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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Camila dos Santos Bicca

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS, Brasil

2018

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Camila dos Santos Bicca

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do Estágio Curricular

Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, apresentado ao curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientador (a): Profª. Med. Vet. MSc Maria Andréia Inkelmann

Ijuí, RS 2018

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Camila dos Santos Bicca

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do Estágio Curricular

Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Aprovado em 6 de Dezembro de 2018:

___________________________

Maria Andréia Inkelmann MV. MSc. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

___________________________

Cristiane Beck MSc. Drª. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2018

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho especialmente, aos meus Pais, pelo amor incondicional, dedicação e apoio durante a realização e conquista desse sonho, e aos meus Animais de estimação, pela

inspiração, lealdade e motivação, anjos fiéis que irradiam minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao término desta etapa da graduação, não poderia deixar de agradecer, obviamente, a todos que, de alguma maneira, contribuíram, tanto à minha formação pessoal, acadêmica quanto profissional, para que fosse possível alcançar e concretizar este objetivo. Agradeço especialmente:

A Deus, por guiar-me e iluminar meu caminho durante todos esses anos, pela proteção em inúmeras situações, pois sem teu amparo, nada seria possível!

Aos meus Pais, César Roberto Bicca e Margarida dos Santos, pelos aconselhamentos, carinho, compreensão em cada momento vivido. Por vocês serem meu porto seguro, minha fonte de inspiração, por nunca medirem esforços para que pudessem me proporcionar uma educação exemplar, sempre me incentivando a prosseguir e enfrentar obstáculos, importantes para meu crescimento pessoal, ao longo desses anos. Tenho orgulho de vocês, amo-os infinitamente. Muito Obrigada por tudo!

Aos meus Avós paternos, Clecy Bicca (in memorian) e Romaguera Bicca Filho, pelo amor, carinho e compreensão nos momentos em que não podia estar presente ao lado de vocês. A minha tia Carmen e meu tio Renato, primos Lucas e Pablo, e a Alana, Chay, Érick, por toda dedicação a meus avós e inspiração pelas pessoas que vocês representam a mim.

Aos amigos e familiares de Ijuí, que a vida nos uniu: Avó Nilza, Raque, Alódia, Tarcísio (in memorian), primo-irmão Gilberto, ao Colins, Denise e Murillo, e Dianei, Fábio e Giani. Obrigada por todo incentivo, confiança, força e apoio à minha mãe ao longo destes anos em diversos momentos. Obrigada, Família.

À uma pessoa que ama os animais, no qual tive a oportunidade de conviver e auxiliar, que acreditou que eu teria a capacidade de aprender, ser proativa e de certa forma, comunicativa. Ingrit S. da Frota, obrigada pelos conselhos, experiências, sabedorias, tudo o que vivenciei contigo contribuiu muito ao meu desenvolvimento pessoal e junto a ti, o convívio com a Camila Pagliarine, que também a agradeço pelos ensinamentos, risadas e pelo chimarrão durante as manhãs. E sem esquecer, dos anjinhos de quatro patas, Belinha, Malú, Nina, Ozzy, Piti e Tita. Obrigada de coração!

Ao corpo docente do curso de Medicina Veterinária que tive a honra e oportunidade de conhecer e aprender com eles nesta instituição que foi minha segunda casa ao longo da graduação, excelentes profissionais qualificados que se dedicam a compartilharem e transmitirem grandes ensinamentos a todos os acadêmicos do curso com uma riqueza de conhecimentos abrangendo inúmeras áreas da profissão. Cristiane Beck, Cristiane Teichmann,

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Denize da Rosa Fraga, Felipe Libardoni, Fernando S. F. da Cruz, Gabriele Serafini, Luciana Viero, Maria Andréia Inkelmann, Roberta Pereira, e também, Dagmar Camacho, Emerson Pereira, Gustavo Toscan, Luciane Viana e Magda Metz. Tenham a certeza de que vocês foram essenciais para a minha formação acadêmica, porque vocês cativam ao exercerem a profissão com ética e responsabilidade, tanto em sala de aula quanto à campo ou em laboratórios, tenho muita admiração e enorme respeito por cada um de vocês. Muito obrigada por tudo!

À minha professora e orientadora do estágio, Maria Andréia, pelas orientações e considerações durante a escrita deste relatório e por todas as aulas ministradas com muito amor, dedicação e paciência.

Ao Hospital Veterinário da UNIJUÍ, por permitir a realização do estágio final, possibilitando acompanhar a rotina de atendimentos clínicos, cirúrgicos e ambulatoriais de pequenos animais. A toda equipe deste local, aos quais acompanhei durante todo o estágio, que atuam com experiência e qualificação na área clínica e cirúrgica e de cuidados com os animais internados. Agradeço pela convivência, pelos diversos ensinamentos e experiências adquiridos. Verônica, Rafael, Valter, Matheus, Carol, Cátia, Márcia, Paola e Vaneza, para mim, vocês não são apenas pessoas comuns que exercem uma profissão, mas sem dúvidas, são minha referência e exemplo de grandes e excelentes profissionais Médicos Veterinários e Técnicas de Enfermagem, competentes que se dedicam com amor aos cuidados com a vida e bem estar dos animais. Vocês foram importantes para minha formação, desejo sucesso a vocês sempre. Obrigada!

Ao longo destes anos, não teria como trilhar o caminho da graduação sozinha, me sinto grata e honrada ao saber que esse curso presenteou minha vida com a presença de pessoas muito importantes, que devo respeito, amizade e lealdade por tudo que vivenciamos juntos. Agradeço ao Rodrigo, e as gêmeas que agora são Médicas Veterinárias, Taiane e Taíse, pela amizade, brincadeiras, companheirismo, conselhos, conversas, estudos, união, momentos de alegrias e de tristezas, pelas infinitas caronas às aulas nos dias de chuva. Vocês iluminam minha vida sempre e não quero jamais perder contato com vocês, podem contar comigo sempre. Amo vocês!!!

À todos os demais colegas, que já se formaram e aqueles que ainda não, que estiveram comigo, compartilhando e presenciando os estudos, trocando experiências, desejo sucesso e prosperidades no caminho de vocês.

E por fim, agradeço aqueles que são o motivo pelo qual me fizeram desde os sete anos de idade, seguir com teimosia em escolher a Medicina Veterinária como profissão para toda a vida, aqueles que eu devo respeito acima de tudo, que juro amar, cuidar, proteger e zelar pela

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vida, os animais! Aos meus animais de estimação que já partiram, obrigada por tudo e por me cativarem. Nunca me esquecerei de vocês. Em especial, agradeço imensamente ao meu eterno e amado gato, Gordo. Foram 10 anos convivendo e cuidando de você até tua recente partida neste ano, que ainda dói ao lembrar que ao chegar em casa você não estará mais presente esperando pela minha chegada, com tua presença que fascinava e despertava admiração não apenas de mim, mas de todos que te olhavam. Tu eras e sempre será insubstituível, pois tu despertaste em mim o sentimento de amor incondicional por ti e a todos os animais, amor eterno e verdadeiro! Obrigada pelos miados e ronronos, por ser um felino excepcional e inigualável, TE AMO!

