLOCENTRO, 1975 ... 70

Mapa 2.2 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: produção municipal de cana-de-açúcar (toneladas) e localização das UAS, 2015 ... 85

Mapa 2.3 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: usos de solo em 2000 ocupados pela cana-de-açúcar em 2010 ... 93

Mapa 2.4 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: espacialização da área cultivada com cana-de-açúcar e localização das UAS, 2005 ... 94

Mapa 2.5 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: espacialização da área cultivada com cana-de-açúcar e localização das UAS, 2016 ... 94

Mapa 2.6 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: média dos rendimentos da produção de cana-de-açúcar dos últimos 6 anos, 2010-2015 ... 118

Mapa 2.7 – RCASS de Uberaba-Frutal: área cultivada com cana-de-açúcar e localização das UAS, 2005 ... 121

Mapa 2.8 – RCASS de Uberaba-Frutal: área cultivada com cana-de-açúcar e localização das UAS, 2016 ... 121

Mapa 2.9 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: tipos de solos e localização das UAS ... 129

Mapa 2.10 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: classificação climática ... 132

Mapa 2.11 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: pluviosidade média anual ... 133

Mapa 2.12 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: temperatura média anual ... 133

Mapa 2.13 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: declividade e localização das UAS ... 134

Mapa 2.14 – Minas Gerais: vulnerabilidade natural associada à disponibilidade de água superficial ... 137

Mapa 2.15 – Minas Gerais: aptidão edafoclimática para a cultura da cana-de-açúcar ... 138

Mapa 2.16 – Projeto do Sistema Logístico Multimodal de Etanol da Logum ... 152

Mapa 2.17 – Sistema Logístico da Valor Logística Integrada (VLI)... 153

Mapa 2.18 – Trecho Ouro Verde/GO – Estrela D’oeste/SP do Projeto Ferrovia Norte-Sul (FNS) ... 155

Mapa 2.19 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: exportações municipais do setor sucroenergético, malha rodoferroviária e localização das UAS, 2016 ... 157

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Mapa 2.21 – Minas Gerais: Zonas Ecológico-Econômicas ... 168 Mapa 2.22 – Brasil: zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar por classes de aptidão . 169 Mapa 3.1 – Uberaba: localização, municípios limítrofes e malha rodoferroviária... 172 Mapa 3.2 – Uberaba: solos e hidrografia ... 176 Mapa 3.3 - Uberaba: espacialização da área cultivada com cana-de-açúcar (2005 e 2016), malha rodoferroviária e localização das UAS e terminais logísticos ... 190 Mapa 3.4 – Polígono do Agrohidronegócio ... 212 Mapa 3.5 - Uberaba: usos da terra em 2005 convertidos em áreas de cultivo da cana-de-açúcar, 2016 ... 226

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Figura 1.1 – Brasil: empresas estrangeiras que entraram no setor sucroenergético entre 2000 e

2013 ... 43

Figura 1.2 – Satélite dos novos investidores no setor sucroenergético ... 45

Figura 1.3 – Sistema de moagem automatizada (a esquerda) e Centro de Operações Integradas (COI) (a direita) da Usina Coruripe - Unidade Campo Florido/MG ... 56

Figura 3.1 – Capa e contracapa do encarte de divulgação do município de Uberaba/MG ... 180

Figura 3.2 – Uberaba: vista da irrigação de lavoura de milho (pivô) (A), e da colheita mecanizada de cana-de-açúcar (B) ... 185

Figura 3.3 – Vista das placas de divulgação de apoio governamental na construção da Usina Uberaba S/A (Uberaba/MG)... 193

Figura 3.4 – Vista da Vale do Tijuco (Uberaba/MG) ... 194

Figura 3.5 – Vista da área externa da usina Delta (Delta/MG) ... 197

Figura 3.6 – Vista da Usina Volta Grande (Conceição das Alagoas/MG) ... 198

Figura 3.7 – Vista do Terminal Terrestre da Logum em Uberaba/MG ... 200

Figura 3.8 – Vista da construção do Terminal Integrador da VLI em Uberaba/MG... 201

Figura 3.9 – Vista do Shopping Rural da Copercitrus (a esquerda) e da filial da Copercana (a direita) em Uberaba/MG ... 202

Figura 3.10 – Microdestilaria instalada no SENAI - Uberaba para o curso técnico de Produção Sucroalcooleira ... 202

Figura 3.12 – Pequena propriedade rural localizada próxima a um canavial em Uberaba ... 219

Figura 3.11 – Pulverização aérea de defensivos em lavoura de cana-de-açúcar em Uberaba ... 219

Figura 3.13 – Proximidade entre o núcleo urbano do distrito de Jubaí (Conquista/MG) e a lavoura canavieira ... 220

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Gráfico 1.1 – Total de área cultivada e produção de cana-de-açúcar certificada pelo BONSUCRO, 2011-2016 ... 46 Gráfico 1.2 - Brasil: número de UAS implantadas, fechadas e reativadas e variação da capacidade instalada, 2005-2015 ... 47 Gráfico 1.3 – Brasil: número de operações de fusões e aquisições no setor sucroenergético, 2000-2015 ... 48 Gráfico 1.4 – Brasil: participação dos dez maiores grupos do setor sucroenergético na moagem total de cana-de-açúcar e produção nacional de açúcar e etanol, safras 2004/2005, 2011/2012 e 2015/2016 ... 49 Gráfico 1.5 – Brasil: evolução da participação das dez maiores distribuidoras de combustível nas vendas nacionais de etanol hidratado, 2000-2015 ... 50 Gráfico 1.6 – Brasil: participação das dez maiores distribuidoras de combustível nas vendas nacionais de etanol hidratado, 2015 ... 50 Gráfico 1.7 – Brasil: licenciamento de veículos novos por tipo de combustível, 2000-2015 . 59 Gráfico 1.8 – Brasil: bioeletricidade consumida nas UAS e ofertada no SIN e preço médio de comercialização da energia elétrica (PLD - Preço de Liquidação das Diferenças) na região Sudeste/Centro-Oeste, 2005-2015 ... 60 Gráfico 1.9 – Brasil: evolução do consumo interno, exportações e preço médio de exportação do etanol, 2000-2015... 61 Gráfico 1.10 – Brasil: evolução do consumo interno, exportações e preço médio de exportação do açúcar, 2000-2015 ... 62 Gráfico 2.1 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: evolução do número de UAS, 2000-2016 84 Gráfico 2.2 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: evolução da área plantada das principais lavouras, 2000-2015 ... 90 Gráfico 2.3 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: evolução da área cultivada de cana-de-açúcar, por situação da lavoura, safras 2005/2006-2016/2017... 91 Gráfico 2.4 – RCASS de Uberaba-Frutal: evolução da área plantada das principais lavouras agrícolas, 2000-2015 ... 120 Gráfico 2.5 – RCASS de Uberaba-Frutal: estrutura fundiária de alguns municípios, 2006 . 142 Gráfico 2.6 – RCASS de Uberaba-Frutal: evolução do número de vínculos ativos em 31 de dezembro no setor sucroenergético, no segmento agrícola e industrial, 2006-2015 ... 145

