UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT
AMANDA MUNHOZ RUHOFF
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO SOB O LIXÃO DE
SINOP, MT
Sinop
2017/1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT
AMANDA MUNHOZ RUHOFF
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO SOB O LIXÃO DE
SINOP, MT
Projeto de Pesquisa apresentado à Banca Examinadora do Curso de Engenharia Civil – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop, MT, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Prof. Orientador: Me. Julio César Beltrame Benatti.
Sinop
2017/1
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Disposição final de RSU no Brasil por tipo de destinacão (t/dia) ... 13
Figura 2 – Localização do lixão do município de Sinop ... 21
Figura 3 – Imagem do lixão em 2004 ... 22
Figura 4 – Imagem do lixão em 2009 ... 22
Figura 5 – Imagem do lixão em 2013 ... 23
Figura 6 – Imagem do lixão em 2016 ... 23
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileiras de Normas Técnicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
Al2O3 – Óxido de alumínio As – Arsênio
Ba – Bário C – Carbono
CaO – Óxido de cálcio Cd – Cádmio
Co – Cobalto Cr – Crômio
CTC – Capacidade de Troca de Cátions Cu – Cobre
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio DCB – Ditionito-Citrato-Bicarbonato de Sódio Fe2O3 – Trióxido de ferro
Ga – Gálio
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística K2O – Óxido de potássio
MG – Minas Gerais
MgO – Óxido de magnésio
MnO – Óxido de manganesco (II) MT – Mato Grosso
N – Nitrogênio
Na2O – Óxido de sódio Nb – Nióbio
Ni – Níquel
OAA – Oxalato Ácido de Amônio P2O5 – Pentóxido de fósforo Pb – Chumbo
PR – Paraná Rb – Rubídio
RS – Rio Grande do Sul
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos SiO2 – Dióxido de silício
SP – São Paulo Sr – Estrôncio t – Tonelada
TiO2 – Dióxido de titânio
UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso
UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Y – Ítrio
Zn – Zinco Zr – Zircônio
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Título: Avaliação da contaminação do solo sob o lixão de Sinop, MT 2. Tema: Engenharia Civil (30100003)
3. Delimitação do Tema: Geotécnica (30103002) 4. Proponente(s): Amanda Munhoz Ruhoff
5. Orientador(a): Mestre Julio César Beltrame Benatti
6. Estabelecimento de Ensino: Universidade do Estado de Mato Grosso –
UNEMAT
7. Público Alvo: Estudantes e profissionais de Engenharia Civil
8. Localização: Avenida dos Ingás, nº 3001, Jardim Imperial, Sinop-MT, CEP
78550-000, Brasil
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ... 3 LISTA DE FIGURAS ... 4 LISTA DE ABREVIATURAS ... 5 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ... 7 1 INTRODUÇÃO ... 9 2 PROBLEMATIZAÇÃO ... 10 3 JUSTIFICATIVA... 11 4 OBJETIVOS ... 12 4.1 OBJETIVO GERAL ... 12 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 12 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 135.1 FORMAS DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RSU ... 13
5.2 CONTAMINAÇÃO DO SOLO DEVIDO A DESCARTE IRREGULAR DE RESÍDUOS SÓLIDOS ... 14 5.2.1 Aplicações em trabalhos ... 15 5.3 SOLO ... 16 5.3.1 Solo tropical ... 16 5.3.1.1 Solos Lateríticos ... 17 5.3.1.2 Solos Saprolíticos ... 18
5.4 MÉTODOS PARA IDENTIFICAR A CONTAMINAÇÃO ... 18
5.4.1 Aplicabilidade dos métodos ... 19
6 METODOLOGIA ... 21
6.1 LOCAL DA COLETA ... 21
6.2 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA ... 24
6.3 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA ... 25
6.4 FLUORESCÊNCIA POR RAIOS-X ... 25
6.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 25
7 CRONOGRAMA ... 26
1 INTRODUÇÃO
Os depósitos de resíduos sólidos apresentaram sinais de evolução e aperfeiçoamento do ano de 2014 para o ano de 2015, visto que a maioria dos resíduos coletados (58,7%) teve a sua destinação final em unidades corretas (ABRELPE, 2015). Entretanto, conforme a associação, estão presentes em todo o Brasil unidades que ainda recebem esses resíduos de maneira inadequada, somando mais de 82.000 toneladas por dia, com alto índice de poluição ambiental.
