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A proteção jurídica conferida ao trabalhador estudante pelo ordenamento jurídico brasileiro.

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CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

LUCAS DE OLIVEIRA BATISTA

A PROTEÇÃO JURÍDICA CONFERIDA AO TRABALHADOR

ESTUDANTE PELO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

SOUSA - PB

2011

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A PROTEÇÃO JURÍDICA CONFERIDA AO TRABALHADOR

ESTUDANTE PELO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS

da Universidade Federal de Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Professora Ma. Geórgia Graziela Aragão de Abrantes.

SOUSA - PB

2011

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A P R O T E Q A O JURJDICA C O N F E R I D A A O T R A B A L H A D O R E S T U D A N T E P E L O O R D E N A M E N T O JURJDICO B R A S I L E I R O

Monografia a p r e s e n t a d a a Banca E x a m i n a d o r a do Curso de Direito do Centro de Ciencias Juridicas e Sociais C C J S - U F C G ; c o m o requisito para a o b t e n c a o do titulo de bacharel e m Direito. Orientador (a): Georgia Graziela A r a g a o de A b r a n t e s

Banca E x a m i n a d o r a : Data d e A p r o v a g a o : 31 de maio de 2011

O r i e n t a d o r a : Georgia Graziela A r a g a o de A b r a n t e s

Examinador: Paulo A b r a n t e s de Oliveira

Examinador: Marcio Flavio Lins Souto

S O U S A 2011

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aqueles que nao a c r e d i t a r a m q u e isto aconteceria, estes m e d e r a m a forca que faltava nos m o m e n t o s dificeis.

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q u a n d o quiser, de d e s c a n s a r c o m o quiser, de morrer c o m o quiser, de viver aonde quiser, de m o v e r - s e pela f a c e do planeta livremente s e m p a s s a p o r t e s , por que o planeta e dele, o planeta e n o s s o , tern direito de pensar o que ele quiser, d e escrever o que ele quiser, de d e s e n h a r , de pintar, de cantar, de c o m p o r o q u e ele quiser.

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A p r e s e n t e pesquisa cientifica tern por objetivo mostrar a e v o l u c a o j u r i d i c a d o s Direitos d o T r a b a l h a d o r , a p r e s e n t a n d o o historico da relagao T r a b a l h a d o r - Patrao, a partir d o s u r g i m e n t o do Direito Material do T r a b a l h o p a s s a n d o pelas c o n q u i s t a s de direitos pelos 'trabalhadores ao longo dos seculos ate os dias atuais. D e s t a c a - s e , c o n t u d o , a luta recente do trabalhador estudante pelo direito a Jornada de trabalho e s p e c i a l , para assistir aulas e realizar avaliacoes, q u a n d o estas nao p u d e r e m ser l e c i o n a d a s e m horario diverso do de sua Jornada normal de trabalho, f a z e n d o uso do Direito Brasileiro c o m p a r a d o ao Direito Portugues, no qual o trabalhador e s t u d a n t e ja p o s s u i legislagao propria, o n d e sao r e g u l a m e n t a d o s t o d o s os s e u s direitos. R e s s a l t e - s e ainda, a d e m o r a excessiva da tao a l m e j a d a reforma trabalhista, que deveria ser p r o m u l g a d a de m o d o a cerrar as lacunas existentes na C o n s o l i d a g a o d a s Leis d o T r a b a l h o , a l e m de regulamentar os direitos garantidos na Constituigao Federal de 1988 que ainda c a r e c e m de Lei infraconstitucional c o m p l e m e n t a r . Para tanto, fez-se necessario reunir e analisar a doutrina, legislagao, j u r i s p r u d e n c i a e p o s s i v e i s artigos cientificos ja publicados sobre o t e m a , utilizando-se de tres m e t o d o s de pesquisa cientifica: o hipotetico-indutivo, c o m o m e t o d o d e a b o r d a g e m e os m e t o d o s historico-comparativo e o exegetico-juridico, c o m o m e t o d o s de p r o c e d i m e n t o .

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T h i s scientific research a i m s to show the evolution of the Legal Rights of W o r k e r s , presenting t h e history of the relationship W o r k e r - Policyholder Services, f r o m the e m e r g e n c e of the Labour L a w Material passing t h r o u g h the a c h i e v e m e n t s of w o r k e r s rights t h r o u g h o u t t h e centuries until today. It is noteworthy, however, t h e recent struggle of the w o r k i n g student for the right to special working hours to attend classes and evaluations, w h e n t h e s e can not be taught in a time different f r o m their n o r m a l w o r k i n g day, m a k i n g use of right c o m p a r e d to Brazilian P o r t u g u e s e law, in w h i c h the student w o r k e r already has its o w n legislation, w h i c h are regulated all their rights. It should be noted also, the excessive delay of the m u c h longed for labor reform, w h i c h s h o u l d be e n a c t e d so as to close loopholes in the Consolidation of Labor L a w s , b e s i d e s regulating the rights g u a r a n t e e d in the Constitution of 1988 that still require additional infra L a w . T o this e n d , it w a s necessary to gather and a n a l y z e doctrine, legislation, j u r i s p r u d e n c e and possible papers already published on t h e subject, using three m e t h o d s of scientific research: the hypothetico-inductive m e t h o d as a p p r o a c h e s and methods-historical exegetical and comparative-legal, as m e t h o d s of p r o c e d u r e .

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1. INTRODUQAO 10 2. SURGIMENTO E EVOLUQAO DO DIREITO DOS TRABALHADORES 13

2.1 ANTES E DEPOIS DA REVOLUgAO INDUSTRIAL 13 2.2 CARACTERISTICAS DA LEGISLAGAO TRABALHISTA RECEM CRIADA E SUA

EVOLUQAO ATE OS DIAS ATUAIS 17 2.3 SURGIMENTO E EVOLUQAO DO DIREITO TRABALHISTA BRASILEIRO 19

2.4 ORGANIZAQAO INTERNACIONAL DO TRABALHO 24 2.5 NORMAS JURIDICAS DE DIREITO DO TRABALHO 26 2.6 PRINCIPIOS BASILARES DO DIREITO DO TRABALHO 27 3. PRINCIPAIS DIREITOS SOCIAIS CONQUISTADOS PELOS TRABALHADORES

BRASILEIROS 33 3.1 DIREITO AO SALARIO 33

3.2 DIREITO A REPOUSO SEMANAL REMUNERADO 35 3.3 DIREITO A FERIAS E ADICIONAL DE FERIAS 37 3.4 DIREITO A GRATIFICAQAO N A T A L I N A 39 3.5 DIREITO AO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVigO 41

3.6 DIREITO AO AVISO PREVIO 43 3.7 DIREITO A SEGURANQA E SAUDE NO TRABALHO 45

3.8 DIREITO A JORNADA DE TRABALHO JUSTA E O INSTITUTO DA

COMPENSACAO DE HORAS 47

3.9 D I R E I T O A E D U C A Q A O 50

4. ESPECIES DE TRABALHADORES ESTUDANTES E SUA RESPECTIVA PROTEQAO

JURIDICA 54 4.1 CONSIDERAgOES GERAIS 54

4.2 DA PROTECAO JURiDICA CONFERIDA AO TRABALHADOR ESTUDANTE

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4.4 DA PROTEQAO CONFERIDA AO SERVIDOR PUBLICO FEDERAL ESTUDANTE 64 4.5 DA PROTEQAO JURIDICA AOS DEMAIS TRABALHADORES ESTUDANTES

BRASILEIROS 68 4.6 CONSIDERACOES A RESPEITO DO PROJETO DE LEI N°. 4.475 DE 2008 69

5. CONSIDERACOES FINAIS 73 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 75

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1 I N T R O D U Q A O

O p r e s e n t e trabalho cientifico tenta enfatizar a analise do s u r g i m e n t o e da e v o l u g a o dos direitos do trabalhador, a p r e s e n t a n d o a relacao entre o t r a b a l h a d o r e o t o m a d o r de servigos ao longo dos seculos ate os dias atuais, f o c a n d o - s e na luta

atual dos t r a b a l h a d o r e s e s t u d a n t e s brasileiros p a r a " que seja r e c o n h e c i d o e r e s g u a r d a d o seu direito a e d u c a g a o , caracterizado principalmente, por u m a Jornada d e trabalho especial, para que p o s s a m trabalhar s e m c o m p r o m e t e r s e u s e s t u d o s , assistindo aulas ate m e s m o e m horario de trabalho, d e s d e que e s t a s nao p o s s a m ser lecionadas e m horario diverso, d i s p o n d o de maior t e m p o livre e m dias que a n t e c e d e m as avaliagoes para que p o s s a m estudar urn p o u c o mais, d e n t r e outras situagoes a p r e s e n t a d a s ao longo d o s capitulos.

P r o p o e - s e , no primeiro capitulo, d e m o n s t r a r os fatos e os valores existentes na relagao de trabalho, que, infelizmente, apesar de i n t e n s a m e n t e ativos na s o c i e d a d e , e s t a o c o m estruturas normativas a b s o l u t a m e n t e u l t r a p a s s a d a s , o que tern prejudicado c a d a v e z mais o relacionamento entre o trabalhador e seu patrao, criando i m p a s s e s diante d a globalizagao que a cada dia acelera m a i s as relagoes entre os c i d a d a o s .

Diante da t a m a n h a velocidade d a evolugao das relagoes h u m a n a s , o direito a p a r e n t e m e n t e para no t e m p o , prejudicando por d e m a i s a s o c i e d a d e q u e d e l e necessita, a Consolidagao d a s Leis do T r a b a l h o , por e x e m p l o , possui 6 7 a n o s de vigencia e esta m a i s do que na hora de "aposenta-la". Muita coisa m u d o u d e s d e 1° de Maio de 1943, q u a n d o o Decreto Lei e m questao fora p r o m u l g a d o pelo e n t a o P r e s i d e n t e do Brasil Getulio V a r g a s , e, no entanto, as tentativas de reformas nao o b t i v e r a m s u c e s s o , a p e s a r d e tantas e m e n d a s que q u a n d o f o r a m v o t a d a s e a p r o v a d a s pelo C o n g r e s s o Federal, ja e s t a v a m t a m b e m ultrapassadas.