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dezembro no setor sucroenergético, por nível de escolaridade, 2006-2015... 145 Gráfico 3.1 – Uberaba: média de precipitação e temperaturas mínimas e máximas mensais 175 Gráfico 3.2 – Uberaba: balanço hídrico climatológico do município de Uberaba/MG ... 175 Gráfico 3.3 – Uberaba: evolução da área plantada das principais lavouras, 2000-2015 ... 182 Gráfico 3.4 – Uberaba: crédito rural ofertado, por finalidade, 2000-2015 ... 183 Gráfico 3.5 - Uberaba: evolução da área cultivada de cana-de-açúcar, por situação da lavoura, safras 2005/2006-2016/2017. ... 190 Gráfico 3.6 – Usina Uberaba: financiamentos do BNDES (operações indiretas automáticas), 2006-2015 ... 193 Gráfico 3.7 – Vale do Tijuco: financiamentos do BNDES (operações indiretas automáticas), 2009-2015 ... 195 Gráfico 3.8 – Preço (R$/ha) da Terra Agrícola com cana-de-açúcar em Conceição das Alagoas/Água Comprida e Uberaba, 2005-2014 ... 222

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Quadro 2.1 - temas e processos comuns ao estudo das Regiões Produtivas do Agronegócio (RPAs) ... 102 Quadro 2.2 – Fatores de competitividade regional do setor sucroenergético, os atributos exigidos pelo setor e suas importâncias ... 110 Quadro 2.3 – RCASS de Uberaba-Frutal: UAS instaladas, por tipo de capital majoritário, 2016 ... 117 Quadro 2.4 – Ambientes de produção de cana-de-açúcar para a região Centro-Sul do Brasil ... 127 Quadro 2.5 – RCASS de Uberaba-Frutal: rodovias federais e principais cidades atendidas 155 Quadro 2.6 – RCASS de Uberaba-Frutal: rodovias estaduais e principais cidades atendidas ... 156 Quadro 3.1 – Uberaba: características dos Distritos Industriais (I, II, III e IV) e dos Parques Empresariais ... 178 Quadro 3.2 – Uberaba: cursos de graduação voltados para o agronegócio, por instituições de ensino superior e ano de início da oferta do curso ... 187 Quadro 3.3 – Uberaba: cursos de Pós-graduação voltados para o agronegócio, por instituições de ensino superior e ano de início da oferta do curso ... 187 Quadro 3.4 – Principais implicações socioeconômicas e ambientais do setor sucroenergético e suas causas ... 209 Quadro 3.5 – RCASS de Uberaba-Frutal: principais produtos agrícolas que tiveram produção reduzida e produção extinta, por município. ... 223

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Tabela 1.1 – Controle acionário, número de UAS, capacidade de moagem, moagem de cana-de-açúcar, produção dos derivados (etanol, açúcar e bioeletricidade) e participação nacional, dos quinze maiores grupos do setor sucroenergético, safra 2015/2016 ... 44 Tabela 1.2 – Brasil: área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio da produção de cana-de-açúcar, 2000-2015 (anos selecionados) ... 58 Tabela 1.3 – Brasil: produção de açúcar, etanol total, anidro e hidratado, safras 2000/01-2015/16 ... 59 Tabela 1.4 – Brasil: produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol (total) e participação (%) dos dez maiores estados produtores, safra 2015/2016. ... 63 Tabela 2.1 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: síntese dos projetos agroindustriais do INDI, por segmento, valor de investimento e número de empregos, acumulado de 1969-1996 ... 72 Tabela 2.2 – Triângulo Mineiro: quantidade produzida (toneladas) de algumas culturas e participação (%) na produção total do estado de Minas Gerais, 1960-1988 (anos selecionados) ... 73 Tabela 2.3 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: área plantada (hectares) e quantidade produzida (toneladas) de cana-de-açúcar, soja, milho e café, 1990-2015 (anos selecionados) 74 Tabela 2.4 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (TM/AP): área plantada e quantidade produzida das principais lavouras temporárias e permanentes e participação no total do estado de Minas Gerais (MG), 2015 ... 75 Tabela 2.5 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (TM/AP): efetivo de rebanhos (cabeças), participação (%) e posição do ranking entre as mesorregiões do estado de Minas Gerais, 2015 ... 75 Tabela 2.6 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: população residente, por situação de domicílio (urbana e rural), dos municípios que tiveram maior incremento demográfico, 1970 e 2010 .. 78 Tabela 2.7 – Minas Gerais: área plantada, quantidade produzida de cana-de-açúcar e participação (%) das mesorregiões no total do estado, 2015 ... 83 Tabela 2.8 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: área plantada, quantidade produzida e rendimento médio da cana-de-açúcar, 2000-2015 ... 90 Tabela 2.9 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: área plantada (hectares) de cana-de-açúcar nos dez maiores municípios canavieiros, 2000-2015 (anos selecionados)... 91 Tabela 2.10 – RCASS de Uberaba-Frutal: área plantada, quantidade produzida e rendimento médio da cana-de-açúcar, 2000-2015 ... 116

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diretas e indiretas não automáticas desembolsadas pelo BNDES, por UAS, 2005-2015 ... 119 Tabela 2.12 – RCASS de Uberaba-Frutal: crédito rural de custeio para cana-de-açúcar, por município, 2013-2016 ... 119 Tabela 2.13 – RCASS de Uberaba-Frutal: variáveis de especialização territorial produtiva associada ao setor sucroenergético ... 124 Tabela 2.14 – Uso da água (valores médios) em cada processo em usinas com destilaria anexa ... 136 Tabela 2.15 – RCASS de Uberaba-Frutal: estrutura fundiária com número e área (hectares) de estabelecimentos agropecuários, por grupos de área total, 1995 e 2006 ... 141 Tabela 2.16 – RCASS de Uberaba-Frutal: população residente, total e nordestinos, em alguns municípios, 2000 e 2010 ... 144 Tabela 2.17 – Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: UAS que fizeram PPPs, custos e extensão das obras rodoviárias previstos nos contratos ... 162 Tabela 3.1 – Uberaba: população residente, por situação de domicílio (urbana e rural), 1970-2010 ... 173 Tabela 3.2 - Uberaba: valor adicionado bruto (mil reais), a preços correntes, por grande setor da economia, e participação dos setores no PIB total do município, 2000-2013 (anos selecionados) ... 177 Tabela 3.3 – Uberaba: quantidade produzida de cana-de-açúcar, milho e soja, participação e posição no ranking (entre os municípios produtores) na produção total da mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (TM/AP) e no estado de Minas Gerais, 2015 ... 181 Tabela 3.4 – Uberaba: efetivo de rebanho (cabeças), 2000-2015 (anos selecionados), e posição no ranking da mesorregião e do estado de Minas Gerais em 2015 ... 181 Tabela 3.5 – Uberaba: área plantada e quantidade produzida de soja, cana-de-açúcar e milho e participação da soma das três culturas no total da área de lavouras temporárias e permanentes, 1990-2015 (anos selecionados) ... 182 Tabela 3.6 - Uberaba: valor, participação na receita e volume exportado dos principais produtos da pauta exportadora, 2015 ... 183 Tabela 3.7 – Uberaba: crédito rural ofertado para custeio, por produtos, 2013-2015 ... 184 Tabela 3.8 – Uberaba: área plantada, quantidade produzida e rendimento médio da cana-de-açúcar, 2000-2015 (anos selecionados)... 191 Tabela 3.9 – Uberaba: valor total das exportações, quantidade exportada e participação do açúcar e do etanol combustível no valor total das exportações, 2011-2016 ... 192

