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O PAPEL DO JORNAL IMPRESSO LOCAL COM O CRESCIMENTO DA INFORMAÇÃO POR MEIO DIGITAL

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O PAPEL DO JORNAL IMPRESSO LOCAL COM O CRESCIMENTO DA INFORMAÇÃO POR MEIO DIGITAL

LEMOS, Anna Paula S. (Jornalismo, Unitri, annapaulaslemos@gmail.com) CAIXETA, Danilo J. (Jornalismo, Unitri, caixeta.danilo@gmail.com)*

*professor orientador RESUMO

Tema: O jornal impresso é o mais antigo e tradicional meio de comunicação.

Entretanto, devido à modernização advinda do surgimento da Internet, vem sido mudado o jeito de se fazer e consumir notícia, o que faz muitos temerem o futuro do impresso. Objetivos: O presente estudo objetiva identificar -pesquisando particularidades, vantagens e desvantagens de cada meio, se a web realmente apresenta ameaça. Metodologia: Foi realizado por meio de uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, entrevista com 78 (setenta e oito) leitores de pequenos municípios mineiros e entrevista com 2 (dois) jornalistas que atuam no mercado de impresso. Principais conclusões: Os resultados afirmam a questão do encantamento pelo digital, mas também evidencia dois pontos fortes: o jornalismo local e a credibilidade do impresso em geral.

Palavras chave: Jornal Impresso. Internet. Jornalismo Local.

INTRODUÇÃO

Pioneiro entre os meios de comunicação, o jornal impresso foi o responsável por veicular informações a partir de 59 A.C, em Roma. De lá para cá, este meio vem estando cada vez mais presente na vida das pessoas. Acontece que nos últimos tempos, com o avanço tecnológico e, consequentemente, o aparecimento de meios de comunicação digitais, o jornal impresso em geral vem tendo tido como ameaçado. É fato que a Internet conquistou muitas pessoas, principalmente jovens, e na comunicação não foi diferente. A dúvida quanto à vida do jornal impresso afeta não só profissionais da área como grande parte da população. Afinal, seria a web responsável pela extinção de um meio tão tradicional?

O presente estudo objetiva refletir sobre o papel do jornalismo impresso junto a sociedade contemporânea e junto ao meio digital. Além de aprofundar

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na história do jornalismo local, que se mostra forte ainda com o advento de novas redes de comunicação, e compreender os processos que fazem com que alguns temam pelo futuro do impresso.

Para elucidar as questões apresentadas nesse trabalho, foram aplicados 78 (setenta e oito) questionários1 para habitantes das cidades de Iraí de Minas, Monte Carmelo, Romaria e Araguari2 acerca de como eles consomem notícia. Serão, ainda, feitas entrevistas com profissionais ligados diretamente à produção de conteúdo em papel, a fim de obter uma visão interna e externa do que vem sido ocorrido.

A princípio, será levantada a questão da importância do jornal impresso, bem como o jornal impresso local e sua relação com o jornalismo comunitário. Como o estudo de qualquer objeto precisa ser testado e bem contextualizado, o segundo capítulo é reservado para estudar as respostas dos leitores que servirão de aporte para que seja descoberta a forma como as pessoas preferem consumir notícia e se a questão socioeconômica e geográfica influencia essa escolha. Por final, trataremos o ponto de vista de profissionais da área de comunicação, da possível parcialidade da mídia e do poder da credibilidade na informação, assim caminhando para a conclusão do trabalho qual almeja compreender os processos que afetam os meios impressos.

1. O NASCIMENTO DA INFORMAÇÃO

A comunicação surgiu de uma extrema necessidade de interação com o mundo. Na pré-história, os homens não só sentiram tal necessidade de se comunicar, como notaram que seria preciso registrar determinadas situações, vivências ou técnicas para que estas pudessem ser transmitidas a outras pessoas e a futuras gerações. Dessa forma, nasceu a informação.

Do latim “informare”, composto pelos radicais in- que significa “em” e “formare” que pode ser traduzido como “aspecto”, resulta a conotação “contar algo a alguém sobre alguma coisa”. Logo, a informação é de uma importância 1 Número de questionários designado através de cálculo amostral de pesquisa.

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crescente na vida de qualquer ser humano e passa a ser necessário pensar no jornalismo como uma ciência social desenvolvida dentro de uma e para uma sociedade.