Aos meus cães e gatos que continuam comigo, me ensinando a observar e compreender seus comportamentos, que transmitem amor, lealdade, fazendo crescer cada vez mais o sentimento de amor verdadeiro que sinto por vocês: Babú, Mita, Tana, Tieuri e Teigo. Além deles, aos cães César, Fred, Katy, Peter e a felina Preta, pela coragem, doçura, por me inspirarem sempre a continuar seguindo em frente, com fé e determinação. Obrigada, eu amo todos vocês.

Com eterna Gratidão, Muito obrigada a todos!

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“Temos que acreditar em nós mesmos, com uma força maior que a das adversidades”.

(Lucas Silveira)

“Animais de estimação são criaturas que nos cativam pela graciosidade, companheirismo e são muito mais do que boas companhias”. “Eles dividem conosco o privilégio de existir”.

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RESUMO

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS

ANIMAIS

AUTORA: Camila dos Santos Bicca ORIENTADORA: Maria Andréia Inkelmann

O presente relatório tem como intuito descrever as atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária. O estágio foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, localizado na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul - Brasil. O estágio teve a supervisão do Médico Veterinário Valter da Silveira Júnior e a orientação da professora MSc. Maria Andréia Inkelmann, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018, totalizando 150 horas. No decorrer do estágio foram acompanhadas diversas atividades da rotina do HV, como o acompanhamento e auxílio aos atendimentos clínicos dos pacientes durante as consultas, auxílio em procedimentos ambulatoriais e tratamento instituído aos animais internados como administração de medicamentos, coletas de sangue para hemogramas, acompanhamento em exames complementares como radiografias e ultrassonografias, além de cuidados pré e pós operatórios de procedimentos cirúrgicos nos pacientes internados. Todas as atividades estão detalhadas em forma de tabelas. A partir da realização do estágio, objetivou-se neste trabalho de conclusão de curso, apresentar, descrever e discutir dois casos clínicos relacionados ao sistema reprodutivo feminino, acompanhados durante o estágio curricular, um deles sobre Piometra de cérvix fechada e o outro sobre Parto Distócico, ambos relatados em fêmeas da espécie canina. O estágio é extremamente importante, pois o mesmo possibilita exercer na prática, o conteúdo teórico estudado durante a graduação, permitindo adquirir amplos conhecimentos e experiências realmente essenciais para obter uma formação acadêmica e profissional satisfatória na área de Medicina Veterinária.

Palavras-chaves: Clínica de animais de companhia. Estágio final. Distocia. Piometra em

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ABSTRACT

REPORT OF THE CURRICULAR STAGE SUPERVISIONED IN VETERINARY MEDICINE

AUTHOR: CAMILA DOS SANTOS BICCA ADVISOR: MARIA ANDRÉIA INKELMANN

The purpose of this report is to describe the activities carried out during the Supervised Curricular Internship in Veterinary Medicine. The internship was carried out in the Medical and Surgical Clinic of Small Animals, at the Veterinary Hospital of the Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande do Sul, located in the city of Ijuí, Rio Grande do Sul - Brazil. The internship was supervised by veterinarian doctor Valter da Silveira Júnior and the guidance of professor MSc. Maria Andréia Inkelmann, from September 5 to November 9, 2018, totaling 150 hours. During the training period, several activities of the HV routine were followed, such as the follow-up and assistance to the patients clinical appointments during consultations, assistance in outpatient procedures and treatment of hospitalized animals such as medication administration, blood collection for hemograms, complementary exams such as radiography and ultrassonography, as well as pre and postoperative care of surgical procedures in hospitalized patients. All activities are detailed in the form of tables. From the completion of the stage, this study aimed to present, describe and discuss two clinical cases related to the female reproductive system, followed during the curricular stage, one on pyometra and the other on dystocic birth, both reported in females of the canine species. The internship is extremely important because it allows to practice in practice the theoretical content studied during graduation, allowing to acquire vast knowledge and experiences really essential to obtain a satisfactory academic and professional training in the area of Veterinary Medicine.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 20 Tabela 2 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 21 Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 21 Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções dos sistemas cardiovascular, digestório e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 22 Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções do sistema musculoesquelético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 22 Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções dos sistemas oftálmico, reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 23 Tabela 7 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 23 Tabela 8 - Exames complementares solicitados e acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018. ... 24

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - FOTO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE OVARIOHISTERECTOMIA EM FÊMEA CANINA ACOMETIDA POR PIOMETRA DE CÉRVIX FECHADA. ... 47 ANEXO B - FOTO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE OVARIOHISTERECTOMIA EM FÊMEA CANINA ACOMETIDA POR PIOMETRA DE CÉRVIX FECHADA. ... 48 ANEXO C - FOTO DO ÚTERO DA FÊMEA CANINA APÓS A REMOÇÃO DO MESMO DURANTE A OVARIOHISTERECTOMIA. ... 49 ANEXO D - CASO CLÍNICO 2 - IMAGEM DE CONTEÚDO VULVAR ESVERDEADO DE PACIENTE CANINA COM DISTOCIA. ... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

® Registrado

°C Graus Célsius

ALT Alaninaaminotransferase

BID Bis in die/Duas vezes ao dia

CIEE Centro de Integração Empresa – Escola

FA Fosfatase alcalina

FC Frequência cardíaca

FR Frequência respiratória

h Horas

HEC Hiperplasia endometrial cística

HV Hospital Veterinário

IV Intravenoso

Kg Quilograma

Mg/kg Miligrama por quilo

min Minutos

ml Mililitro

MSc Mestre

OVH Ovariohisterectomia

PPT Proteína Plasmática Total

RS Rio Grande do Sul

SC Subcutânea

SID Semel in die /Uma vez ao dia

SRD Sem raça definida

TID Ter in die/Três vezes ao dia

TPC Tempo de Perfusão Capilar

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do

Sul

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 15

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 19

3. RELATOS DE CASOS ... 25

3.1. RELATO DE CASO 1: PIOMETRA DE CÉRVIX FECHADA EM CANINA ... 25

3.1.1 Introdução ... 25

3.1.2 Metodologia ... 27

3.1.3 Resultados e Discussão ... 28

3.1.4 Conclusão ... 32

3.1.5 Referências Bibliográficas ... 33

3.2. RELATO DE CASO 2: PARTO DISTÓCICO EM CADELA SRD ... 35

3.2.1 Introdução ... 35 3.2.2 Metodologia ... 36 3.2.3 Resultados e Discussão ... 38 3.2.4 Conclusão ... 42 3.2.5 Referências Bibliográficas ... 43 4. CONCLUSÃO ... 45 ANEXOS ... 46

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem o intuito de apresentar o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, estágio que permite exercer através da prática, os ensinamentos e conhecimentos teóricos obtidos durante a graduação, oportunizando ao aluno, acompanhar o funcionamento de uma clínica e a realidade da rotina de profissionais médicos veterinários, além de vivenciar inúmeras situações importantes que contribuem para a formação pessoal e profissional dos alunos como médicos veterinários, possibilitando exercer futuramente a profissão, seguindo uma conduta de ética e responsabilidade.

