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A Brincadeira e o Jogo Infantis como Representação do Mundo Adulto e Aprendizagem dos Modelos Sociais

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(1)

R

I

NCADEIRA

E O JOGO IN

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AN

T

IS

COMO

RE

S

ENTAÇÃO DO MUNDO ADUL

T

O E APR

EN-DIZAGEM

DOS MODELOS SOCI

A

IS

Gláucia Nascimento da Luz Pires

RESUMO

Neste artigo a autora focaliza a brincadeira e o jogo infantis como formas de representação do mundo adulto e manifestações de sua cultura. Através da ob-servação e da socialização, a criança realiza a aprendi-zagem dos códigos sociais, integra-os no seu EU e os reproduz em sua atividade lúdica.

Transmissores de uma certa imagem da sociedade e dos papéis ocupacionais, a brincadeira e o jogo infan-tis são uma representação do social: através deles se difundem as normas e os valores do mundo adulto e as ideologias das classes dominantes.

A atividade lúdica adquire todo seu significado quando se cornpreende a relação existente entre ela e o processo de desenvol-vimento global da criança. Como expressão de suas necessidades, a brincadeira desempenha um papel potencialmente vital nesse pro-. sso de desenvolvimento. Não é mera imitação, não é puramente r 'petição: a brincadeira e o jogo da criança reúnem elementos da

lua experiência, para construir uma ação com novos significados. Este processo de repetir, imitar, representar, inventar, recriar c reinterpretar é mais do que um ato de brincar: através dele a criança nos revela uma parte de si mesma, o que ela é, como pen-Educação em Debate, Fort. 17_18jan./dez. 1989 67

(2)

sa, como sente, como vê a si e aos outros. Por isso todas as

crian-ças brin~am ~)U'.ao ~en~s, desejam brincar. Exigem brinquedos

como coisas indispensáveis. E quando não os conseguem

recla-mam; quando alguém lhes estraga algum deles, choram

desespera-damente como fie sua perda fosse irreparável.

A brincadeira e o jogo desempenham funções psicossociais

afe-tivas e intelectuais básicas no processo de desenvolvimento

infan-til. A brincadeira nasce de uma necessidade de movimento e o

mo-vimento, par~ a criança, é uma exigência da natureza, conseqüência do. seu crescimento. O exercício físico, expresso pelo jogo, permite satIsfazer esta necessidade vital. Na definição de Claparêde, a cri-a~ça é um s~r que b~inca: "l'enfance sert à jouer", (1) Impedir a

cnança de bnncar sena provocar uma regressão em seu

desenvolvi-mento físico, psicológico e soéial.

.O obj~tivo .deste trabalho é aprofundar a idéia de que a

brin-cadeira e J.ogo I~fantis nascem da vida, das ocupações do adulto

c das manifestações de sua .cultura. Passatempos e distrações que

cau~~m prazer, eles se constituem, também, nos exercícios

prepa-l'a~onos para a criança participar do 'jogo da vida' de que eles são, afmal, uma expressão e representação.

. Quando se analisa o processo das origens da brincadeira

in-fan~Il.' constata-se que ela resulta da imitação, a qual, através dos estágios do desenvolvimento da criança, se torna diferenciada e cada

vez mais seletiva. Esta imitação, por sua vez, conduz aos

proces-sos de rep~e~elltaçã~,. car~ct~ri~ada pelas simbolizações, presentes tanto na atividade lu dica individual quanto na social. Estas repre-sentações e simb~lizações persistirão até o momento em que, ultra-passando a. barreira do sonho e da fantasia, a criança, já crescida, entra na VIda adulta.

~m pouco ~ais ~diante se. voltará à idéia das conseqüências

da genese da brincadeira e do Jogo, que pretendemos tornar mais

expl!~ita sobre.tudo. ao se analisar o problema da representação dos papeis ocupacionais e do desenvolvimento de atitudes sociais.

