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Comportamento de variedades de videiras européias (Vitis vinifera L.) em São Joaquim, SC.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CURITIBANOS

ANDERSON RAFAEL VARELA

COMPORTAMENTO DE VARIEDADES DE VIDEIRAS EUROPÉIAS (Vitis vinifera L.) EM SÃO JOAQUIM, SC.

Curitibanos

2016

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ANDERSON RAFAEL VARELA

COMPORTAMENTO DE VARIEDADES DE VIDEIRAS EUROPÉIAS (Vitis vinifera L.) EM SÃO JOAQUIM, SC.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia, Centro de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Bacharel em Agronomia.

Orientador: Leocir José Welter

Coorientador : Alberto Fontanella Brighenti

Curitibanos

2016

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ANDERSON RAFAEL VARELA

Comportamento de Variedades de Videiras Européias (Vitis Vinifera L.) em São Joaquim, SC.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao colegiado do Curso de Agronomia, Centro de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Bacharel em Agronomia.

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AGRADECIMENTOS A Deus pela dádiva da vida, saúde e bênçãos.

Aos meus pais Adão Rafael Climaco Varela e Rosemeri Lúcia Basso Climaco Varela pela educação, pelo amor fraternal e o apoio incondicional durante esse período.

A minha namorada Estefânia Sandri pelo amor e companheirismo.

Ao meu orientador Leocir José Welter pela confiança, sábia orientação, ensinamentos e experiências compartilhados, e pela amizade.

Ao meu co-orientador Alberto Fontanella Brighenti, pela oportunidade de estágio e de realizar este trabalho, pelos ensinamentos e experiências compartilhados, amizade e parceria.

A Lírio Luiz Dal Vesco e Zilma Isabel Peixer pela orientação durante estes anos. A Anson Elliott, Maciej Pszczolkowski, Chin-Feng Hwang, Sebastian Zmudzki e Surya Sapkota pela oportunidade durante o intercâmbio realizado, tornando este proveitoso.

A todos os professores da Universidade Federal de Santa Catarina – Centro de Curitibanos.

A Universidade Federal de Santa Catarina e toda a equipe do Centro de Curitibanos, pela estrutura, e contribuição para a minha formação.

Aos integrantes do Grupo Neuvin, colegas de classe, Bonde do Garst e demais pessoas aqui não mencionadas, mas que tiveram enorme impacto moldando minha formação nesta jornada.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 MATERIAL E MÉTODOS ... 12

2.1 PARÂMETROS CLIMÁTICOS ... 12

2.2 FENOLOGIA E SOMA TÉRMICA ... 12

2.3 DESEMPENHO AGRONÔMICO ... 13

2.4 ANÁLISES DE MATURAÇÃO ... 13

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 15

3.1 PARÂMETROS CLIMÁTICOS ... 15

3.2 FENOLOGIA E SOMA TÉRMICA ... 16

3.3 DESEMPENHO AGRONÔMICO ... 19 3.4 ANÁLISE DE MATURAÇÃO ... 20 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 23 4 CONCLUSÕES ... 24 Abstract ... 25 REFERÊNCIAS... 26

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Comportamento de variedades de videira européias (Vitis vinifera L.) em São Joaquim, SC.

Anderson Rafael Varela Resumo

A vitivinicultura em regiões de altitude em Santa Catarina está em ascensão, sendo reconhecida em diversos concursos pela qualidade de seus vinhos, estes de variedades amplamente cultivadas. Buscando caracterizar novas variedades de alto potencial vitivinícola o objetivo deste trabalho foi avaliar a fenologia, a exigência térmica em graus-dia e o desempenho agronômico de oito variedades de videira (V. vinifera) cultivadas a 1.400 m de altitude, em São Joaquim, SC. As seguintes variedades foram avaliadas no ciclo 2015/16: a) Tintas: Marselan, Barbera, Syrah e Regent; b). Brancas: Riesling Renano, Marsanne, Petit Manseng e Bianca. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco repetições de oito plantas para cada variedade. Os estádios fenológicos avaliados foram: brotação, floração, mudança de cor das bagas e a maturidade. A soma térmica, em graus-dia, foi determinada de acordo com Wrinkler (1980). A partir do momento em que as bagas mudaram totalmente de cor até o momento da colheita foram avaliados semanalmente: o teor de sólidos solúveis totais – SST (ºBrix), a acidez total titulável - ATT (Meq/L e g/L) e o pH. Na colheita foram determinadas a produtividade por hectare e a produção por planta. A safra 2015/2016 apresentou atipicamente temperaturas médias elevadas, o que acarretou em um adiantamento do ciclo fenológico das variedades. As variedades Marselan, Barbera, Marsanne e Petit Manseng apresentaram o ciclo fenológico mais adaptado. SST variou de 16,8 (Syrah) a 22,1 ºBrix (Marsanne), ATT variou de 57,55 Meq/L ou 0,25 g/L (Regente) a 144,48 Meq/L ou 0,63 g/L (Petit Manseng), enquanto pH variou de 2,85 (Petit Manseng) a 3,49 (Regente). As variedades Bianca e Regent obtiveram a menor quantidade de energia acumulada, 1190 Graus-dia (GD), enquanto Syrah foi a mais exigente, 1420 GD. As variedades Marsanne e Marselan se destacaram com produtividades maiores que 6 toneladas por hectare. De acordo com as variáveis analisadas no ciclo 2015/2016 as variedades tintas Barbera e Marselan, e a variedade branca Marsanne são as mais recomendadas para esta altitude (acima de 1.400 m) na região de São Joaquim.