Araújo (2015) destaca que o lixão, mesmo após seu encerramento, continua a produzir chorume e gases por um prolongado tempo dependendo de alguns fatores e de condições do meio.
O município de Sinop destaca-se no Estado de Mato Grosso por sua influência na região. Entretanto, entre o ano 2000 e o ano 2016, descartou os seus resíduos sólidos em um lixão localizado próximo à malha urbana.
Em virtude do lixão estar situado em uma região de clima tropical e de alto índice pluviométrico, o lixiviado, líquido resultante da decomposição dos resíduos, pode vir a contaminar o solo, e por meio de infiltração chegar ao lençol freático.
Pacheco (2015) afirma que o solo pode atuar como importante meio de absorver metais pesados, devido à alta capacidade de reter íons e moléculas. Essa capacidade muda de acordo com as características físico-químicas do solo e as características do metal.
No entanto, segundo Teixeira (2008), a existência de metais no solo pode ter origem da própria natureza, de rochas que sofrem alterações químicas e físicas, e também pelo transporte de material alterado. Já os metais que não compõe o solo natural são provenientes da ação antrópica, como o depósito de resíduos sólidos, efluente de diferentes tratamentos industriais e o uso agrícola.
Visando um diagnóstico com relação à contaminação do solo devido ao lixão, este trabalho pretende coletar amostras de solo e caracterizá-las para que se possa conhecer a que nível está a contaminação, caso esteja contaminado, e seus possíveis contaminantes.
2 PROBLEMATIZAÇÃO
O município de Sinop descartou, até o final do ano de 2016, todo o resíduo sólido produzido por sua população de maneira inadequada, destinando esses resíduos a um lixão localizado próximo à malha urbana, tornando-o uma possível fonte de contaminação do solo.
Souza (2004) aponta que os resíduos sólidos descartados a céu aberto acarretam inúmeras formas de poluição, sendo a mais agressiva o produto da decomposição da matéria orgânica, conhecido por lixiviado ou chorume. O autor afirma ainda que essa forma de disposição agrega mais umidade, produz maior quantidade de chorume, o que eleva os perigos de contaminação da água, do ar, do solo e do lençol freático.
O estudo caracterizando o solo constatará se há contaminação devido à disposição dos resíduos no lixão, e ainda por meio de ensaios geotécnicos e químicos, verificar qual o contaminante e qual a profundidade da propagação.
3 JUSTIFICATIVA
A análise do solo do lixão tem por intuito determinar se o mesmo está contaminado devido ao descarte dos resíduos sólidos da cidade de Sinop, e caso esteja contaminado, determinar por meio de ensaios, qual o agente contaminador e sua profundidade.
A realização dos ensaios permitirá caracterizar geotecnicamente e quimicamente o solo do lixão, identificando a presença de metais, que podem dispersar-se no solo, na água subterrânea e superficial, ocasionando a contaminação deste meios.
A região norte do Estado de Mato Grosso, particulariza-se por dispor de um solo laterítico. Em vista disso, deve se analisar a presença desses metais, já que, de acordo com Villibor et al. (2009), os solos lateríticos apresentam peculiaridades importantes como a existência de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio.
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Este projeto de pesquisa tem como objetivo caracterizar o solo do lixão de Sinop, MT, quanto à contaminação devido à disposição de resíduos sólidos.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para a realização deste estudo foram considerados os seguintes objetivos específicos:
Coletar amostras de solo deformadas sob o lixão de Sinop, MT;
Realizar os ensaios de caracterização geotécnica (determinação da massa específica dos sólidos, granulometria conjunta e limites de consistência); Realizar os ensaios de caracterização química (CTC, bases, teor de matéria
orgânica, pH e relação C:N);
Verificar a contaminação do solo utilizando ensaios de fluorescência por raios-X, para elementos maiores e elementos menores.