N a o obstante tais tentativas, o Direito Trabalhista Brasileiro tern c o n t i n u a d o deficiente e m varias materias, que s a o tratadas, a p e n a s e m a l g u m a s C o n v e n g o e s Coletivas de T r a b a l h o , o q u e beneficia alguns, m a s prejudica muitos t r a b a l h a d o r e s , pois estes A c o r d o s Coletivos a p e n a s a b r a n g e m u m a classe de t r a b a l h a d o r e s . Dentre as materias mais deficientes e m t e r m o s de normatizagoes esta a parte que trata d o s Direitos do trabalhador estudante, o agente principal e razao desta

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Seria u m g r a n d e erro discutir a importancia de tais C o n v e n g o e s Coletivas g a r a n t i d a s ate pela Constituigao Federal de 1988, todavia d e v e - s e i n c u m b i - l a s a p e n a s de tratar de q u e s t o e s de cada profissao, de cada classe de trabalhador. A l g u m a s protegoes j u r l d i c a s , c o m o por e x e m p l o , a protegao ao t r a b a l h a d o r e s t u d a n t e , d e v e m ser inseridas e m regras gerais, a b r a n g e n d o e b e n e f i c i a n d o t o d o s os t r a b a l h a d o r e s , s e m distingao por classe, g e n e r o , religiao, ou qualquer outra.

P e r c e b e - s e a g r a n d e evolugao do direito trabalhista d e s d e o ultimo seculo, p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o aliado aos p e n s a m e n t o s de justiga social f o r m u l a d o s inicialmente no seculo XIX e a p r i m o r a d o s a cada dia, e s p e c i a l m e n t e c o m o s u r g i m e n t o d o s direitos sociais, que tern por objetivo aproximar a s relagoes entre e m p r e g a d o e e m p r e g a d o r , afastando a p e n a s o lado e c o n o m i c o do trabalho, e l e v a n d o a importancia de principios c o m o os da d i g n i d a d e e da s o l i d a r i e d a d e do trabalho e eliminando as nogoes escravistas do trabalho de outrora, o n d e o t r a b a l h a d o r nao p o s s u i a direitos, a p e n a s obrigagoes.

Diante d e s s a evolugao surgiram diversos direitos que c o m o passar d o s a n o s f o r a m s e n d o positivados e garantidos aos trabalhadores. Os principals direitos c o n q u i s t a d o s s e r a o tratados no s e g u n d o capitulo, que explanara tais direitos, de u m ponto de vista critico, a p r e s e n t a n d o a opiniao de doutrinadores e o descrito na Constituigao Federal de 1988 e nas Leis Trabalhistas e m vigor.

No t o c a n t e ao trabalhador que estuda, a Consolidagao d a s Leis do T r a b a l h o tutela a p e n a s os direitos do e m p r e g a d o e s t u d a n t e menor de idade, e s q u e c e n d o o legislador de m e n c i o n a r no diploma legal, os Direitos dos T r a b a l h a d o r e s m a i o r e s de idade, direitos estes q u e d e v e r a o ser elucidados, no terceiro capitulo, c o m f u n d a m e n t o nas novas t e n d e n c i a s do direito do trabalho brasileiro e internacional, d e m o n s t r a n d o - s e q u e t o d o s os trabalhadores que se e n c o n t r a m nesta situagao p o s s u e m direitos q u e d e v e m ser s a l v a g u a r d a d o s .

E necessaria, entretanto, a analise de a m b a s as partes na relagao, e nao a p e n a s do trabalhador, s a b e - s e que cada hora a m e n o s t r a b a l h a d a e u m a hora de prejuizo para o t o m a d o r de servigos, e n t a o ha de se buscar uma solugao justa para t o d o s , o n d e n e n h u m a parte saia prejudicada, pois so a s s i m , este direito poderia ser r e s g u a r d a d o na realidade e nao a p e n a s normatizado, fator q u e implica sua f r e q u e n t e violagao, c o m o ocorre c o m tantos direitos d o s brasileiros. Ressalte-se a i n d a q u e , esta solugao d e v e resolver o conflito existente entre direito a E d u c a g a o e Direito ao T r a b a l h o , direitos f u n d a m e n t a l s garantidos c o n s t i t u c i o n a l m e n t e , q u e

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e n t r a m e m colisao q u a n d o o trabalhador tenta qualificar-se atraves do e s t u d o , m a s e i m p e d i d o por nao dispor de t e m p o suficiente para isso, devido a Instituicao de Ensino nao aplicar aulas e m horario diverso de sua Jornada de trabalho n o r m a l , por necessitar fazer horas extras, c o m o e de praxe e m t o d a s as profissoes, s e n d o , m u i t a s v e z e s , transferido para local distante do de suas aulas, dentre varias outras razoes, conflito nao dirimido pela legislagao trabalhista brasileira, que e m n o r m a s gerais e a b s o l u t a m e n t e o m i s s a , d e i x a n d o para a negociagao e o d i a l o g o c o m os e m p r e g a d o r e s , q u e na maioria das v e z e s nao c o m p r e e n d e m q u e q u a n t o m a i s o t r a b a l h a d o r esforgar-se e qualificar-se, melhor fara seu servigo, b e n e f i c i a n d o a t o d o s q u e integram a relagao.

Para a concretizagao deste ideal seria necessario u m e s t u d o m a i s a p r o f u n d a d o da doutrina sobre o assunto, que por c o n s i d e r a d o b a s t a n t e p o l e m i c o e/ou por prejudicar, num p e n s a m e n t o inicial, os t o m a d o r e s de servigo, q u e s a o os que v e r d a d e i r a m e n t e c o m a n d a m o pais, decidindo qual lei pode ser v o t a d a ou nao, qual d e v e ser a p r o v a d a , ou nao, e praticamente e s q u e c i d o pela maioria d o s d o u t r i n a d o r e s , o q u e torna mais dificil a pesquisa, m e s m o a s s i m , d e v e - s e , a q u a l q u e r custo, tentar mudar o p a n o r a m a existente.

Destarte, c o m o t o d o s os direitos dos t r a b a l h a d o r e s , este nao sera r e c o n h e c i d o s e m lutas, e este trabalho e a p e n a s u m a f o r m a de reunir e analisar toda a doutrina, legislagao, jurisprudencia e possiveis artigos cientificos ja p u b l i c a d o s s o b r e o a s s u n t o , utilizando-se de tres m e t o d o s de pesquisa cientifica: o hipotetico-indutivo, c o m o m e t o d o de a b o r d a g e m , o n d e sao analisadas situagoes e n v o l v e n d o as e s p e c i e s de t r a b a l h a d o r e s e s t u d a n t e s que p o s s u e m o direito a e d u c a g a o a s s e g u r a d o pela legislagao especifica, para u m a analise geral d a s d e m a i s e s p e c i e s de t r a b a l h a d o r e s ; os m e t o d o s historico-comparativo e o exegetico-juridico, c o m o m e t o d o s de p r o c e d i m e n t o , d e m o n s t r a n d o o historico d o s direitos d o s t r a b a l h a d o r e s e a c o m p a r a g a o dos direitos entre os trabalhadores e s t u d a n t e s brasileiros e Portugueses, u m a vez q u e , e m Portugal, t e m - s e u m diploma legal e s p e c i f i c o que r e s g u a r d a o direito a e d u c a g a o do trabalhador e s t u d a n t e .

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2 S U R G I M E N T O E E V O L U Q A O D O S D I R E I T O S D O S T R A B A L H A D O R E S

A o tentar buscar a origem de u m Direito e c o m u m pesquisar inicialmente no Direito R o m a n o , entretanto, q u a n d o se trata d o s Direitos d o s T r a b a l h a d o r e s , a principio, e m R o m a nao se encontra o potencial necessario para v i s l u m b r a r a e s s e n c i a j u r i d i c a deste t e m a . Em contraposto, nao se pode negar a existencia d a primeira f o r m a de trabalho naquela civilizagao: a escravidao. O trabalho era tao s o m e n t e u m a f o r m a de castigo, uma penalidade, os que e r a m reduzidos a esta situacao e r a m h u m i l h a d o s e d e s p r o v i d o s de honra, o que t o m o u distante a ideia central d o direito trabalhista, qual seja, a de que o trabalho e u m a f o r m a de tornar d i g n a a pessoa h u m a n a e nao u m a mera obrigagao c o m carater penalizador voltado a c r i m i n o s o s e desfavorecidos financeiramente.

A n o c a o de trabalho supracitada tardou bastante a modificar-se, t e n d o u m a m i n i m a e v o l u g a o c o m o s u r g i m e n t o dos Colegios de A r t e s a o s R o m a n o s , que p r o v a v e l m e n t e , por constituirem-se c o m o instituigoes de f u n d o religioso p u d e r a m o b s e r v a r a n e c e s s i d a d e da divisao d a s atividades, atribuindo o devido valor a c a d a fungao, por perceber que t o d o s e r a m indispensaveis, este fato e c o n s i d e r a d o por a l g u n s d o u t r i n a d o r e s , c o m o , por e x e m p l o , R u s s o m a n o (1984, p. 08), "o inicio do

sindicalismo".

A d e m a i s , pouca evolugao houve no c a m p o d o s direitos trabalhistas, q u e so v i e r a m a progredir n o v a m e n t e c o m o advento d a Revolugao Industrial.