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1 INTRODUÇÃO

A vitivinicultura brasileira está em crescente expansão, com a tendência de mudança de melhorar os vinhedos para obter uvas e vinhos de alta qualidade (BRITO, 2006; MELLO, 2010; MALINOVSKI et al, 2012). O Brasil é o décimo segundo produtor mundial em toneladas de uva, com 1.514, 768 toneladas (FAO, 2012). A região sul do Brasil ainda é a maior produtora, tendo o Rio Grande do Sul como líder com 60% da área nacional cultivada (IBGE, 2013). Enquanto as demais regiões do país concentram produção de uvas de mesa, na região sul o foco é produção de vinhos finos e suco integral. Entretanto, ainda há muito potencial para expansão, com a caracterização e consolidação de diferentes “terroirs” associados a diferentes variedades de videira.

Em Santa Catarina, a área plantada de videiras é de aproximadamente 4.986 hectares. 50% desta está concentrada na micro-região de Joaçaba, no vale do Rio do Peixe (IBGE, 2006). Aproximadamente 12.530.441,00 litros de vinhos foram produzidos no ciclo 2014/2015 no estado, destes apenas 223.588,50 litros de vinhos finos, indicando uma predominância do cultivo de variedades de videiras americana e híbridos (SINDIVINHO, 2016). Entretanto estudos de zoneamento agrícola da Epagri em 1998, indicaram regiões de altitude no estado, entre 900 e 1400 metros, como ideais para o cultivo de variedades europeias (Vitis vinífera L.)

A vitivinicultura em regiões de altitude elevada, no estado de Santa Catarina, tem se destacado nos últimos anos e vem ganhando reconhecimento, graças à qualidade das uvas e dos vinhos produzidos (BURIN et al., 2011; GRIS et al., 2011; MALINOVSKI et al., 2012). Porém, a vitivinicultura nessa região é recente, com cerca de 15 anos, sendo fundamental a identificação e caracterização fenológica de variedades adaptadas às condições locais, capazes de produzir uvas e vinhos de alta qualidade (BRIGHENTI et al., 2014).

As variedades de videira deste estudo são originárias de regiões distintas na Europa. Marselan, Syrah, Marsanne e Petit Manseng são de origem francesa, enquanto Barbera é de origem Italiana e Riesling Renano de origem alemã. Regent e Bianca são variedades recentes desenvolvidas na Alemanha e Hungria, respectivamente, e apresentam resistência intermediária ao míldio e oídio. Todas estas são menos difundidas mundialmente quando comparadas com Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay entre outras uvas francesas, entretanto, também apresentam elevado potencial vitivinícola. Buscando identificar uma possível variedade emblemática para o estado, assim como tem-se Tannat no Uruguai e Malbec na Argentina, é justificável caracterizar novas variedades com alto potencial vitivinícola.

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Marselan é de origem francesa, originada a partir do cruzamento entre Cabernet Sauvignon e Grenache, de época de maturação média-tardia, produz vinhos de boa estrutura e com um perfil polifenólico de alta qualidade (RAUSCEDO, 2014).

Syrah, de provável origem francesa, cruzamento entre Mondeuse Blanc e Dureza, é amplamente cultivada com sucesso no velho e novo mundo, tem época de maturação média, permite elaborar vinhos particularmente frutados e interessantes para corte com outros vinhos menos aromáticos (RAUSCEDO, 2014).

Marsanne é uma variedade branca provavelmente originária da região norte do Rhône e vem ganhando popularidade, parte disso devido a sua boa produtividade. O vinho possui coloração intensa, encorpado, com aroma de amêndoas (ROBINSON, 1996).

Petit Manseng é originária do sudoeste da França, Jurançon, suas bagas são relativamente pequenas produzindo pouco suco, entretanto essas bagas concentram alto teor de açúcar, sendo ideal para vinhos de sobremesas, podendo atingir 20% de álcool, também possui uma acidez considerável, que ajuda neutralizar a sensação de doçura (ROBINSON, 1996).

Barbera é de origem italiana, região de Piemonte, origina vinhos com alta acidez e baixo nível de taninos, quando jovem com intenso aroma de frutas vermelhas, ideal para o consumo diário, casta bastante produtiva (BARBERA, 2015).

Riesling Renano tem origem alemã, mas está difundida na Áustria, Itália e Hungria. O local ideal para o cultivo é com boa inclinação que favoreça a exposição aos raios solares, que conferem uma melhor qualidade ao vinho. Este por sua vez, é um vinho branco, frutado, com notas minerais. Apresenta um buquê agradável, onde acidez, doçura e teor alcoólico se equilibram magnificamente dando uma sensação de refrescância imediata (FABIO, 2016).

