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Yoga: uma prática que visa o bem-estar físico e emocional

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO - DHE CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – BACHARELADO

DARA STROEHER

YOGA: UMA PRÁTICA QUE VISA O BEM-ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL

Santa Rosa/RS 2020

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DARA STROEHER

YOGA: UMA PRÁTICA QUE VISA O BEM-ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Educação Física, Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Educação Física.

Orientador: Prof. Me. Mauro Bertollo

Santa Rosa/RS 2020

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DHE – Departamento de Humanidades e Educação

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

YOGA: UMA PRÁTICA QUE VISA O BEM-ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL

Elaborado por:

DARA STROEHER

Como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharela em Educação Física.

Comissão examinadora:

___________________________________________________ Prof. Me. Mauro Bertollo – Unijuí (orientador)

___________________________________________________ Professora Dra. Moane Marchesan Krug – Unijuí (examinadora)

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Dedico este trabalho à toda minha família, que através do apoio e incentivo, me motivaram sempre a buscar o melhor de mim, acreditando no meu potencial. A presença de vocês na minha vida é o alicerce para a realização dos meus sonhos.

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Agradecimentos

Inicialmente, quero agradecer a DEUS pela vida, saúde e coragem durante toda a minha graduação, e em especial, neste momento tão importante da minha vida acadêmica. Ele me mostrou uma capacidade gigantesca em mim, para que eu desse o meu melhor nesse trabalho.

Aos meus Pais, a minha mãe Izolde Maria Diell Stroeher e meu pai José Stroeher, por acreditarem em mim e depositarem sempre a mais linda confiança nas minhas escolhas, e dessa vez, não poderia ser diferente. Obrigada por continuarem sonhando comigo e lutando sempre para que eu e meus irmãos tenhamos um futuro brilhante. Agradeço pelos valores que me transmitem. Devo a vocês a pessoa que me tornei.

Ao meu namorado Acácio Veit Schneider, pelo amor, carinho e companheirismo durante minha caminhada, por acreditar no meu potencial e despertar em mim o meu melhor. Obrigada por entender os momentos em que tive que me ausentar para poder focar em meus trabalhos, cursos e eventos da faculdade. Teu apoio foi fundamental para que tudo desse certo. Ao meu irmão Renan Stroeher, o nosso caçula, por sempre ser o meu ombro amigo, principalmente nas tardes de chimarrão enquanto eu fazia a escrita e pesquisa dos meus trabalhos. Obrigada pela força de sempre, amor, carinho e parceria, deixando os meus dias melhores.

A minha irmã Débora Stroeher Feltens, a qual me inspiro profissionalmente desde sempre. Minha amiga, irmã, e futura colega. O seu trabalho me cativou desde sempre e me motivou a buscar o verdadeiro valor da Educação Física. Devo muito a você, a profissional que estou me tornando. Sua ajuda e apoio durante minha graduação contribuíram muito para a minha aprendizagem. Tenho um orgulho imenso de ti. Ao meu cunhado Cristiano Feltens, minha gratidão por me incentivar sempre a buscar o melhor para mim e acreditar desde sempre no meu potencial. E também, a minha afilhada Anita Stroeher Feltens, essa doce criança que com apenas dois anos e meio me faz sempre me sentir a dinda mais feliz do mundo e despertar em mim a minha criança interior. E ainda, as suas visitas em minha casa durante as minhas escritas acadêmicas, contribuíram para que eu descansasse e renovasse minhas energias para seguir em frente.

Enfim, a todas essas pessoas da minha família que citei acima, obrigada por estarem sempre presentes e dispostos nesses cinco anos a me levar muitas vezes até a universidade e esperarem terminar minhas aulas para que eu chegasse mais cedo em casa, querendo sempre o melhor para mim. Vocês são incríveis!

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Quero agradecer especialmente as praticantes de Yoga que aceitaram e contribuíram para que eu conseguisse realizar esse meu trabalho. A professora de Yoga e suas alunas, minha eterna gratidão.

Aos meus professores de Educação Física, obrigada por esses anos de ensino e aprendizagem. Mas, em especial, ao meu orientador Mauro Bertollo. Aquele que sempre esteve disposto a me auxiliar, a me mostrar que eu posso sempre mais, a sua preocupação com o meu estudo, o tempo dedicado, a pessoa amiga que és, o orientador incrível que todo acadêmico merece ter. Meu muito obrigada!

Aos meus colegas e amigos da faculdade, que fizeram desses cinco anos os melhores que eu poderia ter na universidade. Vou levar vocês para sempre em meu coração.

Por fim, quero dizer que com a presença de todos vocês, o meu sonho se tornou realidade. Sou eternamente grata!

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RESUMO

O estresse e ansiedade estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, em decorrência da vida agitada que os mesmos levam. No entanto, o Yoga, que pertence as práticas integrativas e complementares, contribui para uma melhor qualidade de vida, através dos seus métodos terapêuticos, buscando uma harmonização do ser humano em todas as suas dimensões. Neste sentido, este estudo busca identificar os benefícios apontados por sujeitos praticantes de Yoga que justifiquem sua permanência em decorrência da sua adesão a tal prática corporal. Para este propósito, utilizando-se de uma pesquisa descritiva, foi realizado um estudo de caso, apenas com mulheres, através de uma entrevista e de um teste, em relação a prática do yoga e os fatores que as influenciam na adesão e aderência ao Yoga. Dessa maneira, os resultados indicam que a busca por melhoras físicas e emocionais, é o que está levando as praticantes ao Yoga, e através dos benefícios obtidos, os quais abrange de modo integral o corpo humano, as mantém na prática. Além disso, ficou evidenciado que aquelas que praticam a mais tempo, consequentemente estão conseguindo lidar melhor com as situações do cotidiano que geram estresse, contribuindo na melhora de sua autonomia e autocontrole. Sendo assim, as adeptas estão conseguindo perceber uma melhora em sua saúde, tendo uma boa evolução física, mental e espiritual.

Palavras-chave: Benefícios do Yoga. Práticas integrativas e complementares. Qualidade de

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sirshâsana (Postura do Pouso Sobre a Cabeça) ...30

Figura 2 – Pashcimo – Shavâsana (Postura de Repouso Profundo Sobre o Dorso) ... 31

Figura 3 – Sarvangâsana (Postura da Vela) ...32

Figura 4 – Trikonâsana (Postura do Triângulo) ...32

Figura 5 – Ustrâsana (Postura do Camelo) ...33

Figura 6 – Ardha – Bhujangâsana ...33

Imagem 1 – Respiração iogue ...35

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Caracterização das entrevistadas ...42 Quadro 2: Resultados encontrados com o teste ...50

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...14

2.1 PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE ...14

2.2 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ...17

2.3 O YOGA ...21

2.3.1 Benefícios do Yoga ...25

2.3.2 Os oito membros do Yoga ...28

2.3.2.1 Yama ...28 2.3.2.2 Niyama...29 2.3.2.3 Asanas...29 2.3.2.4 Pranayama...34 2.3.2.5 Pratyahara...35 2.3.2.6 Dharana...36 2.3.2.7 Dhyana...36 2.3.2.8 Samadhi...36 3 PROCESSO METODOLÓGICO ...38

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ...41

4.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ...41

4.1.1 Yoga e os benefícios obtidos com a prática ...42

4.1.2 Motivos que levam as participantes a adesão e aderência à essa prática corporal .44 4.1.3 Sequência de uma aula de Yoga e o que mais desperta interesse pelas praticantes ...46

4.1.4 Estilo de vida das praticantes ...47

4.1.5 Análise do equilíbrio de corpo e mente das praticantes, levando em consideração o estresse ...48

4.2 ANÁLISE DO TESTE REALIZADO COM AS PRATICANTES...50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...54

REFERÊNCIAS ...57

APÊNDICE 1 – TCLE (TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO) ...62

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o estresse, a ansiedade e a depressão estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas devido à vida agitada que os indivíduos levam. Desse modo, buscar uma melhor qualidade de vida através de práticas corporais é um assunto que circula muito na vida das pessoas e que contribui para almejar o bem-estar. Assim sendo, o Ministério da Saúde (2015) define práticas corporais como expressões do movimento corporal, podendo ser individuais ou coletivas, decorrente dos conhecimentos e experiências obtidas através de jogos, da dança e da ginástica, por exemplo. Pode ser construída de modo sistemático, como na escola, mas também de modo não sistemático, ou seja, no tempo livre e de lazer (BRASIL, 2015). Os benefícios dessas práticas são imensos, contribuindo tanto fisicamente como emocionalmente para os sujeitos praticantes.