2.1 A N T E S E D E P O I S DA R E V O L U Q A O I N D U S T R I A L

No p e r i o d o pre-revolugao industrial o exercicio d a atividade laborativa deixa d e ser exercida no circulo familiar, p a s s a n d o a ser realizada por tres tipos d e p e s s o a s : os e s c r a v o s , q u e na e p o c a e r a m s e r e s h u m a n o s tratados c o m o coisas, a s s i m c o m o t a m b e m no p e r i o d o romano, s e n d o postos a m a r g e m da s o c i e d a d e , s e m possuir n e n h u m direito, n e m ao m e n o s p o d i a m ser e q u i p a r a d o s a u m sujeito de direitos; os servos ou v a s s a l o s , q u e nao diferiam muito d o s e s c r a v o s , j a q u e nao p o s s u i a m u m a condigao livre, pois e r a m obrigados a trabalhar nas terras d o s

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s e n h o r e s f e u d a i s , e n t r e g a n d o a estes a maior parte do fruto de seu t r a b a l h o , e m troca a p e n a s d a autorizacao para trabalhar m a i s na terra e de a l g u m tipo d e p r o t e c a o militar e politica, s e m possuir n e n h u m direito; e os t r a b a l h a d o r e s d a s C o r p o r a g o e s de Oficios, a s s o c i a c o e s b e m o r g a n i z a d a s h i e r a r q u i c a m e n t e , c o m p o s t a s por mestres, auxiliares (ou c o m p a n h e i r o s ) e a p r e n d i z e s . A p e s a r de p o s s u i r e m u m a o r d e m j u r i d i c a bastante arcaica, c o m p a r a d a a o s dias atuais e c o m o objetivo principal de regular a produgao artesanal, cada c o r p o r a g a o p o s s u i a u m estatuto e neste, a l g u m a s normas ja disciplinavam a relagao de trabalho d a n d o u m p o u c o de liberdade aos t r a b a l h a d o r e s . Nestes t e r m o s , posiciona-se Martins ( 2 0 0 5 , p. 38):

Os mestres eram os proprietaries das oficinas, que ja tinham passado pela prova da obra-mestra. Os companheiros eram trabalhadores que percebiam salarios dos mestres. Os aprendizes eram menores que recebiam dos mestres o ensino metodico do oficio ou da profissao. Havia nessa fase da Historia um pouco mais de liberdade ao trabalhador; os objetivos, porem, eram os interesses das corporagoes mais do que conferir qualquer protecao aos trabalhadores. As corporagoes de oficio tinham como caracteristicas: (a) estabelecer uma estrutura hierarquica; (b) regular a capacidade produtiva; (c) regular a tecnica de produgao.

C o n s t a t a - s e q u e a Liberdade foi o primeiro direito c o n q u i s t a d o pelos t r a b a l h a d o r e s , o m a i o r e m a i s importante de t o d o s , pois d e l e d e c o r r e u a c a p a c i d a d e d e lutar por outros direitos. Esta luta a c o m p a n h o u e d e s e n v o l v e u - s e ao longo d a R e v o l u g a o industrial c o m a ajuda de alguns fatores essenciais tais c o m o : o a u m e n t o d a linha de produgao, que d e m a n d a v a auxilio de mais p e s s o a s ; a q u e d a do Estado Liberal, q u e d e u lugar ao Neoliberal, c o m o Estado p a s s a n d o a interferir na relagao de t r a b a l h o , d i f e r e n t e m e n t e , do que ocorria a n t e s , q u a n d o o t o m a d o r d e servigos, q u e podia impor o q u e q u i s e s s e s e m que o trabalhador p u d e s s e ao m e n o s negociar; a ideia de justiga social, a p o i a d a pela Igreja Catolica que na e p o c a , ainda d i s p u n h a de bastante poder politico e e c o n o m i c o , pois tinha c o m o objetivo principal lutar contra a q u e s t a o social, pautada no e n r i q u e c i m e n t o dos t o m a d o r e s de servigos, e m c o n t r a p o s i g a o ao e m p o b r e c i m e n t o d o s t r a b a l h a d o r e s d a e p o c a , e x p l o r a d o s d i a r i a m e n t e , e d e s p r o v i d o s de protegao juridica, labutando na maioria d a s v e z e s , e m c o n d i g o e s precarias de trabalho.

A e v o l u g a o d o s direitos dos t r a b a l h a d o r e s possui relagao intrinseca c o m o s fatos historicos ocorridos na Revolugao Industrial, pois alguns e s t u d i o s o s a f i r m a m

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constituir tal revolugao o fato que deu ensejo ao nascimento do Direito do T r a b a l h o p r o p r i a m e n t e dito. Neste sentido, assevera N a s c i m e n t o (2004, p.46): "O direito do

trabalho nasce com a sociedade industrial e o trabalho assalariado".

A q u e s t a o social foi a inspiragao que o proletariado n e c e s s i t a v a , os t r a b a l h a d o r e s p a s s a r a m a ter consciencia de o q u a n t o e r a m e x p l o r a d o s e que todo o fruto de s e u arduo trabalho ficava nas m a o s de s e u s superiores, e n t a o d e c i d i r a m se unir, f o r m a n d o os primeiros sindicatos que surgiram apos i n u m e r a s lutas, ate que o E s t a d o admitisse o direito a uniao d o s trabalhadores, d a i e m diante, os direitos d o s t r a b a l h a d o r e s f o r a m surgindo e s e n d o positivados d a n d o origem ao Direito Material do T r a b a l h o , c o m o trabalhador livre e unido b u s c a n d o s e m p r e m e l h o r e s c o n d i g o e s de t r a b a l h o .

Interessante ressaltar as palavras de Martins (2005, p. 4 0 ) :

Dai nasce uma causa juridica, pois os trabalhadores comecaram a reunir-se, a associar-reunir-se, para reivindicar melhores condigoes de trabalho e de salarios, diminuicao das jornadas excessivas (os trabalhadores prestavam servigos por 12, 14 ou 16 horas diarias) e contra a exploragao de menores e mulheres. Substituia-se o trabalho adulto pelo das mulheres e menores, que trabalhavam mais horas, percebendo salarios inferiores. A partir desse momento, surge uma liberdade na contratagao das condigoes de trabalho. O Estado, por sua vez, deixa de ser abstencionista, para se tornar intervencionista, interferindo nas relagoes de trabalho.

A o s p o u c o s estes direitos f o r a m s e n d o reconhecidos, o direito a contratagao passaria a ser regrado por contrato assinado e f i r m a d o pelo t o m a d o r e pelo prestador de servigos; o direito a uma Jornada de trabalho justa foi c o n t i n u a d a m e n t e reivindicado, modificando-a para lapsos de t e m p o cada vez m e n o r e s e mais aceitaveis; o direito ao salario; a proibigao da exploragao de m e n o r e s e m u l h e r e s , dentre o u t r o s direitos que t a m b e m f o r a m s e n d o a s s e g u r a d o s c o m o passar dos a n o s .

M e s m o diante d e s s e s avangos, o trabalhador ainda e n c o n t r a v a - s e e m situagao a d v e r s a , pois os patroes e r a m t a m b e m os detentores d o s m e i o s de p r o d u g a o , e por e s s e motivo, s e m p r e regulavam a f o r m a c o m o se realizaria a atividade d o s e m p r e g a d o s . O trabalhador necessitava entao, nao so de n o r m a s q u e o r g a n i z a s s e m e p r o t e g e s s e m as relagoes trabalhistas, m a s s i m , q u e f o s s e a s s e g u r a d o o c u m p r i m e n t o destas atraves d e u m m e c a n i s m o que p r o p o r c i o n a s s e forga ao proletariado, e que a t e n u a s s e a d e s i g u a l d a d e existente entre o t o m a d o r de

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servigos e o e m p r e g a d o . Surgia entao, o Estado intervencionista, c o m o j a citado a n t e r i o r m e n t e , q u e favoreceria o trabalhador para suprir a tao visivel n e c e s s i d a d e de maior protegao. A s s i m relata Martins (2005, p. 4 0 ) :

Passa, portanto, a haver um intervencionismo do Estado, principalmente para realizar o bem-estar social e melhorar as condigoes de trabalho. O trabalhador passa a ser protegido juridicamente e economicamente. E como afirma Galart Folch (1936; 16); deve-se assegurar uma superioridade juridica ao empregado em fungao de sua inferioridade economica. A lei

passa a estabelecer normas minimas sobre condigoes de trabalho, que devem ser respeitadas pelo empregador.

E importante ressaltar a influencia do m a r x i s m o , m o v i m e n t o iniciado por seu idealizador Karl Marx, q u e pregava a uniao utopica entre t r a b a l h a d o r e s , d e f o r m a a char u m Estado o n d e quern c o m a n d a r i a seria o proprio proletariado, ideias q u e c o n q u i s t a r a m o coragao d o s trabalhadores incentivando cada vez mais sua luta e que d e s p e r t a m e s s e s o n h o ate os dias de hoje. Neste aspecto, leciona N a s c i m e n t o ( 2 0 0 4 , p.48):

Acrescente-se o papel desempenhado pelo marxismo, que pregou a uniao dos trabalhadores para a construgao de uma ditadura do proletariado, supressiva do capital, com a passagem previa pela apropriagao, pelo estado, dos bens de produgao, visando uma futura sociedade comunista, nao confirmada pela historia.