Regent é um híbrido complexo obtido em 1967 por Gehardt Allweldt no centro de pesquisas Geilweilerhof na Alemanha, obtido do cruzamento de Diana x Chambourcin. É uma variedade de brotação precoce e resistente ao inverno, resistência muito boa ao míldio e oídio da videira e parcialmente resistente ao botritis (ROBINSON, 1996).

Bianca é um híbrido produzido em 1963 no norte da Hungria, oriundo do cruzamento de Eger 2 x Bouvier. Variedade de brotação médio precoce e maturação precoce. Fértil, vigorosa e produtiva, além de apresentar boa resistência a doenças fúngicas (ROBINSON, 1996).

Variedades viníferas caracterizam-se por sua alta sensibilidade a adversidades biológicas (MERZ, et al., 2014) e à elevada influência das condições ambientais sobre a fisiologia e comportamento produtivo (ROSA et al., 2014). Fatores diversos que afetam sua fenologia devem ser caracterizados para cada região produtora (TOMAZETTI et al., 2015).

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O conhecimento dos estádios fenológicos é uma exigência da viticultura moderna. A caracterização fenológica permite o planejamento otimizado dos tratos culturais e do manejo dos vinhedos nas diversas fases de seu ciclo (SANTOS et al, 2007; CHAVARRIA et al., 2009). A classificação baseada na época de brotação é importante para os viticultores, pois permite o uso de variedades de brotação precoce em regiões com baixo risco de ocorrência de geadas tardias (MANDELLI et al., 2003).

Um fator importante a ser determinado é a quantidade de energia de que as plantas necessitam para completar seu ciclo de desenvolvimento (TOMAZETTI et al., 2015). Essa quantidade constante de energia é denominada soma térmica e é expressa em graus-dia. É um método utilizado para contabilizar o desenvolvimento da cultura, pois considera o efeito da temperatura sobre o desenvolvimento vegetal, sendo um dos principais fatores ecológicos que governam o desenvolvimento das plantas (STRECK et al., 2005).

Outro fator importante é conhecer o potencial de maturação das videiras em determinada região, de acúmulo de açúcares e a acidez. Regiões mais frias podem estender este período, acrescentando também mais polifenóis, o que permite a elaboração de vinhos finos de alta qualidade (BRIGHENTI & TONIETTO, 2004; GRIS et al., 2010. BORGHEZAN et al., 2011). Este deslocamento do ciclo também permite a colheita em uma época onde, historicamente, os índices pluviométricos são menores (ROSIER, 2003).

O objetivo deste trabalho é o estudo da fenologia, da maturação tecnológica, do desempenho agronômico e da exigência térmica na região de São Joaquim, visando oferecer novas opções de variedades aos viticultores da região.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão de Santa Catarina, localizada no município de São Joaquim (28°16’30” S, 49°56’09” W, a 1.400 de altitude). O vinhedo (Vitis vinifera L) foi implantado em 2006, com espaçamento de 3,00 m entre linhas e 1,50 m entre plantas. O solo onde o vinhedo foi implantado é Cambissolo Húmico, desenvolvidos a partir de rocha riodacito basalto (Solos do estado de Santa Catarina, 2004). Foi avaliado o ciclo de 2015/2016. O clima da região, segundo a classificação de Koeppen, é do tipo Cfb, mesotérmico, úmido, sem estação seca, com verão fresco (<22°C) (BENEZ et al., 2002).

As variedades estudadas foram: i) Tintas: Marselan, Barbera, Syrah e Regent (resistente); ii) Brancas: Riesling Renano, Marsanne, Petit Manseng e Bianca (resistente). Todas as variedades estudadas foram enxertadas sobre Paulsen 1103, sustentadas no sistema espaldeira e podadas em cordão esporonado. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco repetições de oito plantas de cada variedade, o que totalizou 200 plantas. 2.1 PARÂMETROS CLIMÁTICOS

O monitoramento das condições meteorológicas foi realizado com uso dos dados da Estação Meteorológica Automática localizada na Estação Experimental de São Joaquim. Foram registradas as variáveis meteorológicas: temperatura do ar média, máxima e mínima (°C); precipitação pluvial (mm) e amplitude térmica (°C).

Para verificar a aptidão vitícola da região, foram calculados a temperatura média ao longo da estação de crescimento (HALL & JONES, 2010). Isso consiste na temperatura média do ar entre agosto e abril

2.2 FENOLOGIA E SOMA TÉRMICA

A determinação da fenologia das plantas foi feita por um único avaliador, por meio de observações visuais realizadas semanalmente após a poda, em cinco plantas previamente selecionadas, no ciclo estudado. Foram determinados o início da brotação, a plena floração, a mudança de cor das bagas (início da maturação; veraison) e a maturidade, conforme classificação proposta por Baillod & Baggiolini (1993):

a) Brotação: quando 50% das gemas atingiram o quarto estádio, ou seja, a saída das folhas. b) Florescimento: quando 50% das flores encontravam-se abertas (florescimento

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c) Início da maturação das bagas: quando 50% das bagas mudaram de coloração, isto é, para variedades tintas coloração avermelhada, para variedades brancas quando iniciou o amolecimento das bagas.

d) Maturidade: momento em que 100% das bagas apresentaram coloração intensa, com teor máximo de sólidos solúveis totais.