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC, publicada através das Portarias Ministeriais nº 971 em 03 de maio de 2006, e nº 1.600, de 17 de julho de 2006, foi iniciada “a partir do atendimento das diretrizes e recomendações de várias Conferências Nacionais de Saúde e as recomendações da Organização Mundial da Saúde” (BRASIL, 2006, p.06). Em vista disso,

Tais sistemas e recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado (BRASIL, 2006, p.10).

Nesta perspectiva, dentre as inúmeras Práticas Integrativas e Complementares - PIC, para este estudo, abordarei o Yoga. De acordo com Barros et al. (2014, p. 1),

O yoga é uma tradição indiana que utiliza um conjunto de práticas psicofísicas e seu uso é aconselhado para os sistemas nacionais de saúde em todos os países membros da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o yoga foi inserido recentemente no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Portaria 719, de 7 de abril de 2011, que criou o Programa da Academia de Saúde.

Dessa maneira, praticar Yoga contribui para quem busca uma vida mais abundante, repleta de paz e felicidade. Está se tornando cada vez mais presente nos dias atuais, e como seus benefícios são inúmeros, é de extrema importância que possamos desenvolver e aplicar essa prática introspectiva com os sujeitos, mostrando para as pessoas um método que os ajudará a ir

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em busca do bem-estar. Portanto, cuidar da nossa saúde mental e da parte física do nosso corpo, auxiliará para que tenhamos um desempenho positivo na realização das tarefas diárias, o que poderá prevenir, desse modo, o surgimento de doenças.

O Yoga, sendo uma prática integrativa e complementar, busca auxiliar o indivíduo a se reconectar consigo mesmo através de posturas, respiração e meditação, por exemplo (VORKAPIC; RANGÉ, 2011). Sua prática nos potencializa para obtermos uma melhor qualidade de vida, evitando emoções negativas em seu cotidiano, o que faz o indivíduo despertar cada vez mais interesse em continuar praticando. Logo, a questão a ser problematizada e que me questiono é: quais são os benefícios apontados por sujeitos praticantes de Yoga, que justifiquem sua permanência em decorrência da sua adesão à prática?

Pela mesma razão, a partir dessa pergunta, o objetivo geral desta minha pesquisa é identificar os benefícios apontados por sujeitos praticantes de Yoga que justifiquem sua permanência em decorrência da sua adesão a tal prática corporal. Nesse contexto, como objetivos específicos, quero analisar o que leva esses sujeitos a praticarem o Yoga, conhecendo também os exercícios realizados, associando sua importância para uma melhor qualidade de vida. Assim, busco compreender como essa prática corporal se desenvolve, além de observar a maneira com que os praticantes obtêm benefícios através das suas técnicas. E ainda, investigar a alteração do nível de estresse e ansiedade dessas pessoas, desde o início de sua prática, de forma subjetiva, levando em consideração o seu estilo de vida. Por fim, compreender qual o objetivo das pessoas que optam por praticar Yoga, observando o perfil dos praticantes, analisando seu modo de viver.

Sempre muito curiosa diante das práticas introspectivas, o Yoga me despertou interesse de conhecer sua teoria e sua prática mais afundo. Através de pesquisas sobre o assunto e investimento em cursos, quero com esse estudo, dirimir minha inquietação sobre os benefícios que os sujeitos sentem, e consequentemente, que os fazem se manter na prática. Dessa maneira, com essa pesquisa, obterei um leque de conhecimentos e aprendizagens, o que irá contribuir para minha satisfação pessoal, de atuar profissionalmente e proporcionar tudo o que a Yoga tem de melhor para a vida das pessoas.

Nesse ensejo, diante das explicações citadas acima, mesmo que hoje a prática do Yoga esteja ainda distante da Educação Física, precisamos inseri-la cada vez mais nos contextos das nossas intervenções. Em outras palavras, podemos utilizar o Yoga por completo, como também, usufruir dele somente através de algumas técnicas, como a respiração, por exemplo, durante as nossas ações. Desse modo, sua inserção em nossa profissão poderá complementar o processo de ensino e aprendizagem.

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Com o intuito de realizar uma pesquisa bem estruturada, esse estudo está dividido em tópicos. Assim, na sequência apresento o referencial teórico, através de embasamentos científicos sobre o meu tema. A seguir, há a descrição da escolha metodológica, servindo para me mostrar os caminhos para a pesquisa. Depois, apresento as discussões dos dados, dialogando com autores e os dados coletados. E, para encerrar, escrevo então as considerações finais, retomando os temas principais do estudo, através de um diálogo entre os objetivos, apresentando os resultados da pesquisa, além de expor a relevância para minha vida pessoal, profissional e a contribuição que acarretará nos sujeitos praticantes, ou seja, para a sociedade em geral.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

No referencial teórico busco discutir sobre as práticas corporais, seu conceito e importância para os sujeitos, fazendo uma relação com a saúde. Depois, apresento o que são as Práticas Integrativas e Complementares, abordando em seguida, especificamente, o Yoga. Ao debater sobre esta prática, ressalto os seus benefícios e os componentes envolvidos, além de explicar seus oito membros, destacando as Asanas (postura) e o Pranayama (respiração).

2.1 PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE

A ligação entre práticas corporais e saúde vem desde a antiguidade, e continua se expandindo até os dias de hoje. À vista disso, o conceito de práticas corporais está presente na vida de todas as pessoas, sendo realizada de forma planejada, com objetivos específicos, como também de maneira livre, sem obrigações. Portanto, as mesmas “fazem parte das manifestações culturais dos mais diferentes grupos sociais. Elas apresentam-se de forma institucionalizada, organizada e sistemática, mas também de forma espontânea, desestruturada e esporádica” (GONZÁLEZ 2013 apud GONZÁLEZ, 2015, p. 136).

Em conformidade com o autor (ibidem), entende-se que ao fazer parte da vida das pessoas, em diversos grupos sociais, as práticas corporais irão contribuir para a formação humana, em vários aspectos do próprio ser. Nesse sentido, é necessário compreender o significado que Warschauer (2017, p. 73) nos traz, ao relatar que

As práticas corporais agregam as mais diversas formas do ser humano se manifestar por meio do corpo e se apresentam como uma possibilidade importante para a formação humana e o cuidado em saúde desde que estejam sintonizadas com os desejos, as necessidades e os interesses dos indivíduos e coletivos.

Da mesma forma, as práticas corporais estão voltadas ao contexto social em que o indivíduo vive, ou seja, a cultura expressa por ele. Em vista disso, ao analisarmos essa questão, podemos perceber “as práticas corporais como meios pelos quais os sujeitos se expressam em contextos específicos e os significados atribuídos a elas como elementos inseridos na estrutura social” (FREITAS; BRASIL; SILVA, 2006, p. 173).

Segundo González (2015), as práticas corporais podem ser realizadas de várias maneiras, tanto entre grupos de amigos, como também individualmente ou com desconhecidos. Os motivos que levam esses sujeitos a praticar são inúmeros, destacando-se a questão do

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convívio social, a busca e manutenção da saúde, o divertimento e a distração, por exemplo (ibidem).

Levando em consideração que as práticas corporais estão vinculadas à promoção da saúde, “é importante desenvolver a compreensão de que as práticas corporais necessitam compor a cultura das comunidades, de forma que seja assumida como ação cotidiana e com tempo reservado para a sua realização” (BRASIL, 2015, p. 19). Além disso, González (2015, p. 137) destaca uma questão, onde as mesmas “cumprem funções sociais relevantes, já que a maioria dos grupos humanos, com suas diferentes formas e dinâmicas, tem criado, conservado, transmitido, transformado e ressignificado esse tipo de práticas sociais”.

As práticas corporais, de acordo com Silva e Velozo (2014, p.12) “são expressões da sociedade e da cultura e são suscetíveis às dinâmicas que regem o mundo atual”. Nesse contexto, referente ao seu conceito, é enfatizado por González (2015, p.137) que as

Práticas corporais são entendidas como um conjunto de práticas sociais com envolvimento essencialmente motor, realizadas fora das obrigações laborais (profissional ou voluntária), domésticas, higiênicas, religiosas, realizadas com propósitos específicos, não instrumentais.