Na evolução da brincadeira, partindo das de exercício também

chamadas "funcionais", em que a criança sente alegria emoção e

surpresa diante dos movimentos de seu corpo, que ela repete

inces-santemen,t,e ~m ge:tos que. l~e ca~~am prazer, a criança se orienta para as bnnca.deltas de imitação e as "brincadeiras simbólicas",

qu~ se caracterizam pO,r .uma maior assimilação e acomodação ao

meio que a cerca. A rmrruca e a ficção simbólicas são os elementos

1. CLAPAR~DE, E. Psychologie de l'eniant et pédagogie expérimentale.

Neuchâtel, Delachaux et Niestlé, 1947. p 73.

68 Educação em Debate, Fart. 17_18jan./dez. 1989

IItlil,udos pela criança para imitar e representar todas as situações

tedores.

Em seguida, surgem as brincadeiras que se caracterizam pelo

\I 11 da regra. É a fase, por excelência, da socialização infantil. Com

I itc, essas formas de brincadeiras são correlativas à tomada de

11\,ciência do outro, como existência autônoma e complementar.

.im, a brincadeira, que permite fazer a descobert~ do outr~ e

IIIll le se identificar favorece a integração da cnança consigo

1m"ma. Quando ela a~rende a compreender e a apreciar o ambiente

'plL' a cerca, desenvolve a aptidão para compre~nder o próximo e , iuas necessidades. Brincar contra o outro e brincar com o outro.

(I adversário na brincadeira, é sobretudo um companheiro. Será na

lut gração com outras crianças, no grupo, como diz Piaget, (2) que

, criança ultrapassa o estágic da moralidade objetiva e começa a

lllllpreender o significado social das regras do jogo.

Afirmou-se, acima, que a atividade lúdica é o reflexo do

mun-do mun-dos adultos, de seus comportamentos, tradições e cultura. É .tem-JlI de voltar a essa idéia básica. Na análise da evolução da brinca-dcira infantil constata-se que essa evolução surge como um processo que se inicia com as brincadeiras funcionais e se enriquece com,.a

uividade simbólica. Quando a criança brinca de representar papeis . funções já está fazendo, embora de forma inconsciente, ~

trein~-III nto para o trabalho. A imitação, que paulatinamente fOI

adquí-rindo um caráter seletivo, leva a criança a imitar os adultos

consi-derados por ela como modelos.

O processo de identificação da criança é movi~o pelo crescente

desejo de ser grande. Mas será na escola que o trema~ento para

?

trabalho adquire um caráter sistemático, tornando a cnança

consci--ntc da importância das tarefas em sua vida. A pedagogia de

Mon-te sori ao utilizar o brinquedo como instrumento de aprendizagem,

oube 'identificar bem o lugar que ele ocupava primeiro na

passa-"111 para o trabalho escolar e, em seguida, para os outros tipos de trabalho.

A brincadeira da criança, à primeira vista, parece alienada da r alidade e dos próprios objetivos escolares. Entretanto, quand~ se

observa mais de perto o comportamento da criança quando brinca,

percebe-se que o brinquedo é uma forma dela desenvolver a

.capa-'idade de fazer perguntas, de encontrar respostas, de descobnr no

-vas soluções, repensar situações, de encontrar e r~estrut~rar. nova.s relações. É que um dos componentes básicos da bnncadelta infantil

PIAGET. T. La formation du symbole chez l'enfant. Paris, Delachau'{ Niestlé, 1978, p. 149.

(3)

é a relação entre a criança e o ambiente. A atividade lúdica cons-titui um processo constante de asssimilação e projeção. Por meio da observaçao, a criança recolhe grande quantidade de informação que ela integra no seu EU e que traduz ou reproduz nas suas formas de brincar.

Não é, pois, de estranhar que os meninos e meninas, no pe -queno jardim da escola maternal, após terem observado os pati-nhos em fila se dirigindo para nadar no tanque, comecem também a brincar de "patinho": põem-se em fila uns atrás dos outros, ba-lançam a cabeça e os bracinhos à imitação do andar desses animais, repetem, com suas vozes, o "quá-quá-quá", e deitam-se na areia como se fossem nadar e mergulhar. Em observá-Ias, vê-se bem que as crianças assimilaram o comportamento desses animais, realiza-ram uma interação de gestos e símbolos, fruto de uma ampla rela-ção entre a criança e o ambiente. Esta relarela-ção torna-se uma fonte de atividades lúdicas, com derivações para uma infinidade de ações criativas.