A partir disto, o local escolhido para realização do estágio curricular final do curso de Medicina Veterinária foi o Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, localizado no interior do campus da UNIJUÍ, na Rua do Comércio, nº 3000, bairro Universitário, CEP 98700-000, na cidade de Ijuí- RS, instituição inaugurada na data de 05 de abril de 2013, atuando a cinco anos com uma estrutura adequada, oferecendo uma rotina de atendimentos diversificada acompanhada por excelentes profissionais especializados, estabelecimento no qual é direcionado ao atendimento ao público em geral da cidade e região e que permite a realização de atividades voltadas ao ensino e aprendizagem de acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da própria Universidade.

O presente estágio supervisionado foi realizado na área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018, perfazendo ao total 150 horas, tendo como orientação da professora MSc. Maria Andréia Inkelmann e supervisão interna do Médico Veterinário Valter da Silveira Júnior.

O Hospital Veterinário realiza atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos e procedimentos de enfermagem para animais de companhia, além de exames laboratoriais e de imagem e também, oferece espaço destinado a aulas práticas de componentes curriculares que envolvem a clínica e cirurgia em pequenos animais, agregando conhecimentos teórico-práticos aos acadêmicos do curso.

O hospital possui uma infraestrutura constituída por recepção e área de espera para o público, banheiros, três ambulatórios para atendimentos clínicos aos pacientes, setor de farmácia, laboratórios de análises clínicas, laboratório de imagem para exames radiográficos e ultrassonográficos. O mesmo local contém um bloco cirúrgico que possui área destinada à esterilização de instrumentais cirúrgicos, uma sala com armários destinados aos materiais cirúrgicos e medicamentos anestésicos, três salas cirúrgicas climatizadas, sendo duas salas para procedimentos cirúrgicos de rotina equipadas com mesas cirúrgicas, aparelhos de

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anestesia inalatória e de monitoração, mesas para instrumentais cirúrgicos e outros materiais como gazes, algodão, álcool, esparadrapos, luvas de procedimentos e outros utensílios como traqueotubos, estetoscópios, laringoscópios, e recipientes para descarte de materiais utilizados durante os procedimentos, e outra sala para as aulas práticas equipada com os mesmos utensílios para os procedimentos cirúrgicos. Ambas as salas contam com área de lavatório para paramentação e antissepsia e vestiários femininos e masculinos utilizados pela equipe cirúrgica e alunos para colocação de pijama cirúrgico, gorro, máscara e troca de calçados.

A sala de internação do hospital possui uma sala para depósito e armazenamento do histórico, pertences e medicamentos dos animais que necessitam de cuidados durante a internação, uma sala de unidade de tratamento intensivo, uma sala para realização de curativos e procedimentos de enfermagem, três salas para internação divididas por espécie, sendo dois canis e um gatil, uma sala de preparação do paciente para procedimentos pré-cirúrgicos, realização de tricotomia e material para uso ao atendimento de emergências, uma sala de isolamento e outra sala de triagem onde os animais diagnosticados com doenças infectocontagiosas permanecem internados e uma lavanderia destinada a limpeza de utensílios utilizados na internação.

O hospital conta com mais duas salas, sendo um canil e um gatil, destinados aos animais utilizados em procedimentos cirúrgicos das aulas práticas do curso, uma sala para armazenamento de alimentos fornecidos a todos os animais, além de um laboratório de anatomia e histopatologia veterinária e um auditório destinado às aulas de alguns componentes curriculares do curso.

O horário de funcionamento do hospital para atendimento ao público da cidade e demais localidades da região é de segunda à sexta, das 08 às 19 horas e aos sábados, das 08 até 16 horas. Os atendimentos clínicos em ambulatórios, exames laboratoriais e exames ultrassonográficos são realizados nos períodos da manhã e tarde, enquanto que exames de imagem radiográfica e procedimentos cirúrgicos ocorrem apenas no período da tarde e os atendimentos e suporte aos animais durante a internação ocorrem em períodos diurno e noturno, sendo realizado por técnicas de enfermagem todos os dias.

A equipe de profissionais do HV é constituída por duas secretárias, uma no turno da manhã e outra à tarde que atuam na recepção ao público, realizando o registro inicial dos pacientes e dos proprietários enquanto os mesmos aguardam pelo atendimento na área de espera e posteriormente efetuam o pagamento pelo atendimento e demais serviços prestados.

Os atendimentos clínicos ambulatoriais no Hospital Veterinário são realizados por uma equipe constituída por quatro profissionais, especializados em áreas diferentes da

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Medicina Veterinária como área de anestesiologia, cirurgia geral, oncológica e ortopédica e na clínica médica, sendo que desta equipe, uma médica veterinária atende no turno da manhã e dependendo da quantidade de consultas clínicas e de procedimentos cirúrgicos da rotina, os atendimentos no período da tarde são realizados apenas por um ou por três médicos veterinários.

Os profissionais encaminhavam os pacientes que aguardavam atendimento para um dos ambulatórios disponíveis e realizavam a anamnese, exame físico completo do animal, solicitavam exames laboratoriais e de imagem de acordo com a queixa ou suspeita clínica, explicavam os resultados dos exames aos proprietários, e conforme a necessidade, o animal era encaminhado para internação para realização de procedimentos cirúrgicos, receber cuidados de enfermagem durante o tratamento.

Os exames conforme solicitados durante as consultas, eram realizados nos laboratórios de análise clínica sob a responsabilidade técnica de uma biomédica, laboratório de diagnóstico por imagem onde os exames radiográficos são realizados por um técnico radiologista e os laudos destes obtidos por uma médica veterinária e os exames e laudos da ultrassonografia são realizados por duas médicas veterinárias, ambos os exames, quando necessário, eram realizados com o auxílio de alunos estagiários.

Os procedimentos cirúrgicos da rotina quando marcados são realizados por um médico veterinário anestesista e um cirurgião, com auxílio de alunos do centro acadêmico e estagiários, responsáveis pela preparação e procedimentos pré-operatórios dos pacientes. No setor de internação, os pacientes são monitorados integralmente pelas técnicas de enfermagem e estagiários curriculares e do centro de integração empresa – escola (CIEE), e no período noturno somente por técnicas de enfermagem, sendo responsáveis pela administração de medicações prescritas pelos médicos veterinários, fornecer alimentação e realizar demais cuidados durante o tratamento dos animais, conforme o estado e quadro clínico de cada paciente.

O estágio curricular supervisionado permite ao acadêmico acompanhar e auxiliar aos profissionais em diversos procedimentos e atividades realizadas na rotina envolvendo a área clínica e cirúrgica de animais de companhia, oportunizando ao aluno adquirir conhecimentos e grandes experiências através do estudo e compreensão de casos clínicos. A área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais foi escolhida para a realização do estágio curricular final devido aos crescentes aprimoramentos e evolução que vem ocorrendo neste setor.

O objetivo da realização do estágio supervisionado é o de exercer, através da prática, os ensinamentos teóricos adquiridos ao longo do curso de Medicina Veterinária,

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possibilitando enriquecer a formação acadêmica ao compartilhar experiências e interagir com profissionais e alunos, além de contribuir futuramente para o desenvolvimento e aprimoramento profissional, adotando inúmeras responsabilidades e condutas éticas durante o exercício desta profissão como Médicos Veterinários.