Ainda, o autor (ibidem) afirma que há três elementos fundamentais comuns a todas as práticas corporais: o movimento corporal, a organização interna e os produtos culturais. Em relação ao primeiro elemento,

Podemos considerar práticas corporais aquelas atividades físicas que têm fim em si mesmas e, portanto, não podem ser substituídas por mecanismos automatizados ou pela realização de um terceiro. Com essas características, buscamos excluir desse conceito as atividades físicas compulsórias, exigidas ou demandadas, para cumprir tarefas orientadas a algum resultado produtivo (GONZÁLEZ, 2015, p. 138).

Quanto ao segundo elemento, da organização interna,González (2015, p.138) explica que “nessas práticas sociais, historicamente construídas, é possível identificar codificações peculiares (portanto, com certa estabilidade), que permitem diferenciá-las das diversas atividades físicas que os sujeitos realizam cotidianamente”. Por fim, em relação aos produtos culturais vinculados ao lazer/entretenimento e/ou cuidado ao corpo, “tal característica independe do fato de que algumas dessas práticas possam ter sua origem no campo laboral ou seu desempenho cênico possa convertê-las em trabalho” (ibidem, p.138).

Assim, a relação entre práticas corporais e estética também está presente em nossa sociedade. Como fator influenciador, podemos citar a mídia, o qual estabelece padrões que na

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visão de muitos, precisam ser seguidos e alcançados. Destarte, o corpo belo é considerado como um corpo saudável para muitos sujeitos (FREITAS; BRASIL; SILVA, 2006). Nesta questão,

Os sujeitos são incentivados à realização de práticas corporais, controle alimentar, consumos de determinados produtos dietéticos e cirurgias plásticas com finalidade exclusivamente estética, como principais meios para atingir o padrão de beleza desejado e ter uma aparência jovem e saudável (ibidem, p.179).

No entanto, com propósitos ampliados de cuidado a saúde, as práticas corporais podem ser ofertadas em diversos contextos e de diferentes maneiras. Por isso, González (2015) apresenta como exemplo o esporte e seus jogos derivados; as danças, através de passos e coreografias; as práticas corporais expressivas, as quais utilizam-se de recursos expressivos do corpo através do movimento; e as práticas corporais introspectivas, realizadas através de posturas, respirações e que exigem uma enorme consciência corporal, como é o caso do Yoga. Destaca ainda, as lutas, as acrobacias e também as práticas corporais na natureza, que proporcionam um enorme bem-estar através do meio natural. Ou seja, percebe-se que as práticas corporais são realizadas de diversas maneiras, de acordo com a subjetividade de cada sujeito.

Dessa forma, as práticas corporais proporcionam inúmeros benefícios a saúde das pessoas. Nessa sequência, através das interações realizadas nas comunidades, haverá contribuições em relação ao socioafetivo dos indivíduos, o que diminui, consequentemente, crises de ansiedade e depressão. Além disso, destacam-se fatores biológicos e cognitivos, o que irá proporcionar, uma melhor qualidade de vida (CARVALHO, 2016).

Pela mesma razão, ao discutirmos saúde, é necessário compreendermos que seu conceito vem se modificando com o passar do tempo. Por isso, é de extrema importância relatar que a Organização Mundial da Saúde – OMS – define saúde como um estado de completo bem-estar, onde este, inclui os fatores físicos, mental e social dos sujeitos, e não apenas pela ausência de doença (DALMOLIN et al., 2011). Nesse ensejo, Carvalho (2010) relaciona a importância que as práticas corporaispossuem em relação a promoção da saúde, relatando que

As propostas de promoção da saúde exigem para seu êxito saberes e práticas comprometidas com a defesa da vida. Nesse sentido, é preciso dar visibilidade às potencialidades das práticas corporais para produzir processos criativos e solidários de melhoria das condições de vida de indivíduos, comunidades e populações (CARVALHO, 2010, p.20).

Quando falamos em saúde-doença, compreende-se que vários fatores influenciam, e para isso o sujeito precisa estar ciente das suas atitudes, para alcançar o bem-estar. Por esse

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motivo, é importante salientar o conceito de saúde, designado na VIII Conferência Nacional da Saúde de 1986, onde nos diz que “a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acessos a serviços de saúde” (REVERBEL, 1996, p. 05).

Considerando a visão do autor (ibidem), podemos fazer uma relação com a concepção sobre o termo saúde-doença elaborada por Dalmolin et al. (2011). Isto é, os mesmos expressam, também, os determinantes envolvidos na saúde humana, indicando que

O processo saúde-doença depende, além das análises objetivas, da articulação com os diferentes determinantes da saúde, a fim de considerar tanto as evidências estruturais, isto é, os fatores externos do entorno social, quanto as condições de vida e de trabalho, as condições culturais, ambientais, entre outras” (DALMOLIN et al., 2011, p. 390).

Nessa perspectiva, as práticas corporais são fundamentais para promover saúde. Ou seja,

No contexto da promoção de saúde, as práticas corporais podem ampliar as possibilidades de encontrar, escutar, observar e mobilizar as pessoas adoecidas no processo do cuidado, especialmente no que se refere à construção de vínculos e de relações autônomas, inovadoras e socialmente inclusivas de modo a valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde (CARVALHO, 2010, p. 47).

Posto isto, a relação existente entre práticas corporais, bem-estar e qualidade de vida é essencial para promovermos saúde. Para isso, é necessário que os indivíduos tenham consciência dos benefícios mencionados acima, e adquiram hábitos voltados às práticas corporais que mais lhes despertam interesse. Desse modo, estarão prevenindo doenças e melhorando a aptidão física, o que consequentemente, auxiliará no desempenho, durante o cotidiano, ou seja, nas tarefas da vida diária.

2.2 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES

As Práticas Integrativas e Complementares – PIC, envolvem diversos fatores relacionados a busca da saúde. Nesse sentido, Savaris et al. (2019, p. 02) relatam que “as práticas integrativas e complementares (PIC) compreendem um conjunto heterogêneo de saberes, práticas e produtos que não pertencem ao escopo da medicina convencional”. Desta forma, essas práticas não visam apenas a ausência de doenças, mas sim, almejam uma melhor qualidade de vida, tanto na parte física, como emocional do sujeito. Porém, é realizado com um

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intuito diferente daquilo que a medicina nos propõe através de medicamentos, o qual muitas vezes não tratam as causas de determinada doença, mas sim, somente seus sintomas.

De acordo Luz (2006 apud BRANT et al., 2014, p. 850) as PIC são situadas como “movimento contracultural 1que nasce nos anos 70, baseado na filosofia da promoção de saúde

e na utilização de práticas terapêuticas mais naturais, menos invasivas e menos iatrogênicas2”. Nessa lógica, em relação as PIC, Telesi Júnior (2016) salienta que suas primeiras discussões surgiram no final dos anos 70 com a Primeira Conferência Internacional de Assistência Primária em Saúde (Alma Ata), através de algumas resoluções elaboradas. Desta maneira,

As primeiras tentativas de normatização de práticas integrativas e complementares (PICs) ocorreram em 1988, com a institucionalização nos serviços de saúde no Brasil, por meio das resoluções n. 4, 5, 6, 7 e 8 de 1988, pela Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação. (BATISTA; VALENÇA, 2012 apud GONTIJO; NUNES, 2017, p. 302).

As práticas corporais, quando executadas sob um olhar integrativo/complementar, estará envolvendo a energia do sujeito, ou seja, potencializando o seu interior. Os sujeitos irão desenvolver a capacidade de sentir o que seu corpo está querendo revelar, através dos movimentos corporais que serão realizados (MELO; SCHNEIDER; ANTUNES, 2006 apud ANTUNES et al., 2018). Nesse ensejo, entende-se que as PIC possuem uma interferência relevante na vida dos sujeitos praticantes, pelo fato de serem aplicadas através de métodos terapêuticos, diferente de estratégias utilizadas por médicos, quando os mesmos receitam remédios. Desse modo, Ferraz et al. (2020, p.10) relatam que

As PIC concentram em si o importante e estratégico desafio de romper com o monopólio tecnológico da farmacoterapia no cuidado terapêutico, excessivamente medicalizador e iatrogênico. Nesse sentido, elas podem ser consideradas uma rica fonte de recursos interpretativos e terapêuticos capaz de diversificar as abordagens de muitos problemas trazidos pelos usuários aos profissionais.