Além de uma forma de expressão, a brincadeira é, para a cri-ança, uma espécie de refúgio. Crianças que às vezes têm dificulda -des nas tarefas escolares, como ler, escrever, fazer contas, buscam na atividade lúdica uma forma de compensação. O menino que às vezes, na escola, se apresenta silencioso, tímido, retraído, é capaz de brincar sozinho, no jardim ou num canto da casa, por horas a fio, a representar papéis cheios de dinamismo e ação, coragem e heroísmo.

A identificação da criança com suas experiências, através da brincadeira é, às vezes, estimulada na escola, onde se lhe oferece oportunidade de fazer do jogo uma atividade expressiva de con-ceitos e de sentimentos, na relação entre sua experiência e seu meio ambiente. Na pré-escola, as atividades que implicam em mani-pulação e movimento respondem, também, a esta finalidade.

A brincadeira da criança caracteriza-se, essencialmente, pela ação, movimento, e pela representação do que ela percebe através dos sentidos. Tocar, ver, ouvir, saborear, sentir, implicam numa participação ativa do indivíduo. A brincadeira explora intensamente o desenvolvimento de" experiências sensoriais, daí a satisfação que traz à gurizada, Quando a criança, ao brincar, tem que perceber um certo ruído para realizar determinada ação, não somente de-senvolve a capacidade de ouvir, mas de escutar com atenção.

Quan-do, brincando em grupo, tem que identificar gestos e sinais, não somente ela tem que ver, mas precisa captar as diferenças e deta-lhes.

70 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989

'10 que brinca é o princípio iIcntificncão da criança comdaq~~a a uma aprendizagem

eíi-- d agos para con UZ1- forma de

, , 111«Io pelos pe ag . ortância da brincadeira com~.

edu-" _ . nsciente. Dada a imp d ogia lançou mão dos logos . '111li' n atenção ddacria~;adi:t:a~r a; instruir ao mesdmo te~ppo~s~~~;

1i v ", elabora os pa. o afirma Ferran, e que e A

\ materializaram a idéia. com d do" (3) Visto deste angul~,

"111 d brincar apren en . . 1

permi-•'111 -udcr brincan o e did de pedagógica essenCia, d

. a fecun 1 a d ma pe

a-" hrinquedo posSUl um eda ogia pelo jogo, ou .e. u

rin-I ",\ li encarnação de um~ P as gcaracterísticas essen~i.ais da b

la-i, do jogo. Conserva~ o mudança deCiSiva nas re

11 '1 1 ocaslOnaram uma

, \ -ira infanti, e es . trabalho. . "

11 ' intre a brincadeira, o logo e ada numa nova "arte de bnnca: '

A atividade escolar, transform trabalho propriamente dito,

I "nHe à criança a p~ssagem pa~~ei~o, na mente da criança a

es-1I li' choques nem con!l~to,~' CO~studar e de fazer tarefas. O .grande

11\' já vai associada ~ id,~ia delado da facilitação da aprendizagem, \ r do "jogo educatlvO , ao 10 trabalho escolar que, por 'li de transmitir à criança .0 gosto ~e exercício de uma ativid~de

z poderá ser transfendo para. à criança a

aprendiza-\I' vC.' d a escola proporclOnou

I IIpaclOnal, quan o lh . dei

-m do gosto pelo traba o'. agora em que sentido a bnnca e~a

É oportuno que se examme, _' do mundo dos adultos. a

,Iuntil é a re~re.sentação e .ex~:e~~:o a aprendizage~ da luta e .d~ hrincadeira soclahzante, a cr~an, ção das identificaçoes e das diíe

II.orro. do altruismo e da a nega de ~ociedade nela estão pr~se?t~.