E m b o r a as ideias radicals desta e p o c a nao t e n h a m a l c a n g a d o o fim d e s e j a d o , qual seja u m a s o c i e d a d e c o m u n i s t a , elas d e r a m ensejo ao a v a n g o do proletariado, que a t u a l m e n t e nao e mais visto c o m o u m a parte c o a d j u v a n t e d a relagao trabalhista, o trabalhador e parte ativa, necessaria e portadora d e valor, m e s m o q u e e m grau nao satisfatorio. O s precipicios que s e p a r a v a m o e m p r e g a d o do e m p r e g a d o r , o n d e este ultimo era o d o m i n a d o r da relagao de trabalho, r e s u m i r a m - s e a alguns p o u c o s d e g r a u s que d i u t u r n a m e n t e e s t a o s e n d o e s c a l a d o s por esta classe que nunca c a n s a r a de batalhar pelo r e c o n h e c i m e n t o efetivo de seu valor.

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2.2 C A R A C T E R I S T I C A S DA L E G I S L A Q A O T R A B A L I S T A R E C E M C R I A D A E S U A E V O L U Q A O A T E O S D I A S A T U A I S

A o se pesquisar sobre as primeiras leis trabalhistas p e r c e b e - s e q u e f o r a m n o r m a s de carater ordinario, n u m primeiro m o m e n t o , e que tinham c o m o fim primordial: a proibicao do trabalho e m condigoes insalubres c o m o as q u e , ate entao, t i n h a m de s u p o r t a r ' o s trabalhadores; a idade m i n i m a para o trabalho d o s m e n o r e s e a protegao do trabalho da mulher.

Dentre as primeiras leis trabalhistas pode-se citar c o m o a m a i s importante para o d e s e n v o l v i m e n t o do Direito do T r a b a l h o mundial a Lei de Peel, criada na Inglaterra e m 1802 e que dispunha sobre a tutela do trabalho dos m e n o r e s d e idade nas u n i d a d e s de produgao, i m p o n d o o limite m a x i m o de 12 horas de trabalho diarias, o que hoje e tido c o m o u m crime, na e p o c a , e m b o r a f a l t a s s e m outras varias disposigoes para alcangar os m e i o s s e g u r o s para o exercicio da atividade laborativa, fora u m avango.

O professor Martins (2005, p. 40-41) versa sobre a l g u m a s disposigoes desta lei a f i r m a n d o o seguinte:

A Lei de Peel, de 1802, na Inglaterra, pretendeu dar amparo aos trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos moinhos e que eram entregues aos donos das fabricas. A Jornada de trabalho foi limitada em 12 horas, excluindo-se os intervalos para refeicao. O trabalho nao poderia se iniciar antes das 6 horas e terminar apos as 21 horas. Deveriam ser observadas normas relativas a educagao e higiene.

O sistema fora copiado mais tarde por diversos outros p a i s e s tais c o m o : a Franga, que e m 1814 p r o m u l g o u u m a lei vetando a labuta realizada por m e n o r e s de oito a n o s ; a A l e m a n h a q u a n d o e m 1839 limitou o trabalho a criangas m a i o r e s de n o v e a n o s ; a Italia c o m as leis p r o m u l g a d a s e m 1886 que t u t e l a v a m o trabalho f e m i n i n o e infantil, dentre muitos outros paises inclusive o Brasil, que sera e s t u d a d o e m t o p i c o proprio mais adiante.

E m d e c o r r e n c i a d a promulgagao da Constituigao M e x i c a n a e m 1917 o direito trabalhista deu o primeiro passo c o m o direito constitucionalmente r e c o n h e c i d o , isso gragas ao m o v i m e n t o conhecido c o m o constitucionalismo social, q u e tinha c o m o f o c o f u n d a m e n t a l a inclusao de direitos dos t r a b a l h a d o r e s nas Cartas M a g n a s d o s

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p a i s e s , c o n s o l i d a n d o a s s i m , a inclusao do direito trabalhista c o m o u m t o d o , no rol d o s direitos g a r a n t i d o s constitucionalmente. Este m o v i m e n t o c u l m i n o u t a m b e m n a p r o m u l g a c a o da Constituigao A l e m a de 1919 c o n t e n d o , a s s i m c o m o a s u p r a c i t a d a , dispositivos que v i s a v a m salvaguardar diversos direitos do proletariado e p o s t e r i o r m e n t e , s e n d o c o n s i d e r a d a c o m o f u n d a m e n t o d a s d e m o c r a c i a s sociais.

D e l g a d o (2006, p. 92) faz r e f e r e n d a a este periodo c o m o u m m a r c o na constitucionalizagao dos direitos trabalhistas a l e g a n d o o seguinte:

Um terceiro marco usualmente considerado relevante pelos autores reside no processo da Primeira Guerra Mundial e seus desdobramentos, como, por exemplo, a formacao da OIT - Organizacao Internacional do Trabalho (1919) e a promulgacao da Constituigao Alema de Weimar (1919). E tambem desse mesmo periodo a Constituigao Mexicana (1917). As duas cartas constitucionais mencionadas foram, de fato, pioneiras na insergao do texto constitucional de normas nitidamente trabalhistas ou, pelo menos, pioneiras no processo juridico fundamental de constitucionalizagao do Direito do Trabalho, que seria uma das marcas distintivas do seculo XX.

C o m o passar do t e m p o , o constitucionalismo social virou regra e muitas o u t r a s Constituigoes, dentre elas, as Constituigoes brasileiras v i e r a m a confer n o r m a s q u e objetivavam disciplinar e garantir os direitos dos t r a b a l h a d o r e s c o m o direitos sociais f u n d a m e n t a l s .

A o passo q u e alguns paises inseriam normas trabalhistas e m s u a s Cartas M a g n a s , outros p r e o c u p a r a m - s e e m fazer a reuniao de toda a legislagao trabalhista criando codigos, utilizando c o m o m o d e l o o sistema de codificagao i m p l a n t a d o na Franga, c o m a criagao C o d i g o do Trabalho Frances, isto t o m o u m a i s facil a p e s q u i s a , o e s t u d o e o c o n h e c i m e n t o das leis trabalhistas.

Dentre os p a i s e s que copiaram o modelo Frances esta a Italia, que p r o m u l g o u a Carta del Lavoro e m 1927, tendo c o m o principio basilar a ideia neoliberal de intervengao estatal na o r d e m e c o n o m i c a , controlando o direito d o trabalho e s a l v a g u a r d a n d o direitos d o s trabalhadores, servindo de m o d e l o para diversos p a i s e s c o m o E s p a n h a , Portugal e Brasil. Tal intervengao prejudicou b a s t a n t e o s sindicatos, retirando sua a u t o n o m i a e p r e n d e n d o - o s as o r d e n s d o E s t a d o , o que a p e s a r de prejudicar o direito a liberdade sindical beneficiou u m a g r a n d e coletividade de trabalhadores com diversas normas paternalistas que c o n c e d e r a m e g a r a n t i r a m seus direitos.

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2.3 S U R G I M E N T O E E V O L U Q A O D O D I R E I T O T R A B A L H I S T A B R A S I L E I R O

Diante d a s ideias d e direitos sociais que s u r g i a m no exterior e c o m a c r e s c e n t e criacao da legislagao a respeito dos direitos d o s t r a b a l h a d o r e s , aliadas a o s m o v i m e n t o s realizados por operarios, na maioria imigrantes, r e s p o n s a v e i s por incontaveis g r e v e s entre os ultimos a n o s do seculo XVIII e os primeiros a n o s do s e c u l o XIX, s o m a d o s ao surto industrial brasileiro, q u a n d o i n u m e r o s e m p r e g o s f o r a m criados e o n u m e r o de e m p r e g a d o s cresceu de f o r m a s u r p r e e n d e n t e , o legislador brasileiro foi p r a t i c a m e n t e o b r i g a d o a t a m b e m promulgar leis que t r a t a s s e m do t e m a .

C h e g a n d o ao fim do seculo XVIII, mais p r e c i s a m e n t e e m 1 8 9 1 , e p r o m u l g a d a a Lei de Protegao ao Trabalho do Menor, d a i para frente o direito do trabalho brasileiro so veio a evoluir, c o m m a i s diversas leis trabalhistas s e n d o p r o m u l g a d a s ao longo d o s a n o s , f o r m a n d o enfim u m a legislagao farta, m a s ainda e m d e s e n v o l v i m e n t o .

O jurista D e l g a d o (2006, p. 106), faz alusao a esta e p o c a evolutiva a p o n t a n d o que:

Nesse quadro, o periodo se destaca pelo surgimento ainda sistematico e disperso de alguns diplomas ou normas justrabalhistas, associados a outros diplomas que tocam tangencialmente na chamada questao social. Ilustrativamente, pode-se citar a seguinte legislagao: Decreto n°. 439, de 1.5.1890. estabelecendo as "bases para a organizagao da assistencia a infancia desvalida"; Decreto n°. 843, de 11.10.1890, concedendo vantagens ao "Banco dos Operarios"; Decreto n°. 1.313 de 17.1.91, regulando o trabalho do menor.

C o m o outros e x e m p l o s , pode-se citar a l g u m a s d a s legislagoes mais i m p o r t a n t e s , quais s e j a m : a que tratava da organizagao sindical rural ( 1 9 0 3 ) ; a q u e d i s p u n h a sobre a organizagao sindical de t r a b a l h a d o r e s u r b a n o s ( 1 9 0 7 ) ; a q u e r e c o n h e c i a o direito a ferias r e m u n e r a d a s (1925); a que criou o Ministerio do T r a b a l h o , Industria e C o m e r c i o (1930); a que tutelava o trabalho d a s m u l h e r e s ( 1 9 3 2 ) ; a que alterava a lei de organizagao sindical urbana d a n d o - l h e nova estrutura ( 1 9 3 1 ) ; a que d i s p u n h a s o b r e as c o n v e n g o e s coletivas de trabalho (1932); a q u e criou o salario m i n i m o (1936); a que e s t a b e l e c e u a Justiga do T r a b a l h o (1939), d e n t r e outras.