Outrossim, as práticas integrativas e complementares surgiram no Brasil com o objetivo de promover saúde para as pessoas. Além disso, outros assuntos foram abordados em relação a preocupação que se têm com os indivíduos para que os mesmos possam ter uma melhor qualidade de vida, como a desigualdade social, por exemplo. Portanto, percebe-se a grande importância que as práticas corporais possuem ao relacionarmos com o bem-estar dos seres humanos (SAVARIS et al., 2019).

1 São ações que criticam ou não concordam com a cultura da atualidade (BRASIL ESCOLA, 2020).

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Seguindo nessa perspectiva, Tesser (2009 apud ANTUNES et al., 2018), explica que essas práticas foram inseridas no Brasil através de uma relação existente com a Reforma Sanitária. Contudo, surgiram discussões referente ao conceito de saúde, onde este, era visto, na época, como somente ausência de doença, sem envolver questões emocionais e psíquicas do sujeito. Em relação a esse conceito de saúde, o qual não envolve fatores psicossociais dos sujeitos, debates foram realizados acerca, “sobretudo no que diz respeito a sua baixa integralidade, expressa nos limites diagnósticos e terapêuticos e nas iatrogenias, além das relações entre profissional e usuário cada vez mais impessoais” (ibidem, p. 06). Em vista disso, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC foi aprovada no ano de 2006 pelo Ministério da Saúde, no Sistema Único de Saúde (SUS). A sua implementação “envolve justificativas de natureza política, técnica, econômica, social e cultural” (BRASIL, 2006, p. 04). Destarte, a inserção de tais práticas no campo da saúde contribui em diversos fatores em nossas vidas, através da sua capacidade terapêutica, proporcionando mais vitalidade em nossas tarefas diárias.

Nesse contexto, Gontijo e Nunes (2017, p. 302) explicam que

Em 3 de maio de 2006, foi instituída a portaria n. 971, pela qual o Conselho Nacional de Saúde regulamentou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em que foram inseridas as seguintes práticas no SUS: medicina tradicional chinesa (MTC), acupuntura, plantas medicinais, fitoterapia, homeopatia e termalismo/crenoterapia.

Posto isto, é imprescindível compreendermos a relação existente entre a PNPIC e a Política de Promoção da Saúde. Ambas possuem o foco principal na saúde, através de estratégias e ações, demonstrando toda atenção aos sujeitos. Nesse cenário, as duas políticas ressaltam a importância histórica dos indivíduos, através de questões sociais, para que alternativas sejam tomadas a favor de uma melhor qualidade de vida (SAVARIS et al., 2019).

Nota-se que através da preocupação com o processo saúde-doença na vida das pessoas, a PNPIC busca acatar o indivíduo como um todo, levando em consideração a sua própria excentricidade. Nesse seguimento,

Considerando o indivíduo na sua dimensão global - sem perder de vista a sua singularidade, quando da explicação de seus processos de adoecimento e de saúde -, a PNPIC corrobora para a integralidade da atenção à saúde, princípio este que requer também a interação das ações e serviços existentes no SUS. Estudos têm demonstrado que tais abordagens contribuem para a ampliação da corresponsabilidade dos indivíduos pela saúde, contribuindo assim para o aumento do exercício da cidadania (BRASIL, 2006, p.05).

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Ponderando sobre o que a PNPIC apresenta, podemos fazer uma relação com o propósito das PIC quando falamos do cuidado com o sujeito. Nessa perspectiva, busca-se usufruir através de formas naturais, a atenção com a saúde dos indivíduos (ibidem). Semelhantemente, Mendes et al. (2019, p. 304) relatam que “são empregados recursos naturais no cuidado a saúde, recusando o uso de substâncias que não existam na natureza, fugindo do modelo biomédico e da medicalização”.

Ainda, em relação as ideias do autor (ibidem), é importante refletirmos sobre o que Ferraz et al. (2020) explicam, dizendo que o processo saúde-doença é visto de uma maneira diferente, ou seja, onde a saúde se sobressai à doença através de práticas alternativas, visando o sujeito como um todo. Assim, a ideia é se desapegar das indústrias que visam somente a venda de remédios, e investir em outras opções que não prejudiquem o corpo dos indivíduos, como reações adversas que ocorrem no nosso organismo através do uso de medicamentos, por exemplo. Ou seja, ressalta-se que é preciso a “desapropriação do processo normativo imposto pelo modelo biomédico e de medicalização pelas indústrias farmacêuticas, trazendo uma visão holística dos indivíduos em sua integralidade” (FERRAZ et al., 2020, p. 10).

De acordo com Nascimento e Oliveira (2016), a PNPIC envolve diversos fatores para que o sujeito possa melhorar sua qualidade de vida. Assim, alternativas voltadas à promoção da saúde, entram em destaque. Mais uma vez, é realçada a questão da preocupação voltada ao corpo do sujeito, o que dessa maneira, enfatiza um dos objetivos do SUS, que é esse cuidado integral.

Nessa continuidade, a PNPIC engloba os sistemas médicos complexos e os recursos terapêuticos. Sendo assim, o primeiro é compreendido através do campo das PIC como abordagens “que possuem teorias próprias sobre o processo saúde/doença, diagnóstica e terapêutica” (LUZ, 2003 apud BRASIL, 2006, p. 10). Já o segundo, busca usufruir de estratégias que envolvem métodos naturais, para facilitar o processo de recuperação e, ao mesmo tempo, prevenir doenças, o que proporcionará ao indivíduo, um desenvolvimento através da relação dele com o meio em que está inserido (BRASIL, 2006).

A PNPIC, de início, não disponibilizou muitas modalidades. Com o passar do tempo, aumentou o número de diferentes práticas, considerando-se um avanço para o campo da saúde. Dessa maneira, “A PNPIC foi criada primeiramente ofertando: Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterápicas no âmbito do Sistema Único de Saúde” (Mendes et al., 2019, p. 304). Nesse contexto,

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Em 2017 segundo a Portaria N° 849 de 27 de março, foram ofertadas mais 14 PICs: Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à PNPIC (ibidem, p. 304).

Além disso, enriquecendo ainda mais o campo da saúde, foram aprovadas mais 12 práticas no ano de 2018 (Mendes et al., 2019), onde todas elas contribuem para a vida das pessoas, através dos seus mecanismos naturais, tornando-se uma opção valiosa para promover saúde com qualidade. Nesse ensejo, ofertou-se a Aromaterapia, através do uso dos óleos essenciais; a Constelação Familiar, realizado de uma maneira psicoterapêutica; a Geoterapia, aplicada através do uso da argila diluída em água; Imposição de Mãos, o que ocorre através da transmissão de energia de um sujeito para o outro; Medicina Antroposófica/Antroposofia Aplicada a Saúde, sendo realizada através de inúmeras terapias, como banhos terapêuticos, por exemplo; e as Terapias Florais, decorrendo do uso de derivados de flores(Mendes et al., 2019). Enfim, compreende-se que as práticas integrativas e complementares contribuem muito para que as pessoas possam alcançar um bem-estar físico e emocional através das suas diferentes práticas. Com toda certeza, a inserção das PIC no SUS qualificou ainda mais esse sistema de saúde que é tão grandioso e benéfico para toda população.

Com o intuito de promover saúde, as pesquisas voltadas a esse assunto necessitam continuar se expandindo, para mostrar à sociedade o quão é importante desenvolvermos práticas que irão contribuir para o nosso “eu interior”. Nesse contexto, sabemos que o Yoga faz parte dessas práticas introspectivas e complementares, as quais buscam proporcionar aos praticantes uma melhor qualidade de vida. A fim de buscar um melhor bem-estar através de suas técnicas, é imprescindível abrangermos, a seguir, a prática do Yoga detalhadamente. Desse modo, ao conhecermos o Yoga e suas funções para o nosso corpo, obteremos uma compreensão mais efetiva do nosso organismo, dos nossos pensamentos e, consequentemente, das nossas atitudes, contribuindo para que tenhamos mais disposição e vitalidade em nossas ações.

