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ECLI:PT:TRL:2013: TBCSC.A

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ECLI:PT:TRL:2013:2537.10.4TBCSC.A.6.04

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRL:2013:2537.10.4TBCSC.A.6.04

Relator Nº do Documento

Fernanda Isabel Pereira rl

Apenso Data do Acordão

16/05/2013

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso

Público

Meio Processual Decisão

Apelação procedente

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores

(2)

Sumário:

I - A convenção de domicílio para efeitos de notificação do requerimento de injunção por via postal simples há-de constar de contrato reduzido a escrito, nos termos do disposto nº 1 do artigo 2º do DL nº 269/98, de 1 de Setembro, na redacção dada pelo DL nº 303/2007, de 24 de Agosto, aplicável por força do disposto no artigo 1º-A do Regime de Procedimentos Anexo.

II - A mera menção de existência de domicílio convencionado feita pelo requerente no requerimento de injunção, não existindo convenção escrita, é irrelevante.

III - Impondo-se, neste caso, a notificação por carta registada com aviso de recepção, em

conformidade com o estatuído no artigo 12º do Regime de Procedimentos Anexo ao DL nº 269/98, e com observância, com as devidas adaptações, do disposto nos artigos 232º e 236º nºs 2 a 5 do Código de Processo Civil, sob pena de nulidade da notificação.

(FIP)

Decisão Integral:

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa: 1. Relatório:

Maria deduziu, por apenso à execução para pagamento de quantia certa que lhe foi movida no Tribunal Judicial de Cascais, oposição contra P – A, D e P, Crl, alegando, em síntese, que não foi notificada do requerimento de injunção a que foi aposta fórmula executiva e que serve de título executivo e invocando a sua ilegitimidade por não ter celebrado qualquer contrato com a exequente.

Pediu a extinção da instância executiva e a condenação da exequente como litigante de má-fé. Contestou a exequente, pugnando pela improcedência da oposição deduzida e requerendo, por sua vez, a condenação da executada como litigante de má-fé.

Foi proferido despacho saneador, no qual se afirmou a legitimidade processual da opoente. Realizou-se a audiência de discussão e julgamento, tendo sido proferida sentença que julgou a oposição improcedente.

Inconformada, apelou a opoente.

Alegou e formulou as seguintes conclusões:

a) a ausência de elementos no processo que permitam aferir, de forma indelével, a citação da ora recorrente para os termos da injunção subjacente ao desencadear da execução a que a mesma se opôs determina, à luz do art. 198º, nº 1, do Cod. Proc. Civil, que não se possa considerar a mesma citada, coincidindo a dedução de oposição com a sua primeira intervenção processual;

b) tal como decorreu do depoimento da testemunha Carla, cuja ponderação tem de ser efectuada à luz dos documentos demonstrativos da citação, os quais inexistem;

c) sendo que o suprimento da sua falta determinava que fosse lançada mão do dispositivo

processual decorrente da consagração do princípio do inquisitório, previsto pelo art. 265º do Cod. Proc. Civil;

d) a falta dos elementos formais a que alude o art. 233º do Cod. Proc. Civil não pode ser

aproveitada em prejuízo de quem invoca a falta de citação, desde logo por aplicação do disposto nos arts. 342º a 344º do Cod. Civil.

e) tanto mais que os autos evidenciam a inexistência de legitimidade da aqui recorrente para ser accionada em relação à dívida reclamada, pois que a mesma nunca contratou com a exequente; f) A sentença recorrida, salvo melhor opinião, violou os comandos legais invocados nas presentes

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Rua Mouzinho da Silveira, n.º 10 | 1269-273 Lisboa Telefone: 213 220 020 | Fax: 213 47 4918 http://www.csm.org.pt | csm@csm.org.pt

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conclusões de recurso.

Termos em que deve o presente recurso ser julgado procedente, revogando-se a sentença recorrida, com as legais consequências.

Não houve contra-alegação.