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E m 1943, o entao presidente Getulio Dorneles V a r g a s sistematizou t o d a s estas leis o r g a n i z a n d o - a s , a c r e s c e n t o u alguns institutos criados por ilustres juristas d a e p o c a e p r o m u l g o u u m a Lei c o n h e c i d a e vigente ate hoje, o Decreto-lei n°. 5.452 de 01 de m a i o de 1943, a Consolidagao d a s Leis do T r a b a l h o , u m a v a n g o ate e n t a o a p e n a s s o n h a d o pela classe trabalhadora.

A citada Consolidagao, muitas vezes confundida, ate por o p e r a d o r e s do direito, c o m u m codigo juridico, assim c o m o os originados na E u r o p a , nao p o d e ser d e s s a f o r m a classificada, pois n u m a codificagao a p e n a s sao reunidas as leis e x i s t e n t e s e V a r g a s a l e m de juntar estas leis e s p a r s a s , adicionou leis novas e institutos recem f u n d a d o s para forma-la.

M e s m o c o m o advento da Consolidagao de Leis Trabalhistas, muitas outras leis f o r a m p r o m u l g a d a s posteriormente, com o objetivo de garantir outros direitos d o s t r a b a l h a d o r e s , o que e c o m p l e t a m e n t e justificavel, pela d i n a m i c a do direito positivo, o n d e as leis d e v e m evoluir c o n s t a n t e m e n t e , s e m p r e d e v e n d o ser a t u a l i z a d a s nos m o l d e s e m que a sociedade progride e as relagoes se m o d i f i c a m .

Dentre e s t a s leis posteriores pode-se citar c o m o as mais importantes: a lei n° 6 0 5 de 1949, q u e regulamentava o repouso s e m a n a l r e m u n e r a d o ; a lei n° 4 . 0 9 0 de 1962, q u e garantia o direito a gratificagao natalina, c o n h e c i d a por t o d o s c o m o d e c i m o terceiro salario, leis estas, vigentes ate hoje; a lei que r e g u l a m e n t a o direito a g r e v e d e 1964 e a lei que concedia o f u n d o de garantia por t e m p o d e servigo, p r o m u l g a d a e m 1966; ja r e v o g a d a s devido a p r o m u l g a g a o de leis m a i s recentes q u e t r a t a r a m do m e s m o assunto.

P e r c e b e - s e ainda, ao observar os anais da historia do direito trabalhista brasileiro, a p r o m u l g a g a o de diversas leis que v i s a v a m a politica salarial, a partir de 1964, n o r m a s estas modificadas c o n s t a n t e m e n t e , c o m o objetivo de r e g u l a m e n t a r a intervengao estatal no controle da inflagao e garantir salarios d i g n o s a o s t r a b a l h a d o r e s , fins nao alcangados ate 1993, q u a n d o surgiram e proliferaram-se p e n s a m e n t o s d e livre negociagao salarial atraves d o s contratos coletivos de t r a b a l h o , institutos que f o r a m g a n h a n d o cada vez mais importancia c h e g a n d o ate a substituir a C L T ao garantir alguns direitos trabalhistas, c o m o por e x e m p l o , o direito a Jornada de trabalho especial para os trabalhadores e s t u d a n t e s m a i o r e s de idade, n a o r e g u l a m e n t a d o pela referida lei, que e c o n s i d e r a d a por diversos a u t o r e s , a e x e m p l o de N a s c i m e n t o (2004, p. 56), "obsoleta e ultrapassada".

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P e s q u i s a n d o as Constituigoes brasileiras p e r c e b e - s e que todas, d e s d e a Carta M a g n a de 1934, c o n t e m normas referentes aos direitos dos t r a b a l h a d o r e s , ou seja, a partir desta, ate a Constituigao de 1988, vigente no pais hoje, os brasileiros p o s s u e m s e u s direitos trabalhistas garantidos constitucionalmente.

Inicialmente, a p e n a s foi garantido o direito a sindicalizagao, c o m a c o n c e n t r a g a o do pluralismo sindical, onde p o d e r i a m existir, d e n t r o do territorio nacional, m a i s de u m sindicato que reunisse a m e s m a e s p e c i e de trabalhador, direito e s t e que nao durou muito t e m p o , pois c o m a ideia de Estado Novo d e Getulio V a r g a s e c o m a p r o m u l g a g a o de u m a nova Constituigao e m 1937 f o r a m i m p o s t a s d u r a s restrigoes ao direito sindical c o m tudo p a s s a n d o a ser c o m a n d a d o pelo E s t a d o , c o m este intervindo nas relagoes trabalhistas, a Carta de 1937 proibiu ainda, o direito de greve por ser c o n s i d e r a d o direito anarquista e anti-social, contrario a o s preceitos do Estado criado por V a r g a s .

S o b r e o assunto, assevera Martins (2005, p. 4 4 ) :

A Constituigao de 1937 instituiu o sindicato unico, imposto por lei, vinculado ao Estado, exercendo fungoes delegadas de poder publico, podendo haver intervengao estatal direta em suas atribuigoes. Foi criado o imposto sindical, como uma forma de submissao das entidades de classe ao Estado, pois este participava do produto de sua arrecadagao. Estabeleceu-se a competencia normativa dos tribunals o trabalho, que tinha por objetivo principal evitar o entendimento direto entre trabalhadores e empregadores. A greve e o lockout foram considerados recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompativeis com os interesse da produgao nacional (art. 139).

E m 1946, a p o s quinze anos de g o v e r n o de V a r g a s e p r o m u l g a d a u m a nova Carta M a g n a , esta b a s e a d a nos principios liberals, c o n c e d e u ao t r a b a l h a d o r n o v a m e n t e o direito a greve, m a s nao contribuiu c o m a evolugao do direito material d o trabalho e m outros institutos, a p e n a s conservou os ja existentes na Constituigao anterior, todavia, o direito processual do trabalho deu u m e n o r m e passo de e n c o n t r o a a u t o n o m i a , c o m a m e t a m o r f o s e pela qual p a s s o u a Justiga do T r a b a l h o , q u e antes p o s s u i a a p e n a s natureza juridica administrativa e apos t o r n o u - s e parte do Poder Judiciario.

A p o s o g o l p e militar de 1964, o pais viu nascer outra Constituigao que foi p r o m u l g a d a e m 1967, a terceira e m trinta anos, e n o v a m e n t e sob u m a d i t a d u r a , tal Carta M a g n a a p e n a s foi importante para o direito trabalhista por confer as n o r m a s

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referentes ao direito ao F u n d o de Garantia por T e m p o de Servigo, criado u m ano a n t e s e v i n d o a ser reconhecido constitucionalmente.

C o m a q u e d a da.'ditadura militar e o retorno da d e m o c r a c i a c o m o r e g i m e de g o v e r n o a d o t a d o pelo Brasil, fora m o n t a d a u m a A s s e m b l e i a Constituinte c o m os m e m b r o s do C o n g r e s s o Nacional incumbindo-os da dificil tarefa de dar vida a u m a nova Lei M a e .

A p e s a r de criticada d u r a m e n t e por s e u s m e m b r o s nao t e r e m sido eleitos para tao importante proposito, a A s s e m b l e i a conseguiu concluir s e u s t r a b a l h o s e p r o m u l g a r a Constituigao Federal de 1988, c o n s i d e r a d a por Ulysses G u i m a r a e s , presidente da A s s e m b l e i a Nacional Constituinte, c o m o "Constituigao Cidada", pelo fato de ter g r a n d e participagao popular e m sua criagao e por possuir c o m o objetivo principal garantir a d e m o c r a c i a no pais.

S o b r e os avangos d a Constituigao de 1988, Delgado (2006, p. 123) afirma:

Do ponto de vista da criagao de condigoes favoraveis a mais ampla participagao dos grupos sociais na geragao de normas juridicas a comporem o universo normativo do pais, democratizando o sistema de gestao trabalhista vigorante, parece claro que a nova Carta teve flagrante

intengao de colocar a sociedade brasileira nesse caminho. Ja em seu Preambulo a Constituigao fala em exercicio de direitos sociais e individuals,

faz mengao a uma "sociedade pluralista" e defende a solugao pacifica dos conflitos.

A Constituigao de 1988, vigente no pais ate hoje, trouxe diversas regras i n o v a d o r a s tanto para o direito trabalhista, q u a n t o para t o d o s os d e m a i s r a m o s do direito, d a n d o maior importancia a o s direitos do trabalhador do q u e q u a l q u e r outra Carta M a g n a na historia brasileira, c o n s i d e r a n d o o direito do trabalho c o m o direito social f u n d a m e n t a l e e n u n c i a n d o n o r m a s gerais e e s p e c i f i c a s sobre direito material d o trabalho e direito processual do trabalho que vieram a tutelar o trabalhador, tanto d e f o r m a individual c o m o coletiva, o que, s e g u n d o N a s c i m e n t o ( 2 0 0 4 , p.60): "...

representa um papel de consolidagao do direito do trabalho em nivel constitucional".