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cultivo de cana-de-açúcar (CNAE 01130), por município, 2006-2015 ... 216 Tabela 3.11 – RCASS de Uberaba-Frutal: taxa de ocupação da cana-de-açúcar na área total do município (%) nas safras 2005/2006 e 2016/2017 e efetivo de rebanho bovino (cabeças), por município, 1990-2015 (anos selecionados) ... 224 Tabela 3.12 – Uberaba: área e participação dos usos da terra em 2005 em áreas de cana-de-açúcar, 2016 ... 225 Tabela 3.13 – Uberaba: área cultivada com cana-de-açúcar e participação na ocupação da área total do município, safras 2005/2006-2016/2017 ... 227

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ABCZ Associação Brasileira dos Criadores de Zebu ABRASEM Associação Brasileira de Sementes e Mudas

ADM Archer Daniels Midland

AGROCANA Associação Garimpense dos Fornecedores de Cana da Região de Conceição das Alagoas

ALL América Latina Logística

ANA Agência Nacional das Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

ANP Agência Nacional do Petróleo

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

APLANA Associação dos Lavradores e Fornecedores de Cana de Araporã

APP Área de Proteção Permanente

APROVALE Associação dos Produtores de Cana do Vale do Rio Grande ASBIA Associação Brasileira de Inseminação Artificial

ASFORAMA Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Iturama

ATR Açúcar Total Recuperável

BCB Banco Central do Brasil

BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais

BP British Petroleum

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BONSUCRO Better Sugar Cane Initiative

BR Petrobras

CAI Complexo Agroindustrial

CANACAMPO Associação dos Fornecedores de Cana da Região em Campo Florido

CASEMG Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais

CAMIG Companhia Agrícola de Minas Gerais

CCEE Câmera de Comercialização de Energia Elétrica

CDI Companhia de Distritos Industriais

CENAL Comissão Executiva Nacional do Álcool

CESUBE Centro de Ensino Superior de Uberaba

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo

CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CERTRIM Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro

CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

CIEMG Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais CIMA Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool

CMAA Companhia Mineira de Açúcar e Álcool

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CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNAL Comissão Nacional do Álcool

CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

COI Centro de Operações Integradas

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CONSECANA Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo

COPERCANA Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo

COPERSUCAR Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo

COPLACANA Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo

CNP Conselho Nacional do Petróleo

CPAC Centro de Pesquisa Agropecuária do Cerrado

CRPB Centro de Referência da Pecuária Brasileira

CTA Centro Técnico da Aeronáutica

CTC Centro de Tecnologia Canavieira

CTT Corte, Transbordo e Transporte

DDGS Dried Distillers Grains With Solubles

EAD Ensino à Distância

EADI Estação Aduaneira do Interior

EFVM Estrada de Ferro Vitória-Minas

EMATER-MG Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

EPE Empresa de Pesquisas Energéticas

EPI Equipamentos de Proteção Individual

ESALQ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

EUA Estados Unidos

EXPOCACCER Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado

FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

FAZU Faculdades Associadas de Uberaba

FETAEMG Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FCA Ferrovia Centro-Atlântica

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FINAME Financiamento de Máquinas e Equipamentos

GASMIG Companhia de Gás de Minas Gerais

GEE Gases do Efeito Estufa

(19)

IAC Instituto Agronômico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IFTM Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro

IG Indicações Geográficas

INDI A Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais

INFRAERO Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

ISS Imposto Sobre Serviço

ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

JICA Japan International Cooperation Agency

KPMG Corporate Finance Ltda.

LDC Louis Dreyfus Commodities

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDE Modelo Digital de Elevação

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MEC Ministério da Educação

MME Ministério das Minas e Energia

MPB Mudas Pré-Brotadas

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MW/h Megawatt hora

NTCI Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

OIT Organização Internacional do Trabalho

OPEP Organização dos Países Exportadores do Petróleo

ORPLANA Organização dos Plantadores de Cana-de-açúcar da Região Centro-Sul do Brasil

PAM Produção Agrícola Municipal

PCI Programa de Crédito Integrado e Incorporação dos Cerrados

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PADAP Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba

PAISS Plano de Apoio Conjunto à Inovação Tecnológica Agrícola no Setor Sucroenergético

PIB Produto Interno Bruto

(20)

PPCIR Programa de Competitividade Industrial Regional

PPM Pesquisa Pecuária Municipal

PPP Parceria Público Privada

PLANALSUCAR Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool

PRORENOVA Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais

PRODECER Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados

POLOCENTRO Programa de Desenvolvimento dos Cerrados

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

RCASS Região Competitiva Agroindustrial do Setor Sucroenergético

REN Renewable Energy Policy Network

RIDESA Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético

RL Reserva Legal

RPA Região Produtiva do Agronegócio

RPAC Região Produtiva do Agronegócio Canavieiro

RTK Real Time Kinematic

SAGRI Secretaria Municipal de Desenvolvimento do Agronegócio de Uberaba

SAPCANA Sistema de Acompanhamento de Produção Canavieira

SECEX Secretaria de Comércio Exterior

SEDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Uberaba SEFAZ-MG Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SIAMIG Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais

SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática

SIG Sistema de Informações Georreferenciadas

SIN Sistema Interligado Nacional de Energia Elétrica

SRU Sindicato Rural de Uberaba

TI Terminal Integrador

TIPLAM Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita

TW/h Terawatt hora

TM Triângulo Mineiro

UAS Unidades Agroindustriais Sucroenergéticas

UC Unidade de Conservação

UDOP União dos Produtores de Bioenergia

UFLA Universidade Federal de Lavras

UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro

UFU Universidade Federal de Uberlândia

(21)