Sem precedência de vistos, cumpre decidir. 2. Fundamentos:

2.1. De facto:

Na 1ª instância julgaram-se provados os seguintes factos:

1. A exequente, entre outros, presta serviços de fiscalização de trabalhos de construção civil; 2. A exequente é portadora de um requerimento de injunção, ao qual foi aposta fórmula executória, cujo valor ascende a € 17 125,34, montante este que a executada não pagou;

3 A executada negociou trabalhos, preços, condições de pagamento, etc. com a exequente em nome da empresa N, Lda.

Para a decisão do presente recurso e com base nos documentos existentes nos autos importa ainda considerar assente, ao abrigo do disposto nos artigos 713º nº 2 e 659º nº 3 do Código de Processo Civil, a seguinte facticidade:

4. No requerimento de injunção a que coube o nº 303682/09.5YIPRT, cuja cópia está junta a fls. 8, a exequente, ali requerente, indicou existir domicílio convencionado.

5. Nesse processo procedeu-se à notificação da opoente pela via postal simples, tendo o respectivo distribuidor postal assinalado no mesmo: “Depositei no Receptáculo Postal Domiciliário da morada acima indicada”, conforme consta da cópia de fls. 75.

2.2. De direito:

Delimitado o objecto do recurso pelas conclusões da alegação da recorrente, colocam-se como questões a apreciar saber se a opoente foi devidamente notificada para deduzir oposição ao processo de injunção em cujo requerimento foi aposta a fórmula executória e que constitui o título executivo e, bem assim, se a mesma carece de legitimidade para ser demandada em relação à dívida accionada.

O processo de injunção rege-se pelo DL nº 269/98, de 1 de Setembro, com as alterações

introduzidas pelo DL nº 303/2007, de 24 de Agosto, e pelo Regime dos Procedimentos a que se refere o artigo 1º daquele Diploma Preambular Anexo ao mesmo.

De acordo com o estabelecido nos artigos 12º e 14º do Anexo ao Diploma Preambular referido, ao requerimento de injunção, que é notificado ao requerido para pagar ao requerente a quantia

peticionada ou deduzir oposição, será aposta fórmula executória caso o requerido, devidamente notificado, não deduza oposição, constituindo então tal requerimento título executivo.

Nos termos do disposto no citado artigo 12º, nºs 1 a 4, a notificação ao requerido faz-se por carta registada com aviso de recepção, sendo-lhe aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos artigos 231º e 232º, 236º nºs 2 a 5 e 237º do Código de Processo Civil.

Se esta notificação se frustrar, procede-se à notificação por via postal simples dirigida para o local para o qual se endereçou aquela carta se for obtida oficiosamente pela secretaria informação que confirme ser aquele local a residência ou o local de trabalho do requerido, tratando-se este de pessoa singular. Após, por remissão do nº 4 do artigo 12º, aplicar-se-á o estabelecido nos nºs 2 a 4 do artigo 12º-A do referido Anexo ao Diploma Preambular, preceito que regula a notificação nos casos de domicílio convencionado, procedendo o distribuidor do serviço postal ao depósito da notificação enviada na caixa do correio do notificando.

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desde logo, por via postal simples, em conformidade com o disposto no artigo 12º-A, como se existisse domicílio convencionado.

Tal notificação, menos solene, justifica-se pela circunstância de as partes terem previamente

estabelecido no contrato o domicílio a considerar para citação ou notificação em caso de litígio, não podendo utilizar-se fora das circunstâncias para que foi legalmente prevista.

Assim, na ausência de estipulação contratual de domicílio terá de ser observada a notificação por carta registada com aviso de recepção, por paralelismo com tal modalidade de citação pessoal prevista no artigo 233º do Código de Processo Civil, mais garantística quando se trata de chamar pela primeira vez a parte a juízo.

Volvendo ao caso em apreço, verifica-se que foi utilizada a modalidade de notificação prevista para as situações em que existe domicílio convencionado, tendo sido omitido o envio de carta registada com aviso de recepção.

Defende a recorrida que a opoente foi correctamente notificada, uma vez que foi assinalada no requerimento de injunção a existência de convenção de domicilio.

Tal declaração por parte da exequente, ali requerente, não é, porém, bastante, como se compreende, sob pena se deixar o requerido à mercê das declarações que o requerente da

injunção fizer com o risco de preterição de formalidades essenciais na primeira convocação que lhe é feita e de lhe ser indevidamente aplicado o cominatório previsto no artigo 14º, consubstanciado na aposição da fórmula executória, com a consequente formação de um título executivo que permitirá a realização coactiva da prestação sem, no entanto, possibilitar ao requerido, na posição de executado, a discussão das questões que poderia ter suscitado em sua defesa no âmbito da oposição ao requerimento de injunção (cfr. artigo 814º do Código de Processo Civil, na redacção dada pelo DL nº 226/2008, de 20 de Novembro).

