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TÍTULO: TESTAMENTO VITAL: UMA ANÁLISE ENTRE BRASIL E PORTUGAL TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: Direito SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): FACULDADE DE SÃO PAULO - FASP INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): FERNANDO DA SILVA SANTOS, FERNANDES DE ANDRADE BALBINO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ANA PAULA GALDEANO CRUZ ORIENTADOR(ES):

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1 1. RESUMO

A pesquisa tem por objetivo realizar uma análise acerca do testamento vital, também conhecido como Diretivas Antecipadas, com relação a sua aplicabilidade em Portugal e no Brasil. Para tanto, comparamos a lei portuguesa nº 25 de 2012 e a resolução nº 1.995 de 2012 do Conselho Federal de Medicina (CFM) brasileiro, as quais, respectivamente, regulamentam este instrumento. Com base na jurisprudência brasileira, o artigo reflete sobre a relação entre o testamento vital e o Biodireito, apontando que tal instituto se faz necessário quando se trata de impor limites à utilização das tecnologias na sociedade contemporânea. Utiliza-se a metodologia qualitativa, a partir do levantamento e análise da bibliografia específica, comparação das normas entre os dois pais e estudo de caso brasileiro. Os resultados apontam que embora o Brasil não disponha de uma legislação, o próprio poder judiciário brasileiro já reconhece a aplicabilidade deste instrumento, como se observa na decisão do TJ-RS, de 2013. Portugal, por outro lado, conta com uma regulamentação própria, com procedimentos a serem seguidos e regras especificas para os indivíduos que aderirem ao instituto.

2. INTRODUÇÃO: O CONCEITO DO TESTAMENTO VITAL

O testamento vital é uma manifestação de vontade escrita, onde a pessoa declara seu desejo que deve ser seguido no momento em que ela não mais puder manifestar sua vontade (Ximenes, 2014). Trata-se de um instrumento bastante peculiar, no sentido de que somente poderá ser usado em casos específicos: nas hipóteses de doenças graves e incuráveis, em que o paciente não tenha mais condições de se manifestar.

Essa declaração deve ser feita pelo próprio paciente quando ele estiver legalmente capaz. Posteriormente, ele deverá constituir alguém para deter o documento. Caso seja preciso apresenta-lo justamente em circunstância que o deixou incapaz de responder por si, esse representante assim o fará, para que sua vontade, já declarada, não seja violada.

O testamenta vital também é conhecido tecnicamente como “Diretivas Antecipadas”, ambas as nomenclaturas detêm o mesmo significado, a única diferença é que o segundo termo foi o que lei adotou. No caso do Brasil,

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“(...) tem sido utilizada a nomenclatura ‘Diretivas Antecipadas de Vontade, ou DAV’, tendo em vista que o interessado, num único documento, dispõe sobre uma série de assuntos relacionados a tratamentos médicos (que recusa ou aceita, em qual hospital deseja se tratar, onde deseja passar os últimos dias de vida no caso de doença terminal ou irreversível, dentre outros relacionados) e também pode dar outras instruções como cláusulas de representação ordinária e empresarial, inclusive, especificar como deseja suas exéquias”. (Ximenes, 2014, s/d).1

Apesar de o testamento vital causar diversos debates e conflitos em relação a sua validade, seus princípios são reconhecidos mundialmente (Ximenes, 2014; Duarte, 2016), quais sejam, a dignidade da pessoa humana, a autonomia da vontade e a beneficência/ não-maleficência.

Quando falamos em dignidade da pessoa humana falamos em algo que é difícil de conceituar, de modo que aquilo que é digno para um pode não ser para outro. No que se refere o testamento vital a principal discussão se dá no âmbito da preservação do direito à vida. Para alguns, o testamento vital viola o direito à vida, pois impede que os médicos utilizem dos meios possíveis para tentar ajudar o paciente. Para esta corrente, o documento é ilegal. Por outro lado, há grupos que defendem sua validade.

Pensemos na seguinte situação: uma pessoa está com câncer em estado terminal. Não é mais possível se manifestar e sua enfermidade não tem cura. Ela é submetida as diversas intervenções médicas invasivas, porém sem qualquer melhora significativa. Poderíamos dizer que seria digno para ela passar por todos esses tratamentos invasivos, sendo que há uma manifestação prévia em que ela própria expressa não querer passar por este tipo de tratamento? São nestes termos que esta corrente defende a validade das diretivas antecipada, ou seja, amparado na abrangência do conceito de dignidade.