1.1. Surgimento do primeiro meio de comunicação

O jornal impresso foi o primeiro meio de comunicação criado pelo homem. O “Acta Diurna” era uma publicação oficial do Império Romano lançada no ano de 59 a.C. Esse periódico informava a população quanto a ciência, política, e, principalmente, conquistas militares. Já na Idade Média, o alemão Johannes Gutenberg inventou a prensa de papel, causando um salto tecnológico e fazendo com que a publicação de livros e jornais se tornasse mais ampla, rápida e barata. A medida que essa tecnologia foi sendo disseminada e copiada, o hábito de leitura foi se tornando cada vez maior.

No século XX o jornal impresso e o jornalismo chegaram no auge do seu prestígio e popularidade, com um a cada dois norte-americanos lendo jornais diariamente.

1.2. Jornalismo local

Dada a importância do jornalismo e do jornal impresso, torna-se interessante compreender em que estágio se encontra a comunicação em comunidades aonde os grandes veículos não chegam, ou não chegam com a devida cobertura. Fazendo com que o jornal impresso local assuma seu papel de informar, com suas características, desafios e contribuições para a sociedade.

A jornalista Beatriz Dornelles define esse meio:

“Entende-se por ‘jornal interiorano’ o produto impresso de uma empresa ou microempresa jornalística, constituída juridicamente na Junta Comercial de seu município, tendo por objetivo o lucro através da comercialização publicitária, venda de assinaturas e venda avulsa. (...) O número de páginas deve ser de, no mínimo, oito, não havendo imposições para o máximo. A periodicidade deve

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ser constante (...). As matérias produzidas para o jornal devem atender aos anseios e reivindicações da comunidade que, dentro do possível, determinará quais as notícias que devem ser divulgadas pelo jornal, desde que não atendam nenhum interesse partidário. O diretor e/ou o jornalista do periódico devem, também, participar ativamente de todas as atividades promovidas pela comunidade. (DORNELLES, 2004, p,131)

Ainda nesse tema, a pesquisadora Juliana Colussi Ribeiro enxerga a mídia interiorana como parte essencial do cotidiano do local onde se insere. “Privilegiado por sua proximidade com o público e os problemas locais, o jornal regional permite a polifonia ao abrir espaço para a dona de casa reivindicar melhoras na infraestrutura em seu bairro, ao mostrar a cultura dos municípios (RIBEIRO, 2005, p.47)”.

1.3. Jornal interiorano versus grandes jornais

A dinâmica da produção de um impresso de pequenos centros, muito difere daquela dos grandes centros urbanos, bem como o foco de interesse do leitor. Nas grandes cidades os interesses são múltiplos e a divulgação de temas diversos e amplos é uma necessidade. Já nas pequenas, os leitores querem saber o que está acontecendo em sua cidade e região, o interesse por questões de âmbito estadual, nacional e internacional é mínimo. Uma vez que, essas são de fácil acesso em outras mídias, como a TV e a Internet.

Isabela Anchieta destaca as diferenças na forma de abordagem e até mesmo as diferentes funções entre um e outro.

“Se a estratégia discursiva dos grandes veículos é criar um espaço de amplo compartilhamento simbólico, o interior usa exatamente das finas categorias simbólicas e sua interpretação restrita ao seu ambiente de difusão para criar a identidade e familiaridade com o público. Portanto, são veículos que não concorrem entrem si, pois têm habilidades e capacidades diferentes de representação da realidade. Assim como um grande jornal tem recursos, capacitação, e acesso a fontes oficiais, o jornal do interior tem uma proximidade com o mundo vivido da cidade e um conhecimento das expectativas do público que seriam inviáveis para um de veículos”. (MELO, 2006. p. 65)

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Devido a estarem próximos ao ocorrido, os leitores possuem a informação antes mesmo de que ela seja publicada no jornal. Logo, enquanto nos grandes centros o jornal apresenta os fatos de primeira mão, no interior o jornal apenas detalha uma informação que já circula, mas muitas vezes em forma de boato. Assim, sua função passa a ser legitimar, o que exige um caráter mais investigativo e interpretativo.

Os estudiosos Juliana Monteiro de Castro e Darlan Roberto dos Santos levantam uma questão que possibilita afirmar que as duas imprensas se completam.