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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi desenvolvido no Hospital Veterinário localizado na UNIJUÍ – Ijuí/RS, abrangendo a área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, durante o período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018, nos turnos da tarde de quartas a sextas-feiras, das 13h30min às 19h30min, totalizando 150 horas. O estágio neste local possibilitou acompanhar a rotina da clínica médica e cirúrgica sendo possível, quando solicitado ao estagiário, auxiliar aos médicos veterinários durante os atendimentos clínicos aos pacientes, realizando a contenção física, aferição de parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca e respiratória, temperatura retal, e quando necessário, de acordo com o caso atendido, auxilio na coleta de material para realização de exames laboratoriais, além de acompanhar e auxiliar na realização de exames de imagem como radiografias e ultrassonografias, auxiliar na realização de procedimentos ambulatoriais como acesso venoso para instituição de fluidoterapia e medicamentos, limpeza de feridas, troca de curativos, remoção de pontos cirúrgicos.

A rotina da clínica médica também envolveu o acompanhamento e auxilio às técnicas de enfermagem durante a internação dos animais, realizando administração de medicamentos prescritos aos pacientes pelos médicos veterinários responsáveis, auxiliando nos cuidados e demais procedimentos de enfermagem, além de participar e auxiliar na preparação do paciente para procedimentos da rotina cirúrgica, como realização de tricotomia e cuidados pré cirúrgicos, bem como em cuidados pós cirúrgicos dos pacientes que consistiram na recuperação anestésica, aferição de parâmetros fisiológicos, troca de curativos, possibilitando acompanhar a evolução e discussão dos casos até o momento de autorizar a alta aos pacientes.

As atividades realizadas durante o estágio, para um melhor entendimento, estão detalhadas em forma de tabelas, constando as atividades acompanhadas e auxiliadas, além de diagnósticos obtidos, dispostos conforme os seus respectivos sistemas orgânicos.

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Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Procedimentos Nº Cães Nº Gatos Total %

Abdominocentese 1 0 1 0

Acesso venoso 20 4 24 11

Administração de medicamentos 25 4 29 14

Aferição de temperatura retal 7 2 9 4

Atendimentos clínicos 47 4 51 24

Auxílio em exames radiográficos 4 0 4 2

Auxílio em exames ultrassonográficos 4 0 4 2

Auxílio em procedimentos cirúrgicos 2 0 2 1

Auxílio em procedimentos pré-cirúrgicos 15 1 16 8

Auxílio em procedimentos pós-cirúrgicos 10 0 10 5

Coleta de sangue 24 4 28 13

Curativo 5 1 6 3

Drenagem de abscesso 1 0 1 0

Drenagem de sonda vesical 2 1 3 1

Eutanásia 2 1 3 1

Fisioterapia 1 0 1 0

Limpeza de ferida 5 1 6 3

Limpeza de ferida por miíase 1 1 2 1

Raspado de pele 1 0 1 0

Remoção de pontos cirúrgicos 3 0 3 1

Retornos 6 0 6 3

Toracocentese 1 0 1 0

Transfusão sanguínea 2 0 2 1

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Tabela 2 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Procedimentos cirúrgicos Nº Cães Nº Gatos Total %

Cesareana 1 0 1 33

Ovariohisterectomia terapêutica 2 0 2 67

Total 3 0 3 100

Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Sistemas Nº Cães Nº Gatos Total %

Cardiovascular 2 0 2 4 Digestório 1 0 1 2 Doenças infectocontagiosas 16 0 16 31 Musculoesquelético 6 1 7 14 Oftálmico 2 0 2 4 Reprodutivo 15 0 15 29 Tegumentar e anexos 5 2 7 14 Urinário 0 1 1 2 Total 47 4 51 100

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Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções dos sistemas cardiovascular, digestório e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Cinomose 9 0 9 47

Insuficiência cardíaca congestiva direita 2 0 2 11

Pancreatite 1 0 1 5

Parvovirose 6 0 6 32

Suspeita de Leptospirose 1 0 1 5

Total 19 0 19 100

Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções do sistema musculoesquelético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Fratura de fêmur 2 0 2 29

Fratura de mandíbula 0 1 1 14

Fratura de tíbia 1 0 1 14

Fratura de rádio e ulna 1 0 1 14

Luxação de cotovelo 1 0 1 14

Ruptura de ligamento cruzado 1 0 1 14

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Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de afecções dos sistemas oftálmico, reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Distocia 2 0 2 11

Doença idiopática do trato urinário inferior dos felinos 0 1 1 6

Entrópio 1 0 1 6 Hérnia perianal 1 0 1 6 Neoplasia anal 1 0 1 6 Piometra 2 0 2 11 Prolapso retal 1 0 1 6 Tumor de mama 6 0 6 33

Tumor venéreo transmissível 2 0 2 11

Úlcera de córnea 1 0 1 6

Total 17 1 18 100

Tabela 7 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Dermatite alérgica a saliva da pulga 1 0 1 17

Ferida abdominal 0 1 1 17

Ferida lacerada 1 0 1 17

Ferida no membro pélvico 1 0 1 17

Otite por Malassezia 1 0 1 17

Miíase em ouvido esquerdo 1 0 1 17

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Tabela 8 - Exames complementares solicitados e acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 05 de setembro a 09 de novembro de 2018.

Exames Nº Cães Nº Gatos Total %

Albumina 1 0 1 1

ALT 15 3 18 13

Amilase 1 0 1 1

Citologia Aspirativa por Agulha Fina 1 0 1 1

Citologia de ouvido 1 0 1 1 Citologia de pele 1 0 1 1 Citologia vaginal 1 0 1 1 Colesterol 1 0 1 1 Creatinina 24 4 28 21 FA 15 3 18 13 Glicemia 7 0 7 5 Hemograma 24 4 28 21 Parasitológico de fezes 1 0 1 1 Parasitológico de pele 1 0 1 1

Pesquisa por hemoparasitas 2 0 2 1

Radiografia 4 0 4 3

SNAP Test Cinomose 9 0 9 7

SNAP Test Parvovirose 6 0 6 4

Teste de Fluoresceína 1 0 1 1

Ultrassonografia 4 0 4 3

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3. Relatos de Casos

3.1. RELATO DE CASO 1:

Piometra de cérvix fechada em canina

Camila dos Santos Bicca, Maria Andréia Inkelmann

3.1.1. Introdução

A anatomia do sistema reprodutivo feminino presente nas fêmeas da espécie canina é composta, internamente por ovários, oviduto, útero, cérvix, vagina, vestíbulo e externamente pela vulva além de cinco pares de glândulas mamárias (HAMMOND, 2012; KÖNIG, PLENDL e LIEBICH, 2016). O período reprodutivo das fêmeas desta espécie é conhecido como ciclo estral, o qual é constituído por quatro fases distintas denominadas de proestro, estro, diestro e anestro, sendo o proestro e o estro caracterizados como as fases em que as fêmeas apresentam secreção sanguinolenta, receptividade sexual ao macho, evidenciando sinais de cio (JOHNSON, 2010), e as fases de diestro e anestro, segundo Hedlund (2008) e Johnson (2010), representam a fase luteínica do ciclo responsável pela produção do hormônio progesterona e, o período em que a fêmea cessa sua fase reprodutiva, não estando no cio, respectivamente.