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1 FORMAS DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RSU
O grande volume de lixo gerado pela população é um dos principais problemas enfrentados pelos gestores públicos municipais, visto que parte da disposição dos resíduos sólidos urbanos ocorre de modo irregular, ou seja, em lixões.
Conforme a ABNT (2004), são considerados resíduos sólidos, sobras em estados sólidos e semissólidos, decorrente de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, e de serviços e de varrição.
De acordo com ABRELPE (2015), no que se refere à disposição final de RSU, em 2015, seguiu para aterros sanitários cerca de 42,6 milhões de toneladas, ou 58,7% do coletado, já para lixões ou aterros controlados, quase 30 milhões de toneladas. A Figura 1, apresenta um comparativo da disposição final de RSU no Brasil, entre os anos de 2014 e de 2015.
Figura 1 – Disposição final de RSU no Brasil por tipo de destinacão (t/dia) Fonte: ABRELPE (2015).
Aterro sanitário é uma técnica de disposição final que obedece a princípios da engenharia para reduzir os resíduos à menor área e volume possíveis, cobrindo com uma camada de solo, resultando no menor impacto possível ao ambiente e à saúde pública, como define a ABNT (1992).
Já ABNT (1985) estabelece que, um aterro controlado diferencia-se do aterro sanitário pela prática de simples cobertura dos resíduos com uma camada de material inerte ao final de cada jornada de trabalho.
O lixão caracteriza-se por ser uma forma de destino final dos resíduos sem que haja qualquer proteção ao solo, acarretando tanto problemas para o ambiente, quanto para a saúde pública.
Segundo Araújo (2015), o uso de um lixão como forma de descarte deve-se a motivos como a limitação financeira dos municípios, a falha na administração pública e a falta de mão de obra qualificada.
Conforme se verifica na Tabela 1, apresentada a seguir, 3.326 municípios destinaram seus resíduos de maneira inadequada no ano de 2015.
Tabela 1 – Quantidade de municípios por tipo de disposição final adotada
Disposição Final
2015 – Regiões e Brasil
Brasil 2014 Norte Nordeste
Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil
Aterro Sanitário 97 456 165 820 706 2.244 2.236
Aterro Controlado 110 504 148 646 366 1.774 1.775
Lixão 243 834 154 202 119 1.552 1.559
BRASIL 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570 5.570
Fonte: Adaptado de ABRELPE (2015).
BRASIL (2010) declara que os gastos com o manejo de resíduos sólidos, que compreendem a coleta, a limpeza e a destinação final desses resíduos, correspondem a até 20,0% do orçamento municipal.
5.2 CONTAMINAÇÃO DO SOLO DEVIDO A DESCARTE IRREGULAR
DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Para Cherubini (2008), o descarte irregular dos RSU está diretamente associado aos problemas causados por estes resíduos no solo, nas águas e no ar, assegurando ainda que, quando descartados de forma irregular, os RSU podem poluir o solo, modificando as características físicas, químicas e biológicas, estabelecendo um problema de nível estético, e uma grave ameaça à saúde da população.
De acordo com Araújo (2015), como o lixão não possui qualquer tipo de impermeabilização de fundo, todo o chorume produzido vai para o solo, avançando e contaminando facilmente um recurso hídrico superficial ou subterrâneo.
ABNT (1985), caracteriza o chorume ou lixiviado, como líquido gerado pela decomposição das substâncias orgânicas contidas nos resíduos sólidos, apresentando características de cor escura, mau cheiro e elevada DBO.
Sá et al. (2012) afirmam que a decomposição do resíduo orgânico existente no lixo é chamado de chorume, porém pode ser conhecido por lixiviado ou percolado. Os autores afirmam também que o chorume é apenas o líquido originado da decomposição da matéria orgânica, já os lixiviados e/ou percolados são o resultado de chorume e água, de razão superficial (chuva ou escoamento) ou subterrânea (infiltração).