A função essencial do princípio de autonomia da vontade é regular a relação entre a obrigação do médico, que é de salvar vidas, e do paciente, que, por outro lado,

1 Disponível em:

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recusa-se a receber determinados tratamento médicos que ao seu ver lhe causarão sofrimento. Este é mais um princípio que sustenta a validade do Testamento Vital, pois consiste em uma declaração de vontade feita no momento que a pessoa está com plena capacidade de realizar seus atos na vida civil. Conforme este princípio, quando o médico se deparar com um caso em que haja o Testamento Vital, este deve seguir tais orientações. Entende-se que o paciente tem autonomia para decidir se quer ou não passar por certos procedimentos médicos.

Por fim, os princípios de beneficência e não-maleficência estão interligados, são complementares, já que ao mesmo tempo em que o médico tem a obrigação de tentar ao máximo proporcionar o bem ao paciente, ele está proibido de realizar condutas que possa lhe causar danos ou colocar sua vida em risco.

Tais princípios, embora constantemente levantados em várias partes do mundo, foram materializados de diferentes formas no Brasil e em Portugal. Entre nós, temos apenas e a resolução nº 1.995 de 2012 do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em Portugal, há a lei nº 25 de 2012. Os debates se acirram em razão, ainda, dos novos procedimentos tecnológicos que ampliam o tempo de vida dos pacientes. No que consiste a norma brasileira e a lei portuguesa, quais são os procedimentos estabelecidos por cada uma delas? Qual é o desdobramento do Testamento Vital no Brasil e quais são as decisões em relação a ele, já que não há uma legislação específica? Tais perguntas nortearam a presente pesquisa.

3. OBJETIVOS

A pesquisa tem por objetivo geral apresentar uma comparação entre legislações, sendo base para esta análise a lei Nº 25/ 2012 de Portugal em confronto com a Resolução Nº 1.995 de 2012 do Brasil, que abordam o tema do Testamento Vital. Pretende-se, de modo específico: (a) comparar os procedimentos para a utilização destes institutos jurídicos, (b) compreender como os países aplicam o respectivo instituto no território nacional e (c) apontar seus desdobramentos no meio jurídico, no caso brasileiro.

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Utiliza-se a metodologia qualitativa, por meio de levantamento e análise da bibliografia específica, comparação das normas entre os dois pais e um estudo de caso brasileiro.

5. DESENVOLVIMENTO

A discussão está organizada em três (3) partes. Na primeira parte, analisamos a legislação portuguesa que regulamenta o testamento vital. Na segunda parte, apresentamos como Brasil regulamenta e aplica o testamento vital, apontando as semelhanças e diferenças se existirem entre as duas legislações. Por fim, será exposto um caso prático do uso efetivo do testamento vital, para a melhor compreensão das decisões judiciais sobre o tema e seus fundamentos.

5.1. O Testamento Vital na legislação portuguesa

A sociedade portuguesa passa por questões sociais que causam grande insegurança na comunidade médica e jurídica, tais como o aparecimento de doenças graves e o envelhecimento da população. Tal realidade repercutiu no debate sobre as pessoas não serem capazes de responderem por si mesmas. A partir de então passou-se a estudar uma forma que mudasse esta realidade e que o paciente pudesse ter sua opinião levada em conta no caso de doenças terminais e/ou doenças que deixe a pessoa incapaz de se manifestar sobre seu estado.

Portugal editou a lei nº 25 de 16 de junho de 2012, a qual regulamenta o testamento vital, de modo que botou fim ao impasse instaurado. A lei, de forma bastante completa, aborda tudo o que é necessário para que a pessoa se manifeste, com valor jurídico. A análise da legislação permite destacar alguns pontos importantes.