Como critério utilizado para determinar a adaptação de variedades em novas regiões de cultivo, foi determinada a duração do subperíodo entre a mudança de cor de bagas até a maturidade das uvas (FREGONI, 2006).

As datas de ocorrência dos principais estádios fenológicos avaliados foram comparadas às das variedades mais cultivadas na região, tendo-se utilizado os dados obtidos por Brighenti et al. (2014), em que Chardonnay é precoce; Merlot é intermediária e Cabernet Sauvignon é tardia.

Para a caracterização das exigências térmicas de cada variedade em estudo foi utilizado o somatório de graus-dia (GD), desde a poda até a colheita, assim como para cada subperíodo, utilizando os dados da Estação Meteorológica Automática localizada na estação experimental de São Joaquim, segundo as seguintes equações propostas Winkler (1980):

GD = Σ (Tm-Tb) + [ (TM-Tm)/2], quando Tm>Tb; GD = Σ [ (TM-Tb)2/2*(TM-Tm) ], quando Tm≤Tb e; GD = 0, quando Tb≥TM;

Em que GD são os graus-dia; TM é a temperatura máxima, em °C; Tm é a temperatura mínima, em °C; Tb é a temperatura-base de 10°C.

2.3 DESEMPENHO AGRONÔMICO

A produtividade das plantas foi avaliada na colheita, a partir da pesagem dos cachos (Kg/planta) de cinco plantas, uma de cada repetição, escolhidas aleatoriamente. A produção por planta (Kg/planta) foi calculada levando-se em conta a massa fresca dos cachos e o número de cachos por planta. A produtividade estimada (ton./ha) foi obtida a partir da densidade de plantas por hectare e da produção por planta. O índice de fertilidade (nº de cachos/nº de ramos) foi determinado a partir da relação do número de cachos e número de ramos por planta.

2.4 ANÁLISES DE MATURAÇÃO

As análises de maturação foram realizadas a partir da mudança total de cor das bagas, quando 100% mudou. Cinquenta bagas foram colhidas aleatoriamente em diferentes regiões do cacho ao longo da fila, conforme descrito por Choudhury e Da Costa (2004). Estas foram esmagadas e do mosto obtido, foram determinados, segundo o método recomendado pelo Office

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International de la Vigne et du Vin (Recueil des méthodes internationales d’analyse des vins et des moûts, 2009), as seguintes variáveis:

1. Os sólidos solúveis totais (SST - ° Brix), através da leitura direta utilizando refratômetro digital de bancada – modelo Instrutherm – RTD – 45. O aparelho foi calibrado com água destilada, em seguida o mosto foi distribuído sobre o prisma, e a leitura expressa em ºBrix.

2. A acidez total titulável (Meq/L e g/L): para sua determinação foi utilizada a metodologia de titulação, onde se adiciona 5 mL de mosto, 75 mL de água destilada e duas gotas de fenoftaleína (1%). Sob agitação uma solução de hidróxido de sódio (NAOH 0,1N) foi adicionada até a mudança de coloração. Esta foi determinada em duas unidades visando obter uma comparação com maior número de trabalhos. 3. O pH: avaliado através da leitura das amostras do mosto em pHmetro de bancada – modelo MP 220-Metler Toledo, calibrado com soluções tampão a pH 4,0 e pH 7,0. Para análises dos resultados, utilizaram-se estatísticas descritivas: média, desvio-padrão e coeficiente de variação, assim como teste de Tukey a p<0,01 para diferenciação das médias de produtividade.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 PARÂMETROS CLIMÁTICOS

A Figura 1 apresenta dos dados climáticos durante o ciclo vegetativo e reprodutivo de 2015/2016 da videira (V. vinifera) em São Joaquim, SC. Em setembro de 2015 observa-se a queda das temperaturas médias em setembro (12,3º C) foram mais baixas que agosto (14ºC) (Epagri CIRAM) (Figura 1). Nos dias 12, 13 e 14 de setembro ocorreram geadas tardias, danificando levemente as variedades Riesling Renano, Bianca, Marselan e Regente, que apresentaram brotação precoce. Segundo Brighenti et al. (2014) a média histórica do período livre de geadas é de até 180 dias, este também é o número mínimo de dias livres de geada necessários para a viticultura produtiva (JACKSON, 2008). Entretanto, neste ano produtivo de 2015/2016, o período livre de geadas foi de apenas 99 dias, um ano atípico com baixas produtividades em diversas culturas agrícolas, com o clima sendo influenciado pela forte expressão do fenômeno El Niño (COLUSSI, 2015).

Figura 1: Médias mensais das temperaturas máxima (vermelho), média (lilás), e mínima (verde) e precipitação mensal durante o ciclo vegetativo e reprodutivo de 2015/2016 da videira (V. vinífera L.) em São Joaquim, SC (Fonte: Autor).

0 5 10 15 20 25 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Jul. Ag. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr.

Te m p era tu ra ( °C) Plu vios id ad e (m m ) Meses do Ciclo 2015/2016

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A temperatura média ao longo da estação de crescimento foi de 15,85ºC. Normalmente, quando a temperatura média durante a estação de crescimento se encontra entre 13 e 21ºC, a região é considerada apta à produção de uvas viníferas de qualidade (HALL; JONES, 2010).