“O jornal local vem para suprir a falta de informações acerca da região ou cidade onde se insere, apresentado, muitas vezes, uma realidade bem distinta, uma vez que interior e capital não compartilham os mesmos números, opções de lazer, ou mesmos serviços. (...) Se o país discute o aumento de cadeiras nas Câmaras Municipais, cabe à imprensa saber de que forma a nova emenda constitucional irá impactar os cofres da cidade, divulgando valores, mensurando os cortes que serão necessários para que a egrégia possa arcar com seus compromissos, verificando se, de alguma forma, haverá ônus para a comunidade.” (SANTOS e CASTRO, 2013)

1.4. Jornalismo local e Jornalismo comunitário

O periódico do interior é aquele que informa quanto ao cotidiano das escolas da cidade, da segurança do bairro, do campeonato de futebol municipal, do movimento do comércio, dos eventos culturais, policiamento, além de dar destaque a associações e organizações não governamentais. Um espaço destinado a produtores rurais também é muito comum em formatos assim.

Em paralelo ao jornal impresso interiorano existe o jornal comunitário, que, por sua vez, passa a ser mais que um órgão de informação. Segundo Ana Arruda Callado e Maria Ignez Duque Estrada, o jornalismo comunitário é um instrumento de mobilização que estabelece a verdadeira comunicação entre os membros da comunidade, o debate de seus problemas e a participação de todos nas soluções a serem dadas.

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“Uma imprensa comunitária forte é o melhor caminho para a democratização da sociedade. Quando a Unesco propôs, na década de 1970, uma luta em favor de uma nova ordem de informação mundial, visava, entre outras coisas, o fortalecimento da imprensa comunitária. Uma imprensa que ajude a corrigir um pouco a atual situação de distribuição injusta da informação, o quadro de dominação – também no campo da comunicação – do hemisfério norte sobre os países pobres, das regiões urbanas industrializadas sobre as regiões rurais, das grandes empresas sobre as iniciativas de pequenos grupos.” (CALLADO E ESTRADA, p 8, 1986)

Uma atuação vista com frequência hoje nesse tipo de periódico é a de “forçar” o executivo a dar soluções para problemas da comunidade, que nunca, ou quase nunca, estão na pauta da grande imprensa. Devido a esse e a outros fatores, é possível identificar na prática, conforme ainda percebeu Dornelles (2008), que na mídia, algumas das configurações dos jornais comunitários se misturam com as de outros tipos de jornais. Isso acontece principalmente os jornais de bairro, que por sua vez, podem apresentar pontos em comum com os de caráter comunitário, o que acaba por gerar dificuldades de compreensão e de diferenciação entre os processos de produção do jornal comunitário e do jornal de bairro ou local.

“Outro aspecto que contribui para dificultar a distinção entre comunitário e local é o uso indiscriminado o termo ‘comunitário’ por diferentes proprietários ou editores de jornais, como foi o caso do Diário Gaúcho. Muitos jornais (que de comunitário não possuem nada ou quase nada), se autodenominam comunitários, como forma de angariar a imagem de ‘ligado a comunidade’ ou de estar prestando ‘serviços de interesse da comunidade’ e assim obter credibilidade local e consequentemente o apoio em forma de número de leitores e anúncios publicitários.” (DORNELLES. p168. 2008)

No final, o jornal impresso, seja ele comunitário ou apenas interiorano, vem mostrado fortalecimento ainda com as previsões do fim do periódico em papel. Muitas cidades pequenas não possuem condições de sustentar um canal de TV local, uma rádio ou até mesmo portais online. Pessoas de mais idade procuram esse tipo de centro para viver, logo, uma comunicação mais modernizada dificilmente atrairá este tipo de público. Juntando todos esses

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fatos ao de que os grandes meios não satisfazem as necessidades de coberturas locais, forma-se uma condição propícia para a expansão do jornalismo local.

2. O ONLINE E O IMPRESSO SEGUNDO LEITORES

Previsões e mais previsões são feitas acerca do futuro do jornal em meio a novas tecnologias. Datas são estimadas, empresas migram para o online e outras procuram se adaptar as novas plataformas de veiculação da informação. Mas, e partindo da opinião de quem consome a notícia em papel? O fim desse meio é entendido na devida proporção? O que eles acreditam e preferem que seja feito?