A fase de diestro, de acordo com Freshman (2013) normalmente ocorre após o estro, com duração em torno de dois meses. Durante esta fase, frequentemente ocorrem algumas alterações uterinas do trato reprodutivo das fêmeas, denominadas de hiperplasia endometrial cística (HEC) e piometra (HEDLUND, 2008; JOHNSON, 2010; OLIVEIRA, 2017). O diestro secreta através do corpo lúteo presente no ovário, uma alta concentração de hormônio denominado de progesterona que atua no útero influenciando no crescimento, secreção de glândulas endometriais e reduzindo a atividade do miométrio, fator este que predispõe a ocorrência da hiperplasia endometrial cística, patologia uterina que se desenvolve em resposta mediada pela alta secreção de progesterona endógena e através da aplicação exógena deste hormônio para evitar o cio e acasalamento em cadelas (HEDLUND, 2008; JOHNSON, 2010; FRESHMAN, 2013).

A hiperplasia endometrial cística (HEC) provoca um aumento no tamanho, quantidade e secreção das glândulas do endométrio, devido ao espessamento endometrial, produzindo um fluido que se acumula nas glândulas endometriais e no lúmen uterino (HEDLUND, 2008). O

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conteúdo altera o ambiente uterino favorecendo o desenvolvimento de infecção uterina devido à presença e proliferação de bactérias oportunistas, predispondo consequentemente ao desenvolvimento da piometra (HEDLUND, 2008; OLIVEIRA, 2017). Piometra é uma infecção uterina que ocorre devido ao acúmulo anormal de conteúdo caracterizado como purulento, localizado no lúmen uterino, patologia esta que ocorre secundária a HEC (HEDLUND, 2008). A incidência da piometra é observada frequentemente em cadelas do que em fêmeas da espécie felina, acometendo cadelas entre faixa etária de 6,5 a 8,5 anos de idade (JOHNSON, 2010).

Os principais sinais clínicos visualizados na piometra dependem da forma de apresentação da cérvix no qual, a cérvix aberta é caracterizada pela presença de corrimento de conteúdo purulento na vulva e a cérvix fechada, observa-se ausência de secreção de conteúdo vulvar. Os autores ainda mencionam a presença de outros sinais clínicos, tais como anorexia, depressão, letargia, poliúria, polidipsia, aumento de volume e desconforto na região abdominal (FRESHMAN, 2013; OLIVEIRA, 2017). A etiologia deste distúrbio uterino conforme mencionado por Hedlund (2008), Freshman (2013) e Oliveira (2017), envolve a presença de um agente bacteriano no conteúdo purulento, sendo a Escherichia coli, uma bactéria gram negativa comumente encontrada, que produz endotoxinas responsáveis por uma secreção inflamatória e sistêmica relacionada à piometra (JOHNSON, 2010). Essa bactéria está presente na flora vaginal regular e sua presença no conteúdo caracteriza invasão bacteriana oportunista (HEDLUND, 2008).

Hedlund (2008), Hammond (2012) e Oliveira (2017) afirmam que a anamnese, observação de sinais clínicos, exame físico e os resultados dos exames laboratoriais e, de imagem, como a ultrassonografia, confirmam o diagnóstico de piometra. O diagnóstico diferencial para esta infecção uterina, segundo os autores citados acima e também por Johnson (2010), inclui a diferenciação no aspecto da secreção do conteúdo uterino, que pode evidenciar hemometra, hidrométrio e mucometra. Além disso, deve-se diferenciar de gestação, devido ao aumento de volume abdominal, sendo estas possibilidades confirmadas ou excluídas através da ultrassonografia e dos sinais clínicos que estas alterações promovem.

A opção mais indicada para tratamento da piometra em cadelas e gatas é feito através da realização da ovariohisterectomia (JOHNSON, 2010; FRESHMAN, 2013; OLIVEIRA, 2017). Dessa forma, o objetivo deste relato é descrever um caso de piometra de cérvix fechada em um canino, fêmea, da raça Golden Retriever, acompanhado durante o Estágio Final Supervisionado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS.

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3.1.2. Metodologia

Foi atendido durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, um canino, fêmea, da raça Golden Retriever, com 7 anos e 6 meses de idade, pesando 39 kg, que apresentava apatia, inapetência, polidipsia e poliúria. À anamnese a proprietária relatou que há 5 dias a canina começou a apresentar estas alterações, recusando a alimentação fornecida, que consistia em ração seca, ingeria muita água e urinava frequentemente, não apresentava vômitos, além disso, não era castrada, não mantinha contato com outro cão, nunca teve filhotes, há uma semana havia saído do cio, que eram sempre regulares, nunca recebeu progestágenos, e, a tutora não observou a presença de secreção vaginal neste período.

No exame físico o animal apresentava apatia, observou-se temperatura retal de 38,5ºC, parâmetros vitais como FC e FR sem alterações, mucosas normocoradas, TPC de 1”, ao realizar a palpação abdominal foi constatado aumento de volume na região do útero e desconforto abdominal, com ausência de secreção vaginal. O animal, após a consulta, foi encaminhado para internação onde recebeu via acesso venoso fluidoterapia com ringer lactato de 2000 ml/ 24h, cefazolina 30 mg/kg, via intravenosa (IV), a cada oito horas (BID), glicol

pet® 0,5 ml/kg, via oral (VO) a cada 12 horas (TID), metronidazol 15 mg/kg, IV, BID,

ranitidina 2 mg/kg, via subcutânea (SC), BID. No dia seguinte, com o animal em jejum alimentar, exames complementares como ultrassonografia abdominal e coleta de sangue para hemograma, avaliação renal para mensurar creatinina e avaliação hepática para alaninaaminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA), foram realizados.

Com o indicativo de piometra de cérvix fechada, o tratamento instituído ao animal após obter o diagnóstico neste caso foi permanecer com fluidoterapia com ringer lactato via acesso venoso no membro torácico esquerdo e jejum total para a realização de ovariohisterectomia. Ao pré-operatório, a paciente recebeu como medicação pré-anestésica a associação de 2,2 mg/kg de diazepam e 3 mg/kg de tramadol pela via IV, foi realizada tricotomia ampla da região abdominal e a mesma foi encaminhada ao bloco cirúrgico, recebendo indução anestésica com 2 mg/kg de cetamina e 2 mg/kg de propofol via IV, intubação orotraqueal com traqueotubo nº 8,5 e manutenção anestésica utilizando anestesia inalatória com isofluorano ao efeito em sistema semi-fechado, vaporizado com oxigênio. À analgesia foi instituído 25 mg/kg de dipirona e 0,2 mg/kg de meloxicam IV e aplicado antibiótico, sendo 30 mg/kg de cefazolina e 15 mg/kg de metronidazol via IV.