A amplitude térmica para São Joaquim, é em torno de 10ºC (BRIGHENTI et al, 2014; GRIS et al, 2011; MALINOVSKI et al, 2012), considerada ideal para a produção de uvas de qualidade (JACKSON, 2008), aumentando o nível de acidez e reduzindo o pH (JACKSON & LOMBARD). No ciclo 2015/2016 a amplitude térmica média durante todo o ciclo foi menor, de 9.1ºC. Considerando apenas o período de 12/01/2016, mudança de cor das bagas da variedade mais precoce (Regente), até 05/04/2016, maturidade da variedade mais tardia (Syrah), (período de maturação das bagas), considerado o mais importante, a amplitude térmica foi de 9.6ºC.

No ciclo de 2015/2016 o volume total de precipitação registrado foi de 1775,8 mm. Embora o nível de chuva seja maior nos estádios fenológicos iniciais, brotação e floração (Figura 1), o período fenológico com maior percentual de dias com chuva ocorreu durante a maturação. Resultados semelhantes foram observados por Luciano et al. (2013), nos ciclos 2008/2009 e 2009/2010 e por Brighenti et al. (2014), nos ciclos de 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 em São Joaquim. Sendo assim pode-se assumir que é uma característica do clima regional, fator que favorece o aparecimento de doenças fúngicas como o míldio e o botritis, podendo comprometer a qualidade da uva colhida, caso não haja um bom manejo sanitário, assim aumentando os custos de produção.

3.2 FENOLOGIA E SOMA TÉRMICA

Na Tabela 1 são apresentadas as datas de ocorrência dos estádios fenológicos para as oito variedades estudadas. Há grande variação nas datas de ocorrência dos estádios fenológicos e esta é decorrente da divergência entre as variedades testadas, resultante da seleção humana e natural que estabeleceu estreitas relações entre as variedades e o ambiente (ANDREINI et al, 2009).

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Tabela 1: Datas de ocorrência dos principais estádios fenológicos das variedades Riesling Renano, Marsanne, Petit Manseng, Marselan, Barbera, Syrah, Regent e Bianca, em São Joaquim, SC, no ciclo de 2015/2016.

No ciclo de 2015/2016, o início da brotação ocorreu entre 30/08 e 16/09, final do inverno (Tabela 1). A variedade Riesling Renano foi a mais precoce, enquanto Petit Manseng a mais tardia. A classificação baseada na época de brotação é de extrema valia para os viticultores, pois permite a utilização de variedades de brotação precoce em regiões com baixos riscos de geadas tardias e variedades de brotação tardia em locais propensos a este fenômeno (MANDELLI, et al 2003). Riesling Renano foi classificada como precoce; Marselan, Syrah, Regent e Bianca como de ciclo intermediário e Marsanne, Barbera e Petit Manseng como tardias. Riesling Renano, avaliada no mesmo vinhedo, na média dos quatro anos anteriores apresentou o início da brotação em 03/09 (KAULING et al, 2016), sendo recomendada com certa ressalva para a região estudada, já que em anos atípicos pode sofrer problemas com geadas tardias.

A plena florada ocorreu entre 06/11 (Regent) e 23/11 (Marsanne), na primavera, enquanto que, a mudança de cor das bagas ocorreu no intervalo de 12/01 (Regent) a 14/02 (Marsanne), no verão e a maturidade/colheita aconteceu entre 29/02 (Regent e Bianca) e 05/04 (Syrah). A colheita foi adiantada quando comparada com os anos de 2004/2005, 2005/2006, 2006/2007, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (GRIS et. al 2010; BRIGHENTI et al 2012; BRIGHENTI et al 2014), onde o período de colheita de variedades Vitis vinifera era do início de março até meados de abril. Isto se deve a um ano atípico, com temperaturas médias superiores, e consequente antecipação do ciclo, devido ao efeito do fenômeno El Niño (COLUSSI, 2015).

A soma térmica das variedades no período entre início da brotação e plena florada variou de 275,8 Graus-dia (GD) (Regent) à 369 GD (Marsanne), enquanto que o número de dias variou

Variedade Início

Brotação

Plena Florada

Mudança de Cor das Bagas

(50%)

Maturidade Tecnológica

Marselan 4-set 14-nov 5-fev 22-mar

Barbera 14-set 17-nov 6-fev 22-mar

Syrah 7-set 18-nov 7-fev 5-abr

Riesling Renano 30-ago 9-nov 25-jan 9-mar

Marsanne 14-set 23-nov 14-fev 28-mar

Petit Manseng 16-set 16-nov 2-fev 28-mar

Bianca 5-set 10-nov 21-jan 29-fev

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de 62 (Petit Manseng) à 99 (Riesling Renano); este alto número de dias da variedade Riesling Renano pode ser explicado primeiramente por fatores genéticos, brotação precoce (30/08) associados as altas TºC no períodoonde observou-se que até a primeira quinzena de setembro o acúmulo térmico foi baixo (42.5 GD). As variedades com menor exigência térmica foram as variedades resistentes Bianca e Regent (Figura 2).