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNIUBE Universidade de Uberaba

VANTS Veículos Aéreos Não Tripulados

VHP Very High Polarization

VLI Valor Logística Integrada

VREC Vancouver Renewable Energy

ZAE Zoneamento agroecológico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 23 CAPÍTULO 1 - O DESENVOLVIMENTO DO SETOR SUCROENERGÉTICO NO BRASIL ... 28 1.1. Agricultura Científica Globalizada e Modernização da Agroindústria Canavieira ... 30 1.1.1.Desregulamentação estatal e reestruturação produtiva do setor sucroalcooleiro ... 37 1.1.2. .... A emergência dos veículos flexfuel, internacionalização e oligopolização do setor sucroenergético ... 41 1.1.3.Difusão dos novos sistemas científico-tecnológicos no setor ... 52 1.2. A Expansão do Setor Sucroenergético no Brasil pós 2000 ... 57 1.2.1.Distribuição espacial da produção canavieira no território brasileiro ... 63 CAPÍTULO 2 - COMPETITIVIDADE REGIONAL DO SETOR SUCROENERGÉTICO NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA ... 66 2.1. O Processo de Modernização da Agricultura no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba ... 67 2.2. A Expansão do Setor Sucroenergético no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba ... 79 2.2.1.A dinâmica recente do crescimento das UAS na região ... 83 2.2.1.1.Os principais grupos econômicos e a presença do capital estrangeiro no setor sucroenergético ... 86 2.2.2.Expansão geográfica, produção e rendimento da lavoura canavieira ... 89 2.3. Uso Corporativo do Território e Competitividade Regional do Setor Sucroenergético ... 95 2.3.1.Características intrínsecas do setor sucroenergético ... 103 2.3.2.Fatores de competitividade regional do setor sucroenergético ... 108 2.4. A Região Competitiva Agroindustrial do Setor Sucroenergético (RCASS) de

Uberaba-Frutal ... 114 2.4.1.Presença de fatores naturais ... 125 2.4.2.Presença de fatores geoeconômicos ... 139 2.4.2.1.Fluidez territorial e logística regional do setor sucroenergético ... 149 2.4.3.Presença de fatores político-normativo-institucionais... 159 CAPÍTULO 3 - O AGRONEGÓCIO CANAVIEIRO NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG ... 171 3.1. Caracterização Geográfica do Município de Uberaba/MG ... 171 3.2. A Dinâmica do Agronegócio e a Consolidação de uma Agricultura Científica

Globalizada ... 180 3.2.1.Empresas e serviços dinamizadores do agronegócio ... 184 3.3. O Agronegócio Canavieiro ... 189 3.3.1.A expansão da lavoura e da produção canavieira ... 189 3.3.2.A dinâmica produtiva das unidades agroindustriais sucroenergéticas (UAS) ... 192 3.3.3.Principais infraestruturas e serviços dedicados ao setor sucroenergético ... 199 3.3.4.Regulação municipal da atividade canavieira ... 203 3.4. Implicações socioambientais do setor sucroenergético ... 206 3.4.1.Vulnerabilidade territorial da expansão sucroenergética ... 228 CONCLUSÕES ... 232 REFERÊNCIAS ... 239 ANEXOS ... 256 APÊNDICE ... 267

(23)

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A expansão da agroindústria sucroenergética ocorrida nos últimos anos no Brasil foi pautada no atual modelo do agronegócio, que pode ser caracterizado, conforme abordou Santos (2010), como uma agricultura científica e globalizada. Seus pressupostos assentam no atual paradigma produtivo (ciência, tecnologia e informação), na financeirização da economia e nas políticas de viés neoliberal, emergentes no país principalmente a partir da década de 1990 (CASTILLO, 2007; FREDERICO, 2013). Desde então, muitas grandes corporações nacionais e transnacionais entraram no setor, mediante Fusões, Aquisições ou Associações (F&A), capitalizando os principais agentes (NEVES; CONEJERO, 2010; MACÊDO, 2011; FAÇANHA, 2012; PITTA et al., 2014). O aquecimento do mercado interno e externo do etanol pós 2003, com a introdução dos veículos flexfuel na frota automobilística, e do açúcar, devido às sucessivas altas nos preços internacionais, bem como a ascensão da bioeletricidade, impulsionaram o processo de internacionalização e reestruturação do capital agroindustrial (BACCARIN et al., 2009; PINTO, 2011; BARBOSA; 2013).

Com a maior presença de empresas financeirizadas, pesados investimentos foram destinados à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), culminando na difusão de inovações científico-tecnológicas nas diversas etapas produtivas e logísticas do setor sucroenergético (CGEE, 2009; OLIVEIRA; GIANONI, 2015). Consolidou-se uma agricultura mais tecnificada e cientificizada, pautada no uso intensivo de sofisticados maquinários e agroquímicos, bem como na biotecnologia, que permitiu a exploração de novas áreas do território nacional para o cultivo através da obtenção de novas variedades de cana-de-açúcar adaptadas às condições edafoclimáticas específicas (MESQUITA, 2015). Os investimentos resultaram também na implantação de modernas Unidades Agroindustriais Sucroenergéticas (UAS).

Entretanto, o movimento de expansão do setor sucroenergético para novas áreas do país, isto é, fora dos tradicionais polos do oeste paulista e litoral nordestino, não se explica somente pela capitalização dos agentes e adoção de novas variedades de cana. Os grandes investidores têm se apoiado fortemente em uma seletividade espacial baseada em diversos critérios técnicos e organizacionais que visam eleger as áreas mais vantajosas e rentáveis ao negócio, do ponto de vista produtivo e logístico (CAMELINI, 2011). Nesse processo, algumas

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privados para viabilizar a instalação de UAS e a logística do açúcar e do etanol, enquanto outras são totalmente excluídas, representando um verdadeiro uso seletivo e corporativo do território (SANTOS; SILVEIRA, 2010).

Como um dos objetivos do atual padrão produtivo do agronegócio (e de qualquer setor econômico) é a busca incessante por competitividade (CASTILLO, 2008; 2011; SANTOS, 2010), a escolha dos melhores lugares para investir se tornou uma ação estratégica indispensável. Isto porque diversos fatores internos e externos às firmas são fundamentais para obter eficiência nas atividades. Dentre os fatores externos, as condições geográficas são primordiais, pois as empresas são cada vez mais dependentes de certas densidades técnicas e normativas para obter rentabilidade e fluidez (SANTOS, 2010). Em se tratando do setor sucroenergético, vários fatores naturais, geoeconômicos (ou técnicos) e político-normativo-institucionais constituem-se em condições geográficas que podem conferir maior nível de competitividade às regiões produtivas e aos agentes envolvidos. Face à necessária mecanização agrícola e algumas características intrínsecas do setor (CASTILLO, 2013; 2015), como a restrição da armazenagem da matéria-prima e a semiperenidade da cultura, alguns atributos espaciais, presentes de forma restrita no território, são essenciais para atender às peculiaridades técnicas e à rigidez locacional da agroindústria canavieira (CASTILLO, 2013).