I-nças. As formas e. a estrutura a ual a brincadeira contribui e 'ocialização da cnança, par~ t q te fidelidade a sociedade onde

I rrna decisiva, repro~uz com as an ..

. 'dade lúdica se mscreve. ício de uma atiVidade

I auvi permitem o exerc ta

Ao mesmo tempo qu~ . e o .ogo transmitem uma. cer .

individual ou social, a bnncadeltat idé~a dos papéis ocupaclonals

. d de e uma cer a t é uma

re-magem da socte a . . íd Esta imagem, portan o,

\ hados pelos mdiVl uos.

( l:~empen . 1 . desde

entação do SOCla. 'passadas a cnança

prcs Na sociedade tradici?~al de joca~ lto coU: quem partilhava cdo se misturava às atlvld.ades °da~ ~oiS~s, na maioria dos

ca-b 1h e lazer. A aprendizagem f- A 1 O médico Heroard,

u a a os dItos a aze- as. . .

'os, era feita ajudando os : deixou-nos uma descrição mm~~o~: da corte dos reis de ~ran{ ; XIII que retratam bem a s~cle ad das atividades lúdicas ed Ul:e o futuro rei da França bnnca e de seu tempo- Desde ce o q

. Pari Bordas 1978, p. 53.

1.. A l'école du leu. ans, '

3. FERRAN, P. et a11.

em Debate, Fort. 17_18 lan./dez. 1989 Educação

(4)

"tocar violino e cantar", atividades comuns dos adultos na corte. Antes dos dois anos comprazia-se em "bater seu tambor", à ima-gem do que acontecia nas companhias militares, que tinham seus tambores e suas próprias marchas. Na idade de dois anos e sete meses os presentes que recebia eram "pequenas carruagens cheias de soldadinhos"; nessa idade, ele se diverte "com um pequeno ca-nhão" e faz pequenas ações militares com seus "soldadinhos". Aos quatro anos já se inicia na representação de papéis do ballet e, aos seis anos, brinca de "atirar ao arco", jogar cartas e xadrez, partici-pando já, inclusive, dos jogos das pessoas grandes. Quando com-pletou sete anos, finalmente, obrigam-no a abandonar as brincadei-ras da infância: "você já não é mais criança; você é grande". E aprende a montar a cavalo, a usar as armas, e ir à caça. (4)

Durante alguns períodos, as brincadeiras infantis chegaram a ser um suporte da ideologia política, os brinquedos representando guerras, tanques, ambulâncias no "front", O momento histórico, sem dúvida, determina o tipo das atividades lúdicas das crianças. No filme "Jogos Proibidos" (Jeux Interdits), de René Clémerit, assisti-mos a duas crianças brincando de "enterrar os mortos". Ao enter-rar seus bichos no pequeno cemitério, as crianças imitavam os adul-tos, cuja atividade habitual consistia, num período de fim de guer-ra, em sepultar as vítimas dos bombardeamentos.

O suporte ideológico também está presente na descrição que Musgrave apresenta da brincadeira de um grupo de crianças alemãs, impregnadas dos modelos políticos da guerra; "- Vamos brincar de soldados!", diz Alberto. "- Sim, de soldados", gritaram os outros. Dividiram-se em duas armadas, cada uma de quatro meninos. Carlos conduziu seu batalhão para o alto de um monte de areia. Alberto devia surpreendê-Ios com seus soldados. Aos gritos de "Hurra! Hur

-ra!", escalaram o monte, se apossaram do inimigo e os fizeram pri-sioneiros, E foi assim que Alberto ganhou a guerra com seus sol-dados". (5)

Sem que o suporte da ideologia política tenha sido comple ta-mente abandonado, a grande tendência atual, dos brinquedos, é a socialização política, com a divisão sexual dos papéis e das fun-ções. Quando se vai comprar um brinquedo numa loja, o vendedor procura logo inteirar-se da idade e do sexo do destinatário. E que os brinquedos, comercialmente, estão divididos em duas categorias: a dos meninos e a das meninas. Qualquer catálogo de brinquedos,

4. ARTES Ph. L'enjant et Ia vie [amiliale sous l'ancien régime. Paris, Ed.

du seuil, 1973, pp. 90-140.