Assim, estabelece o nº 1 do artigo 2º do citado Diploma Preambular, aplicável por força do disposto no artigo 1º-A do Anexo àquele mesmo diploma, que as partes podem convencionar nos contratos reduzidos a escrito que sejam susceptíveis de desencadear os procedimentos destinados a exigir o cumprimento de obrigações pecuniárias, como é a injunção, o local onde se consideram

domiciliadas, para efeitos de realização da citação ou notificação, em caso de litígio.

Quer isto significar que a convenção de domicílio para efeitos de notificação do requerimento de injunção por via postal simples há-de constar de contrato reduzido a escrito, o que,

manifestamente, não resulta dos autos, não tendo a exequente alegado sequer a redução a escrito do contrato de prestação de serviço que integra a causa de pedir, pelo que a mera menção de existência de domicilio convencionado no requerimento de injunção é, no caso vertente, irrelevante. Logo, não podia ter sido utilizada tal modalidade de notificação, impondo-se a notificação por carta registada com aviso de recepção em conformidade com o estatuído no artigo 12º e com

observância, com as devidas adaptações, do disposto nos artigos 232º e 236º nºs 2 a 5 do Código de Processo Civil.

Não foram, assim, observadas, no caso, as formalidades prescritas na lei para a realização da notificação do requerimento de injunção, pelo que tal notificação é nula, nos termos do disposto no artigo 198º nºs 1 e 4 do Código de Processo Civil, uma vez que a falta cometida é susceptível de prejudicar a defesa da recorrente.

Na verdade, ficou vedado à opoente invocar na oposição à execução os fundamentos que poderia ter alegado no processo de injunção em sua defesa (artigos 814º e 815º do citado código, ambos na redacção dada pelo DL nº 226/2008, de 20 de Novembro).

A nulidade da notificação para a injunção, quando o requerido não tenha intervindo no processo,

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como sucedeu com a requerida, ora opoente, constitui fundamento de oposição à execução, de acordo com o estabelecido no artigo 814º nº 1 al. d) e nº 2 do Código de Processo Civil, e

determina a anulação de todos os termos subsequentes ao requerimento de injunção, salvando-se apenas este, conduzindo à extinção da instância executiva (artigos 201º nº2 do referido Código). A procedência do recurso relativamente a esta questão prejudica o conhecimento da relativa à legitimidade da opoente para ser demandada em relação à dívida accionada (artigo 660º nº 2 do Código de Processo Civil).

Concluindo:

I - A convenção de domicílio para efeitos de notificação do requerimento de injunção por via postal simples há-de constar de contrato reduzido a escrito, nos termos do disposto nº 1 do artigo 2º do DL nº 269/98, de 1 de Setembro, na redacção dada pelo DL nº 303/2007, de 24 de Agosto, aplicável por força do disposto no artigo 1º-A do Regime de Procedimentos Anexo.

II - A mera menção de existência de domicilio convencionado feita pelo requerente no requerimento de injunção, não existindo convenção escrita, é irrelevante.

III - Impondo-se, neste caso, a notificação por carta registada com aviso de recepção, em

conformidade com o estatuído no artigo 12º do Regime de Procedimentos Anexo ao DL nº 269/98, e com observância, com as devidas adaptações, do disposto nos artigos 232º e 236º nºs 2 a 5 do Código de Processo Civil, sob pena de nulidade da notificação.

3. Decisão:

Em face do exposto, acordam os Juízes do Tribunal da Relação de Lisboa em julgar procedente a apelação e, consequentemente, julgam nula a notificação do requerimento de injunção à recorrente Maria, anulando todos os termos subsequentes àquele requerimento e julgando extinta a instância executiva.

Custas nas duas instâncias pela recorrida. Lisboa, 16 de Maio de 2013

(Fernanda Isabel Pereira) (Maria Manuela Gomes) (Olindo dos Santos Geraldes)

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