2.1 Análise da pesquisa

Para tentar entender quem são as pessoas entrevistadas nesse trabalho, primeiramente foram levantados dados acerca de sexo, idade, renda familiar, escolaridade e cidade. Participaram 78 pessoas sendo 45 do gênero feminino e 33 do gênero masculino. Predominou-se a faixa etária de 20 a 29 anos e 37% dos entrevistados possuem renda familiar bruta de 2 a 4 salários mínimos. Quanto a escolaridade, a maior parte (correspondente a 30%) concluiu o ensino superior.

Tabela 1 – Cidade dos entrevistados

Cidade Quantidade

Iraí de Minas 24

Romaria 13

Araguari 20

Monte Carmelo 21

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Conforme é visto na primeira tabela, os entrevistados são de diversas cidades interioranas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Tais cidades foram escolhidas pela pesquisadora devido a serem pequenas, territorialmente e populacionalmente falando, e por tais características somarem à pesquisa.

2.2 Da proximidade com o online

Tudo o que é tendência, novidade, atrai pessoas. A Internet, além de ser todas essas coisas, ainda traz praticidade, entretenimento, comodismo, educação, tudo em uma mesma ferramenta. Não é de se espantar que sua criação conquistou diversas tribos e faixas etárias. No que se diz respeito a notícia, a web trouxe agilidade na propagação da informação. Com um benefício desses se torna difícil disputar público com a mídia em papel. Pimentel discorre sobre essa afirmação:

“Como a mídia impressa vai competir com esse sistema tão rápido de transmissão de notícia? Não há nenhuma possibilidade. E o custo se torna cada vez mais elevado. O jornal impresso depende da chapa, da tinta, do papel, do barbante, do empacotamento, do transporte. Isso tudo está ficando no passado. O presente é a transmissão da notícia rapidamente, com todas as facilidades, com fotos, gráficos e charges em qualidade excepcional e riqueza de detalhes, além da possibilidade de atingir um público maior.” (PIMENTEL 2011)”

Algumas questões da pesquisa realizada confirmam a estima das pessoas pela rede.

Tabela 2 – Forma como entrevistados usam a Internet

Método Quantidade

Pelo aparelho móvel 35

Wifi de terceiros 13

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Não utilizo 0 Fonte: Dados da pesquisa

É válido ressaltar que a pesquisa de campo foi feita offline a fim de alcançar também pessoas que não tem o hábito de utilizar a Internet, porém, conforme é possível notar na tabela 2, nenhum participante deixa de ter acesso a rede. Nessa opção, mais de uma alternativa poderia ser marcada e a maioria dos entrevistados marcaram duas ferramentas, como o telefone móvel e a Internet via rádio de casa.

Tabela 3 – Forma preferível de consumir notícia dos entrevistados

Método Quantidade

TV 22

Jornais/Revistas 14

Rádio 13

Internet 36

Fonte: Dados da pesquisa

Ainda na questão do favoritismo da Internet, a tabela três mostra que a maior parte prefere consumir notícia online. Em último lugar ficou o rádio, que foi a primeira opção de apenas 13 participantes.

2.3 Quanto ao futuro do impresso

O cinema não acabou com o teatro, a TV não acabou com o rádio, tampouco a Internet acabou com a TV. O mais antigo de todos esses meios foi o impresso e durante o surgimento de cada um desses, temiam pelo fim do jornal. Segundo Vinicius dos Santos, o que se percebe ao longo da história é que o surgimento de novos produtos não decreta necessariamente o fim dos seus antecessores:

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concretizaram? A chave de tudo foram as mudanças. É difícil afirmar que de fato o jornal impresso sobreviverá por mais dez, vinte ou cem anos. O que se entende é que, se ele não se modificar, tentar algo novo, ele sucumbirá. Porque uma concorrência direta com as outras plataformas de comunicação lhe renderia o ostracismo.” (SANTOS, p, 11, 2013)

Mesmo com toda a preferência pelo digital, a resposta da pergunta mais importante no questionário do presente estudo foi intrigante. Quando perguntado sobre a opinião quanto ao fim do jornal impresso, 44 das 78 pessoas acreditam que ele não irá acabar. Nota-se que mesmo optando por consumir notícia online, 56% dos participantes não acreditam no fim do jornal impresso.