5. MUSGRA VE, P. W. Sociology oi education. London, Methuen, 1965,

p. 147.

72 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989

, . a um e a

. ela âo dos que são propnos

lliús estabelece o tIpO e a r. ç uma certa representação dos pa-Il\llr~ sexo. Esta difviS~O.b~:el:: :ossa sociedade, com tend!nci:st:

I is masculinos e emmm, .' ão Ser menino, segun o

} Ivorecer a perenidade dde tal d1.~Vg~~orde futebol' , ou s~r ~oldadoe:

.' - ' sobretu o, ser maqumas p

IUSSIhcaçao, e, inhões trens, tratores, _

, 'aber conduzir carros, caml. "ser uma futura mamae, umfa

.- motos Ser memna, e id d dos bebês, do

0-h:~~;~

~~~:sde casa: toda .entregu~:~:s~Ulo~ ~~tãO à maqui1age~.

'lIO e das pãnelinhas, da limpeza a m~nipulação social do g~s ~ I Tudo isso é o resultado de um e no seu brinquedo. Belottl ( )

olhas da criança no seu laze: com anha a escolha de , da esc d o trabalho de aculturaçao que a Pdá uma boneca de

\11 stra to o . À menina a quem se

bra-um brinquedo de cnança. . o bebê e segurá-lo em seu: pre ente, se lhe ensina co:n~an;::~fher na sociedade. Assim, ~ao ~~~

· ensina-se-lhe o pape d de casa como faz os gesos

11\ nte a menina brinca de ona lou a' faz a comida, balança o

110 próprios, varr~ a casa, la:re~te c~~ esta situaç~o da m~lher._

n nén e usa uma hnguagem c - de papéis sociaIs, os brmque Simultaneamente à represent~çao . is A maioria deles, apesar li fi também defendem as idrolcglas so;~aai' Noel, são ou a cele

bra-1\1; serem distribuídos pelo bbon~os~a e:Onomia capitalista, ou. a

ce-'u da violência, ou ~ ceIe raçao . a categoria figura, infel~zmen-I bração do êxito social N~ pn~~: são fuzis, carabinas, ~lstolas,

· idéia da guerra: os brm~u~ dados, armadas,

para-q~e-:n

'

t:alhadoras, revólveres eletro~~~:, ~~ados à celebração

caP1t~-IL'Ias,bombardeiros .. tanques, ~oder~os, que falam de ca~poS do:

r

la aparecem os bnnquedos d Em todos estes bnnque.

I .1 business, riquezas ~o ~un

?

e consegue monopolizar

r

~~n~~dor, na ide~logia caplÍ:;lsst:~sep~r~ros nos negócios e ltra~~ o meios de produçao e engan ram o êxito social, a exemp?

lições. Finalment~, os q~~ Cq~:~rocandidatos (jogadores) s~, d~~~~

· o "Estratagema , e~ q . A ." ou do "fogo do Sucesso, . 1 a alc"nçar a PreRldencla, bem-sucedido na V1da,

tum par.. té para ser

jogadores utilizam estra egias iqueza a felicidade e

reno-0.b ndo combinar adequadamente a r ,

.lI

ru (7).

fil~es. Paris, Ed. des Femmes, E. G. Du côté des petites

Ú. BELOTTI, 107-\60. . de 'ogos que celebIaID a eco

-I 74. pp,documentários relativos aos npos \ados' MATTELART, A.

7. "ntre os .' o êxito social podem ser c~. ,'. lisme -aconté aux

nornia caplta~ta:. Donald I'imposteur ou. Ilmr;;ma I'initiation écono

-c DORFMA,· M eau 1976' Les seux an?

en/anls. Paris. Ed. A.. oro 179 ja~./fev/1977, nouce 2.

. e Cahiers Françals. n. ,

Imgu .

em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989 Educo.ção

(5)

. Roland Barthes dizia que 0'0 ' ..

COIsa, e acrescentava' " b . J go sIgnIfICava sempre alguma

m t • que os nnquedos ( ) fi

ente o universo das funções dI'" pre igurer»

literal-cria' a u tas não pode s

-. nça a aceItar essas funções ... " (8) A' ena~ preparar a

rrute, pelos brinquedos que - ._ SSIm, a socIedade

trans-mais absurdas como naturais poe nas rnaos das crianças, as idéias

dos países mais pobres para' como ~ender e revender a producão

Pod' construIr um mono 61' '