Figura 2: a) Soma térmica em graus-dia (GD) para o ciclo fenológico, nos intervalos início da brotação-plena florada (azul), brotação-plena florada-mudança de cor das bagas (laranja), e mudança de cor das bagas - maturidade para as variedades estudadas. b) número de dias durante o ciclo fenológico nos mesmos intervalos para as variedades estudadas (Fonte: Autor).

O intervalo plena florada-mudança de cor das bagas apresentou temperaturas médias mensais que variaram de 15,4ºC – 18,4 ºC e precipitação entre 120-211 mm, para o período de 06/11 (plena florada para a variedade Regent, mais precoce,) até 14/02 (mudança de cor das bagas da variedade Marsanne, mais tardia)(Figura 1). Quando comparado com os ciclos de 2005/2006 e 2006/2007, Gris et. al. (2010) observaram uma temperatura média maior. Neste estádio fenológico, observou-se a maior soma térmica acumulada, variando de 493,4 (Regent) a 671 GD (Marsanne) e com maior número médio de dias, 67 para Regent a 83 para Marsanne. A exceção foi a variedade Riesling Renano, que apresentou maior número de dias no intervalo fenológico anterior.

O intervalo de mudança de cor das bagas, estádio de maturação tecnológica, ocorreu num período mais curto, 38 dias para a Bianca e 58 dias para a Syrah. O requerimento de soma

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térmica variou de 302,8 GD para a Marsanne e à 438,5 GD para a Syrah (Figura 2). O menor acúmulo térmico em relação ao número de dias da variedade Marsanne se devem as menores médias de temperatura de 14/02 (mudança de cor das bagas) à 28/03 (maturidade) quando comparado ao ciclo da variedade Bianca, com mudança de cor das bagas em 21/01, período com temperaturas médias superiores.

O tempo que transcorre entre um período fenológico e outro pode determinar se a variedade é adequada ou não para a zona agroclimática (JONES; DAVIS, 2000). Variedades que possuem o intervalo fenológico mudança de cor das bagas (veráison) a maturidade (colheita) mais curto podem adaptar-se mais facilmente a climas mais frios e altitudes mais elevadas (FREGONI, 1998). Sendo assim, para climas frios, com estação de crescimento mais curta, variedades de maturação precoce são recomendadas, enquanto em climas quentes, variedades de maturação tardia são mais indicadas (JONES, 1997). Desta maneira, as variedades Regent, Bianca e Riesling Renano possuem os ciclos mais adaptados, similares com Sauvignon Blanc (BRIGHENTI et al, 2013). As variedades Barbera, Marselan, Petit Manseng e Marsanne possuem ciclo de maturação intermediário, semelhante a variedade Merlot (BRIGHENTI et al, 2013). Enquanto que, a variedade Syrah, com alto requerimento térmico e de ciclo longo não é recomendada para as regiões de altitude, tal como a região estudada. 3.3 DESEMPENHO AGRONÔMICO

As produtividades médias das variedades foram de 1,25 Kg/planta, que corresponde a 2,77 Ton. /ha para Regent a 5,7 Kg/planta ou 12,6 Ton/ha para Marsanne (Tabela 2). As variedades Marsanne, Syrah e Marselan se destacaram com maiores produtividades, superiores a seis toneladas por hectare que, também pode ser observado pelo alto peso médio dos cachos, estas diferiram significativamente das demais. A variedade Petit Manseng apresentou o menor peso médio de cachos, 40.02 g por cacho, porém tem o maior número médio de cachos, compensando assim na produtividade final (Tabela 2).

As variáveis número de cachos e fertilidade de gemas apresentaram altos coeficientes de variação. Com destaque para os valores de fertilidade de gemas das variedades resistentes, Regent e Bianca, indicando uma possível alternância de produção entre as safras, provavelmente devido a ocorrência de geadas tardia.

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Tabela 2: Valores médios de fertilidade de gemas, número de cachos, peso médio de cacho (g) e produtividade (kg planta-1 e T. ha-1) das 9 variedades de uva (Vitis vinifera L.), cultivadas em São

Joaquim, SC.

Média de cinco repetições, representadas por diferentes letras, diferem entre si, pelo teste de Tukey (p<0,01). CV (%) = coeficiente de variação.

3.4 ANÁLISE DE MATURAÇÃO

Os indicadores mais comuns da maturação tecnológica da uva são pH, sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT). Uma ótima maturação tecnológica é alcançada quando as uvas atingem certa composição química (normalmente relacionada com a composição fenólica), que agrega características específicas ao vinho (FALCÃO et al., 2013). O início da maturação ocorreu entre 12/01 e 14/02. Como pode ser visto na Figura 3, os valores de ATT diminuíram durante a maturação, enquanto que os valores de SST e pH incrementaram durante este mesmo período, com variações consideráveis entre as variedades.

O nível adequado de SST para elaboração de vinhos de qualidade devem ser entre 18 e 22 ºBrix para brancas e acima de 21 ºBrix para tintas (BRIGHENTI, et al., 2014). As variedades tintas Marselan e Barbera apresentaram os maiores valores médios de SST (acima de 21 ºBrix). Syrah apresentou o menor valor (16,8 º Brix), abaixo do satisfatório para elaboração de vinhos de qualidade. Isso se explica devido à alta necessidade térmica da variedade no último estádio fenológico (Figura 2) e dificuldade de completar a maturação (Figura 3). Dessa maneira, esta não é adaptada e não deve ser recomendada para esta altitude (acima de 1.400 m) na região de São Joaquim.