A repórter do Jornal Diário de Araguari – Nara Soares, compartilha da mesma opinião e aponta um motivo disso ocorrer:

“Creio que podemos, em futuro próximo, termos um número expressivo de reduções nas mídias impressas, essas podem ser que estarão mais presentes em cidades interioranas. A expansão das mídias eletrônicas (internet) é notável e cresce a cada dia na cultura do cidadão que busca a cada dia mais agilidade e rapidez na informação. Mas é claro que a riqueza de detalhes sempre será mais peculiar nas mídias impressa, por isso acredito que acreditar no fim dos jornais impressos é ainda um equívoco”. (ANEXO I)

3. A CREDIBILIDADE E A GRANDE MÍDIA

A notícia em alguns portais online, muitas vezes não dispõe da confiança que os leitores procuram. Informações são encontradas facilmente, mas grande parte mal produzida e mal apurada. Partindo desse pressuposto, existem leitores que optam pelas notícias veiculadas pela grande mídia e grandes emissoras.

3.1 Confiabilidade da Internet

O meio online, mesmo com toda popularização e evolução, se encontra, na maioria das vezes, em um patamar de qualidade bem abaixo do que os materiais impressos. Isso acontece porque qualquer um pode escrever, pode

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ser um pouco jornalista, mas para a maioria ainda falta o mínimo talento e/ou conhecimento para produzir algum material de qualidade.

Tabela 4 – Opinião dos entrevistados quanto à veracidade de notícias da web

Pessoas Quantidade

Acreditam em tudo que lê na Internet 0 Não acreditam em tudo que lê na

Internet 78

Fonte: Dados da pesquisa

A tabela 4 comprova que os leitores notam essa diferença, uma vez que 100% dos entrevistados diz não acreditar em tudo que lê na Internet. Porém, é perceptível que existe uma distorção. As pessoas não confiam na web, mas ainda assim continuam consumindo suas matérias. Uma hipótese disso acontecer seria devido ao custo reduzido ou inexistente.

A credibilidade aparece como um fator de afirmação do jornal impresso. O público que deseja informação de qualidade continua recorrendo as plataformas impressas ou aos meios digitais abastecidos pelos produtores delas.

3.2 Imparcialidade na grande mídia

A imparcialidade é muito mais do que uma virtude no jornalismo. Ela é condição fundamental para que o leitor ou telespectador acredite ou não em uma informação. Entretanto, muito se fala, principalmente no quesito político, sobre a parcialidade midiática e mídia tendenciosa. Acreditam até que a parcialidade da grande mídia ameaça a democracia brasileira.

O professor Dennis de Oliveira, chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP) avalia3 que alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja e a Rede Globo, demonstraram um engajamento claro na defesa do impeachment de Dilma Roussef. Segundo ele, em alguns momentos, esses veículos transformaram 3 Disponível em 18/06/2018: <http://br.rfi.fr/brasil/20160429-parcialidade-da-grande-imprensa-ameaca-democracia-brasileira-dizem-especialistas-0

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seu jornalismo em “verdadeiros panfletos”.

O proprietário do Jornal Voz do Triângulo – Valter Pamplona – não só concorda com o segmento como aponta a web como solução da parcialidade midiática:

“Eu vou mais além. A grande mídia de hoje é manipuladora. Ela infelizmente manipula os brasileiros. Tanto é que o Brasil se encontra hoje nessa situação que está. O país está em crise devido a manipulação da mídia nacional. Então a web vem para acabar com esse monopólio das grandes emissoras de rádio e tv. A grande bola da vez é a mídia digital.” (ANEXO II)

Levantada essa questão, a web se mostra mais imparcial devido à facilidade das pessoas acessarem tal meio e se manifestar através dele. A Internet abrange todo e qualquer tipo de opinião. Dessa forma, ela passa a ter um fator favorável pela visão democrática e desfavorável pela questão da credibilidade. Trazer um jornalismo de qualidade, impedindo ao máximo que informações sejam veiculadas apenas em redes sociais e veículos informais, pode ser uma grande chave. Como aponta Erga Pfizer:

“Por mais que a maioria esmagadora dos veículos tradicionais transmita uma única visão, a principal fonte da população é a internet. A tendência é que cada vez mais a imprensa se torne uma espécie de chancela de credibilidade para as notícias que o público já ficou sabendo por meio das redes sociais, que chegam muito mais rapidamente. O problema é que é necessária legitimidade para ceder essa chancela. E essa legitimidade se constrói com jornalismo de qualidade (...).” (PFIZER, 2016)