2.3 O YOGA

O Yoga, originado na Índia, possui significados e origens semelhantes nas diversas escolas de Yoga do mundo. Porém, as suas características voltadas ao estado de “ser” e de ter “consciência sobre si” é fundamental quando discorremos sobre sua prática. Portanto, entender o significado da palavra Yoga, é imprescindível para podermos nos aprofundar no assunto.

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Nesse sentido, Miranda (1979, p. 15) relata que “o YOGA se apresenta como o mais admirável método de reeducação integral, superando em toda a linha os demais processos e tentativas de harmonização do Ser”. Por conseguinte, Castro (2013, p. 02) complementa frisando que “O Yoga tem sua origem na Índia em torno de 3000 a.C e é considerado um darshana, ou seja, uma escola filosófica. A palavra Yoga tem origem da raiz verbal sânscrita yuj que significa unir, religar ou juntar”. Nesse contexto,a união caracterizada pelo autor remete a conexão existente entre o corpo e a mente do indivíduo praticante.

O autor (ibidem) relata que um dos pioneiros do Yoga no ocidente chama-se Iyengar. Entretanto, é caracterizado pelo mesmo, que o Yoga “é a união do corpo com a mente, e da mente com a alma” (CASTRO, 2013, p. 04). Para complementar o conceito voltado a esse termo, Mizuno et al. (2018) enfatiza que a expressão união envolve tanto a integração do corpo com as emoções, a mente e o espírito, fazendo com o que o praticante consiga manter-se bem, integrando todos esses campos para alcançar a paz e a energia necessária para viver com maior qualidade de vida. Além disso, Miranda (1979, p. 16) acrescenta que o Yoga, “sendo um método integral atinge, convoca, harmoniza, equilibra e aperfeiçoa todas as partes componentes do Ser, isto é, o corpo físico, a emoção, a mente e o espírito”.

Nessa perspectiva, de acordo com Spagnol et al. (2014 apud FAVA et al., 2019, p. 39),

[...] a prática consiste em técnicas que visam cuidar do ser-humano integralmente em aspectos físicos, mentais, psíquicos e espirituais. Alivia tensões, promove bem-estar e motiva o autoconhecimento, peça chave na busca da realização pessoal, ora ainda encoraja os praticantes a optarem por escolhas mais saudáveis, o que traz mais qualidade de vida.

Por outro lado, ao falarmos da origem do Yoga, Bizare (2020) nos traz que ela

[...] representa um dos seis sistemas fundamentais da Filosofia Indiana chamado Darsana. Como um dos seis Darsanas, Yoga tem sua origem nos Vedas, um dos registros mais antigos da Cultura Indiana, e foi sistematizado pelo grande sábio Indiano Patanjali nos Yoga Sutras.

Sobre a origem do Yoga, ainda, FEUERSTEIN, 1998 (apud MIZUNO et al., 2018, p. 948) contribui, citando que sendo “originário do Vale do Indo há cerca de cinco milênios, o ioga se apropria da metafísica, da cosmologia e da cultura popular hindu para se desenvolver ao longo dos séculos”. Destarte, percebe-se que o Yoga surgiu há muitos anos e que, com o passar do tempo, cada vez mais sua prática foi se aperfeiçoando e, ao mesmo modo, mantendo seus princípios até hoje, o qual visa saúde e bem-estar aos praticantes.

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Outrossim, o Yoga se encontra entre as seis tradições existentes da cultura hinduísta. Para Fernandes (1992) essa prática “tem resistido aos séculos e seu objetivo é a Educação Integral do Ser, procurando atingir o perfeito desenvolvimento Corpo-Mente”. Dessa maneira, entende-se mais uma vez a importância que o yoga possui na vida dos seus adeptos, pois com o equilíbrio da mente e do corpo, os sujeitos terão respostas positivas em relação aos seus pensamentos e atitudes.

O Yoga possui diversas formas de ser praticada, ou seja, várias modalidades. A primeira, caracteriza-se como Hatha Yoga, o qual envolve a prática dos Asanas, que são as posturas, exigindo a parte física dos praticantes. De acordo com Marinero (2020, p. 06) “é o Yoga de harmonia física e mental”. A segunda, se define como Jnâna – Yoga, conhecido como “o caminho do autoconhecimento” (FERNANDES, 1992, p. 25). Em relação ao mesmo caminho, Miranda (1979, p. 17) complementa que “é o caminho seguido pelos yoguins que só aceitam como verdadeiro aquilo que compreendem”.

Já a terceira, possui a característica da palavra-chave: ação, conhecido como Karma-Yoga. Nessa questão, “foi utilizado o princípio da ação generosa, ultrapassando o plano dos desejos inferiores” (FERNANDES, 1992, p. 25). E, Marinero (2020, p. 06) complementa que “este é o Yoga da ação desinteressada, sem desejar recolher os frutos da ação”. A quarta, é designada como caminho da devoção, sendo chamado de Bakti – Yoga. Nessa perspectiva, Miranda (1979, p.16) frisa que o mesmo é “baseado totalmente na sensibilidade”. Por fim, o último chama-se Râja – Yoga, o da mentalização.

No entanto, Feuerstein (2001, p. 38) explica que o

Yoga refere-se ao conjunto enorme dos valores, atitudes, preceitos e técnicas espirituais que se desenvolveram na Índia no decurso de pelo menos cinco milênios e que podem ser vistos como o fundamento mesmo da antiga civilização indiana. Yoga, é portanto, o nome genérico dos vários caminhos indianos de autotranscendência extática, ou de transmutação metódica da consciência até que esta se liberte do feitiço da personalidade egóica. É a tecnologia psicoespiritual específica da grande civilização da Índia.

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Pela mesma razão, Bizare (2020) ressalta que “um marco mais concreto na origem do Yoga como um sistema mais bem definido foram os Yoga Sutras de Patanjali, considerado uma das escrituras mais importantes dessa tradição, e sua data de origem é entre 500 e 400 AC”. Já, Feuerstein, 1998 (apud MIZUNO et al., 2018, p. 948) enfatiza que “por volta de 200 d.C. um sábio indiano de nome Patanjali compilou o Yoga-Sutra, texto considerado fundamental, no qual indica os oito passos do caminho do ioga”. Desse modo, cada um desses oito membros faz

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parte da prática do Yoga, e será apresentado detalhadamente no decorrer deste estudo, onde cada indivíduo poderá escolher o que deseja praticar e vivenciar.

O Yoga surgiu no Brasil no ano de 1962. Nesse ensejo, segundo Gnerre (2010, p. 266) quem o trouxe para o país foi o Mestre José Hermógenes, o qual “funda no Rio de Janeiro a Academia Hermógenes de Yoga. Além de ensinar, Hermógenes torna-se um dos mais conhecidos autores brasileiros de livros sobre Yoga”. Nesse sentido, o autor explica que

A trajetória do Yoga no Brasil é um episódio particular e sumamente representativo da trajetória de sua difusão no Ocidente em geral. Do ponto de vista da historiografia, podemos apontar uma série de peculiaridades, referentes à forma e ao momento histórico em que esta prática começa a ser difundida aqui – em pleno regime militar, quando ganha adeptos tanto entre membros da contracultura quanto nas próprias fileiras militares (ibidem, p. 263).

Constata-se que Hermógenes se curou de uma doença através da prática do Yoga, e assim, foi transmitindo seus conhecimentos com o passar dos tempos, o qual beneficiavam os sujeitos fisicamente, mentalmente e espiritualmente, almejando sempre um melhor bem-estar. Destarte, Gnerre (2010, p. 266) explica detalhadamente sobre o mestre, que se curou

[...] de um caso de tuberculose através da prática de exercícios de Yoga, já na década de 60, Hermógenes passa a trabalhar para a aceitação destas técnicas junto à comunidade médica. Hermógenes teria sido pioneiro ao levar práticas de yogaterapia para dentro dos hospitais, trabalhando sobretudo na Santa Casa do Rio de Janeiro – onde teria conseguido resultados importantes na cura de casos de doenças pulmonares (GNERRE, 2009). Assim como o autor norte-americano Ramachara, as obras de Hermógenes ressaltam em primeiro lugar os benefícios para o corpo e a saúde que advém das práticas de pranaiamas e posturas, mas sem deixar de lado em momento algum os objetivos espirituais de tais práticas.