Variedade Número de Cachos Peso médio de Cacho (g) Fertilidade de Gemas Produtividade (kg planta-1)

Produtividade (T. ha-1) Média CV (%) Média CV (%) Médi a CV (%) Média CV (%) Média CV (%) Marselan 33.2 ab 23.5 145.5 0.0 1.5 21.1 4.8 a 23.5 10.7 a 23.5 Barbera 26.8 bc 18.5 98.2 0.0 0.97 8.4 2.6 b 18.5 5.8 b 18.5 Syrah 36.6 ab 25.4 120.0 0.0 1.25 20.3 4.3 a 25.4 9.7 a 25.4 Regente 15.6 c 22.9 80.0 0.0 0.94 35.9 1.2 b 22.9 2.7 b 22.9 Riesling Renano 40.2 ab 24.2 66.9 11.2 1.63 10.5 2.7 b 25.1 5.9 b 25.1 Marsanne 26.4 bc 21.0 216.0 0.0 1.20 15.0 5.7 a 21.0 12.6 a 21.0 Petit Manseng 44.4 a 16.9 40.0 19.5 1.89 12.2 1.8 b 35.9 4.0 b 35.9 Bianca 32.2 ab 24.0 69.0 0.0 1.35 33.3 2.2 b 24.0 4.9 b 24.0

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Figura 3: Curvas de maturação com evolução da acidez, sólidos solúveis totais e pH para as variedades Marselan, Barbera, Syrah, Riesling Renano, Marsanne, Petit Manseng, Regent e Bianca no ciclo 2015/2016, em São Joaquim – SC (Fonte: Autor).

Observou-se uma alta variabilidade nos valores de ATT, sendo que todos foram adequados para as variedades tintas. Para a elaboração de vinhos brancos tranquilos, o ideal é valores próximos a 100 Meq/L. Apenas a variedade Petit Manseng (144.48) não apresentou valores adequados de acidez (Figura 3). Valores ideais de acidez para vinificação encontram-se na faixa de 80 a 190 Meq. L-1, variando entre tintas e brancas (BRIGHENTI, et al., 2014). As

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regiões de clima frio proporcionam teores mais elevados de acidez nas uvas e nos vinhos, devido as menores taxas de degradação dos ácidos (JACKSON, 2008). Entretanto, neste ciclo as médias de temperatura foram mais elevadas e as variedades tintas obtiveram valores mais baixos quando comparadas com ciclos de 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BRIGHENTI et al., 2014).

Os valores médios de pH variaram de 2,65 a 3,49 nas variedades analisadas (Figura 3). Petit Manseng obteve pH de 2,65. Valores inferiores a 3 indicam maturação deficiente da uva, o que é comprovado pela elevada acidez. Regent apresentou valor mais elevado (3,49). Segundo Amerine e Ough (1976) valores acima de 3,60 são prejudiciais a qualidade do vinho. Segundo estes autores o pH da uva é regulado pela acidez e seu efeito está diretamente associado com a estabilidade da colônia microbiológica durante a fermentação malolática do vinho, afetando indiretamente o sabor, estabilidade biológica e coloração. Sendo assim, o pH ótimo da uva para elaboração de vinhos deve se encontrar na faixa de 3 - 3,2 (FREGONI, 2006).

Outros índices de maturação secundários podem ser utilizados para determinar o ponto de maturação tecnológica/colheita. O Índice de Maturação (IM) é a relação entre SST (ºBrix) e ATT (g/L de ácido tartárico) (SST/AT) que representa o balanço entre açúcar e acidez, conferindo um equilíbrio para o vinho (MOTA et al., 2006). Valores em torno de 30 são apropriados para a produção de vinhos, enquanto acima de 45 são satisfatórios (RIU-ALMATELL et al., 2002). As variedades Riesling Renano, Petit Manseng e Barbera obtiveram os melhores valores, enquanto Marsanne e Regent obtiveram valores muito elevados devido à baixa acidez (Tabela 3).

A relação SST/AT utilizada sozinha não é suficiente para definir a maturidade tecnológica (FALCÃO, 2013). Outro índice historicamente utilizado pelos viticultores é a relação SST x pH², onde os valores entre 202 e 266 indicam uma ótima maturação (COOMBE et al., 1980). As variedades Marsanne e Regent apresentaram valores ótimos, 217,9 e 250,9, respectivamente (Tabela 3), tornando-se também viáveis para a vinificação. As variedades Bianca, Syrah e Marselan não se adequaram satisfatoriamente de acordo com estes dois índices.

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Tabela 3: Valores médios de SST, AT (g/L), pH e relação SST/AT e SSTxpH² durante a maturação das 9 variedades de uva para o Ciclo 2015/2016, em São Joaquim, SC.