De acordo com Bacelar (2010), existem alguns elementos que influenciam nas características do lixiviado, tais como o tipo de resíduo, o grau de decomposição, o clima, a época do ano, a idade do aterro, a profundidade do resíduo aterrado, o tipo de operação no aterro.
A qualidade do lixiviado origina-se da composição dos resíduos, dos processos de dissolução e da combinação das atividades físicas, químicas e biológicas, da quantidade de água infiltrada, idade dos resíduos e pH do meio, conforme Teixeira (2008).
Ainda segundo Teixeira (2008), a composição do lixiviado pode apresentar diversos tipos de metais pesados, por exemplo, o cádmio, o cobre, o chumbo, o estanho e o zinco, tendo potencial de dispersar-se no solo, na água subterrânea e superficial, ocasionando a contaminação desse meios.
5.2.1 Aplicações em trabalhos
Ferreira e Rosolen (2012) realizaram um estudo da disposição de resíduos sólidos e da qualidade dos recursos hídricos no município de Uberlândia, MG, a fim de avaliar as concentrações de Cd, Pb, Co, Cu, Cr, Ni e Zn e em três tipos de material: efluente tratado de aterro sanitário, solo de contato com o efluente tratado antes do despejo no rio e sedimento da planície de inundação do rio que recebe o efluente.
Os resultados do estudo das autoras revelou que o efluente do aterro, mesmo após tratamento, apresentou concentrações elevadas de Co, Cr, Cu e Ni. Nos solos foram encontrados teores elevados de Co e Cr, no entanto, menores que no efluente tratado. Esses resultados indicaram que as argilas ou matéria orgânica do solo não
retiveram os contaminantes, devido à natureza arenosa. Já o sedimento do rio foi o material que estocou mais elementos químicos inorgânicos, ressaltando o Cr e o Cu.
Maschio et al. (2014) diagnosticaram a contaminação do solo pela disposição incorreta de resíduos sólidos em área de preservação permanente, localizada no município de Sertão, RS, por meio de metais como Mn, Zn, Cu, B, S, Cd, Pb, Cr e Ni. Os autores relataram que a dificuldade do uso de métodos químicos para diagnosticar Cr no solo, estava no preparo das amostras para a análise, visto que o Cr é altamente influenciado pelo potencial de oxirredução do solo, aconselhando utilizar amostras úmidas para quantificação do Cr.
Iwai (2012) avaliou a qualidade das águas subterrâneas e do solo em áreas de disposição final de resíduos sólidos urbanos em três aterros em valas, localizados nos municípios de Angatuba, Jaci e Luiz Antônio em SP.
Os resultados indicaram que, para as áreas avaliadas, não foram verificadas alterações significativas na qualidade do solo e das águas subterrâneas. As concentrações dos contaminantes foram minimizadas pelo efeito da atenuação natural do solo, não trazendo riscos significativos ao ambiente ou à saúde da população.
5.3 SOLO
ABNT (1995), define solo como produto da decomposição das rochas, que constituíam inicialmente a crosta terrestre, pela ação de agentes físicos ou químicos, contendo ou não matéria orgânica.
5.3.1 Solo tropical
O Committee of Tropical Soils pf ISSMFE (1985, apud NOGAMI e VILLIBOR, 1995) aponta que os solos tropicais apresentam peculiaridades de propriedades e de comportamento, quando comparado aos solos não tropicais, em consequência da atuação de processos geológicos e/ou pedológicos, característico das regiões tropicais úmidas.
No entanto, para Camapum de Carvalho (2004), não há divisão entre as propriedades e os comportamentos dos solos considerados tropicais e os demais, visto que tudo depende do grau de intemperismo a que o solo foi submetido ao longo
do tempo; diante disso, os solos tropicais estão apenas a frente dos demais solos a nível de intemperismo.
Os solos são formados por dois processos geológicos, sendo o intemperismo o mais comum entre eles, por meio da desagregação e decomposição in situ da rocha subjacente, originando os solos residuais (CASAGRANDE, 1948 apud VAZ, 1996).