er atraves de um golpe de t d P 10, ou tomar o

teress<:s econômicos (9). es a o, para defender os próprios

in-Ja o brinquedo infantil livrem .

grau de desenvolvimento social d ent~ escolhIdo, é o reflexo do

elas fazem ocupam o m . a criança. As pessoas e o que

f til aior conteúdo subJ'eti d bri

an I, acentuando_~e na medíd vo a nncadeira

in-observação das ocu·pações do ~d:lt~m que ela, traduz uma maior

recebe de seu meio social - . ~stes estImulos que a criança

im ' sao organIzados por

. agens que constituem a "realidade" d . Sua percepção em

sional, em especial é perceb' d ' a criança O meio

profis-das atividades das 'pessoas m~i~ at~a~es das ocupacões dos pais e

lho entram no seu pensam t prOXlmas. As realidades do

traba-tudo o que ela vê Ouve e sente e na sua imaginação por meio de

d~

=.

as. pal~vra~, as atitudes d~~ a~~a e na e.scola. Muito mais

çoes, sao mtenorizadas pel' Itos relatIvas a suas ocuna,

- a cnança co t ib . d

çao das imagens sobre a ar id d ' n r~ um o para a elabora.

Desta forma, as atitudesIV~a a e. ocupaCIO~al.

podem ser positivas como n ti cnança relatIvas ao trabalho tanto

o . ega Ivas As pri .

s pais e OS adultos que .' merras ocorrem quando

de f'orrna vlvencial uma idéconVIvem. .com a' cnanca Ihe trllnc:mitpm

a criança formará 'dele uI ela. gratIfIcante do trabalho. Neste caso'

ma Imagem 'r '

ocorre quando o conjunto de' ApOSI rva. A segunda atitude

lhe oferecem do trabalho uma ~Idr~~nstancias em que a criança vive

S b I ela negativ '

. a e-se que estas duas atitude _

?

dt~a das crianças. Embora el s ~ao obJeto da representação

Iú-V~IS no desempenho ocupacion:~ ~en am . conseqüências mais

durá-rnzam seus jogos e representam' a ~anelra .como as crianças orga,

l~m claramente quais as ativid d p peis relat:vos. a ocupações,

reve-ticas, Os psic610gos ao int a es que lhes sao Simpáticas ou antipá

~ssim como os lud~terapeut::pr~~arem testes projetivos de crianças:

fIrmam estas idéias. (10)' ,m chegado a conclusões que

con-8. BARTHES, R. Mytholo . .

9. MATTELAR.T, A. e

D~e;.F~~~'

Ed. du Seuíl, 1979, p. 47.

10. cr., a respeIto, ZAZZO R "R,j A. Op. crt., pp , 78.120.

!:~s ;;5:ormation des síéré~type~·eso~~:u~odilesB p,~te~nelset maternels

, . . n u etin de Psychologie,

í4

Educação em Debate, Fort. 17_18

jan./dez. 1989

Examinando-se atentamente a natureza das brincadeiras

infan-tj , pode perceber-se que existe grande associação entre elas e a

ulvidade ocupacional dos adultos. Em lugares do interior

nordes-tin , onde a distrihuição da água, nas pequenas cidades, é feita em

t'lIIT ças, é comum ver grupos de crianças brincando com suas

car-rocinhas miniaturas. como se estivessem distribuindo a água pelas

11 fi. Em outros lugares, onde é grande o movimento de

cami-1111 cs, o brinquedo predileto de certos meninos consiste em

cons-truir e puxar um caminhão. Estas atividades são, para a criança,

mals do que um passatempo: são uma comunicação significativa

xmsigo mesma e com os outros, uma seleção das coisas do seu meio

nrnbiente com as quais mais se identificam.

A brincadeira é, portanto, uma imitação dos comportamentos

(\ upacionais do adulto. E imitando o comportamento dos mais

ve-lhos que a criança se torna homem e aprende a se dispensar da

rjuda dos outros. A criança começa por imitar a forma exterior do

c mportamento adulto, adaptando-se, desta forma, a seu ambiente.