Nesse enquadramento, compreende-se que o Yoga é marcado por uma história de muitos anos, contendo suas características próprias. Além disso, entende-se que é muito difícil dizer exatamente como o Yoga se originou, devido as inúmeras publicações sobre, onde cada autor relata de sua maneira o seu surgimento. E ainda, o Yoga pode ser apresentado em diferentes sentidos, através das suas diversas formas, que foram supracitadas.

Sendo assim, o Hatha Yoga, de acordo com Vorkapic e Rangé (2011, p. 51) é um dos sistemas de Yoga “no qual grande parte do yoga ocidental é baseado, é composto de diferentes elementos, tais como posturas (asanas), exercícios de respiração (pranayama), relaxamento (yoganidra) e meditação (dharana)”. Porém,

Não poderíamos, pois, pretender uma busca da origem exata do yoga, já que as lacunas históricas são expressivas e o volume de textos é enorme. No subcontinente indiano

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muitos e diferentes estilos de yoga foram sendo produzidos e se mantém coexistindo, sem que um exclua o outro (RABELLO; YONEZAWA; LOUZADA, 2018, p. 210).

Por fim, o sujeito praticante despertará em seu Ser atitudes que irão proporcionar um melhor bem-estar, influenciando seu corpo como um todo, tanto em aspectos físicos, mentais, psíquicos e espirituais. Além do mais, o Yoga busca por uma vida repleta de paz e felicidade. Desse modo, a seguir, iremos conhecer e refletir mais afundo sobre os benefícios que o Yoga nos traz.

2.3.1 Benefícios do yoga

Os benefícios obtidos através da prática do Yoga são diversos, pois contemplam tanto o corpo físico, como também a respiração e o emocional dos sujeitos. Dessa maneira, haverá a prevenção de doenças e promoção da saúde através das técnicas executadas, as quais irão aprimorar vários componentes que necessitamos durante sua prática. Além disso, o autocuidado e a autoconsciência passam a fazer parte do cotidiano dos sujeitos praticantes.

Por isso, Castro (2013, p. 04) ressalta a importância que o Yoga possui em relação a vida dos indivíduos. Tal como, o autor frisa que essa prática “pode desenvolver autoconhecimento e autonomia em sua vida e, consequentemente, aprimorar sua saúde em todos os aspectos, diminuindo os fatores de risco e causas do adoecimento crônico” (ibidem, p. 04). Em outras palavras, sabemos que não será o Yoga que irá curar as devidas doenças e situações que afligem o corpo humano, mas ao tornar suas técnicas um hábito, poderá prevenir e contribuir para a recuperação de algum problema existente no organismo.

Patel (2013, p. 13) contribui afirmando que

A prática regular de ioga melhora gradualmente o nível de vitalidade, tornando o funcionamento do corpo mais eficiente. Muitas posturas de ioga estimulam e massageiam os órgãos envolvidos nos processos de eliminação – ao aumentar a irrigação sanguínea, as toxinas são expelidas e a nutrição vital é incrementada.

Ou seja, entende-se que, com a prática do Yoga, estaremos do mesmo modo buscando felicidade e vida plena. Assim, para que isso possa acontecer, precisamos aprender a ter controle do nosso sistema nervoso. Em vista disso, Patel (2013) ressalta que o Yoga nutre o sistema nervoso, pois ao praticar estaremos despertando os hormônios presentes no mesmo, o qual está dividido em simpático e parassimpático.

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Pela mesma razão, Patel (2013) explica a relação do Yoga com as duas divisões que compõem o sistema nervoso. O simpático “aumenta as chances de sobrevivência diante de perigo, mantendo o corpo em alerta por meio dos hormônios” (ibidem, p. 14). Já o parassimpático “ajuda o corpo a se curar por garantir o bom funcionamento dos órgãos” (PATEL, 2013, p. 14). Dessarte, compreende-se que diante das situações que nos causam agonia, raiva, tristeza, muitas vezes nosso sistema nervoso se fecha a isso e não consegue se livrar das tensões geradas.

E é nessa questão que o Yoga entra em destaque, pois através de suas técnicas poderemos conseguir nos livrar dos bloqueios gerados e ir em busca de paz e de uma mente calma. Em relação a isso, Flak (1945, p. 30 apud MARINERO 2020, p.02) complementa em relação a isso que “muitas pessoas desconhecem que vários problemas psíquicos poderiam ser evitados por um simples desbloqueio das energias do corpo, através de pensamentos positivos e maior atenção para si mesmo. Bloqueios, estes, auto-criados por pensamentos e atitudes inadequadas”.

Mais uma vez, o Yoga se destaca por promover saúde. Desse modo, Barros et al. (2014) nos diz que a sua prática auxilia aqueles indivíduos que possuem alguma dependência. Outrossim, relata que a prática contribui para uma “reeducação de hábitos associados com os vícios legais (medicação, alimentos, álcool, tabaco, trabalho, sexo, etc) e ilegais (drogas ilegais, jogo, etc" (ibidem, p. 1). Nesse contexto, Castro (2013, p. 04) nos diz que através dos exercícios respiratórios o sujeito “pode adquirir mais vitalidade e equilíbrio sobre o metabolismo geral do corpo, podendo também ajudar os indivíduos na abstenção do uso do tabaco, álcool e drogas que geram consequências físicas maléficas”.

Consequentemente, com a prática regular do Yoga estaremos desempenhando os componentes que são envolvidos durante a execução das técnicas. Martins e Cunha (2011 apud SIMÕES; MIZUNO; ROSSI, 2019, p. 06) expressam que o Yoga desenvolve nos sujeitos “capacidades físicas e perspectivas como força, flexibilidade, coordenação, equilíbrio, consciência corporal e a capacidade de concentração e autoconfiança”. Com tal característica, esses componentes podem ser desenvolvidos desde a infância e serem aprimorados com o passar do tempo, contribuindo assim, para uma vida ativa, em busca de saúde e bem-estar.

Além disso, Simões, Mizuno e Rossi (2019) frisam que a prática do Yoga pode despertar resultados favoráveis em todo o corpo dos indivíduos, pois “pode agregar benefícios para o desenvolvimento integral dos participantes envolvidos, melhorando a concentração, conduta ética, saúde física, psicológica e a socialização” (ibidem, 2019, p. 06). Destarte, Rabello, Yonezawa e Louzada, (2018, p. 222) complementam, relatando que

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uma prática de yoga é inteiramente atravessada por fluxos de sensação, de percepções desconhecidas, de ampliações da sensibilidade, as quais têm por efeito produzir um novo saber ou até uma nova concepção de vida, que pode ser levada para o cotidiano: conhecimentos sobre o ritmo e amplitude respiratória em cada momento ou atividade do dia, sobre o tempo tomado para que o corpo se torne mais flexível, sobre as emoções que percorrem o espírito quando ocorre um tensionamento, sobre os efeitos comparativos entre um cotidiano ruidoso, mergulhado em trabalho incessante e uma porção de tempo dedicada ao alargamento paulatino da sensibilidade, sobre as diferenças encontradas entre focar a mente em estado relaxado e concentrá-la sob força de tensão; enfim, diversas linhas de conhecimento sobre si, sobre os órgãos do corpo, sobre a relação com o tempo, com o ambiente, com os outros.

Em suma, sabemos que o estresse e a ansiedade estão cada vez mais presentes na vida dos sujeitos, sobretudo, devido a suas ocupações diárias. Muitas vezes, não descansamos suficientemente nossa mente, para voltarmos ao nosso estado de paz e tranquilidade. Ou seja, há uma dificuldade de se desligar daquele processo que acaba nos desgastando tanto física, como mentalmente. Nesse contexto, Vorkapic e Rangé (2011, p. 51) nos dizem que

Nas últimas décadas, a incidência de transtornos de ansiedade vem crescendo exponencialmente na população adulta em geral. Diversos distúrbios mentais, tais como depressão, transtornos de ansiedade, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo e pânico, têm como ponto-chave ou sintoma em comum a ansiedade excessiva.

