Pneumonia Adquirida na Comunidade
(PAC)
Valdes Roberto Bollela
Divisão de Moléstias Infecciosas
Conceito
• Pneumonia é uma doença inflamatória que
acomete as porções distais do pulmão (vias aéreas
terminais, alvéolos e interstício)
• Classificações possíveis:
– Local de aquisição
– Tempo de evolução
– Tipo de comprometimento
– Agentes etiológico
Classificação
• Local de aquisição
• Tempo de evolução
• Característica do velamento
ou padrão radiológico
• Tipo de pneumonia
• Etiologia
• Comunidade e Hospitalar
• Aguda, Subaguda e Crônica
• Infiltrado lobar, intersticial,
broncopneumonia, derrame
pleural e abscesso
Introdução
• Foco desta Aula:
– Pneumonias bacterianas e virais
• Tenha origem na comunidade
Pulmão normal
Introdução
• Pneumonia adquirida na comunidade (PAC):
– Doença adquirida fora do ambiente hospitalar ou de
unidades especiais de atenção à saúde:
• Morador de asilos ou casas de saúde • Terapia EV domiciliar (inclusive ATB) • Em quimioterapia prévia ou em diálise • Escaras nos 30 dias anteriores ao quadro • Internação prévia nos últimos 90 dias
– Aquela que se manifesta em até 48 horas da admissão
na unidade assistencial
Epidemiologia
• Pneumonia no Brasil:
– Dimensão do problema:
• 733.209 internações (SIH–SUS)
– 1
ªcausa internação
(depois de partos)– Tendência observada no Brasil:
• número de internações
• mortalidade entre os internados
– Envelhecimento da população – Gravidade
Epidemiologia
• Mortalidade - Brasil
– Coeficiente de mortalidade
• Varia com a faixa etária
–20 óbitos/100.000 habitantes
(geral)–10/100.000
(5 a 49 anos)Fisiopatogenia
• Hospedeiro
– Mecanismos de defesa
• Anatomia das vias aéreas superiores – Fatores aerodinâmicos
» Estrutura tubulo alveolar bifurcada » Progressivamente estreito
• Barreiras físicas • Tosse
Fisiopatogenia
• Hospedeiro
– Mecanismos de defesa
• Muco
– Lubrificação e umidificação
– Armadilha para partículas e mo • Células ciliares do epitélio
respiratório
– Transporta muco rumo a faringe
– Remove partículas aderidas ao muco – Adesão de partículas e mo
Fisiopatogenia
• Hospedeiro
– Mecanismos de defesa
• Imunidade inata
– Lisozima; lactoferrina; 1- antitripsina – Surfactante lipoproteínas
– Complemento
– Fagócitos alveolares » M, PMN, APC
Fisiopatogenia
• Hospedeiro
– Mecanismos de defesa
• Imunidade adquirida
– Mediada por anticorpos (Ig) – Mediada por células
» Linfócitos • CD4+ • CD8+
Fisiopatogenia
• Fatores sistêmico que defesa do hospedeiro
– HIV
– Imunosupressores
– Neoplasias
– Diabetes
Diagnóstico
• Doença aguda
– Tosse (+) • Expectoração • Dispnéia • Dor torácica– Manifestações sistêmicas da infecção • Febre
• Calafrios, mialgia, sudorese, cefaléia, confusão
Diagnóstico
• Síndromes Pulmonares
– Sd Condensação • Inspeção: Expansibilidades • Palpação: Expansibilidade FTV • Percussão: Submacicez/macicez • Ausculta: Respiração brônquicaSopro tubário
Broncofonia ou egofonia Estertores finos
Diagnóstico Sindrômico
Exames Complementares
Diagnóstico Complementar
• Exame Radiológico (FUNDAMENTAL)
– Tórax PA + P
• Diagnóstico
• Avaliação de gravidade e complicações
• Pode sugerir etiologias alternativas (Abscesso, TB, derrame)
• Avaliar resposta terapêutica
– Identificar padrões
• Lobar, broncopneumônico e intersticial • Limitado para identificaçação etiológica
Diagnóstico
• Doença aguda do trato respiratório inferior
– Clínica (+)
Diagnóstico
Diagnóstico
Diagnóstico Complementar
• Exame Radiológico (
LIMITAÇÕES
)
– Tórax
• Tem grande variação intra- e inter- observadores • 30% de falsos negativos
• Frequentes falsos positivos – Asma
– TEP
– Atelectasia – Vasculite
– Neoplasia, etc.
• Apesar das limitações do Raio X...