Frn se "ida, os comportamentos primeiramente imitados, são

inte-riorizados sob a forma de normas comportamentais: ela aprende ao

rue deve e não deve brincar, começa a distinguir o que pode e o

que não pode fazer. Por este processo de imitacão e de

interioriza-.ao a criança se cultiva. desenvolve sua autonomia e se socializa.

Esta aprendizagem social está presente em todas as formas de

brincadeira simbólica. Em sua atividade infantil, a crianca sente

uma motivação mais para as formas de imitacão e de identificação

om o mundo social adulto, de que para as atividades voltadas para

organização moral da personalidade.

Será, portanto, para este aspecto da aprendizagem dos modelos

sociais através da brincadeira infantil, que serão orientadas as

últi-mas observações deste trabalho. Esses modelos são transmitidos

ora por contato direto com a sociedade, ora sob a forma de normas

teóricas de comportamento. No primeiro caso, a criança aorende

s modelos sociais através de uma influência difusa do ambiente,

sem que a intervenção voluntária e sistemática do adulto se faça

ne-cessária. Ela assimila esses modelos, imitando o adulto e

identifi-cando-se com ele. As normas te6ricas do comportamento

traduz=m-c na maneira como a criança brinca ou "representa o trabalho",

onde as atitudes de liberdade, de honestidade, de justiça, de

solida-riedade, são assumidas pelas crianças.

Entretanto, nem todas as crianças adquirem os mesmos

mo-delos, pois além de cada uma ter suas próprias motivações, seus

in-teresses e sua seletividade de imitação, também nem todas são

edu-cadas no mesmo meio social.

(6)

,,, d" .riança com esses modelos varia em função de

•• IlIIlIiliar. Em suas brincadeiras, a criança "representa

Ii 1 IIfllll 'IHe, conforme seja filho de um agricultor, de um

d'l dI I'úbrica, de um médico ou de um advogado, pois, em

I 'S casos, a criança concebe a atividade do adulto de uma

1111111 I I diferente.

Se a brinc!'ldeira e o jogo infantis representam uma necessidade

"/o/ógica, psicológica e social de movimento, de participação e ação,

'cmpre bom lembrar que eles não dependem apenas de fatores

fisiológicos. Toda atividade infantil, seja ela brincadeira ou

tra-balho, deve ser vista e interpretada dentro de um ângulo cultural

e à luz de condições sociais determinadas. Em algumas sociedades,

as meninas brincam de bonecas até a entrada da adolescência; em

outras, desde os quatro anos de idade que esta atividade lúdica é

substituída pelo trabalho de carregar e cuidar dos irmãozinhos,

en-quanto a mãe passa o dia inteiro no trabalho (11). A atividade

Iú-dica da criança é, portanto, socialmente condicionada, conforme ela

seja filho único ou tenha um determinado número de irmãos,

con-forme seja o mais velho ou o mais novo, conforme sua mãe tra

ba-lhe em casa ou fora dela, conforme viva numa casa sem esnaço ou

muito espacosa. conforme sejam seus contatos com pais, avós, tios,

primos, vizinho~.

O tipo e a natureza da atividade lúdica, enfim, deoendem

muito do papel da fa'mília em seu grupo social, de seus meios fi

-nanceiros, de sua inserção cultural, de suas atividades profis

sio-nais.e necessário, portanto, compreender a brincadeira da criança

em função de suas condições de vida, isto é, consideranno sua

con-dição de criança e sua situação social real. A criança filha de um

proletário e a criança de uma família burguesa não vivem sua

con-dição de criança de uma mesma maneira. A primeira depende de

