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E sabida a natureza pronominal dos adverbios locativos pela gramatica

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(1)

E

sabida a natureza pronominal dos adverbios locativos pela

gra-matica historica; porem, sincronicamente, as gramaticas

tradicio-nais tern encarcerado suas formas na classe adverbial, em qualquer

circunstancia sintagmatica. A visao pancronica da LingUistica v.em

insistindo nessa questao, atraves de alguns trabalhos apoiados em

alguns modelos de descrigao, cujas respostas continuam sustentando

a hipotese, que, em certos sintagmas, as formas de adverbios

loca-tivos sac pronomes. Tendo em vista a nogao de sintagma e paradigma,

nosso trabalho e delimitar as fungoes morfologicas pronominal e

ad-verbial das formas consideradas adverbios locativos nao so pelas

fungoes deitica e anaforica mas tambem pela estrutura do enunciado.

Na classe dos adverbios de lugar apresentada pelas gramaticas

tra-dicionais como CUNHA & CINTRA (1985:530), encontram-se

comparti-mentadas as formas: uabaixo, acima, adiante, ai, alem, a1i, aquem,

aqui, atras, atraves, ca, defronte, dentro, detras, fora, junto,

la, longe, onde, perto, etc.". Algumas gramaticas tradicionais

co-mo BECHARA (1985:153) observam que "0 adverbio, pela sua origem e

significagao, se prende a nomes ou pronomes, havendo, por isso,

adverbios nomlnais e pronominais". Entre os pronominais, menciona

os "demonstrativos": aqui, ai, acola, la, ca. Isso e confirmado

na gramatica historica de CAfMRA (1976:115):

"E

propria dOl.

estru-tura das linguas indo-europeias, em geral, a existencia de

cer-tas formas nominais ou pronominais que trazem urn senti do

sup1e-mentar

a

significagao essencial dOl.comunicagao centrada no verbo".

(2)

CAMARA (op. cit.) explica que eles "destinam-se a situar 0

even-to comunicado no espago ou no tempo em relagao

a

posigao espacial

ou temporal do falantej podemos chama-los, respectivamente, os

adverbios locativos e os adverbios temporais".

BENVENISTE (1976:279), em analise das fungoes deitica e anaforica

no discurso, admite que "essa referencia constante e necessaria

a

instancia de discurso constitui 0 trago que une a ~/tu uma serie

de "indicadores" que pertencem, pela sua forma e pelas aptidoes

cornbinatorias, a classes diferentes - uns pronomes, outros

adver-bios, outros ainda locugoes adverbiais. Para CUNHA & CINTRA (1985:

532), "as locugoes adverbiais formam-se da associagao de uma

pre-posigao com urn sUbstantivo, com um adjetivo ou com um adverbio~.

o

que se nao contrasta com 0 conceito de locugao adverbial de

COUTINHO (1977:264): "Desenvolveu-se muito, em nossa lingua, 0

uso das locugoes adverbiais de modo, constituidas de preposigao

e sUbstantivo, adjetivo ou adverbio".

Em atengao aos conceitos de locugao adverbial pelas gramaticas

tradicional e historica, e de se estranhar com a morfologia que

constitui a locugao adverbial por preposigao e adjetivo ou

ad-verbio. Assim, uma sentenga do tipo

contem uma locugao adverbial por aqui constituida por

preposi-gao e adverbio, de acordo com CUNHA & CINTRA (op. cit.).

Parece que CN1ARA (1976:115) tal como BENVENISTE (op. cit.)

preo-cupado com a fungao deitica dos adverbios locativos, em que ha

(3)

observa nas formas dos adverbios locativos outra fun9ao

mor-fologica: "Todos esses locativos e temporais podem exprimir

tambem, substantivamente, 0 lugar ou 0 momenta indicado". E

exemplifica em:

E

notavel que a posi9ao morfo-sintatica de aqui tanto em (1)

quanto em (2) sao identicas, embora sejam locu90es diferentes:

por aqui e uma locu9ao adverbial e daqui, uma loou9ao adjetiva.

Como sintagma nominal, aqui sucede uma preposi9ao em (1) e em

(2), de modo que sua fun9ao morfologica pode ser univoca.

Em PERINI (1985), recuperamos a dicotomia saussureana

paradig-ma e sintagparadig-ma para resultados taxionomicos na morfologia.

Embo-ra sua proposta se organize na elabora9ao de matrizes de tra90s

para as palavras, PERINI (op. cit.) aplica implicitamente tal

dicotomia nos enunciados Herminia falava alto e *Herminia

fala-va born a fim de distingUir os tra90S morfo-sintaticos de alto

e born.

A partir dessa n09aO de sintagma e paradigma, parece que a

fun-9ao substantiva de aqui apontada por CAMARA (op. cit.) em

enun-ciados do tipo (2) e mais convincente, ja que as locu90es

adje-tivas tern como n6cleo urn substantivo ou pronome, 0 que se ve em:

Considerando que, em Portugues, "todo substantivo comum permite

urn artigo anteposto", 0 que se observa na locu9ao adjetiva da

ci-dade, em (3), e nao se observa na locu9ao adjetiva dela, em (4),

ha de se admitir que

~l,

em (2~ apresenta problemas como

(4)

Devido a heranga latina do pronome demonstrativo latino hic,

mor-ficamente resultante da aglutinagao do latim vulgar accu hic,

man-tendo as fungoes deitica e anaforica, nao e dificil atribuir a

fungao morfologica de pronome demonstrativo para aqui, no

enuncia-do (2). No paradigma de aqui, nem todos os adverbios locativos

saG aceitaveis, a nao ser ai, ali, Ca. dentro, fora, la, longe,

perto, acola, os quais saG tambem pronomes demonstrativos. Isso

vem ampliar a classe dos pronomes demonstrativos nas gramaticas

tradicionais. Porem e preciso saber em que estrutura sintagmatica

esses locativos atuam como demonstrativos. Ocorrem apenas em

10-cugoes adjetivas ou estendem-se a outras locugoes?