É nessa lógica corporativa que ocorreu a recente expansão sucroenergética no território brasileiro, sobretudo em áreas abrangidas pelo domínio morfoclimático do Cerrado (AB’SABER, 2003) e com uma agricultura moderna consolidada, como foi o caso da mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (PESSÔA, 2007; CLEPS JUNIOR, 2009; ARACRI et al., 2011; PEREIRA, 2012a). Esta porção do estado de Minas Gerais é dotada de algumas condições geográficas que conferem maior nível de competitividade ao setor sucroenergético, o que explica, em parte, os grandes investimentos realizados por grupos de capital nacional e estrangeiro na instalação de novas UAS e/ou ampliação/modernização de outras e na expansão do cultivo canavieiro. A maior densidade dessas condições em um aglomerado de municípios permitiu delimitar, conforme propõe Castillo (2015), a Região Competitiva Agroindustrial do Setor Sucroenergético (RCASS) de Uberaba-Frutal, caracterizada por uma alta especialização regional (e territorial) produtiva voltada para o setor, seguramente uma das áreas mais dinâmicas e estratégicas na Macrorregião Canavieira do Centro-Sul (SAMPAIO, 2015).

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acumulação por despossessão/espoliação (HARVEY, 2011; 2013), ou seja, na intensa mercantilização, financeirização e privatização do território. O seu uso à serviço dos interesses das grandes corporações converte o espaço geográfico em simples bases de exploração de recursos naturais e artificiais.

Nesta situação, é comum a subordinação/alienação das áreas produtivas agrícolas aos ditames do mercado globalizado e a sua fragilização econômica e social através de processos que ensejam profunda especialização produtiva e a ocorrência de implicações socioambientais que acarretam prejuízos às populações locais (FREDERICO, 2013). Este contexto geralmente está muito presente no agronegócio canavieiro, que não só historicamente esteve ligado a diversos problemas desta ordem, mas que atualmente continua causando vários impactos negativos inerentes à sua agressiva ocupação territorial, conforme veremos no caso de Uberaba/MG.

Apesar da recente modernização técnico-produtiva e gerencial do setor sucroenergético, pesquisadores como Bunde (2011), Barreto; Thomaz Junior (2012), Assis (2012), Camelini; Castillo (2012), Xavier (2012), Pitta et al. (2014), Silva (2016), Bernardes; Aruzzo (2016), Baccarin (2016), entre outros, têm alertado para a permanência e o agravamento de implicações sociais e ambientais no campo em decorrência do rápido e intenso avanço de monoculturas canavieiras nas principais Regiões Produtivas do Agronegócio Canavieiro (RPACs), como irregularidades trabalhistas, expropriação de camponeses, concentração fundiária, diminuição de outros cultivos alimentares, desmatamentos, degradação de solos e recursos hídricos, etc. O engessamento do uso do solo rural e também do território pela agroindústria sucroenergética (CASTILLO, 2013) tem significado ainda uma vulnerabilidade econômica nos principais municípios produtores e/ou processadores de cana-de-açúcar, especialmente naqueles de baixo patamar demográfico e fortemente dependentes do setor (CAMELINI; CASTILLO, 2012). Tal realidade é notável em alguns municípios canavieiros do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, que em pouco tempo tornaram-se altamente especializados no setor.

Nesse sentido, o presente trabalho objetiva identificar e compreender os fatores geográficos (naturais, geoeconômicos e político-normativo-institucionais) de competitividade regional do setor sucroenergético e sua presença na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, uma das principais Regiões Produtivas do Agronegócio Canavieiro do país. O estudo ainda tem o propósito de analisar a dinâmica de expansão do setor sucroenergético na região e

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de Uberaba/MG (um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do país) e em sua área de influência direta.

A metodologia adotada na pesquisa se pautou em três etapas principais e interdependentes: 1) levantamento e revisão bibliográfica (livros, artigos, teses, dissertações, reportagens); 2) levantamento documental-estatístico de dados secundários em fontes ligadas a organizações públicas e privadas; 3) trabalhos de campo no município de Uberaba/MG e região para entrevistas e observações (UAS, produtores rurais, órgãos públicos, instituições de representação da classe trabalhadora e patronal, instituições de ensino técnico). Estas etapas tiveram por finalidade aprofundar o conhecimento sobre temas indispensáveis à pesquisa, como a organização técnica e normativa do setor sucroenergético, concepções teórico-metodológicas acerca das regiões produtivas do agronegócio e da competitividade regional, a expansão e competitividade do setor sucroenergético na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, as implicações socioambientais comuns ao setor e a dinâmica do agronegócio em Uberaba; bem como coletar dados e informações primárias e secundárias.

O trabalho se estrutura em três capítulos. O primeiro consiste numa rápida abordagem sobre o desenvolvimento do setor sucroenergético no Brasil, enfocando as principais características do atual modelo do agronegócio pautado na agricultura científica globalizada, a recente modernização da agroindústria canavieira e a sua expansão e distribuição pelo território brasileiro. Esta parte tem por finalidade descrever como o setor sucroenergético se enquadra nos parâmetros técnicos e normativos da nova conjuntura da agricultura brasileira e como alguns eventos de grande repercussão econômica influenciaram na atual organização do setor, resultando, por exemplo, na formação dos grandes grupos produtores, na internacionalização da atividade sucroenergética e na oligopolização da distribuição/comercialização do açúcar e do etanol.

O segundo capítulo propõe analisar a expansão da atividade canavieira e discutir a competitividade regional do setor sucroenergético na mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. Neste momento se faz necessário um breve resgate do processo de modernização da agricultura na região, calcado em algumas políticas públicas que inclusive contribuíram largamente para o crescimento da agroindústria sucroenergética. Posteriormente, a partir de determinadas concepções teórico-metodológicas, são apresentados alguns resultados da proposta maior da pesquisa, que é a identificação e a análise dos principais fatores geográficos

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Uberaba-Frutal.