Já o segundo processo de formação dos solos, de acordo com Vaz (1996), envolve a erosão, transporte e a decomposição de materiais existentes na superfície. Segundo Camapum de Carvalho (2004), os solos tropicais quando profundamente intemperizados, são intitulados na literatura de laterito/laterita, solo laterítico e conforme a origem, solo residual maduro. Os solos poucos intemperizados, por sua vez, são chamados saprolíticos e de acordo com a origem, solo residual jovem.
5.3.1.1 Solos Lateríticos
Villibor et al. (2009), caracterizam solos lateríticos como sendo solos superficiais, peculiares dos locais drenados das regiões tropicais úmidas, decorrentes da laterização, que é o processo de uma transformação da parte superior do subsolo devido ao intemperismo. Levando em consideração a laterização, do ponto de vista tecnológico, as peculiaridades mais importantes são: o enriquecimento no solo de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio e a permanência da caulinita como argilomineral predominante e quase sempre exclusivo. Assim, devido a esses minerais, é concedida aos solos a coloração típica vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.
As condições climáticas das regiões tropicais dão origem a solos como os lateríticos, caracterizados em sua composição pela alta migração de partículas sob a ação de infiltrações e evaporações, formando um horizonte superficial poroso, permanecendo praticamente apenas os minerais mais estáveis – quartzo, magnetita, ilmelita e caulinita. Esses solos dispõem de características comportamentais mecânicas e hidráulicas não condizentes com a sua textura, devido a comum agregação das partículas de argila e silte, pela ação dos óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio.
Segundo Coutinho (2005), os solos lateríticos são frequentemente encontrados no norte do Estado de Mato Grosso. O principal solo identificado no município de
Sinop é o latossolo vermelho amarelo, com areias quartzosas e plintossolos (CIDADES, 2005).
5.3.1.2 Solos Saprolíticos
Conforme Villibor et al. (2009), os solos saprolíticos originam-se da decomposição e/ou desagregação in situ da rocha matriz através das intempéries (chuva, insolação, geadas) e preservando a mesma estrutura da rocha que lhe deu origem.
Ainda segundo Villibor et al. (2009), esse tipo de solo é constituído pela parte subjacente à camada de solo superficial laterítico ou de solos sedimentares ou transportados. São considerados mais heterogêneos e compostos por uma mineralogia complexa compreendendo minerais ainda em fase de decomposição, podendo ainda ser intitulados de solos residuais jovens, em contraste com os solos superficiais lateríticos, maduros.
5.4 MÉTODOS PARA IDENTIFICAR A CONTAMINAÇÃO
Existem diversos métodos para analisar áreas provavelmente contaminadas; caso seja comprovada a contaminação, o devido monitoramento desse local, e caso contrário, garantir que essa contaminação não prejudique o ambiente. Esses métodos tem o objetivo de caracterizar a contaminação e estabelecer o grau de contaminação. Os ensaios de laboratório têm como objetivo melhorar a interpretação dos resultados dos ensaios de campo.
Os ensaios de caracterização geotécnicos são essenciais para classificar o solo devido a formação geológica, e principalmente quando se realiza uma investigação ambiental, em que a interação entre os contaminantes e o meio físico precisa ser conhecida (MORAES et al., 2014).
Os ensaios de laboratório mais comuns de caracterização ambiental do solo inclui a determinação da massa específica (ABNT NBR 6508, 1984b); granulometria conjunta, com e sem a utilização de defloculante (ABNT NBR 7181, 1984d), para determinar o tamanho das partículas granulares de solo e de resíduos; limites de Atterberg (ABNT NBR 6459, 1984a e 7180, 1984c); bases (EMBRAPA, 1997); pH
(EMBRAPA, 1997), para determinar o pH de materiais granulares em água (EMBRAPA, 1997); teor de matéria orgânica (ABNT NBR 13600, 1996), propriedade importante na fase sólida do solo, sendo responsável pela retenção dos contaminantes orgânicos e íons lixiviado pelas águas das chuvas, junto com minerais de argila e hidróxidos; relação C:N (EMBRAPA, 2009); fluorescência de Raios-X, método para quantificar as concentrações de metais presentes no solo, em duas categorias: elementos maiores em forma de óxido (concentrações significativas de SiO2, Al2O3 , Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O, TiO2, P2O5) e elementos menores (elementos traço Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Ga, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Ba, As, Pb).