Novamente, ao analisarmos a realidade em que vivemos, compreende-se facilmente que quando sintomas como estes citados acima aparecem, as pessoas tendem a buscar ajuda médica, fazendo o uso de medicamentos para se acalmar, para conseguir dormir, ou simplesmente, para tentar se desligar um pouco do mundo agitado que o mesmo vive. Porém, o Yoga não tem esse objetivo farmacológico, mas sim, é uma prática que contribui positivamente para ajudar esses sujeitos através de métodos “naturais”, desenvolvendo diversos componentes físicos e psicológicos. Consequentemente, Vorkapic e Rangé (2011, p. 51) relatam que “apesar de o yoga não ser uma terapia, tem sido cada vez mais utilizado com sucesso no tratamento de estresse e ansiedade”.

Dessa maneira, Medeiros (2017, p. 290) frisa que

[...] estudos associam a prática do yoga a vários benefícios para a saúde do corpo físico e também para aspectos relacionados de ordem psíquica (RODRIGUES, et. al., 2006) tais como: redução do estresse (GHAROTE, 2000; PASHARD, 2004) e da ansiedade (JAVNBAKHT, M.; HEJAZI, K.; GHASEMI, M., 2009; VORKAPIC; RANGÉ, 2011), fortalecimento do sistema imunológico, melhora do sono, do funcionamento do sistema respiratório e comportamento cardiovascular (LEITE, 1999).

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Logo, podemos perceber que a prática do Yoga engloba o nosso corpo de uma maneira geral, contribuindo em todos aspectos para que tenhamos uma melhor qualidade de vida. Medeiros (2017, p. 291) reforça que esses fatores são manifestados através do “controle do corpo, da atenção, da vida, exercícios respiratórios, posturas psicofísicas, preceitos éticos, sistema de crenças, experiências sensoriais, transcendência do eu, estado contemplativo, comunhão com o sagrado, união com Deus”.

Por fim, mais uma vez destacamos a importância que o Yoga possui na vida dos seus praticantes. Mesmo sabendo que sua história é antiga e que não há uma ordem definitiva de suas publicações, os benefícios encontrados são imensos e potencializam a aquisição de vitalidade. Ou seja, ao juntarmos todos os fatores supracitados, através do encontro com o nosso “Eu interior”, percebendo e conhecendo nosso corpo, nossos limites, buscando resultados que nem nós mesmos imaginávamos possíveis, estaremos buscando nossa paz, nossa felicidade e ao mesmo tempo, teremos possibilidade de passar energia leve e positiva para aqueles que nos rodeiam. A fim de podermos conhecer e obter uma prática completa, o Yoga pode ser praticado através de oito membros, ou seja, de diversas formas, dependendo do objetivo do praticante. A seguir, iremos conhecer detalhadamente a função dos oito membros, nos aprofundando nos Asanas e nos Pranayamas.

2.3.2 Os oito membros do Yoga

O Yoga, é composto por oito membros, onde cada um desses possui suas próprias características a serem seguidas pelos praticantes do Yoga. Estes, são chamados de: Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi. Em seguida, explicarei detalhadamente cada um, enfatizando os Asanas e o Pranayama, pelo fato que em relação a esses dois membros, há mais conteúdo a serem apresentados e que muitas vezes, são os que mais despertam interesse pelos praticantes.

2.3.2.1 Yama

O Yama é caracterizado através de regras, ou seja, de condutas e ações praticadas pelos seres humanos. De acordo com Mizuno et al. (2018, p. 948) “são princípios filosóficos universais que direcionam o indivíduo a construir essencialmente valores, virtudes, atitudes e comportamentos que incidam diretamente sobre o respeito por si e pelos outros”. Além do mais,

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Simões et al. (2019) complementa relatando que são as atitudes externas praticadas pelos sujeitos.

Nesse universo, há cinco Yamas, definidos por Mizuno et al. (2018, p. 948) como

ahimsa (não violência contra a natureza, animais, os outros e contra si mesmo), satya (verdade, não mentir para os outros, nem para si mesmo), asteya (não roubar; válido para itens materiais, ideias, tempo, saúde etc.), brahmacharya (contenção, celibato e equilíbrio da sexualidade) e aparigraha (não acumulação ou desapego em relação a objetos, pessoas, cargos etc.).

Em resumo, podemos analisar que uma prática de Yoga não é somente voltada a técnicas físicas, ou que exijam uma respiração correta para acontecer. Mas, para ser considerado um praticante de yoga, o mesmo precisa cumprir com as regras através de seus comportamentos durante o seu dia a dia. Dessa maneira, sabemos que para vivermos em harmonia com os outros e consigo mesmo, precisamos respeitar o próximo, procurando manter boas relações com os demais.

2.3.2.2 Niyama

O caminho do Niyama é muito semelhante ao Yama, porém, esse está voltado ao nosso interior. Assim sendo, Marinero (2020, p. 05) o define como “disciplinas pessoais”. São elas: “Saucha – Transparência; Santosha – Contentamento;Tapas - Grande esforço; Svadhyaya – Autoconhecimento;Ishvara pranidhana - Fé em Deus”.

2.3.2.3 Asanas

O membro dos Asanas significa as posturas, ou seja, as posições realizadas durante a prática do Yoga. Assim, entende-se que cada asana possui um objetivo diferente, desenvolvendo o corpo como um todo. Além de exigir a parte física do praticante, essas posturas demandam muita concentração dos mesmos.

De acordo com Packer (2009 apud SIMÕES; MIZUNO; ROSSI, 2019, p. 04) os asanas, “são posturas físicas que agem profundamente em todos os sistemas orgânicos, glândulas e centros nervosos do corpo, garantindo assim um corpo e mente saudáveis. A prática dos asanas proporciona saúde, estabilidade e leveza ao corpo”. Já Marinero (2020, p. 08) contribui relatando que os asanas

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procuram normalizar as funções de todo o organismo, e afetam cada aspecto da fisiologia humana, regularizando o processo respiratório, metabólico, circulatório, digestivo e eliminatório. Agem sobre todo o sistema glandular e orgânico, assim como sobre os nervos e o cérebro. Isto é conseguido, fazendo-se respiração profunda durante as diferentes posturas.

Em outras palavras, podemos perceber que os asanas potencializam ao corpo um melhor bem-estar, pois com a prática do Yoga, estaremos tornando nosso corpo mais forte, mais saudável e consequentemente, indo em busca de uma melhor qualidade de vida. Patel (2013) sugere que, antes de realizarmos qualquer asana, precisamos nos aquecer. Nesse sentido, podemos alongar nosso corpo, através de exercícios da respiração, dos nossos pés, tornozelos, joelhos, quadris, torso, ombros, pescoço, e até, dos nossos olhos.

Nessa concepção, entende-se que há inúmeras posturas que podem ser desenvolvidas. Sendo assim, Miranda (1979) apresenta alguns exemplos.

Então, de acordo com Miranda (1979), o asana Sirshâsana (Postura do Pouso sobre a Cabeça) ficou mais conhecido atualmente (figura 1) e é uma postura que exige muito do praticante de Yoga. Valle (2020) complementa que esse asana contribui beneficamente o diafragma e é recomendado para aqueles que sofrem de ansiedade. Tal como, aprimora o equilíbrio e melhora a circulação sanguínea do indivíduo. Ainda, frisa que pessoas que possuem pressão arterial alta ou que possuem enxaqueca, não devem praticar esse asana.

Figura 1: Sirshâsana (Postura do Pouso Sobre a Cabeça)

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O asana Pashcimo-Shavâsana (figura 2), através das explicações de Miranda (1979, p. 74) deve ser praticado com os “olhos fechados, cabeça no prolongamento do tronco, pernas e braços afastados do corpo, palmas das mãos ligeiramente para cima, respiração instintiva e natural”. Além disso, o autor relata que essa postura faz com que o sujeito descanse, relaxe, buscando se esquecer dos seus problemas, através do controle da sua respiração e concentração voltado ao que seu corpo está sentindo no momento (ibidem).

Figura 2: Pashcimo – Shavâsana (Postura de Repouso Profundo Sobre o Dorso)

Fonte: Adaptado de Miranda (1979, p. 75).

A Postura da Vela é conhecida por Patel (2013) como a Invertida Sobre os Ombros (figura 3). Ou seja, o autor relata que “as invertidas revertem o fluxo de sangue, aumentando o fornecimento sanguíneo para o rosto e o cérebro, bem como para o coração e demais órgãos” (ibidem, p. 128). Miranda (1979, p. 124) nos diz que esse asana “confere ao praticante notáveis benefícios, que se traduzem em controle emocional, fortaleza orgânica, segurança e poder”.