um adulto' ele próprio dependente, oprimido; despojado do poder

social, e que responde às expectativas da criança de um mpdo que

reflete, sua sitUação de classe. A segunda depende de adultos que

possuem um poder social real, vivendo em condições materiais que

-Ihe permitem satisfazer melhor as suas necessidades.

Nas comunidades rurais, a representação dos modelos sociais é

mais acessível e se constitui uma aprendizagem mais direta. A

cri-ança está numa relação de presença mais freqüente com os pais,

participa de alguns afazeres na comunidade familiar e se ajusta

des-de cedo a esses modelos. Assiste às sementeiras e ao nascimento

das plantas, à procriação dos animais, participa das expectativas do

, , . a e constantemente ligada. Esta

cri-'1upu s cial ao qual est~ .mh~ e assume uma responsabilidade no

1111;I desenvolve uma a~lvI~ad de seus momentos para brincar, mas

111)10. I!verdade que ~hsp~~ tadas na atividade dos adultos,

II I brincadeiras são slmbohc~s, p~~

111I11 os quais, ao brinca;, se lde~hfl~a~om a vida da família mo

der-Naturalmente tudo ISSO c~n~~s: . s concentram os lugares de

1111 ou grandes cidades: As ~~ usoria O pai sai de madrugada e

II 11>ilho longe do âmbito resi enciai. do volta a maioria das

ve-pll 11o dia inteiro longe d~ casa; quan utro dia sai de novo antes

;':(', S filhos já estão dormindo, e, s~oc~mplica ~ais ainda quando

II"l' .lc- se levantem. Este quad~o onsabilidades de trabalho

. tambem. resp . C

I OHlC tem que assu.m1r~ industrialização, tais com~ .esao

I11'0 do lar. A urbamza

7

ao e a I desintegram o lar trad1C!Onal.

Iune sbidas em nossa SOCIedade atua 't e associam aos anteriores:

••A' t s comportamen os s . di

us-t um freqüência, ou ro A' de cansaço, cenas de briga, ISC

lnuis de frustração, ~e d~samT?od' 10s pais transformando o lar

C embriaguez sao vrvencia as pe ,

Ill'S b' _. nça

IIl1m ambiente de apreensdao .e fin~~~~:a do 'clima familiar e do seu

A criança, através a m ~e zem dos modelos sociais

ineren-01 I ambiente, realiza a aprend~z:ducada. Suas pautas de condt1t~,

II L situação concreta e~ que _ f temente condicionadas pela

si-1111 atitudes e pref~rênc1as ~ao ~rinca e pela brincadeira opera

tunçflo familiar e social. A criança do do sonho. Mas este so

-I fuga do real e se e;ade par:

~o~:s~

o trabalho, os estereótipos

11110 é povoado da reahdade ~~ _'. bolizados representados,

. f miliar sao SIm , , bri

1I .upacionais, o umve!so I,~. Por mais que se atribua a

nn-trnduzidos em sua açao .~ l~a~ "fuga das coisas sérias", c,om~ o

cudeira infantil um sent~ ~ nada de imagens ligadas a VIda

fllZ Wallon (12) ela esta impreg . uma observação ativa

' , t ham na cnança, .

11) trabalho, que tes emun .' a a rendizagem dos CÓdIgOS so

-tio meio, sua inserção no soctalr~ des Pdo trabalho? Ensaio tímido

'luis. Treinamento 'para ~~ta~e~u=lquer que seja a resposta, o q~e

para ingressar na v1~a ad.. . o infantis são uma preparaçao

to e, que a brincadeira e o Jog

l cer .. 1 t

imbólica à existência SOC1a concre a.

76

11. RIMBAUD, C. 52 millians d'enfants au travait, Paris, Plon, 1980.

Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989

. d P [ant Paris, Armand

Co-WALLON, H. L'evolution psychologique e en .

12. 8

lin, 1977, p. 5 .

em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989

Referências

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