F o r a m muitas as inovagoes trazidas pela C F / 8 8 , dentre elas N a s c i m e n t o ( 2 0 0 4 , p. 59) e l e n c a as seguintes:

a) elevagao de 10% para 4 0 % da indenizagao sobre os depositos do Fundo de Garantia do Tempo de Servigo, na dispensa imotivada no emprego, atualmente, com a criagao de um acrescimo de 10% com o nome de contribuigao social a ser depositada na conta do empregado;

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c) redugao para 6 horas da Jornada normal nos sistemas de revezamento ininterrupto de Jornada, salvo negociacao coletiva;

d) adicional de horas extras de 50%;

e) acrescimo de 1/3 de remuneracao das ferias; f) irredutibilidade do salario, salvo negociacao coletiva; g) licenga-paternidade de 5 dias;

h) idade minima de 16 anos para empregados e de 14 anos para aprendizes (Emenda Constitucional n. 20, de 1998);

i) isonomia salarial entre avulsos e empregados;

. j) isonomia salarial favorecendo empregados deficientes;

I) estabilidade da gestante desde a confirmacao da gravidez ate 5 meses apos o parto;

m) estabilidade do exercente de cargo de direcao da CIPA, na mesma dimensao atribuida aos dirigentes sindicais;

n) fixacao da contribuigao pela assembleia do sindicato, independentemente da contribuicao sindical;

o) direito de greve para os trabalhadores das empresas privadas, inclusive em atividades essenciais, dependendo de lei a greve nos servigos publicos civis e a forma de atendimento inadiavel;

p) criagao de sindicatos sem necessidade de previa autorizagao de lei ou do Poder Publico, bastando o registro no orgao competente, o que passou a ser feito no Ministerio do Trabalho e Emprego;

q) autonomia da administragao das entidades sindicais, vedada a intervengao e a interferencia do Poder Publico;

r) novo prazo para prescrigao das agoes trabalhistas, para as reclamagoes ainda nao propostas em juizo.

C o m a e n t r a d a e m vigor d a Constituigao d e 1988 t o d a s e s t a s g a r a n t i a s t i v e r a m d e ser r e g u l a m e n t a d a s por leis infraconstitucionais q u e s u r g i r a m a partir d e

1989, c o m o por e x e m p l o : a r e g u l a m e n t a g a o d o direito a g r e v e pela Lei n° 7 . 7 8 3 d e 28 d e j u n h o d e 1989; o a d v e n t o d a Lei n° 7.789 d e 03 d e j u l h o d e 1 9 8 9 q u e r e g u l a m e n t o u o salario m i n i m o ; d a Lei n° 7.839 d e 12 d e o u t u b r o d e 1 9 8 9 q u e r e g u l a m e n t o u o direito a o F u n d o d e Garantia por T e m p o d e Servigo, a l t e r a d a m a i s t a r d e pela Lei n° 8.036 d e 1990; da Lei n° 9.799 q u e veio tutelar o t r a b a l h o f e m i n i n o , d e n t r e o u t r a s t a n t a s .

E n e c e s s a r i o ressaltar, e n t r e t a n t o , q u e a p e s a r d e t a n t a s n o r m a s e p r i n c i p i o s f u n d a m e n t a l s q u e g a r a n t e m a l g u n s direitos c o n c e r n e n t e s aos t r a b a l h a d o r e s , m u i t o s a i n d a hoje, nao f o r a m r e g u l a m e n t a d o s por leis c o m p l e m e n t a r e s , o q u e p r a t i c a m e n t e d e i x o u o direito g a r a n t i d o na Constituigao s e m utilidade a l g u m a , pois r e a l m e n t e n a o existe na r e a l i d a d e d o s t r a b a l h a d o r e s brasileiros a r e g u l a m e n t a g a o d e a l g u m a s m a t e r i a s , d e n t r e a s quais, o proprio A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o ( 2 0 0 4 , p. 6 0 ) e l e n c a :

a) o aviso previo proporcional; b) o adicional de atividades penosas; c) protegao em face da automagao.

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A p e s a r da o m i s s a o dos legisladores ao d e i x a r e m de regulamentar tais direitos g a r a n t i d o s pela Constituigao, considera-se o direito trabalhista brasileiro b a s t a n t e e v o l u i d o c o m p a r a d o a outrora. Por outro lado, p e r c e b e - s e q u e tal r a m o do direito a i n d a e n c o n t r a - s e i n a c a b a d o e e m constante evolugao, c a u s a d a pelas m u d a n g a s c o n t i n u a s na relagao trabalhador - t o m a d o r de servigos q u e a c a d a dia t o m a n o v o s r u m o s , c o m a perspectiva de novos direitos s e n d o r e c o n h e c i d o s , atraves d a luta d o s t r a b a l h a d o r e s , q u e se u n e m na f o r m a de sindicatos e s e g u e m b u s c a n d o m e l h o r e s c o n d i g o e s de t r a b a l h o , lutas estas, q u e f o r a m suprimidas pelas g r a n d e s d i t a d u r a s e n f r e n t a d a s pelo pais, m a s que voltaram a todo v a p o r a partir de 1988, t e n d o c o m o principal palco o A B C paulista, onde milhares de operarios p r o t e s t a v a m por m e l h o r e s c o n d i g o e s de trabalho, dentre eles, Luiz Inacio Lula d a Silva, q u e v e i o , p o s t e r i o r m e n t e , a ser presidente do pais.

C o m o Presidente, a partir do a n o 2 0 0 3 , Lula tentou realizar as utopicas r e f o r m a s , dentre elas a Trabalhista, m a s s e u e m p e n h o nao foi suficiente para t o d o o projeto arquitetado, c o n s e g u i n d o a p e n a s s u c e s s o e m a l g u m a s r e f o r m a s , c o m o por e x e m p l o , a Previdenciaria.

A a l m e j a d a reforma e atualizagao das leis trabalhistas brasileiras nao saiu do p a p e l , se e que a l g u m dia foi escrita, fora praticamente e s q u e c i d a pelos g o v e r n a n t e s , talvez por considerar-se t e m a d e g r a n d e p o l e m i c a , por c a u s a r a d i v e r g e n c i a entre os t r a b a l h a d o r e s e seus patroes, entretanto, as lutas nao p a r a m , os t r a b a l h a d o r e s cada vez m a i s tern b u s c a d o s e u s direitos, muitas v e z e s r e c o n h e c i d o s e m c o n v e n g o e s coletivas de trabalho, que tern t e n t a d o suprir as l a c u n a s e x i s t e n t e s devido a falta de atualizagao do direito trabalhista brasileiro.

2.4 O R G A N I Z A Q A O I N T E R N A C I O N A L DO T R A B A L H O

C o m o fim da Primeira G r a n d e Guerra, c o m e g a r a m a surgir idearios de Uniao entre Nagoes c o m o objetivo de formar uma legislagao internacional voltada para m a n t e r a p a z e garantir os direitos h u m a n o s , esta uniao d e u o r i g e m a O r g a n i z a g a o Internacional do trabalho.

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A O r g a n i z a g a o Internacional do T r a b a l h o (OIT) foi criada e m 1919 pelo T r a t a d o de V e r s a l h e s e p o s s u i a c o m o objetivo principal p r o m o v e r a justiga social e m a n t e r a paz entre os p a i s e s , sua s e d e e situada e m G e n e b r a , Suiga, e a ela p o d e m filiar-se t o d o s os p a i s e s m e m b r o s da Organizagao das Nagoes U n i d a s ( O N U ) , que c o n t r i b u e m para c o m p o r s e u o r g a m e n t o .

A OIT e dividida por tres orgaos principais, que s e g u n d o N a s c i m e n t o (2004, p. 1 6 1 , 162) s e r i a m :

a) A Conferencia Geral, constituida de representantes dos Estados-membros, realizando sessoes, pelo menos uma vez por ano, as quais comparecem as delegacoes de cada Estado, compostas segundo o principio do tripartismo, isto e, integradas tanto por membros do Governo como por trabalhadores e empregadores; b) o Conselho de Administracao, orgao colegiado que exerce a administracao da OIT, composto tambem, de membros do Governo, dos trabalhadores e dos empregadores representantes dos paises de maior importancia industrial; c) Reparticao Internacional do Trabalho, sob a direcao do Conselho de Administracao, tendo um Diretor-Geral.

N e s t e s noventa e dois a n o s de existencia a O I T contribuiu c o m a e v o l u g a o d o direito trabalhista no m u n d o e c o m a aprovagao de diversas c o n v e n g o e s , v e r s a n d o s o b r e direitos individuals e coletivos dos trabalhadores, q u e , a p o s aceitas pelos p a i s e s m e m b r o s , t o r n a m - s e parte de seu o r d e n a m e n t o juridico, b e n e f i c i a n d o os t r a b a l h a d o r e s , na tentativa de tornar cada vez m a i s digno o e x e r c i c i o do t r a b a l h o e t r a z e n d o a ideia de justiga social, tao almejada pela classe obreira. S a o e x e m p l o s d e s t a s c o n v e n g o e s : a C o n v e n g a o n°. 87 que trata d a liberdade sindical e a C o n v e n g a o de 1082 sobre seguranga no e m p r e g o .

A s c o n v e n g o e s elaboradas pela OIT s e r v e m de base para a evolugao d a s n o r m a s trabalhistas no m u n d o . O s p a i s e s m e m b r o s e os d e m a i s que a s s i n a m tais c o n v e n g o e s c o m p r o m e t e m - s e a cumpri-las, f a z e n d o desta f o r m a , o trabalho ser c o n s i d e r a d o c a d a v e z m a i s digno, c o m a p r o m u l g a g a o de n o r m a s b e n e f i c a s a o s t r a b a l h a d o r e s , q u e realizam s u a s fungoes c o m maior presteza e prontidao.

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2.5 N O R M A S JURJDICAS D E D I R E I T O DO T R A B A L H O

A s n o r m a s que regulam e protegem os direitos d o s t r a b a l h a d o r e s , c o n s i d e r a d a s fontes formais do Direito Trabalhista, p o d e m ser e n c o n t r a d a s : na Constituigao Federal de 1988; na Consolidagao das Leis T r a b a l h i s t a s ; nas Leis Infraconstitucionais; nos T r a t a d o s e C o n v e n g o e s Internacionais; e m nos A c o r d o s Coletivos de T r a b a l h o .

A Constituigao Brasileira de 1988, e, c o m o visto, na historia do Brasil, a mais c o m p l e t a e m materia trabalhista, t r a z e n d o consigo bastantes n o r m a s referentes ao Direito Material do T r a b a l h o e ao Direito Processual do T r a b a l h o , d i s p e r s a s e m varios artigos, cujos principals sao os setimo e oitavo que t r a t a m d o s direitos d o s t r a b a l h a d o r e s e o cento e u m e seguintes q u e tratam de regras referentes a o

p r o c e s s o do trabalho.