Com relação a nomenclatura do instrumento jurídico, o direito Português, com a lei Nº 25 de 16 de Junho de 2012, dá ao testamento Vital o nome de “Diretivas Antecipadas”, e em seu Artigo Segundo já nos traz o sua definição, sendo ela:

“O documento unilateral e livremente revogável a qualquer momento pelo próprio, no qual uma pessoa maior de idade e capaz, que não se encontre interdita ou inabilitada por anomalia psíquica, manifesta antecipadamente a sua vontade consciente, livre e esclarecida, no que concerne aos cuidados de saúde que deseja receber, ou não

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deseja receber, no caso de, por qualquer razão, se encontrar incapaz de expressar a sua vontade pessoal e autonomamente” (PORTUGAL, 2012).

Já com relação ao procedimento legal, a lei preleciona que para ter validade as Diretivas Antecipadas devem atender alguns requisitos formais, ou seja, é preestabelecido uma forma de elaboração para que ele possa adquirir validade e, consequentemente, todos os efeitos jurídicos. Assim, o Artigo Terceiro estabelece a forma que o documento deve ser elaborado de modo que elenque elementos essenciais, quais sejam: a) a identificação completa do outorgante; b) o lugar, a data e a hora da sua assinatura; c) as situações clínicas em que as Diretivas Antecipadas de Vontade produzem efeitos; d) as opções e instruções relativas a cuidados de saúde que o outorgante deseja ou não receber, no caso de se encontrar em alguma das situações referidas anteriormente; e) as declarações de renovação, alteração ou revogação das diretivas antecipadas de vontade, caso existam.

No que se refere à capacidade para elaboração do documento, a lei portuguesa limita quem pode aderir as Diretivas Antecipadas de modo que elenca quem pode realizar esse negócio jurídico. Portanto, de acordo com a legislação somente poderá redigir uma Diretiva Antecipada aquele que for maior de idade e tiver plena capacidade de dar seu consentimento livre e esclarecido.

A lei também traz hipóteses em que este documento não pode ser elaborado, pois apesar de ser uma manifestação de vontade livre do paciente e consciente, este fica proibido de colocar no documento alguns termos, entre os quais: a) aqueles contrários à lei ou aos costumes bem como à ordem pública; b) que cause a morte não natural do paciente e c) que o paciente não tenha declarado sua vontade de forma expressa e consciente.

Há também uma forma especial a ser seguida para que o documento adquira validade. O instrumento possui validade no momento em que se adquire registro no Registro Nacional do Testamento Vital (RENTEV), ou ainda quando ele for entregue à equipe que prestará os cuidados médicos pelo próprio paciente ou por seu representante ou procurador. Sua aplicabilidade é direta e deve ser obedecida desde que atendidas uma destas duas formas.

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Este documento não tem caráter definitivo, o dono do Documento poderá alterá-lo a qualquer momento, bem como também poderá revoga-lo a qualquer tempo. Vale ressaltar que toda vez que houver uma alteração no documento ele será considerado renovado a partir da alteração. Além da alteração e revogação ele ainda tem prazo de validade, sendo que a partir de sua assinatura o documento de Diretivas Antecipadas terá validade de 5 anos, renovável mediante declaração de confirmação.

5.2. O Testamento Vital na legislação brasileira

No Brasil, além do desconhecimento da população com relação a este instrumento jurídico, encontramos ainda uma grande defasagem legislativa.

Ao contrário de outros países que detém leis que regulamentam as Diretivas Antecipadas de forma clara, com uma aplicabilidade grande por parte da população, como no caso Portugal, o Brasil não detém uma lei que regulamenta tal instituto jurídico. O país possui apenas uma resolução que trata superficialmente do tema. A única base legal que possuímos é a Resolução Nº 1.995 de 2012, que vem sendo usada para que algumas pessoas possam aderir ao Testamento Vital, e mesmo assim com muita dificuldade.

Sua aplicabilidade se dá através desta Resolução e de alguns princípios consolidados na Constituição Federal de 1988, tais como dignidade da pessoa humana, autonomia da vontade, não exposição a tratamentos desumanos entre outros.

A Resolução1995 foi editada em 31 de agosto de 2012 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A Resolução é composta de três Artigos os quais nos esclarecem pontos importantes. Define-se as Diretivas Antecipadas, como o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.

No caso em que o paciente se encontre incapaz de manifestar sua vontade de forma livre e consciente, e este tiver se manifestação por meio de Diretivas Antecipadas, estas serão levadas em consideração pelo profissional médico.