O último capítulo tem por objetivo apresentar uma análise da dinâmica de expansão do agronegócio canavieiro e suas implicações socioambientais no município de Uberaba/MG e região. O município constitui-se como um dos principais polos de produção e regulação do agronegócio regional e passou por um expressivo aumento da produção e processamento da cana-de-açúcar nos últimos anos, culminando na ocupação de parcela significativa de terras. Contudo, o acelerado crescimento da atividade tem ocasionado diversas implicações socioambientais que prejudicam sobremaneira as formas de produção e a permanência de populações rurais, expressando uma vulnerabilidade territorial que se processa de forma mais intensa nos outros municípios canavieiros do entorno de Uberaba, isto é, com pequenos núcleos urbanos, pouco diversificados economicamente e altamente dependentes do setor sucroenergético.

Além dos capítulos, o trabalho traz em seu final algumas conclusões acerca dos resultados alcançados na pesquisa, ou seja, os principais fatores de competitividade regional do setor sucroenergético identificados no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e as implicações socioambientais associadas à expansão do agronegócio canavieiro no município de Uberaba/MG. As considerações apontam algumas críticas em relação a forma como o território vem sendo usado pelo setor sucroenergético, manifesto por uma seletividade espacial e por uma especialização regional produtiva que têm ocasionado, além de sérios problemas de ordem social e ambiental no campo, uma preocupante vulnerabilidade territorial nos municípios canavieiros.

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O DESENVOLVIMENTO DO SETOR SUCROENERGÉTICO NO BRASIL ___________________________________________________________________________

O cultivo e o processamento da cana-de-açúcar estão presentes no território brasileiro desde a época colonial, atividades que por muito tempo foram responsáveis pela sustentação do domínio econômico, político e social dos colonizadores portugueses. A atividade canavieira era basicamente destinada à produção do açúcar, valorizada mercadoria que ao longo do século XVI se transformou no principal artigo de comércio internacional, permitindo grandes ganhos econômicos aos europeus. De acordo com Simonsen (1969), os portugueses cultivaram inicialmente a cana-de-açúcar nas Ilhas Madeira e São Tomé desde meados do século XV, tendo introduzido a cultura na colônia brasileira somente a partir de 1530. Até a primeira metade do século XVII, o cultivo da cana-de-açúcar e a fabricação e comercialização do açúcar foram as principais atividades econômicas da colônia, quando a atenção da coroa portuguesa deslocou-se para a exploração de ouro em outras regiões do território, nos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Embora o primeiro empreendimento canavieiro construído no território brasileiro, o Engenho do Governador, tenha surgido na capitania de São Vicente (onde hoje é o estado São Paulo), em 1533 (SIMONSEN, 1969), até o século XIX a produção de cana-de-açúcar concentrou-se basicamente no litoral da região Nordeste, nos atuais estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia. De acordo com Simonsen (1969), a predominância da produção canavieira na faixa litorânea nordestina deveu-se principalmente às suas características naturais favoráveis à cultura e à proximidade em relação aos grandes centros consumidores europeus, num momento em que a navegação se processava em difíceis condições. Os engenhos eram implantados estrategicamente junto aos rios, que se constituíam como os principais canais de transporte do açúcar até os portos, de onde partiam as embarcações rumo a Portugal.

Entretanto, no decorrer da história a atividade canavieira sofreu diversas mudanças de natureza técnica e político-normativa, sobretudo após 1930. O principal evento neste sentido foi a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933, que marcou um período de

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tinha como objetivo proteger e fortalecer o setor no mercado interno e externo através da implementação de várias medidas de planejamento, controle (preços e ofertas) e estímulos à produção, à distribuição e à comercialização de açúcar e álcool, frente à Grande Depressão iniciada em 1929.

Durante a Segunda Guerra Mundial houve uma reconfiguração da ocupação canavieira no território brasileiro, com a formação de um novo polo de produção: o estado de São Paulo. Conforme explicam Szmrecsányi; Moreira (1991), havia muitas dificuldades de abastecimento da região Centro-Sul2 com açúcar proveniente do Nordeste, devido aos riscos de ataques submarinos às embarcações que trafegavam pela costa brasileira. A produção e o processamento da cana-de-açúcar em alguns estados da região permitiram sanar esta dificuldade. As diversas medidas estatais de estímulos ao setor, somadas a várias vantagens naturais e geoeconômicas (condições edafoclimáticas mais favoráveis, proximidade com grandes mercados consumidores, maior capacidade financeira para investimentos, parque industrial moderno e diversificado, infraestruturas de transporte e energia relativamente consolidadas) foram fatores cruciais que promoveram grande concentração espacial de usinas, sobretudo em São Paulo (MORAES, 2000; SZMRECSÁNYI, 1979).

Desde então, diversas políticas governamentais foram criadas para impulsionar o setor sucroalcooleiro e torná-lo um dos ramos mais significativos da economia agrícola brasileira, como o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar (Planalsucar) e o Programa de Racionalização da Agroindústria Canavieira, em 1971, e o Programa de Apoio à Indústria Açucareira, em 1973 (SZMRECSÁNYI, 1979). No entanto, a política mais importante para o setor foi o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), criado em 1975 com o objetivo de fomentar a produção e o consumo do álcool combustível (anidro e hidratado) em meio à crise de desabastecimento da gasolina e do diesel provocado pelo “choque do petróleo”3. Entre 1985 e 1989, quase 90% dos veículos vendidos no país eram movidos à álcool (MORAES, 2000). Todavia, a queda nos preços do petróleo e a crise financeira do Estado, que comprometeu o

1 Para contextualizar a periodização do setor e suas recentes mudanças, adotamos a expressão “setor

sucroalcooleiro” para referenciar a atividade entre 1930 e 2002, e a expressão “setor sucroenergético” de 2003 aos dias atuais.

2 A Região Centro-Sul é a porção do território brasileiro composta pelas macrorregiões geográficas do IBGE, Sul,

Sudeste e Centro-Oeste. Esta regionalização é muito utilizada no setor sucroenergético para diferenciar esta área da região Norte-Nordeste, com base em variáveis como calendário de safra, processo de modernização, etc.

3 Segundo Moraes (2000), o “choque do petróleo” foi uma crise gerada por sucessivas altas nos preços e nos cortes

das vendas do petróleo feitos pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo (OPEP), muito em função da decorrência de conflitos bélicos no Oriente Médio.

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etanol e no abandono do programa em 1989, bem como a extinção do IAA em 1990.

A partir da década de 1990 o setor sucroenergético passou novamente por profunda reorganização regulatória e reestruturação produtiva, fortemente influenciada por políticas estatais de viés neoliberal e abertura do mercado, o que inaugurou uma nova fase de expansão canavieira no Brasil.

Neste sentido, o presente capítulo tem como propósito descrever as principais mudanças que ocorreram no setor sucroenergético a partir da década de 1990 e como este se adaptou à atual conjuntura do agronegócio brasileiro. Este contexto gerou maior racionalidade técnica e gerencial ao setor e a busca por novos fatores geográficos de competitividade que determinaram as condições de localização dos novos empreendimentos agrícolas e agroindustriais.