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Posteriormente, o animal foi posicionado em decúbito dorsal, realizando antissepsia da região abdominal e colocação de panos de campo. A cirurgia foi realizada com acesso a cavidade abdominal através de incisão mediana retro umbilical de pele, subcutâneo e linha alba. O útero foi localizado, constatando-se que estava aumentado de tamanho. Após, o ovário direito foi localizado, duas pinças abaixo e uma pinça acima do ovário foram colocadas, seccionando com bisturi acima da segunda pinça para remover o ovário, realizando ligadura do pedículo ovariano direito com fio cirúrgico náilon e removendo as duas pinças restantes. O mesmo procedimento foi realizado no ovário contralateral. O útero e a cérvix foram localizados e expostos, colocando três pinças hemostáticas traumáticas acima da cérvix (Anexo A), seccionando entre a segunda e terceira pinça, removendo o útero e pedículos ovarianos (Anexo C). Os cotos uterinos e a cérvix receberam ligadura dupla com fio poliglecaprone nº 2-0, omentalizando a cérvix (Anexo B). A celiorrafia consistiu na aproximação da linha alba com padrão sultan e fio poliglecaprone nº 0, sutura do subcutâneo com fio poliglecaprone nº 2-0, padrão zigue-zague e dermorrafia com fio náilon nº 3-0 e padrão Wolff. Após o procedimento, a paciente continuou internada para cuidados pós-operatórios, recebendo 125 ml/h de fluidoterapia de ringer lactato via acesso venoso, mantendo as medicações citadas anteriormente, acrescentando dipirona 25 mg/kg, IV/TID e tramadol 4 mg/kg, SC/TID, além do uso de colar elizabetano, alimentação e água a vontade. A paciente permaneceu bastante ativa durante a internação.

No dia seguinte, foi realizado nova coleta de sangue para hemograma e avaliação renal mensurando creatinina, obtendo melhoras no resultado do exame. Após melhora clínica e cirúrgica a paciente recebeu alta, com prescrição de administrar cefalexina comprimido (500 mg), na dose de 30 mg/kg, VO, a cada 12 h, por 7 dias, dipirona (500 mg), dose de 25 mg/kg,

VO, a cada 8 h por 3 dias, Label® (15 mg/ml), na dose de 2 mg/kg, VO, TID, durante 7 dias e

metronidazol comprimido (400 mg), na dose de 15 mg/kg, VO/ TID, por 4 dias. Foi indicado realizar limpeza dos pontos cirúrgicos com solução fisiológica a cada 12 h, utilizar colar elizabetano ou roupa cirúrgica até a remoção dos pontos cirúrgicos e retornar para reavaliação e remoção dos pontos, 7 dias após o procedimento cirúrgico. A paciente retornou neste período, fazendo nova avaliação, constatando-se, boa melhora em seu estado clínico e comportamento, estando muito agitada e dócil.

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A associação da anamanese, sinais clínicos e principalmente dos resultados dos exames complementares confirmaram o diagnóstico de hiperplasia endometrial e piometra de cérvix fechada na paciente. A hiperplasia endometrial cística associada à piometra é um distúrbio uterino (DAVIDSON, 2008; GALLEGO, 2012) que se desenvolve nas cadelas durante a fase do ciclo estral chamada de diestro (JOHNSON, 2010; MORAILLON et al., 2013), em resposta anormal do útero diante da alta secreção de progesterona através do corpo lúteo nos ovários predominante nesta fase, hormônio responsável pelo aumento e função de secreção exercida pelas glândulas do endométrio e redução da atividade do miométrio (HEDLUND, 2008; MACPHAIL, 2014), influenciando, segundo Oliveira (2017), na ocorrência de aumento no tamanho e quantidade das glândulas endometriais levando ao espessamento da parede uterina caracterizando a HEC. Alteração esta, que consequentemente predispõe o útero a uma infecção secundária (FRESHMAN, 2013), de origem bacteriana pela produção de um fluido que se acumula nas glândulas endometriais e no interior do útero com conteúdo de aspecto purulento mediado por agentes patogênicos, caracterizando a piometra (GALLEGO, 2012; MACPHAIL, 2014; OLIVEIRA, 2017).

A HEC e a piometra são afecções que acometem fêmeas da espécie felina e canina (HEDLUND, 2008; JOHNSON, 2010; FOSTER, 2013), sendo frequentemente encontrada, como afirmam Davidson (2008) e Johnson (2010), com maior incidência em cadelas, pois estas sofrem maior exposição a progesterona endógena durante o diestro e exógena, do que as gatas, que apresentam ovulação induzida limitando a exposição a progesterona (GALLEGO, 2012). Ambas ocorrem em fêmeas adultas e idosas, entre a faixa etária média de 6,5 a 9,5 anos, que não são castradas, sem predisposição por raças, podendo acometer raças como Chow-Chow, Golden Retrievers, Rottweilers, Schnauzers, e animais sem raça definida (HEDLUND, 2008; JOHNSON, 2010; GALLEGO, 2012; MACPHAIL, 2014). Neste caso, a descrição da paciente está de acordo com os autores citados acima, pois trata-se de uma fêmea da espécie canina, da raça golden retriever, idosa, de 7 anos e 6 meses, não castrada.

A proprietária relatou que a canina sempre teve cios regulares, nunca cruzou com outros cães machos e que a mesma anterior a consulta no HV, havia saído do período de cio, presumindo que a mesma encontrava-se no início do período de diestro quando começou a apresentar alterações em seu comportamento. Fato este afirmado por Johnson (2010) e MacPhail (2014), no qual o histórico da fêmea quando apresentado pelos responsáveis consiste no fato das fêmeas estarem na fase do estro e encerrarem este período algumas semanas que antecedem as consultas, momento em que pode ocorrer a piometra após o estro.

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A hiperplasia endometrial e a piometra podem ocorrer também em fêmeas jovens e adultas que apresentam irregularidades na fase reprodutiva ou em seguida ao uso de hormônios exógenos como a progesterona, como método contraceptivo (HEDLUND, 2008; FRESHMAN, 2013; MACPHAIL, 2014). Neste caso relatado, a tutora afirmou que nunca administrou na cadela, hormônios como estrógenos e progestágenos com o intuito de evitar o cio, pois a mesma não tinha convívio com outros contactantes. Durante o ciclo estral nas cadelas, segundo Foster (2013), evidencia-se a presença de concentrações altas de progesterona ao término da fase de estro e no início do diestro. Com isso, diminuem as barreiras de defesa do útero, favorecendo o desenvolvimento de infecção bacteriana (FOSTER, 2013; MORAILLON et al., 2013), causada por bactérias localizadas na flora vaginal, principalmente a Escherichia coli, que infectam o ambiente uterino por via ascendente a cérvix, levando a ocorrência de piometra e o aparecimento de alterações clínicas (DAVIDSON, 2008; HEDLUND, 2008; FRESHMAN, 2013; MACPHAIL, 2014).

A hiperplasia endometrial cística em si, de acordo com Johnson (2010) e Oliveira (2017), não evidencia sinais clínicos nos animais afetados, sendo encontrada através dos exames de palpação abdominal e de ultrassonografia. Entretanto, a piometra apresenta sinais clínicos considerados inespecíficos como episódios de vômitos, diarreia, febre que pode estar ausente ou presente (JOHNSON, 2010; GALLEGO, 2012). A paciente deste relato de caso não apresentava nenhum destes sinais clínicos descritos pelos autores citados acima, pois os parâmetros vitais estavam dentro dos parâmetros fisiológicos para a espécie. Contudo a paciente demonstrava outras alterações que corroboram com os sinais clínicos citados por Mazzaferro e Ford (2012) e MacPhail (2014), como letargia, anorexia, aumento abdominal, bem como aumento na ingestão de água e frequência de micção.