A C o n s o l i d a g a o d a s Leis Trabalhistas, t a m b e m ja tratada neste t r a b a l h o , constitui a reuniao das leis e s p a r s a s existentes a n t e s de sua p r o m u l g a g a o , a d i c i o n a d o s os institutos criados por juristas a e p o c a , tratando tanto do direito individual d o trabalho, q u a n t o do direito coletivo, t r a z e n d o , ate m e s m o a l g u m a s n o r m a s referentes ao processo trabalhista e r e g u l a m e n t a n d o a l g u m a s profissoes e s p e c i a i s , tais c o m o : bancarios, e m p r e g a d o s nos servigos de telefonia, de telegrafia s u b m a r i n a e subfluvial, de radiotelegrafia, de radiotelefonia, m u s i c o s profissionais, o p e r a d o r e s c i n e m a t o g r a f i c o s , dos trabalhadores do servigo ferroviario e de m i n a s , d o s jornalistas profissionais, dos professores, dos q u i m i c o s , dentre outros.

V a r i a s Leis trabalhistas f o r a m p r o m u l g a d a s a p o s a C o n s o l i d a g a o e r e c e p c i o n a d a s pela Constituigao de 1988 dentre elas p o d e - s e citar: a Lei n° 5.859, d e 1972 que trata do trabalhador domestico; a Lei n° 5.889, de 1973, que r e g u l a m e n t a o trabalho realizado na zona rural; a Lei n° 6.019, de 1974 q u e v e r s a s o b r e as n o r m a s referentes ao trabalho temporario; alem de outras diversas leis.

Muitos T r a t a d o s f o r a m firmados e m C o n v e n g o e s Internacionais e ratificados pelo Brasil t o r n a n d o - s e t a m b e m n o r m a s trabalhistas, dentre eles p o d e - s e elencar: o T r a t a d o de Previdencia Social Brasil-Luxemburgo e m 1965; o T r a t a d o de Itaipu, f i r m a d o c o m o Paraguai e m 1973, que versa sobre a aplicagao de regras trabalhistas as relagoes de e m p r e g o na usina de Itaipu; a C o n v e n g a o I b e r o - a m e r i c a n a d e

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C o o p e r a g a o e m S e g u r i d a d e Social, de 1 9 8 1 , e varios outros, c o n s i d e r a d o s t a m b e m , f o n t e s do direito trabalhista brasileiro.

A s C o n v e n g o e s Coletivas ou A c o r d o s Coletivos sao regras f i r m a d a s a p o s as n e g o c i a g o e s coletivas, q u a n d o os e m p r e g a d o s de u m a m e s m a classe se u n e m e m b u s c a do r e c o n h e c i m e n t o de direitos inerentes a estes, ajustando c o m os t o m a d o r e s d e servigos, a f o r m a e a e x t e n s a o de tais direitos. Para Paulo & A l e x a n d r i n o (2007, p.09):

A convencao coletiva tern natureza de norma juridica, aplicando-se a todas as empresas e a todos os trabalhadores dos sindicatos estipulantes na base territorial, filiados ou n§o ao sindicato. Seus efeitos alcancam todos os membros da categoria, independentemente do vinculo com os respectivos sindicatos (eficacia erga omnes).

P e r c e b e - s e que as C o n v e n g o e s g a n h a r a m maior importancia a p o s a p r o m u l g a g a o da Constituigao de 1988, talvez pelo desejo d e liberdade sindical reprimido nos a n o s de ditadura militar, mas, ha de se convir que tais c o n v e n g o e s d e v e m a p e n a s tratar e regrar as especificagoes de cada classe operaria por elas a b r a n g i d a s , o q u e nao e o b s e r v a d o hoje, onde, devido a carencia de atualizagao da legislagao trabalhista patria, as C o n v e n g o e s sao utilizadas para suprir n o r m a s e direitos q u e d e v e r i a m ser gerais, e x t r a p o l a n d o assim, s u a s atribuigoes e criando categorias mais beneficiadas que outras, q u a n d o t o d o s d e v e r i a m ter g a r a n t i d o s os m e s m o s direitos.

2.6 P R I N C l P I O S B A S I L A R E S DO D I R E I T O DO T R A B A L H O

O s principios a t u a m c o m o fator direcionador para a propositura legal, pois e a partir d o s principios que o legislador encontra diretrizes basilares para a i m p o s i g a o de u m a regra. O s principios tern fungao informadora, por constituirem f u n d a m e n t o para as n o r m a s legais; fungao normativa, u m a vez q u e , o o p e r a d o r da lei p o d e a eles recorrer, q u a n d o diante de lacunas ou o m i s s o e s d a lei; e interpretativa, ao orientar o aplicador do direito para o real sentido da norma.

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Martins (2005, p. 94) conceitua principios c o m o s e n d o : "... as proposigoes

basicas que fundamentam as ciencias. Para o Direito, o principio e seu fundamento, a base que ira informar e inspirar as normas juridicas".

Muitos dos principios gerais do Direito sao aplicaveis ao direito trabalhista, a e x e m p l o do principio d a inalterabilidade dos contratos {Pacta sunt Servanda), o principio d a proporcionalidade, o principio d a lealdade e da boa-fe, o principio d a d i g n i d a d e h u m a n a , entre outros. O b v i a m e n t e , que estes principios sao a d a p t a d o s as e s p e c i f i c i d a d e s c o m p r e e n d i d a s no r a m o trabalhista, para que sua aplicagao seja eficaz, pois as relagoes do trabalho nao se tratam de relagoes c o m u n s , o n d e o s sujeitos sao e q u i v a l e n t e s , as partes deste tipo de relagao e n c o n t r a m - s e e m situagoes desiguais, de f o r m a q u e necessitam de u m a visao e s p e c i f i c a que p r o p o r c i o n e o equilibrio da m e s m a .

Por ser o Direito do T r a b a l h o u m ramo a u t o n o m o , possui t a m b e m principios e s p e c i f i c o s , quais s e j a m : o Principio da Protegao, o Principio d a Imperatividade d a s N o r m a s Trabalhistas, o Principio da Irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas, o Principio d a C o n t i n u i d a d e da Relagao de E m p r e g o , o Principio da Primazia d a R e a l i d a d e , o Principio da Razoabilidade, o Principio da Inalterabilidade Contratual Lesiva, o Principio da Intangibilidade Salarial e o Principio do Maior R e n d i m e n t o .

O Principio d a Protegao confere ao trabalhador u m conjunto estrutural j u r i d i c o c a p a z de equilibrar a relagao e m p r e g a d o - e m p r e g a d o r , onde a q u e l e e o elo m a i s fraco, esta estrutura normativa visa protege-lo de possiveis a b u s o s q u e p o d e m ocorrer d e v i d o a sua condigao de hipossuficiente.

S o b r e este principio leciona Delgado (2006, p. 198):

Parte importante da doutrina aponta este principio como o cardeal do Direito do Trabalho, por influir em toda a estrutura e caracteristicas proprias desse ramo juridico especializado. Esta, a proposito, a compreensao do grande jurista uruguaio Americo Pla Rodrigues, que considera manifestar-se o

principio protetivo em tres dimensoes distintas: o principio in dubio pro operario. o principio da norma mais favoravel e o principio da condigao mais benefica.

O principio protetor c o m p r e e n d e outros tres, que sao: o principio in dubio pro

operario, o principio da aplicagao da norma mais favoravel e o principio d a aplicagao

d a condigao mais benefica. O principio in dubio pro operario, confere ao obreiro a prevalencia da interpretagao mais favoravel da lei trabalhista, q u a n d o esta for

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passivel de mais de u m a interpretacao; o principio d a aplicagao d a n o r m a m a i s f a v o r a v e l , versa q u e q u a n d o for cabivel a aplicagao de m a i s de u m a n o r m a a u m m e s m o c a s o , sera aplicada aquela que mais beneficiar o trabalhador; o principio d a aplicagao d a condigao mais benefica impede que n o r m a s posteriores, de m e n o r grau de protegao, q u e v e r s e m sobre a m e s m a materia, v e n h a m a prejudicar os t r a b a l h a d o r e s que ja adquiriram direitos por meio destas r e g u l a m e n t a g o e s a n t e r i o r e s , portanto, a n o r m a posterior sera aplicada a p e n a s nos contratos que v i e r e m a surgir, nao p o d e n d o retirar dos obreiros o que ja haviam adquirido.

O Principio da Imperatividade d a s N o r m a s Trabalhistas rege q u e nao c a b e a p e n a s as partes regrar a relagao trabalhista, pois d e v e m ser respeitados os preceitos Justrabalhistas obrigatorios, q u e nao serao afastados m e d i a n t e a m e r a v o n t a d e d a q u e l e s que participam da relagao, portanto, p r e v a l e c e m a n o r m a s do Direito do T r a b a l h o m e d i a n t e a a u t o n o m i a da v o n t a d e das partes e diante de n o r m a s a p e n a s positivadas.

S o b r e tal principio Delgado (2006, p. 201) a s s e v e r a q u e :

Para este principio prevalece a restricao a autonomia da vontade no contrato trabalhista, em contraponto a diretriz civil de soberania das partes no ajuste das condigoes contratuais. Esta restricao e tida como instrumento assecuratorio eficaz de garantias fundamentals ao trabalhador, em face do desequilibrio de poderes inerente ao contrato de emprego.