1.1. AGRICULTURA CIENTÍFICA GLOBALIZADA E MODERNIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

A recente expansão do setor sucroenergético brasileiro ocorreu sobre a dinâmica do atual padrão produtivo moderno e hegemônico da agricultura brasileira, denominado por Santos (2010) de agricultura científica globalizada. Alguns autores (CASTILLO, 2007; 2011; ELIAS, 2003; 2007; 2013a; ARACRI, 2012; FREDERICO, 2013) têm utilizado esta abordagem para referenciar algumas transformações do território brasileiro provocadas pelo avanço e consolidação da moderna agropecuária empresarial, sobretudo em regiões cujo processo atrelado à expansão da fronteira agrícola moderna4 foi mais intenso em termos de capital e

tecnologia. De acordo com Castillo (2007) e Frederico (2013), a agricultura científica globalizada constitui o segundo e atual momento da modernização da agricultura brasileira, pautado basicamente no uso das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) no campo e na descentralização estatal da economia do agronegócio.

O processo de modernização das atividades agropecuárias e agroindustriais é um evento relativamente recente na formação socioespacial brasileira e está intrinsecamente associado com à expansão do meio técnico-científico-informacional (SANTOS, 2008; 2012) e

4 Segundo Frederico (2013, p. 6), “entende-se por fronteira agrícola moderna as áreas ocupadas por uma agricultura

intensiva em capital e tecnologia, em substituição à vegetação original, as áreas de pastagens e as formas tradicionais de agricultura praticadas por pequenos agricultores”.

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metade do século XX, a agropecuária nacional sofreu profundas reestruturações técnicas e político/organizacionais que transformaram completamente os aspectos produtivos, logísticos e comerciais, em que “uma agricultura de base local, cujos circuitos espaciais produtivos (SANTOS, 1986) eram circunscritos regionalmente, se sobrepôs uma agricultura moderna, cuja lógica de funcionamento transcende a escala local e até mesmo as fronteiras do território nacional” (FREDERICO, 2013, p. 3).

Segundo Gonçalves Neto (1997) e Mazzali (2000), a constituição de uma sociedade cada vez mais urbano-industrial e de uma conjuntura internacional favorável às exportações permitiu o aumento da demanda de produtos agropecuários e a sua diversificação, bem como sua padronização e a mundialização do comércio e do consumo de derivados (alimentos semiprontos, congelados, enlatados, lácteos, doces, massas, óleo de soja, bebidas, etc.). No primeiro período (1960 a 1990), segundo Delgado (1985), Gonçalves Neto (1997) e Graziano da Silva (1998), três fatores foram fundamentais na modernização da agropecuária brasileira: 1) a instalação de empresas multinacionais de bens de capital e de produção (maquinários, implementos, fertilizantes, defensivos, sementes, rações, medicamentos) e de processamento agroindustrial; 2) os incentivos governamentais atrelados às políticas financeiras, tecnológicas, fiscais, fundiárias e infraestruturais; 3) avanço das pesquisas agropecuárias para fins de melhoramento do setor em instituições públicas e privadas. Para Castillo (2007) e Frederico (2013) esse momento se caracteriza pela internalização do paradigma da Revolução Verde5, na formação dos Complexos Agroindustriais (CAI’s)6 e na intensa regulação e centralização da

economia agrícola pelo Estado7.

5 De acordo com Delgado (1985) o paradigma da Revolução Verde baseava-se na implementação do pacote de

inovações científico-tecnológicas (mecânicas, físico-químicas e biológicas) advindo de países desenvolvidos (Europa e EUA) nos processos de produção agrícola. As inovações compreendiam maquinários e implementos agrícolas, fertilizantes e defensivos químicos, mudas e sementes melhoradas, calendário agrícola, irrigação, rações e medicamentos para animais, etc. Para o autor (1985, p. 96), a Revolução Verde "combina inovações físico-químicas e mecânicas com a criação de variedades vegetais altamente exigentes em adubação química e irrigação...", pelo menos para alguns produtores, culturas e regiões.

6 O termo “Complexo Agroindustrial” é utilizado por vários autores, como Muller (1989), Graziano da Silva

(1998), Mazzali (2000), para explicar a nova dinâmica da agricultura brasileira que desponta a partir da década de 1960, pautada na intensa subordinação e/ou integração da agricultura à indústria e a outros setores da economia de forma geral. De acordo com Muller (1989, p. 45), podemos entender o Complexo Agroindustrial como “o conjunto formado pela sucessão de atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais. Atividades tais como: a geração destes produtos, seu beneficiamento/transformação e a produção de bens de capital e de insumos industriais para atividades agrícolas; ainda: a coleta, a armazenagem, o transporte, a distribuição dos produtos industriais e agrícolas; e ainda mais: o financiamento, a pesquisa e a tecnologia, e a assistência técnica”.

7 Conforme Delgado (1985), Gonçalves Neto (1997), Graziano da Silva (1998) e Mazzali (2000), foram várias as

políticas deliberadas pelo Estado para viabilizar o processo de modernização da agricultura brasileira: fornecimento de crédito subsidiado para custeio, investimento e comercialização de produtores rurais e

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e poupança pública negativa) e monetária (inflação, desvalorização cambial) vivenciada pelo Estado brasileiro e a crise econômica internacional (sobretudo associada aos transtornos provocados pelas sucessivas altas do petróleo), provocaram novas mudanças de ordem técnica e normativa no setor agropecuário brasileiro. Essas mudanças estavam ligadas à redução do aparato estatal no processo de modernização do campo (retração na oferta do crédito e nos investimentos em infraestrutura), à gradativa centralização dos investimentos e regulação do comércio pelas grandes empresas, e à reestruturação tecnológica e organizacional (MAZZALI, 2000; DELGADO, 2012).

Frederico (2013), a partir de Mazzali (2000), explica que com essas mudanças, um novo modelo de organização do agronegócio emergiu no Brasil a partir de 1990. De acordo com o autor, este modelo diferencia-se do padrão anterior graças a três aspectos básicos: a) aperfeiçoamento e, em certa medida, a superação do padrão tecnológico difundido pelo paradigma da Revolução Verde, com a adoção das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) como a informática, a microeletrônica, a biotecnologia, a engenharia genética e a formação e transmissão de bancos de dados; b) o aumento das exportações de produtos primários (soja, milho, açúcar, café em grão, carnes, etc., de baixo valor agregado) em detrimento dos produtos processados; c) e a menor atuação do Estado como o principal regulador da agricultura, com a privatização e/ou sucateamento da maioria das empresas e instituições públicas responsáveis pelos diferentes aspectos da produção agrícola. Assim:

Juntamente com a “desregulamentação” dos mercados e a maior abertura comercial houve também uma maior internacionalização dos circuitos espaciais produtivos agrícolas. O padrão agrícola pautado nos complexos agroindustriais e na centralidade do Estado cede lugar a uma agricultura científica globalizada organizada em rede (Mazzali, 2000), cuja produção tem uma referência mundial – sobretudo, por meio da especialização na produção de commodities -, regulada pelas grandes corporações e refém das oscilações das cotações das principais bolsas de valores (FREDERICO, 2013).