A piometra apresenta-se sob duas formas diferenciadas pela presença de secreção vulvar, sendo a forma de piometra de cérvix aberta, em que é possível observar a presença de uma secreção geralmente purulenta proveniente da vulva e a cérvix fechada que consiste na ausência de secreção purulenta (FELDMAN, 2008; HEDLUND, 2008; JOHNSON, 2010; MAZZAFERRO e FORD, 2012; MACPHAIL, 2014; OLIVEIRA, 2017), pois a cérvix quando fechada impede a drenagem deste fluido provocando o aparecimento de sinais clínicos inespecíficos, levando a um desenvolvimento grave desta doença (FELDMAN, 2008; GRAVES, 2008; HEDLUND, 2008). Neste caso foi constatado durante a anamnese e exame físico da paciente, ausência de secreção purulenta, estando de acordo com a descrição dos autores, indicando a presença de piometra de cérvix fechada na canina.

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A paciente após a consulta foi internada para tratamento e realização de exames, sendo realizado exame laboratorial como o hemograma, o qual evidenciou alteração, apresentando uma leucocitose por neutrofilia com desvio a esquerda regenerativo. Tal resultado está de acordo com as alterações encontradas em hemograma e, descritas por MacPhail (2014) e Oliveira (2017), nos quais a neutrofilia e desvio a esquerda são comumente encontradas, além de leucocitose, observados em casos de piometra de cérvix fechada, auxiliando na diferenciação entre a piometra e HEC associada a presença de muco, chamada de mucometra, que segundo Johnson (2010), não evidencia alteração significativa no hemograma. Alterações nos resultados de exame bioquímico podem incluir discreto a moderado aumento em ALT e FA (MACPHAIL, 2014; OLIVEIRA, 2017), diferenciando do resultado obtido no exame da paciente deste caso, o qual se encontravam dentro dos valores de referência normais para a espécie. Freshman (2013) afirma que valores aumentados de FA e ALT são encontrados em casos com septicemia e séria desidratação.

Outro exame realizado na paciente deste caso foi a ultrassonografia abdominal, exame que é o mais utilizado para avaliação e diagnóstico de HEC e piometra, diferenciando de outras doenças, pois este exame permite observar como alterações, espessamento da parede uterina, aumento uterino e fluido com conteúdo anecóico ou hipoecogênico no lúmen uterino, que caracterizam a piometra e a HEC (FELDMAN, 2008; HAMMOND, 2012; FRESHMAN, 2013; SCHAEFFTER, 2017). Estes resultados descritos pelos autores estão de acordo com as alterações encontradas no exame de ultrassom da paciente deste caso onde foi possível constatar alterações no útero evidenciando aumento de volume, dimensões alteradas, paredes espessadas e presença de conteúdo anecóico, o que confirmou o diagnóstico de piometra.

Após o diagnóstico de HEC e piometra de cérvix fechada, a paciente recebeu primeiramente durante a internação antibióticos por via intravenosa como cefazolina 30 mg/kg e metronidazol 15 mg/kg. Segundo MacPhail (2014), antibióticos com largo espectro de ação indicados para infecções bacterianas são a cefazolina, enrofloxacina e amoxicilina com clavulanato. A cefazolina e o metronidazol foram utilizados neste caso pelo fato de serem antibióticos de classes diferentes que apresentam ação e eficácia semelhantes para o tratamento em infecções causadas principalmente por agentes bacterianos anaeróbios e gram-negativos como a Escherichia coli, e também pela ação profilática em cirurgias (PAPICH, 2012). As doses e a via de administração destes medicamentos utilizados neste caso estão de acordo com a recomendação descrita pelo mesmo autor.

A partir deste diagnóstico, o tratamento escolhido para a paciente relatada neste caso foi a realização de ovariohisterectomia terapêutica, procedimento cirúrgico ressaltado como a

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melhor forma de tratamento para a HEC e a piometra em cadelas (FELDMAN, 2008; HEDLUND, 2008; MACPHAIL, 2014; OLIVEIRA, 2017), que constitui na remoção cirúrgica dos ovários e do útero, procedimento utilizado para controle de infecções como a piometra, alterações endócrinas, evitar cios e prevenção contra tumores mamários (HEDLUND, 2008; CARLO e BORGES, 2018). A técnica utilizada foi a mesma descrita por MacPhail (2014) e Carlo e Borges (2018), no qual descrevem o acesso aos órgãos reprodutivos realizado através de uma incisão retroumbilical mediana de pele, subcutâneo e linha alba. A OVH é contraindicada em cadelas durante o período de estro, devido a ocorrência de sangramentos excessivos causada pela ação de vasodilatação promovida pelo hormônio estrogênio (HEDLUND, 2008; CARLO e BORGES, 2018).

A canina deste caso recebeu fluidoterapia com ringer lactato via acesso venoso antes, durante e após o procedimento cirúrgico. Johnson (2010) e MacPhail (2014) afirmam que a fluidoterapia é importante para manter a hidratação, perfusão renal e auxiliar na correção de alterações hidroeletrolíticas durante a recuperação do paciente. A mesma durante o pós-operatório seguiu utilizando colar elizabetano que segundo Carlo e Borges (2018) é recomendado para proteção dos pontos cirúrgicos, evitando traumas e atraso na cicatrização da ferida operatória. A piometra segundo Johnson (2010) e Oliveira (2017) é uma situação de emergência, principalmente a piometra de cérvix fechada em que o quadro clínico do animal pode evoluir para septicemia e levar ao óbito (OLIVEIRA, 2017) caso o animal não receber tratamento para esta afecção. Animais que passaram por tratamento cirúrgico, apresentam prognóstico favorável (MACPHAIL, 2014). No caso relatado, a paciente após receber alta, retornou sete dias depois para reavaliação, apresentando ótima melhora e evolução em seu estado clínico.

3.1.4. Conclusão

A anamnese, observação dos sinais clínicos e realização de exames complementares como hemograma e exame de ultrassonografia do animal deste relato, foram extremamente importantes para a confirmação do diagnóstico e escolha correta do tratamento para a piometra. O tratamento realizado para estabilização do quadro clínico da paciente e prevenção de complicações desta patologia foi através da técnica cirúrgica de ovariohisterectomia, que em conjunto com os cuidados pós-operatórios foram efetivos, proporcionando um prognóstico favorável e melhora no estado geral do animal.

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3.1.5. Referências bibliográficas

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(35)

3.2. RELATO DE CASO 2

Parto Distócico em Cadela SRD

Camila dos Santos Bicca, Maria Andréia Inkelmann

3.2.1 Introdução

Distocia refere-se a dificuldade ou impossibilidade que a fêmea gestante apresenta em expulsar o filhote de forma fisiológica no momento do parto, sendo necessária a intervenção médica para dar continuidade ao parto (FORD e MAZZAFERRO, 2012; DAVIDSON, 2015; LOURENÇO e FERREIRA, 2017). Fêmeas de raças pequenas ou braquicefálicas são mais propensas a terem partos distócicos, sendo cadelas mais pré-dispostas que gatas (LOPATE, 2015).