Variedade SST AT (g/L) pH SST/AT SSTxpH² Marselan 21.1 0.46 3.05 46.27 196.28 Barbera 21.4 0.59 2.9 36.39 179.97 Syrah 16.8 0.35 3.06 47.66 157.31 Regent 20.6 0.25 3.49 81.99 250.91 Riesling Renano 19.0 0.48 2.94 39.58 164.23 Marsanne 22.1 0.35 3.14 64.06 217.90 Petit Manseng 20.1 0.63 2.85 31.87 163.26 Bianca 17.9 0.40 2.98 45.12 158.96

*Média de cinco repetições. 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. O ano agrícola de 2015/2016 apresentou atipicamente temperaturas médias mais elevadas em São Joaquim, o que promoveu o adiantamento/encurtamento do ciclo fenológico.

2. O ano agrícola de 2015/2016 apresentou elevada pluviosidade, com maior frequência (número de dias) no período da maturação, forçando uma colheita precoce das variedades Barbera, Petit Manseng e Bianca, devido as condições sanitárias das uvas. 3. 1400 metros de altitude proporciona um microclima frio, algumas destas variedades (Regent, Syrah, Riesling Renano, Petit Manseng e Bianca) podem apresentar um melhor desempenho em altitudes menores.

4. Sugiro em futuros estudos avaliar também os valores de antocianinas e polifenóis das variedades, assim como o vinho obtido através de um processo de micro-vinificação. 5. É necessário maiores estudos ao longo dos anos para determinar quais variedades

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4 CONCLUSÕES

As variedades com ciclo fenológico mais adaptado a região neste ano agrícola, 2015/2016, foram Marselan, Barbera Marsanne e Petit Manseng. As variedades tintas Marselan e Barbeira obtiveram uma boa maturação tecnológica, enquanto Syrah e Regent não alcançaram valores satisfatórios. As variedades brancas Riesling Renano e Marsanne apresentaram valores adequados para elaboração de vinhos tranquilos, enquanto Petit Manseng e Bianca não obtiveram valores satisfatórios. As variedades Regent e Bianca obtiveram a menor demanda de energia, 1190 GD, enquanto Syrah foi a mais exigente, 1420 GD, tendo assim dificuldades para completar o ciclo devido ao alto requerimento térmico.

As variedades Marselan, Marsanne e Syrah obtiveram produtividades destacadas, acima de 6 toneladas por hectare. As variedades Regent e Bianca apresentaram problemas com a fertilidade de gemas.

As variedades tintas Barbera e Marselan são mais recomendadas de acordo com todos os aspectos analisados, enquanto Syrah enfrenta problemas para completar a maturidade nesta altitude devido ao alto requerimento térmico, e Regent pode sofrer com geadas tardias devido a brotação precoce, acarretando em quedas na produtividade e baixa fertilidade de gemas.

A variedade Branca Marsanne é a mais recomendada de acordo com todos os aspectos analisados, Riesling Renano é recomendada com ressalvas, pois pode sofrer com geadas tardias devido a brotação precoce. Petit Manseng e Bianca não seriam recomendadas, a primeira apresentou baixa produtividade e alta acidez na maturidade, enquanto a segunda baixa produtividade e fertilidade de gemas devido a geadas tardias.

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Characterization of European Grapevine varieties (Vitis vinifera L.), in Sao Joaquim, SC. Anderson Rafael Varela Abstract

Viticulture is in currently expansion at high altitude regions of Santa Catarina state, being recognized for the wine quality, from worldwide cultivated varieties. Looking for characterization of new varieties with high winery potential, the objective of this work was evaluate the phenology, thermal requirement in growing degree days (GDD) and agronomic performance, of 8 grapevine varieties (V. vinifera L.) cultivated at 1.400 m altitude meters, in Sao Joaquim, SC. The follow varieties were evaluated in the 2015/2016 cycle: i) reds: Marselan, Barbera, Syrah, and Regent; ii) whites: Riesling Renano, Marsanne, Petit Manseng and Bianca. The design was totally randomized, whit five repetitions and eight plants for each variety. The phenological stages evaluated were: bud break, bloom, veraison and ripening. Thermal summation, in GDD was calculated according to Wrinkler (1980). From the totally berry color change on until ripening moment, were evaluated weekly: total soluble solids – TSS (ºBrix), the total acidity – TA (Meq/L and g/L) and pH. At ripening/harvest were determined productivity per hectare, and per plant. The 2015/2016 season showed atypically higher mean temperatures, what led to an advance on the grapevine phenological cycle. Marselan, Barbera, Marsanne e Petit Manseng showed the most adapted phenological cycle. The TSS varied from 16,8 (Syrah) to 22,1 ºBrix (Marsanne), TA varied from 57,55 Meq/L or 0,25 g/L (Regent) to 144,48 Meq/L or 0,63 g/L (Petit Manseng), while pH varied from 2,85 (Petit Manseng) to 3,49 (Regent). Bianca and Regent had the lowest energy requirement, 1190 GDD, while Syrah demanded more energy, 1420 GDD. The Marsanne and Marselan varieties stood up with higher productivity per hectare, above 6 tons. According with the analyzed characteristics in the 2015/2016 vintage the red varieties Barbera and Marselan, and the white variety Marsanne are recommended to this altitude (above 1.400 m) in Sao Joaquim region.

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