– Consolidação Lobar • Bactérias piogênicas – Padrão intersticial • PCP • Mycoplasma • Vírus – Cavitações • TB • S. aureus e anaeróbiosDiagnóstico Complementar
Diagnóstico Complementar
• Exame Radiológico
– Tomografia de tórax
• Dúvida da existência de infiltrado
• Quadros clínicos exuberantes e RX normal
• Diferenciar infiltrado pneumônico de massas pulmonares
– Ultrassom
• Derrames pleurais pequenos • Guiar punção
Diagnóstico Complementar
• Pulso oximetria(POx)
– Considerar parte dos sinais vitais (antes do 0
2)
• Se Pox < 90%, indicar gasometria em ar ambiente
• Presença de hipoxemia indica
– Uso de O
2Diagnóstico Complementar
• Hemograma
– Baixa sensibilidade
• Leucopenia = gravidade
•
uréia (> 65mg/dl) = gravidade
• Eletrólitos, glicemia , creatinina e enzimas hepáticas
– Auxiliam na identificação de doenças associadas
• Proteína C Reativa
Diagnóstico Etiológico
• Exame direto (Gram) e Cultura de escarro
– Admissão na UTI
(entubado)**– Infiltrado cavitário
(pesquisar TB - BAAR)– Alcoolismo
– Derrame pleural
Mandell LA, et al. Clin Infect Dis. 2012
Diagnóstico Etiológico
• Hemocultura (indicações):
– Admissão na UTI (
PAC grave)Mandell LA, et al. Clin Infect Dis. 2012
• Na PAC raramente será necessário investir no
diagnóstico etiológico.
• O tratamento será sempre feito a partir do diagnóstico
clínico e radiológico
• O tratamento será guiado para cobertura os patógenos
mais comuns
• Decisão IMPORTANTE é: Onde o paciente será tratado?
Escore de Gravidade
• Escores de gravidade são importantes para avaliar
prognóstico
– Mortalidade em 30 dias
– Importante para definir sobre tratamento ambulatorial ou internação
• Escores
– PSI (índice de gravidade de pneumonia)
– CURB-65 (escore de gravidade da BTS)
Classificação da Gravidade
Classificação da Gravidade
Classificação da Gravidade
• CURB-65
– Confusão mental
– Uréia > 50 mg/dL
– FR 30 ipm
– PAS < 90 mmHg
– PAD 60 mmHg
– Idade 65 anos
Diretrizes Brasileiras para PAC-AI J Bras Pneumol. 2009
C
onfusion
1pt
U
rea
1pt
R
espiratory rate
1pt
B
lood pressure
1pt
Classificação da Gravidade
Diretrizes Brasileiras para PAC-AI J Bras Pneumol. 2009
Classificação da Gravidade
Diretrizes Brasileiras para PAC-AI J Bras Pneumol. 2009
Classificação da Gravidade
• CURB-65 (
Limitações
)
– Não inclui doenças associadas
• Alcoolismo • Neoplasias • ICC
• Insuficência hepática
Classificação da Gravidade
• SBP –
RECOMENDAÇÃO da Diretriz 2009
– Utilizar o CRB-65 +:
• Extensão radiológica
• Saturação de oxigenio (POX)
• Fatores sociais e econômicos
• Viabilidade do uso do ATB oral
PAC – Etiologia Presumida
• Patógenos mais comuns:
– Ambulatorial (quadros leves)
• Streptococcus pneumoniae
• Mycoplasma pneumoniae
• Chlamydia pneumoniae
• Vírus respiratórios
(H1N1 e SARS-CoV-2)Agentes Etiológicos
• Patógenos mais comuns:
– Internado (não em UTI)
• Streptococcus pneumoniae
• M. Pneumoniae
• C. Pneumoniae
• Vírus respiratórios
(H1N1
eSARS-CoV-2
)• Legionella sp.