CONCLUSÃO

Através da pesquisa realizada pode-se perceber e concluir que, por mais que seja de bastante relevância o assunto, é difícil ainda chegar a uma resposta irredutível do tema. Afirmar e datar o fim do veículo que - como confirmado em pesquisa - gera mais credibilidade, seria equívoco, ainda com a queda de sua popularidade atualmente. São muitas as possibilidades levantadas e várias delas polemizando diferentes perspectivas. Edgard

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Melech apontam três hipóteses:

“A primeira hipótese é a de que jornais podem adotar essas novas tecnologias sem abandonar a versão impressa, adaptando conteúdos (impresso e online) aos seus públicos. A segunda hipóteses apresenta o caminho dos tablets digitais específicos para recepção de jornais e revistas, que mantém a estética tradicional para os leitores acostumados a esses produtos. A terceira hipótese vai em direção a um novo e totalmente diferente conceito, que obriga o jornal a integrar-se aos padrões visuais e estéticos das mídias sociais, como Twitter, Facebook, blogs e sites de informação, eliminando assim qualquer vestígio dos padrões e formatos que historicamente marcaram a imprensa”. (MELECH, p.7. 2012)

Visto que a presente pesquisa teve como intuito agregar conhecimento no âmbito do futuro do jornalismo impresso, para que assim possa se ter um melhor entendimento e visão de uma área promissora para futuros jornalistas, pode-se concluir por hora que o impresso não morrerá, pelo menos não em um curto prazo. As mudanças, que redações já estão realizando, serão responsáveis por sustentar tudo como está. Um produto impresso bem trabalhado, com matérias bem apuradas e de qualidade, priorizando a região, com formato mais dinâmico e não desconsiderando as mídias digitais, sobreviverá e contribuirá com a história por mais algum tempo. E como Steve Johnson defende “não é o futuro da indústria da notícia, ou o negócio do jornal impresso, mas o futuro da notícia em si” (JOHNSON, 2008).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTÔNIO, Marco. As dificuldades dos jornais impressos. 2012. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-dificuldades-dos-jornais-impressos>. Acesso em: 18/06/2018

CALLADO, A. A; ESTRADA. M. I. D. Como se faz um jornal comunitário. 2ª edição. Petrópolis. Editora Vozes. 1986.

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interfaces com jornais comunitários. 2008. Artigo. PUCRS.

DORNELLES, Beatriz. Jornalismo comunitário em cidades do interior. Editora Sagra Luzzato, 2004.

DORNELLES, Beatriz. Mídia, Imprensa e as Novas Tecnologias. Editora Doravante, 2002.

FRANCO, Daniella. Parcialidade da grande imprensa ameaça democracia brasileira, dizem especialistas. 2016. Disponível em:

<http://br.rfi.fr/brasil/20160429-parcialidade-da-grande-imprensa-ameaca-democracia-brasileira-dizem-especialistas-0>. Acesso em: 18/06/2018

LAGE, Nilson. Ideologia e técnica da notícia. 4ª ed. rev. e ampl. Florianópolis: Insular, 2012. Série Jornalismo a Rigor, Vol. 5.

MELECH, Edgard. Diários sem papel: O presente e o futuro do jornalismo impresso sob o impacto das novas tecnologias. 2011. 10f. Artigo. Unicentro/Paraná.

MELO, Isabelle de Anchieta. Imprensa no Interior – Um jornalismo de

proximidade. 2013. Disponível em: <

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp? cod=427DAC005>.Acesso em 18/06/2018.

PFIZER, Erga. A parcialidade da mídia em tempos modernos. 2016. Disponível em:<https://ergapfizer.jusbrasil.com.br/artigos/404765252/a-parcialidade-da-midia-em-tempos-modernos>. Acesso em: 18/06/2018.

PIMENTEL, Paulo. Jornal “O Estado do Paraná” será lido somente na internet. 2011. Disponível em: <http://www.pautasjp.com/noticia.php? nid=1794>. Acesso em: 18/06/2018.

SANTOS, D.R.dos; CASTRO, J. M de. Jornalismo do Interior: Características, estigmas e seu papel na sociedade. 2013. Artigo. 11f. Faculdade Santa Rita/Minas Gerais.

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