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Pode-se ainda um representante levar a conhecimentos dos médicos os desejos do paciente, porém este representante deve ter sido designado para tal função antes da incapacidade do enfermo.

As Diretivas Antecipadas do paciente não serão levadas em consideração pelos médicos se estiverem em desacordo com a legislação brasileira ou com o Código de Ética Médica.

As Diretivas Antecipadas constarão no Prontuário Médico e prevaleceram sobre qualquer outro parecer não médico.

Assim, pode-se observar que esta Resolução é muito superficial e não apresenta segurança na aplicabilidade e regulamentação do testamento vital no ordenamento brasileiro. Em comparação com a legislação portuguesa, o ordenamento brasileiro está defasado no que diz respeito ao testamento vital. Portugal dispõe de uma legislação bem avançada, clara e objetiva que regulamenta o testamento vital em seu Território, com grande aplicabilidade.

5.3. Estudo de caso

Como já observado ao decorrer do artigo, o testamento vital em Portugal possui legislação própria, o que se permite concluir que já é uma questão superada no ordenamento jurídico, não permitindo mais questionamentos sobre sua aplicabilidade. Já o Brasil, diferentemente, por não possuir uma lei específica, detém diversas incertezas no que se refere a aplicabilidade e reconhecimento deste instituto jurídico.

Porém toda esta instabilidade no ordenamento brasileiro começa a ser superada, e já temos tribunais reconhecendo e dando guarda para a aplicação e reconhecimento do instituto, conforme pode-se observar na ementa abaixo, proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – RS “EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ASSISTÊNCIA Á SAÚDE. BIODIREITO. ORTOTANÁSIA. TESTAMENTO VITAL.

1. Se o paciente, com o pé esquerdo necrosado, se nega à amputação, preferindo, conforme laudo psicológico, morrer para "aliviar o sofrimento"; e, conforme laudo psiquiátrico, se encontra em pleno gozo das faculdades mentais, o Estado não pode invadir seu corpo e realizar a cirurgia multilatória contra a sua vontade, mesmo que seja pelo motivo nobre de salvar sua vida. 2. O caso se insere

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no denominado biodireito, na dimensão da ortotanásia, que vem a ser a morte no seu devido tempo, sem prolongar a vida por meios artificiais, ou além do que seria o processo natural. 3. O direito à vida garantido no art. 5º, caput, deve ser combinado com o princípio da dignidade da pessoa, previsto no art. 2º, III, ambos da CF, isto é, vida com dignidade ou razoável qualidade. A Constituição institui o direito à vida, não o dever à vida, razão pela qual não se admite que o paciente seja obrigado a se submeter a tratamento ou cirurgia, máxime quando mutilatória. Ademais, na esfera infraconstitucional, o fato de o art. 15 do CC proibir tratamento médico ou intervenção cirúrgica quando há risco de vida, não quer dizer que, não havendo risco, ou mesmo quando para salvar a vida, a pessoa pode ser constrangida a tal. 4. Nas circunstâncias, a fim de preservar o médico de eventual acusação de terceiros, tem-se que o paciente, pelo quanto consta nos autos, fez o denominado testamento vital, que figura na Resolução nº 1995/2012, do Conselho Federal de Medicina. 5. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70054988266, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 20/11/2013)” (TJ-RS, 2013. sublinhado nosso)2

Pode-se observar que o poder judiciário, com esta decisão, começa a dar a devida importância e firmar o entendimento para a aplicação do testamento vital no Brasil. Uma única jurisprudência firmada constitui base para outros pedidos de aderência a este instrumento jurídico, possibilitando o acesso da população ao instituto.

6. RESULTADOS

O estudo de caso indica que o direito à vida tem sido combinado com o princípio da dignidade da pessoa humana, “razão pela qual não se admite que o paciente seja obrigado a se submeter a tratamento ou cirurgia”. A decisão se apoia no Biodireito e na noção de ortotanásia (morte natural, sem prolongamento artificial).

2 Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113430626/apelacao-civel-ac-70054988266-rs Acesso em 12 de set. 2017.