Agentes Etiológicos
• Patógenos mais comuns:
– Internados em UTI (quadros graves)
• Streptococcus pneumoniae • Bacilos Gram-negativos • H. Influenzae • Legionella sp.• S. aureus
• Influenzae (H1N1
eSARS-CoV-2
)Tratamento
Empírico
Guiar Terapêutica para
Patógenos + prevalentes
Diretrizes Brasileiras para PAC-AI J Bras Pneumol. 2009
Tratamento Empírico
• Macrolídeos: Azitromicina (3 a 4 d); claritromicina (7 d) • Beta lactâmico: Amoxicilina (7 dias)
• Quinolona: levofloxacina; moxifloxacina (7 dias)
Tratamento
• Beta lactâmico*: Piperacilina/tazobactan, cefepime
• Quinolona**: levofloxacina; (750mg) ou ciprofloxacina
Prevenção
• Vacina anti-influenza
– Indicada:
• Adultos > 50 anos
• Portadores de doenças crônicas • Imunossuprimidos
• Doças neuromusculares (comprometem pulmão) • Gestantes
• Institucionalizados
• Cuidadores de pacientes de risco • Profissionais de saúde
Prevenção
• Vacina anti pneumocócica
– Indicação:
• Idade 65 anos
• Entre 2 e 64 anos portadores de:
– DPOC, DM, Alcoolismo, hepatopatia crônica – Esplenectomizados, fístula liquórica
• Imunocomprometidos
– AIDS, IRC, hepatopata, neoplasias, corticóide , Tx • Institucionalizados
Resumão - PACs
• Epidemiologia
• Fisiopatogenia
• Apresentação Clínica Diagnóstico Sd
• Investigação complementar
• Gravidade – CURB-65 plus
• Diagnóstico presumido DD: Vírus e Bactérias
• Tratamento e Prevenção
Caso Clínico 1
Homem, 34 anos, sem doença prévia conhecida procurou a o Centro de Saúde
Escola da Cuiabá porque está apresentando febre diária, de até 39oC, há 5 dias.
Paciente refere que há 5 dias tem tido tosse, de início seca e agora com
expectoração amarelada. Refere falta de ar leve a moderada aos esforços e indisposição geral.
EXAME FÍSICO:
Bom estado geral, conciente, orientado e eupneico (FR= 18ipm)
Temp= 38,6oC. PA: 126x72 mmHg. FC= 96 bpm.
À ausculta torácica revelou estertores crepitantes em campo inferior direito e egofonia na mesma região.
Caso Clínico 1
• Em relação ao caso pergunta-se:
– Qual é a principal hipótese diagnóstica para este
caso?
– Quais são os agentes etiológicos mais importantes,
relacionados a este tipo de quadro?
– Como deve ser feito manejo deste caso
(Investigação complementar e tratamento)
Caso Clínico 2
• IDENTIFICAÇÃO: Mulher, 25 anos, mulata, natural de São José do Rio Preto-SP, e procedente de Ribeirão Preto-SP, amasiada, dona de casa. • QUEIXA E DURAÇÃO: Febre e cefaleia há 3 dias
• HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL:
Paciente iniciou quadro de cefaleia occipital, mialgia generalizada e
anorexia há 3 dias.
Relata quadro de tosse há um dia com dispnéia e dor torácica
ventilatório dependente à direita.
Refere expectoração e catarro com hemoptoico em unidade básica de
saúde (UBS) no dia desse atendimento, episódio único.
Nega outras queixas
Caso Clínico 2
• EXAME FÍSICO:
• Regular estado geral, consciente, hipocorada 1+/4+, hidratada, anictérica, acianótica e afebril Ausência de adenomegalias
• Respiratório: Murmúrios vesiculares presentes com diminuição e
crepitações em base direita, FR=32 incursões por minuto, Saturação
de O2=97% - 2 L oxigenio
• Cardio: Ritmo cardíaco regular, em dois tempos, bulhas
normofonéticas, sem sopro, FC=110 batimentos por minuto (bpm),
PA=95x56 mmHg, tempo de enchimento capilar = <3 segundos
• Abdome: Presença de ruídos hidroaéreos normoativos, plano, ausência de massas,
Caso Clínico 2
• Em relação ao caso pergunta-se:
– Qual é a principal hipótese diagnóstica para este
caso?
– Quais são os agentes etiológicos mais importantes,
relacionados a este tipo de quadro?
– Como deve ser feito manejo deste caso
(Investigação e tratamento)
Caso Clínico 2
Resultado Valores Normais
Hb 12,5 12,0-15,5 g/dL Ht 38 35-45% GB 21.600 B 19% N 70% E 0% L 11% Plaquetas 258.000 150-450 103/ µL Hemograma:
Caso Clínico 2
Hemograma: Ureia 21 15-50 mg/dL Creatinina 0,57 0,7- 1,6 mg/dL Proteina C reativa 27,6 Nl < 0,5mg/dL Sódio 132 135-145mMol/L Potássio 3,3 3,5-5,0mMol/L Lactato 1,5 0,5-2,0mMol/L pH 7,41 7,35-7,45 pO2 74,3 75-100 HCO3- 19,2 Excesso de base -4,7 -3 a +3 SatO2 94,7%Caso Clínico 3
Admissão Unidade de Emergência 23/12/2012
AS, 34 anos, natural e procedente de Ribeirão Preto - SP, pedreiro. • QUEIXA E DURAÇÃO: Cefaléia e mal-estar há 6 dias.
• HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL:
Paciente refere cefaleia frontal há 6 dias associado a dor de
garganta e febre. Fez uso de Dipirona e Paracetamol, sem melhora
e evoluiu com. dispneia e dor ventilatório dependente há 3 dias Relata epigastralgia desde o inicio do quadro. Nega: tosse,
expectoração, dispneia, queixas álgicas, alterações urinarias ou intestinais. Refere dor intensa região de abdome e tórax à direita. Realizou Rx em UBS que estava alterado e foi encaminhado para o hospital.
Caso Clínico 3
• Admissão Unidade de Emergência 23/12/2012
EXAME FÍSICO:
• Bom estado geral, corado, hidratado, febril (38,2oC), acianótico,
anictérico, dispneico, lúcido e orientado.
• Aparelho Respiratório: Murmúrio Vesicular presente em hemitórax esquerdo e diminuído em 1/3 médio hemitórax
direito, abolido na base D, sem Ruídos Adventícios.
FR=26 ipm, sem tiragem intercostal ou retrações de fúrcula. Sat O2=98% em Ar Ambiente.
• Aparelho Cardiovascular: 2 Bulhas Ritmicas Normofonéticas, Ritmo Regular, sem sopros. Frequência Cardíaca 98 bpm
Hb 12-15.5 G/dl 13,1 segmentados % 80,3 Ht 35/45% 39 eosinofilos % 1,1 150-450 PLQ mmx3 246 basofilos % 0,1 GB 3,5 - 10,5 10.900 linfócitos % 10,8 monocitos % 7,7
Morfologia GV sem alt
Caso Clínico 3
Caso Clínico 3
• Em relação ao caso pergunta-se:
– Qual é a principal hipótese diagnóstica para este
caso?
– Quais são os agentes etiológicos mais importantes,
relacionados a este tipo de quadro?
– Como deve ser feito manejo deste caso
(Investigação complementar e tratamento)
Caso Clínico 3
Líquido pleural:
Células 1500 cel/mm3 – predomínio neutrófilos
Proteina: 5,3 LDH: 1.816 pH: 7,10
Caso Clínico 3
Cultura do líquido
pleural Cocos Gram Positivos após 3h24min
Importante: PAC Grave e Insuf. resp.
• 4 causas importantes para serem lembradas:
– PAC grave bacteriana
– H1N1 (SRAG)
– Hantavirose
– Pneumocistose se paciente for HIV+
– Covid-19
Caso 4
• Paciente com quadro de febre, coriza, tosse produtiva, astenia e dispneia progressiva há 7 dias.
• Há 1 dia da internação houve piora significativa da dispneia. • Paciente procurou o serviço de saúde sendo diagnosticado
insuficiência respiratória e iniciado oxigenioterapia, porém mesmo com máscara de alto fluxo a 15L/min apresentava saturação de oxigênio 78% e houve a necessidade de IOT.
• Chegou na UE as 16h00, trazido pelo SAMU, com suspeita de H1N1.
Caso 5 - Pneumocistose
Caso Clínico 5
• EXAMES COMPLEMENTARES:
• Hemograma:
• o GV 4,6; Hb 13,5 ; Ht 41 ;
– GB 6.400 B: 2%; S:69%; E: 2%; L: 24%; M: 3%.• Gasometria Arterial:
pH 7,55; PO
253; PCO
218 ; HCO
321; BE +2,3; Sat 78%
em ar ambiente.
• Creatinina 1,2
Caso 5 - Pneumocistose
GMS
Controle Rx pós trat/o -Pneumocistose
Covid-19
• Vírus RNA: SARS-CoV-2
• Transmissão por via respiratória e contato
• Doença Sistêmica com manifestações localizadas • Idade avançada, Diabetes mellitus e obesidade
• Parece que HIV e/ou uso de TARV – protege das formas graves (sem evidência)
• Espectro Clínico
– 30-40% assintomático • Formas Clínicas
– Leves (IVAS) -30 a 40%
– PAC (moderada-15% a grave 5%)
• Mialgia, mal estar, perda do olfato e do paladar, diarreia – evolução 3 a 7 dias PAC
• Aspecto Radiológico
Covid-19
• Exames complementares:
– Linfopenia
– LDH aumentado
– Prot. C reativa aumentada – Fibrinogênio aumentado – D-dímeros aumentado
Diagnóstico Etiológico
• RT PCR
– Exame de referência• Pesquisa de Antígenos
– Swab naso/orofaringe• Diagnóstico sorológico
– Tem indicações para estudos epidemiológicos e para manejo de casos sintomáticos (Ig total; IgM/IgA ou IgG)
Tratamento
• Casos leves – sintomáticos
• Casos Moderados
– Caracterização:
• FR>25 ipm
• Saturação Oxigenio (POX) < 94% • Dispneia com pouco esforço