Embora o Estado tenha reduzido drasticamente a sua regulação na economia do agronegócio, algumas de suas competências ainda são fundamentais para o desenvolvimento

agroindústrias (Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR); garantia de preço mínimo e seguro de safra aos produtores rurais e comerciantes; estímulos fiscais e econômicos à instalação de empresas transnacionais do ramo agrícola (bens de capital e de produção) e agroindustrial; criação e articulação de empresas públicas de pesquisa agropecuária (como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, criada em 1973) com grandes empresas; oferta de assistência técnica e incentivo à extensão rural (como a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, EMBRATER, criada em 1974 e extinta em 1990); criação de uma rede de armazéns públicos; investimentos em sistemas de transporte (rodovias, ferrovias, portos) e energia (produção e transmissão); e promoção da ocupação e colonização de fronteiras agrícolas.

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fornecimento de crédito para custeio, investimento e comercialização, a construção e ampliação/modernização de sistemas logísticos (ferrovias, rodovias, hidrovias, portos), a fiscalização do mercado (via agências reguladoras), a concessão de incentivos fiscais e econômicos, a promoção das exportações, a formação de mão de obra qualificada, etc. (CASTILLO; FREDERICO, 2010a). Estas ações fortalecem o mercado e viabilizam a fluidez dos circuitos espaciais produtivos, sobretudo de commodities agrícolas.

Contudo, a maior participação de agentes privados altamente capitalizados e financeirizados no agronegócio permitiu, além do maior controle das etapas de produção e circulação das mercadorias, o aumento significativo dos investimentos em ampliação e modernização dos segmentos agrícola, agroindustrial, logístico e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). No que concerne à P&D, a busca pelo aumento da produtividade, pela redução de custos, pelo ganho de eficiência e pela maximização dos lucros das grandes firmas motivaram investimentos e a difusão de diversas inovações científico-tecnológicas nos últimos anos, culminando na expansão da fronteira agrícola moderna no território brasileiro (FREDERICO, 2013). Segundo Elias (2003), a aplicação de procedimentos e métodos científicos nas várias etapas da produção agropecuária e agroindustrial marca uma nova racionalidade técnica no campo, consolidando uma verdadeira agricultura científica. Os principais resultados deste novo padrão agrícola foram: o maior controle sobre as condições naturais, o relativo aumento da produtividade (trabalho e terra), redução dos custos de produção, o encurtamento do ciclo vegetativo e a constituição de uma logística mais eficiente (ELIAS, 2003; 2007; 2013a). Isto favoreceu a ampliação dos lucros e o retorno mais rápido dos investimentos realizados pelas grandes empresas.

Para Santos (2010), esse tipo de agricultura é exigente em ciência, tecnologia e informação e demanda uma enorme racionalidade externa, como o uso de modernos bens de capital e produção (insumos químicos, mecânicos e biológicos) e a padronização dos procedimentos (preparação do terreno, plantio, tratos culturais, colheita, armazenamento, transporte, beneficiamento e comercialização). De acordo com Castillo (2008), a crescente adoção de parâmetros internacionais de qualidade e custos, em prol da maior eficiência produtiva e da competitividade, tem resultado numa nova divisão territorial do trabalho, cujo controle técnico e principalmente político (regulação) passa a ser desempenhado por agentes situados em lugares distantes da produção. Tal condição, segundo o autor, submete lugares, regiões e territórios aos ditames preponderantes do mercado e causam uma situação de extrema

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grandes empresas, aos especuladores financeiros e às instabilidades do mercado internacional. São fatores de uma lógica exógena que segundo Frederico (2013), produtores não podem prever e nem mesmo controlar. Neste contexto, Santos; Silveira (2010) afirmam que a agricultura globalizada transformou-se também em uma atividade corporativa, pois

A atividade [a agricultura moderna] é subordinada aos mandamentos das empresas: na escolha induzida das sementes e das espécies; na condução e na fiscalização dos processos; no uso do crédito oferecido, às vezes a taxas menores que as dos bancos comerciais e, na sua contrapartida, dos contratos de exclusividade. Tais empresas também oferecem assistência técnica e influenciam as formas de colheita, de coleta e de transporte. Temos assim uma produção quantitativamente ampliada em relação aos padrões técnicos e capitalistas anteriores e, de outro lado, uma circulação restrita graças ao conjunto de condições de racionalização introduzidas nas diversas áreas modernizadas por meio do nexo corporativo. Pode-se dizer que tal mecanismo conduz ao crescimento econômico, mas à custa da perda do controle de seu destino pelas regiões assim modernizadas (SANTOS; SILVEIRA, 2010, p. 292).

Considerando essa a nova (e atual) conjuntura do campo moderno brasileiro, concordamos com Santos (2010) quando defende que:

Podemos agora falar de uma agricultura científica globalizada. Quando a produção agrícola tem uma referência planetária, ela recebe influência daquelas mesmas leis que regem os outros aspectos da produção econômica. Assim, a competitividade, característica das atividades de caráter planetário, leva a um aprofundamento da tendência à instalação de uma agricultura científica. Esta, como vimos, é exigente de ciência, técnica e informação, levando ao aumento exponencial das quantidades produzidas em relação às superfícies plantadas. Por sua natureza global, conduz a uma demanda extrema de comércio. O dinheiro passa a ser uma “informação” indispensável (SANTOS, 2010, p. 88-89).

Como o dinheiro se tornou uma “informação” indispensável, a dinâmica atual da agropecuária brasileira também é marcada por um forte movimento de financeirização dos seus agentes e do mercado (BALESTRO; LOURENÇO, 2014; DELGADO, 2012; FREDERICO, 2013). A crescente dependência do setor pelo crédito agrícola e agroindustrial e a condução das ações de grandes empresas pelo sistema financeiro constituem-se aspectos centrais da financeirização. As atividades do agronegócio, que já passavam por forte processo de oligopolização, principalmente nos segmentos de fabricação de insumos (químicos, mecânicos e biológicos), produção e processamento vegetal e animal, comercialização e logística de commodities (tradings); agora passam também a ser controladas por poderosas holdings e grupos financeirizados, detentores de boa parte das ações de grandes empresas do agronegócio (OLIVEIRA, A. U., 2015). Castillo et al. (2016) observam que além destes, recentemente verifica-se a presença de representantes do capital financeiro internacional nas atividades do

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