5.4.1 Aplicabilidade dos métodos
Machado et al. (2004), realizaram um estudo na cidade de Santo Amaro na Bahia, com o intuito de auxiliar na sugestão de medidas para remediar as áreas afetadas pela extração metalúrgica do chumbo, tendo como enfoque o grau de contaminação do solo e da água superficial e subsuperfície, a caracterização do material fonte da contaminação e caracterização das condições hidrogeológicas do local. Tais autores apresentaram resultados de teses geoquímicos, geotécnicos e geofísicos utilizados para o diagnóstico.
Os estudos de Machado et al. (2004) comprovaram que devido ao solo argiloso do local, certas direções de contaminação, como o transporte em subsuperfície dos poluentes, tem pouca probabilidade de acontecer. Porém, foram encontrados altos valores de concentração de chumbo e cádmio no solo superficial. Concluiu-se que o uso conjunto de técnicas geofísicas e geotécnicas foi satisfatório na investigação de áreas contaminadas.
Pacheco (2015) avaliou a contaminação por metais pesados em solos e sedimentos da bacia do rio Doce através de caracterizações físicas e químicas de fertilidade, dissolução seletiva de óxidos de ferro por métodos de DCB e OAA, teores de metais por fluorescência de raios-X, difratometria de raios-X da fração de argila, microscopia eletrônica de transmissão, suscetibilidade magnética e espectroscopia de absorção de raios-X pela radiação sincrotron.
Os resultados de Pacheco (2015) apresentaram valores acima de referência de qualidade para solos mineiros para metais pesados na profundidade 80 – 100 cm. Já para os sedimentos do rio Doce, os teores dos metais pesados, não indicaram
acréscimos relevantes. Assim, o autor concluiu que não foi possível atribuir os teores de metais pesados apenas às atividades humanas, e também não chegou-se ao principal processo de contaminação que ocorre na bacia.
Kemerich et al. (2012) analisaram as concentrações dos metais pesados bário, cobre, cromo e zinco em solo de cemitério de Seberi, RS, e para determinar a concentração desses metais utilizaram a técnica de fluorescência de raios-X por energia dispersiva.
A partir do método, os autores observaram a contaminação do solo por bário e cobre em todos os pontos amostrados. A concentração de cromo apareceu em várias profundidades, dando indícios de contaminação. A concentração de zinco, que apareceu apenas no ponto de menor cota, apresentou valor abaixo do estabelecido pelo CONAMA n°420/2009.
Teixeira (2008) caracterizou e avaliou a contaminação do solo laterítico da área do depósito de RSU em Londrina, PR, por metais pesados, dando foco às características geotécnicas e geoquímicas, utilizando-se da caracterização física e química do solo, fluorescência de raios-X, difração de raios-X, dentre outros.
Assim, Teixeira (2008) pode confirmar o caráter laterítico do solo, entretanto, o lixiviado no solo não afetou as características físicas, mineralógicas e morfologia do minerais. Já nas características químicas, houve a interferência do lixiviado, registrando um aumento nos valores de pH, matéria orgânica e CTC. E por fim, os poços contaminados pelo lixiviado obtiveram teores de metais pesados mais altos, nas formas lábil e redutível, quando comparados ao restantes dos poços.
6 METODOLOGIA
6.1 LOCAL DA COLETA
O local para a coleta das amostras será o lixão, localizado no município de Sinop, Mato Grosso.
O município está situado na região Centro Oeste do Brasil, resultado da política de ocupação da Amazônia Legal, desenvolvida pelo Governo Federal. Apresenta clima tropical, de altos índices pluviométricos, e uma economia que tem como destaque a indústria madeireira, a agricultura e a pecuária.
De acordo com o último censo, realizado no ano de 2010, Sinop contava com uma população de 113.099 pessoas, já com a estimativa do ano de 2016, 132.934 pessoas.