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O Biodireito é um ramo da ciência jurídica que tem por objetivo a correta aplicação sobre os direitos da vida; visa regular o desenvolvimento das biotecnologias a partir da bioética, buscando preservar a vida e a dignidade humana (Diniz, 2009). A Bioética expressa condutas pessoais que os profissionais devem seguir, e assim surge o Biodireito que tem por finalidade tornar essas normas éticas em normas legais, transformando-as em uma espécie de estatuto de conduta.

O testamento vital está diretamente ligado as novas tecnologias e os novos procedimentos médicos que de alguns anos para cá alcançaram grande desenvolvimento. Porém, esta questão ainda está em pleno desenvolvimento no Brasil e, por este motivo, ainda há muitos questionamentos com relação até onde devem ir todos esses avanços, ou seja, qual é o limite para o uso das tecnologias. O país ainda não possui uma legislação especifica que regule o tema, tendo apenas a resolução do Conselho Federal de Medicina, que trata superficialmente a questão, não trazendo uma normatização especifica e clara. Porém, o próprio poder judiciário brasileiro já reconhece a aplicabilidade deste instrumento, como se observa na decisão do TJ-RS, 2013.

Conforme desenvolvido ao longo da pesquisa, apesar de ser um instituto recente, diversos Estados nacionais já o incorporaram em seus ordenamentos, como é o caso português. Portugal conta com uma regulamentação própria para as diretivas antecipadas, com procedimentos a serem seguidos e regras especificas para os indivíduos que aderirem ao instituto. O que permite afirmar que não há questionamentos sobre sua legalidade, naquele país.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tecnologia se transformou em um instrumento essencial para a sociedade contemporânea. Já não é possível imaginar a sociedade atual sem o uso da tecnologia no campo da medicina. Porém, não é porque existe um tratamento que a pessoa é obrigada a ser submetida a ele. O testamento vital é uma forma de colocar limites a toda essa tecnologia, pertencendo então ao campo do Biodireito que regula o uso das tecnologias com responsabilidade.

O testamento vital é, portanto, uma forma legal em que o indivíduo impede que seja submetido a tratamentos que não queira. O Biodireito está completamente ligado a este instrumento, pois os tratamentos que são recusados pelos pacientes são em

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sua maioria derivados de todos esses avanços tecnológicos. Neste contexto, tal instituto é uma forma de garantir que a pessoa viva de acordo com a sua dignidade. 8. FONTES CONSULTADAS

ARAUJO, Lia Esteves Borges de S. O Testamento Vital em Portugal: Reflexão Jurídico-Dogmática. Universidade Católica Portuguesa. Porto, Fev. 2012. Disponível em: http://www.porto.ucp.pt/pt/node/12973 Acesso em: 15 mai. 2018 BRASIL. Resolução n.º 1995, de 31 de Agosto de 2012. Dispõe sobre as Diretivas Antecipadas de Vontade dos Pacientes. Diário Oficial da União. Conselho Federal de

Medicina Brasília, DF, 31 de Agosto de 2012. Disponível:

www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2012/1995_2012.pdf Acesso em: 15 mai.

2018

DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biodireito. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. DUARTE, Ana Maria Gonçalves. Testamento vital uma porta aberta para eutanásia? Faculdade de Direito Universidade de Coimbra. Coimbra, Fev. 2016. Disponível

em: http://hdl.handle.net/10316/34988. Acesso em: 15 mai 2018

PORTUGAL. Lei n.º 22, de 16 de Julho de 2012. Regula as diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, e a nomeação de procurador de cuidados de saúde e cria o Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV). Diário da República, 1.ª Série-Nº136- 16 de Julho de 2012. Disponível em:

http://www.pgdlisboa.pt/leis/leimostraarticulado.php?nid=1765&tabela=leis. Acesso

em 15 Mai. 2018

TEOBALDO, Marília Silva Calixto de Souza; LEITE, Glauber Salomão. Testamento Vital: Na Ótica do Direito Brasileiro. Caderno de Graduação. Recife, jan. 2015. Disponível:https://periodicos.set.edu.br/index.php/facipehumanas/article/view/2942/1 573 Acesso em: 15 Mai. 2018

XIMENES, Rachel Leticia Curcio. Testamento Vital e o Direito a Dignidade. Carta Forense. São Paulo, fev. 2014. Disponível em:

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