Este principio encontra-se intrinsecamente ligado a outro, o Principio d a irrenunciabilidade d o s Direitos Trabalhistas que esta c o n s a g r a d o no artigo 9° d a C L T q u e d i s p o e : "Serao nulos de pleno direito os atos praticados c o m o objetivo d e desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicagao d o s preceitos contidos na p r e s e n t e consolidagao". 0 principio protege o s u b o r d i n a d o das praticas e x e r c i d a s pelo t o m a d o r d e servigos c o m o intuito de destituir v a n t a g e n s que Ihe s a o g a r a n t i d a s l e g a l m e n t e .

S o b r e o a s s u n t o explana Saraiva (2007, p. 35):

Tal principio torna os direitos dos trabalhadores irrenunciaveis, indisponiveis e interrogaveis, conferindo importante mecanismo de protegao ao obreiro em face da pressao exercida pelo empregador, o qual, muitas vezes, utiliza-se de mecanismos de coagao, induz, obriga o trabalhador a dispor contra a vontade de direitos conquistados a suor e trabalho.

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O Principio d a C o n t i n u i d a d e da Relagao de E m p r e g o atribui q u e os contratos de trabalho d e v e m ser por t e m p o indeterminado, e x c e t u a n d o - s e aqueles c o m prazo d e t e r m i n a d o ou a t e r m o . Este principio tern fungao importante ao preservar o contrato por t e m p o indeterminado, f a z e n d o c o m que o e m p r e g a d o seja parte integrante da e m p r e s a , proibindo que, por e x e m p l o , o e m p r e g a d o r contrate o obreiro i n u m e r a s v e z e s por t e m p o d e t e r m i n a d o , privando-o d o s direitos que teria se por t e m p o i n d e t e r m i n a d o fosse o contrato. Este principio confere presungao f a v o r a v e l ao e m p r e g a d o , por meio d a S u m u l a 2 1 2 do Tribunal Superior T r a b a l h o , citada por Saraiva (2007, p.36)'abaixo transcrita:

S. 212/TST. O onus de provar o termino do contrato do trabalho, quando negados a prestagao de servigo e o despedimento, e do empregador, pois o principio da continuidade da relagao de emprego constitui presungao favoravel ao empregado.

O Principio da Primazia da Realidade afirma que i n d e p e n d e m as f o r m a s e os d o c u m e n t o s que r e g e m a relagao trabalhista, o que importa e a realidade fatica da relagao, e s t e principio i m p e d e que o e m p r e g a d o r disfarce a real relagao de trabalho para nao f o r n e c e r ao trabalhador os direitos devidos. N e s s e sentido afirma Roriguez (1997, p. 2 1 7 ) :

O principio da primazia da realidade significa que, em caso de discordancia entre o que ocorre na pratica e o que emerge de documentos ou acordos, deve se dar preferencia ao primeiro, isto e, ao que sucede no terreno dos fatos.

O Principio da Razoabilidade protege o trabalhador, q u e c o m e t e falha disciplinar, d a s punigoes e x c e s s i v a s a d v i n d a s do e m p r e g a d o r , u m a v e z q u e , possibilita a nulidade de penalidade que se mostra a l e m do q u e e r e a l m e n t e aplicavel ao caso. A s s i m exemplificam Paulo & A l e x a n d r i n o (2007, p. 21):

Se a falta cometida pelo empregado e ocasional, leve, nao deve o empregador penaliza-lo alem do necessario, com medidas desproporcionais, desarrazoadas. Se, por exemplo, o caso enseja uma simples advertencia, a aplicagao de dispensa por justa causa deve ser considerada nula, pela ausencia de gravidade que a justifique.

O Principio d a Inalterabilidade Contratual Lesiva origina-se d a clausula civilista Pacta Sunt Servanda que rege que os contratos d e v e m ser c u m p r i d o s , e n t a o

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o e m p r e g a d o r diante de situacoes posteriores que a c a r r e t e m a dificuldade de c u m p r i r c o m o contrato, nao podera altera-lo q u a n d o a modificacao implicar prejuizo para o trabalhador. Isto p o r q u e os riscos da atividade e c o n o m i c a sao e x c l u s i v o s do t o m a d o r de servigos, portanto nao s e r v e m de justificativa para m u d a n g a s lesivas ao prestador.

T a m b e m s o b r e o t e m a , discorrem Paulo & A l e x a n d r i n o (2007, p. 21):

Os riscos do negocio sao do empregador, nao havendo reducao de suas responsabilidades em razao de dificuldades havidas no empreendimento. Diante disso, a clausula rebus sic stantibus (que implica revisao de contratos em razao de fatos supervenientes que tornem sua execucao excessivamente onerosa para uma das partes) nao costuma ter aplicagao nas relagoes de trabalho.

O Principio da Intangibilidade Salarial impede que a r e m u n e r a g a o d o e m p r e g a d o seja alvo de atitudes abusivas do e m p r e g a d o r , ou de s e u s c r e d o r e s , pois o prestador de servigos faz uso do seu salario para p r o m o v e r o sustento proprio e o d e sua f a m i l i a , s e n d o assim de natureza alimentar. Destarte, afirma D e l g a d o ( 2 0 0 6 , p. 2 0 6 ) :

A nogao de natureza alimentar e simbolica, e claro. Ela parte do suposto -socialmente correto, em regra - de que a pessoa fisica que vive fundamentalmente de seu trabalho empregaticio provera suas necessidades basicas de individuo e de membro de uma comunidade familiar (alimentagao, moradia, educagao, saude, transporte, etc.) com o ganho advindo desse trabalho: seu salario.

Este principio deu ensejo a varias n o r m a s que regulam a f o r m a de prestagao d o o r d e n a d o do trabalhador, c o m o por e x e m p l o , o artigo 4 5 9 da C L T q u e proibe atrasos e m s e u p a g a m e n t o estipulando periodo m a x i m o de trinta dias, j a o artigo 4 6 2 v e d a d e s c o n t o s nao provenientes de a d i a n t a m e n t o ou disposigao legal, entre outras. Importante frisar q u e este principio, intimamente ligado ao principio d a d i g n i d a d e h u m a n a , nao se limita a p e n a s as relagoes trabalhistas, ele a ultrapassa a l c a n g a n d o relagoes exteriores, isto evidencia-se q u a n d o , por e x e m p l o , serve de f u n d a m e n t o para o artigo 6 4 9 do Codigo de Processo Civil q u e declara ser a b s o l u t a m e n t e impenhoravel o salario.

O Principio do Maior R e n d i m e n t o afirma que o trabalhador tern por obrigagao o c u m p r i m e n t o de suas atividades de f o r m a continua, disciplinada e c o m d e d i c a g a o .

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Diferente d o s outros principios, q u e tutelam direitos do trabalhador, este esta atrelado a u m a direito do e m p r e g a d o r , c o m o b e m a c e n t u a Delgado (2006, p. 2 1 5 ) :

Seria a diretriz subjacente a todo poder disciplinar empregaticio, conferindo fundamento a algumas figuras tipicas de justa causa, como, ilustrativamente, a desidia e a negociacao concorrencial ao empregador (art. 482, CLT).

E m b o r a este principio tutele um direito do e m p r e g a d o r , ele serve de f u n d a m e n t o para a luta do obreiro, pois q u a n d o este o s e g u e a risca, t a m b e m estara s e beneficiando, ja q u e ao cumprir c o m s e u s d e v e r e s estara f o r m a n d o a b a s e f u n c i o n a l para exigir s e u s direitos, pois se tornaria inviavel requere-los s e m fazer j u s a sua aquisigao.

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3 P R I N C I P A I S D I R E I T O S S O C I A I S C O N Q U I S T A D O S P E L O S T R A B A L H A D O R E S B R A S I L E I R O S

C o m o visto no esbogo historico-evolutivo do capitulo anterior, ao longo d o s s e c u l o s , a partir principalmente, do m a r c o conhecido c o m o Revolugao Industrial, o s t r a b a l h a d o r e s f o r a m c o n q u i s t a n d o direitos que p a s s a r a m a ser positivados e g a r a n t i d o s ate m e s m o constitucionalmente, cabe agora, tragar a l g u m a s e x p l a n a g o e s s o b r e os principals direitos sociais garantidos aos t r a b a l h a d o r e s brasileiros, m o s t r a n d o o p e n s a m e n t o doutrinario e o disposto nas leis trabalhistas e na Constituigao de 1988.

D e n t r e os direitos a s e r e m a b o r d a d o s neste capitulo estao: direito ao salario; direito ao repouso s e m a n a l r e m u n e r a d o ; direito a ferias r e m u n e r a d a s e direito ao adicional de ferias; direito a gratificagao natalina; direito ao F u n d o de Garantia por T e m p l o d e Servigo; direito ao aviso previo; direito a seguranga e s a u d e no t r a b a l h o ; direito a Jornada de trabalho nao superior a 10 (dez) horas diarias e 4 4 (quarenta e quatro) horas s e m a n a i s e direito a e d u c a g a o .

3.1 D I R E I T O A O S A L A R I O

P a r a q u e fique constituida a relagao de trabalho e necessario h a v e r a e x e c u g a o de servigos por pessoa fisica, q u e os fara c o m habitualidade e e m troca, r e c e b e r a u m a contraprestagao d a q u e l e a quern e s u b o r d i n a d o , este p a g a m e n t o e c o n c e i t u a d o c o m o r e m u n e r a g a o .

De a c o r d o c o m o artigo 4 5 7 da Consolidagao das Leis do T r a b a l h o :

Artigo 457. Compreende-se na remuneragao do empregado, para todos os efeitos legais, alem do salario devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestagao do servigo as gorjetas que receber.

Conclui-se q u e , a r e m u n e r a g a o e um t e r m o a m p l o , que a b r a n g e o salario e as d e m a i s p e c u n i a s recebidas a titulo avulso ou a titulo de gratificagao. E n t e n d e - s e por salario o valor e c o n o m i c o pago diretamente pelo t o m a d o r de servigos, q u e p o d e ser

Referências

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