Em razão de todo o RSU da cidade ter sido depositado naquela área durante aproximadamente 15 anos, optou-se por retirar as amostras na região mais antiga, visto que o lixão teve seu início no ano 2000, conforme se verifica nas Figuras 2 a 7, apresentadas a seguir.
Figura 2 – Localização do lixão do município de Sinop Fonte: Google Maps (2017).
Figura 3 – Imagem do lixão em 2004 Fonte: Google Maps (2017).
Figura 4 – Imagem do lixão em 2009 Fonte: Google Maps (2017).
Figura 5 – Imagem do lixão em 2013 Fonte: Google Maps (2017).
Figura 6 – Imagem do lixão em 2016 Fonte: Google Maps (2017).
Figura 7 – Imagem do lixão em 2017 Fonte: Google Maps (2017).
A coleta será feita utilizando-se trado manual, com diâmetro de 10 polegadas. As amostras deformadas serão coletadas em um ponto, e nas seguintes profundidades: 0,3 m – superficial; 1,0 m; 2,0 m; 3,0 m e 4,0 m.
Após a coleta, as amostras serão colocadas em sacos plásticos e encaminhadas ao laboratório de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Sinop, MT.
6.2 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA
A caracterização geotécnica será feita por meio dos seguintes ensaios: Determinação da massa específica dos sólidos (ABNT NBR 6508, 1984b); Granulometria Conjunta, com e sem a utilização de defloculante (ABNT NBR
7181,1984d);
6.3 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA
Os ensaios de caracterização química serão realizados no Laboratório de Análises de Solos, Abudo e Foliar (LASAF) da UNEMAT campus de Alta Floresta, MT, serão analisados:
Bases (EMBRAPA, 1997); pH (EMBRAPA, 1997);
Teor de matéria orgânica (ABNT NBR 13600, 1996); Relação C:N (EMBRAPA, 1997).
6.4 FLUORESCÊNCIA POR RAIOS-X
Serão feitos ensaios de elementos maiores e elementos menores visando a verificação da presença de metais. Os ensaios serão feitos no Laboratórios de Metalogenia e Petrologia da UNESP, campus de Rio Claro, SP.
Nessa técnica serão analisados quantitativamente os elementos para as duas categorias: elementos maiores em forma de óxidos e elementos menores.
6.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir dos resultados dos ensaios de caracterização geotécnica e de fluorescência de raios-X para os elementos maiores, será possível caracterizar o solo quanto à sua constituição natural.
Os resultados das análises químicas e de fluorescência (elementos menores) permitirão conhecer as concentrações dos diferentes constituintes do solo em profundidade. Estes dados, ao serem confrontados com a constituição mineralógica do solo, permitirão conhecer se há concentrações de elementos no solo não oriundos de sua genética.
7 CRONOGRAMA
As atividades do projeto serão desenvolvidas de acordo com o Cronograma apresentado a seguir.
ATIVIDADES 2017 2018
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Revisão Bibliográfica X X X X X X X X X X X X
Coleta de amostras de solo deformadas
sob do lixão de Sinop, MT X X
Realização dos ensaios de caracterização
geotécnica X X
Realização dos ensaios de caracterização
química X X
Realização dos ensaios de fluorescência
de raios-X X X
Análise dos Resultados X X X X X X X
Redação da monografia X X X
Revisão e entrega oficial do trabalho X X
8 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459: Solo - determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, RJ, 1984a. 6 p.
––––––. NBR 6502: Rochas e solos. Rio de Janeiro, RJ, 1995. 18 p. ––––––. NBR 6508: Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm - determinação da massa específica. Rio de Janeiro, RJ, 1984b. 6 p.
––––––. NBR 7180: Solo - determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, RJ, 1984c. 3 p.
––––––. NBR 7181: Solo - análise granulométrica. Rio de Janeiro, RJ, 1984d. 13 p. ––––––. NBR 8419: Apresentação de projetos de aterros de resíduos sólidos
urbanos. Rio de Janeiro, RJ, 1992. 7 p.
––––––. NBR 8849: Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro, RJ, 1985. 9 p.
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