Desse jeito, podemos perceber que por ser uma posição invertida, demanda muita concentração do praticante. Por isso, o sujeito deve fazer “com que as pernas e o tronco se elevem de maneira a formar com a cabeça um ângulo de 90º. As mãos devem então, necessariamente, passar dos quadris para a parte posterior do tórax” (MIRANDA, 1979, p. 124).

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Figura 3: Sarvangâsana (Postura da Vela)

Fonte: Adaptado de Miranda (1979, p. 125).

A Postura do Triângulo, de acordo com Patel (2013, p. 50) “fortalece a coluna” e “tonifica os quadris” (figura 4). Semelhantemente, Miranda (1979, p. 114) complementa relatando que o asana pode combater “nevralgias, câimbras e dores dessa zona”. Em suma, compreende-se que esse asana está desenvolvendo uma flexão lateral da coluna, além de ter que ser praticado com muita concentração na respiração. Ao flexionar, realiza-se a expiração, e ao voltar a posição inicial, inspira-se. Destarte, controlar a respiração dessa forma, poderá contribuir para uma prática mais efetiva.

Figura 4: Trikonâsana (Postura do Triângulo)

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O Asana chamado de Postura do Camelo, como nos diz Miranda (1979, p. 122) é uma postura que trabalha “a região urogenital, como também uma das poderosas posturas para ativar a tireóide” (figura 5). O autor frisa a questão de levar a cabeça bem para traz na hora da prática, fazendo com que o sangue circule com mais intensidade nessa região (ibidem).

Figura 5: Ustrâsana (Postura do Camelo)

Fonte: Adaptado de Miranda (1979, p. 123).

Para finalizar, o asana Ardha Bhujangâsana (Meia Postura da Serpente), sendo realizado desde a maneira preparatória até chegar na postura correta, irá proporcionar diversos benefícios para os praticantes em todo seu corpo (figura 6). Em suma, Miranda (1979, p. 85) relata que a postura “Combate os problemas da coluna, do aparelho digestivo (estômago, fígado, vesícula, baço, pâncreas, rins e intestinos)”.

Figura 6: Ardha - Bhujangâsana

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A fim de promover inúmeros benefícios ao corpo do sujeito praticante de Yoga, os asanas são alternativas onde os praticantes acabam muitas vezes superando seus limites, atingindo estados que nem os mesmos imaginavam. Porém, da mesma forma, devemos estar cientes que através dessas posturas, os indivíduos não irão obter nenhuma “cura” de suas doenças ou dores, mas sim, estarão usufruindo de uma maneira que poderá contribuir num processo de prevenção ou recuperação das mesmas.

2.3.2.4 Pranayama

O Pranayama, de acordo com Castro (2013, p. 04) é o “controle da respiração”. Nesse sentido, Marinero (2020, p. 22) complementa que ocorre também o “controle da bioenergia, através do controle respiratório”.

Sendo assim, percebe-se que durante a execução dos asanas, é imprescindível que esteja ocorrendo o controle da respiração, o qual irá conectar o ser com o seu interior, tentando fazer com que o sujeito possa se concentrar somente nisso, evitando dessa maneira, pensamentos aleatórios que podem surgir na mente durante a prática do Yoga. Nessa conjuntura, Rabello Yonezawa e Louzada (2018, p. 214) explicam a relação existente entre a prática física do yoga, através dos asanas, e a respiração, onde o mesmo relata que ao realizarmos o pranayama estaremos “trabalhando a concentração mental, aumentando a capacidade respiratória e ativando os centros de energia, os chakras, ampliando a absorção e a circulação de prana, a energia vital”. Além disso,

Você se mantém concentrado executando a técnica, atentando-se ao ritmo e ao som de sua respiração. Você começa a perceber também que há musculaturas sendo exigidas que você usualmente não utiliza, aprofundando a sensação de conexão entre a respiração e diferentes camadas musculares. A contração do baixo ventre massageia os órgãos internos do abdômen e sensações de movimento e fluidez surgem nesta região, substituindo uma sensação de estagnação que vinha te acompanhando ao longo do dia (ibidem).

A respiração iogue ocorre através da entrada de ar pelas narinas do sujeito praticante. A seguir há, uma explicação em imagem referente a inspiração e expiração que ocorre durante a prática do Yoga, ou seja, a técnica correta da mesma (imagem 1):

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Imagem 1 – Respiração iogue

Fonte: Adaptado de Patel (2013, p. 33).

Nessa compreensão, Patel (2013, p. 09) relata que

A execução apropriada das posturas garante a respiração correta. Ao executá-las, esteja consciente da posição da parte superior do torso, certifique-se de que as costelas se movam para cima e para fora, que o peito esteja aberto, e concentre-se nos movimentos do diafragma. Respirar mais profundamente também ajuda a remover o ar velho dos pulmões. Além de aumentar os níveis de energia, o controle da respiração ajuda a ter uma mente mais calma e centrada.

Novamente, é evidente a importância que a respiração, ou seja, o pranayama nos proporciona. Do mesmo modo, o controle consciente do sujeito praticante é um fator essencial durante a prática do Yoga, onde haverá uma relação extremamente forte entre a mente do indivíduo e o movimento do seu corpo, através dos asanas (PATEL, 2013).

2.3.2.5 Pratyahara

A Pratyahara é definida por Simões, Mizuno e Rossi (2019, p. 02) como “técnicas de relaxamento e estabilização dos sentidos e sensações da mente”. Em outras palavras,

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percebe-se que é um momento em que o praticante de Yoga percebe-se conecta consigo mesmo, como uma forma de introspecção, mantendo dessa maneira, um contato maior com o seu “eu interior”.

Nessa circunstância, podemos relacionar que este caminho está voltado a benefícios citados anteriormente sobre a prática do Yoga, onde busca-se silenciar a mente, acalmá-la. Assim, poderá ser uma maneira do indivíduo praticante buscar a paz que precisa para se desligar dos problemas encontrados em seu cotidiano.

2.3.2.6 Dharana

O membro Dharana possui sua atenção voltada a concentração. Valle (2020) relata que uma opção que irá auxiliar o sujeito a se concentrar, é manter seu olhar em um ponto fixo, procurando não dar atenção a barulhos externos e se concentrar na sua respiração. Por conseguinte, compreende-se que quando o praticante de Yoga conseguir se concentrar, consequentemente, ele terá o início da meditação.

2.3.2.7 Dhyana

O sétimo membro, chama-se Dhyana, ou seja, a meditação. De acordo Valle (2020) é quando conseguimos encontrar um “estado meditativo” ou uma “presença suave consigo mesmo”. Em resumo, sabe-se que o estresse se faz presente na vida de muitas pessoas devido a correria do dia a dia, o que poderá resultar em uma mente cansada e esgotada. Outrossim, praticar o Dhyana, é uma tentativa de conseguir superar essas ocasiões que causam esse desgaste, nos auxiliando a focar somente no momento presente. Além de tudo, percebe-se que a prática do pranayama é fundamental durante a meditação, pois nos auxiliará a acalmar a mente e buscar novamente nossa paz interior.

2.3.2.8 Samadhi

O Samadhi, de acordo com Castro (2013), Mizuno et al. (2018), Barros et al. (2014) refere-se ao termo “identificação”. Já, Marinero (2020, p. 23) relata que este caminho é chamado de “Contemplação. Culminação da Meditação. União com o Absoluto”. Nesse olhar, compreende-se que há uma união entre todos os fatores que o ser humano necessita para poder sobreviver, seja através de outros seres humanos, como também, através dos meios naturais em que o mesmo está inserido.

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Em suma, ao entendermos a origem do Yoga, seus inúmeros benefícios e quais são os membros envolvidos na prática, podemos perceber o quanto o Yoga contribui para a vida dos seus adeptos. Do mesmo modo, para aqueles que pouco conhecem o Yoga, é uma maneira de compreender essa prática tão benéfica e poder inseri-la também em seu dia a dia. Logo, ao usufrui de todos os pontos positivos obtidos com a prática, os indivíduos estarão almejando bem-estar, o que irá contribuir para manter ou adquirir uma vida mais saudável.

Referências

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