A etiologia da distocia é multifatorial, estas podem ser resultante de fatores relacionados intimamente com o/os feto(s), como: tamanho avantajado em relação ao canal do parto, anormalidades anatômicas, postura e posicionamento inadequados. E ou por motivos vinculados a mãe, como: inércia uterina, conformação da pelve, hipocalcemia, alterações psicológicas dentre outros (FORD e MAZZAFERRO, 2012; LOPATE, 2015; PRESTES, 2017). A distocia pode ocorrer em qualquer um dos 3 estágios do parto, por isso é de fundamental importância que o tutor receba algumas informações básicas sobre o desfecho normal do parto para que consiga identificar o quanto antes alguma alteração (LOPATE, 2015; LOURENÇO e FERREIRA, 2017). Alguns sinais que podem identificar uma distocia: a cadela está prenhe há mais de 72 dias contando desde o 1° cruzamento, não iniciou trabalho de parto após 24 horas da queda de temperatura retal, a fêmea está há mais de 30 min apresentando contração abdominal e não expulsa o feto, ou, já passou mais de 2 horas desde que o 1° filhote nasceu (LOPATE, 2015).

O diagnóstico preciso de distocia depende de uma anamnese detalhada, de um exame físico minucioso, para identificar fatores relacionados a distocia, além de exames de imagem e laboratoriais. A falha na execução de qualquer um destes procedimentos pode acarretar em erro do diagnóstico ou do procedimento terapêutico adotado durante o parto. Realizar uma cesariana sem necessidade coloca a mãe e o filhote em risco (DAVIDSON, 2015; LOURENÇO e FERREIRA, 2017).

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A intervenção clínica ou cirúrgica deve ser realizada antes que a fêmea entre em exaustão ou ocorra a morte do filhote e quando existir perda de líquido verde-escuro sem a iminência de parto. A fêmea deve ser internada e permanecer até a sua estabilização e até o nascimento do último filhote. Em casos de posicionamento inadequado, o clínico pode tentar fazer a correção através da palpação. Quando identificado inércia primária uterina sem obstrução do canal do parto, pode-se optar por tratamento clínico com ocitocina e cálcio, caso a causa da distocia seja algum fator mais agravante deve-se encaminhar o animal para cesariana. Para a escolha correta do tratamento é fundamental a rápida identificação do parto distócico e a correta identificação dos fatores ligados à sua origem (MORAILLON, 2013, DAVIDSON, 2015; LOURENÇO e FERREIRA, 2017).

O prognóstico em caso de parto distócico é variável, em casos onde a distocia foi identificada rapidamente e os procedimentos realizados foram eficazes o prognóstico varia de bom a razoável em relação a vida da fêmea e razoável para o filhote tanto para gatas quanto para cadelas. Já quando a distocia é tardiamente identificada ou o tratamento é negligenciado durante 24-48hs o prognóstico para a cadela é de mau a razoável, e é improvável que os filhotes sobrevivam, caso o paciente seja gata o prognóstico passa a ser variável (LOPATE, 2015).

O objetivo deste relato é descrever um caso de parto distócico em um canino fêmea, sem raça definida, acompanhado durante o Estágio Final Supervisionado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS.

3.2.2 Metodologia

Durante a realização do Estágio Final Supervisionado em Medicina Veterinária no HV-UNIJUÍ chegou para atendimento um canino, fêmea, sem raça definida de porte pequeno, de 5 anos e 8 meses de vida, pesando 4 kg, apresentando como queixa principal apatia, inapetência e dificuldade ao parto. Na anamnese o proprietário relatou que no dia anterior a consulta a paciente estava muito ofegante, inquieta, tentava se esconder, se esforçava repetidamente e não conseguia parir.

Mencionou também que esta era a segunda gestação da fêmea e que a mesma já havia apresentado estas alterações durante a primeira, na qual teve muita dificuldade em parir os filhotes, que terminaram vindo a óbito. Mencionou ainda que a fêmea estaria completando aproximadamente 60 dias de prenhez.

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Ao exame clínico e obstétrico o animal apresentou aumento de volume e tensão na região abdominal, já na região vulvar foi observado presença de conteúdo viscoso de coloração esverdeada. Também foi observado que ela estava apática, um pouco ofegante, apresentava mucosas rosadas, temperatura retal de 37ºC, FC sem alteração. Após a avaliação foi concluído que se tratava de um caso de distocia, a paciente foi internada para a realização de cesariana e ovariohisterectomia.

Durante a internação foi realizado o teste de glicemia e coleta de sangue para realização de hemograma e bioquímico para mensuração de proteína plasmática total (PPT), creatinina, alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA). Também foi realizado acesso venoso e instituído fluidoterapia com ringer lactato no volume de 250 ml/24h,

cefazolina 30 mg/kg, IV, dipirona 25 mg/kg por via IV, além de Hemolitan gold® na dose de

0,1 ml/kg e volume de 0,5 ml, VO.

No pré-operatório, foi instituído para a medicação pré-anestésica 3 mg/kg de meperidina via IM, fluidoterapia com NaCl 0,9% no volume de 0,8 ml/kg/h, realizado tricotomia da região abdominal. Após ser encaminhada ao bloco cirúrgico, a paciente recebeu indução anestésica com 5 mg/kg de propofol, via IV, intubação via orotraqueal, recebendo anestesia inalatória com isofluorano ao efeito. A analgesia constituiu em 0,2 mg/kg de maxicam 0,2%, IV. Foi utilizado anestesia local com lidocaína com vasoconstritor na dose de 1 ml/kg e utilizado como antibiótico, cefazolina na dose de 30 mg/kg, IV.

Após, com o animal em decúbito dorsal, foi feito antissepsia da região abdominal e a colocação dos panos de campo. Em seguida a cesariana foi realizada através de incisão pré-retro umbilical na pele, divulsionando o tecido subcutâneo para acesso a cavidade abdominal pela linha alba. Ao localizar o útero, constatou-se a presença de 4 filhotes íntegros, que foram retirados. Estes receberam cuidados, que consistiram em massagem e remoção de fluidos presentes nas narinas para estimular a respiração, e aquecimento, porém apenas 1 filhote sobreviveu.

Assim que os filhotes foram retirados, foi realizado a ovariohisterectomia terapêutica por meio da técnica das três pinças modificadas. Primeiro foi realizado a exposição do ovário direito, colocando duas pinças hemostáticas abaixo do ovário e outra pinça acima do mesmo, realizando a secção e remoção do ovário, removendo em seguida as duas pinças restantes após a ligadura dupla do pedículo ovariano. Em seguida o ovário esquerdo foi retirado e posteriormente o útero. Para as ligaduras foi utilizado fio cirúrgico náilon nº 3-0. A linha alba em seguida, foi suturada com fio poliglecaprone nº 3-0 e padrão sultan, subcutâneo com o

Referências

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