Tendo em vista 0 enunciado (1), na locugao adverbial por aqui,

notamos que no paradigma de aqui saG aceitaveis apenas os

loca-tivos acima mencionados. Alem dessa comutagao restrita com aqui,

tal como acontece em (2), na locugao adjetiva, parece haver uma

redundancia morfologi~ no conceito classificatorio da

gramati-ca tradicional em por aqui, no enunciado (1): uma locugao

adver-bial constituida de preposigao e adverbio. Se aceitarmos como

hipotese que a estrutura morfologica da locugao adverbial e igual

a

estrutura da locugao adjetiva, contendo inicialmente uma

pve-posigao e como nucleo urn substantivo ou urn pronome, e provavel

que aqu! assim como os outros locativos comutaveis em seu

para-digma sejam pronomes demonstrativos.

Ha duas circunstancias que levam as gramaticas tradicionais

a

redundancia na classificagao morfologica de certas locugoes

ad-verbais como por aqui, em (1): as regencias verbais e a

forma-lizagao compartimentada dos adverbios locativos. Os estudos

so-bre regencia verbal tern trazido a nogao de que a preposigao e

parte integrante do verbo. Com isso, as formas que sucedem a

(5)

preposi9ao como aqui, de acordo com a morfotaxia

pre-determina-da, sao classificadas como adverbio locativo pel~s gramaticas

tradicionais. No Latim, as preposi90es eram regidas pelos

ca-sos acusativo e ablativo, de modo que a fun9ao adverbial

fica-va para a preposi9ao mais 0 casu e nao para 0 caso: os

odver-bios nao se declinavam pelos casos latinos.

Mesmo que os adverbios locativos do Portugu@s resultaram de

Qglutina90es de preposi90es com pronomes demonstrativos, no

latim vulgar, como ai (ad+ib:!:.(is)), ali (ad+illi~), ca (accu+

hac), la (ad+illac), acola (acc,::+illac),eles atuam como

adver-bios nas estruturas sintagmaticas sem preposi9ao precedente,

em rela9ao direta com 0 verbo, vistas em enunciados do tipo:

Se compararmos 0 enunciado (1) com 0 enunciado (2), notamos uma

diferen9a de significado entre elQs: em (1), ha urn processo

ver-val que inicia e se desenvolve no lugar indicado por aqui e, em

(6), ha urn processo verbal que apenas inicia a partir do lugar

indicado por aqui. Tal diferen9a significativa e resultante com

a presen9a da preposi9ao E.£.!:, em (1), que acrescenta ao

enuncia-do urn significaenuncia-do eq1,livalentea "a partir de". Ent13o, e possivel

admitir que 0 adverbio aqui e a 10cu913o adverbial por aqui nao

so apresentam formas como tambem significados diferentes. 0

mes-mo acontece em enunciados do tipo:

Tendo agui comportamentos diferentes como adverbio, em (6) e (7),

e como parte de 10cu9aO adverbial, em (1) e (8), podemos concluir

que a 10cu9ao adverbial, tal como a 10cu9ao adjetiva, deve ter

(6)

as formas dos adverbios locativos comutaveis com aqui, em (1)

e (8), SaG pronomes demonstrativos. Assim, substantivo e outros

pronomes tambem podem comutar com aqui, em:

Conclulmos, portanto, que as formas aqui, ai, ali, ca, dentro,

fora, la, lon~e, perto, acola, atuam, no Portugues, tanto com

a fun9aO morfologica de adverbio quanta com a fun9aO

morfolo-gica de pronome demonstrativo, de modo que SaG adverbios,

quan-do se relao~onam diretamente com 0 verbo, e SaG pronomes

demons-trativos, quando a elas antecede uma preposi9ao. Para isso,

de-ve se levar em conta as fun90es deitica e anaforica que cada

forma comporta, independente de sua constitui9aO formal no

la-tim vulgar, pois SaG formas adequadas

a

morfologia do Portugues.

Cremos, com isso, que este trabalho notive eventuais pesquisas,

na classe dos adverbios locativos, tendo em vista as formas aqui

nao analisadas, e na classe dos adverbios temporais, que, com

fun90es deitica e anaforica, procedem, com senelhan9a, como os

adverbios de lugar. Alem disso, a dicotonia sintagma e

paradig-ma parece ser valiosa nos estudos de morfo19gia, permitindo

es-clarecer com nitidez as rela90es entre classes na estrutura de

(7)

BECHARA, E. (1985). "1·1odernaGrar.1atica Portuguesa". COr.1panhia

Editora Nacional, Sao Paulo;

BENVENISTE, E. (1976). "Probler.1as de Lingliistica Geral".

COr.1-panhia Editora Nacional, Sao Paulo;

CAIIARA Jr., J. 11. (1976). "Historia e Estrutura da Lingua

Por-tuguesa". Padrao - Livraria Editora Ltda., Rio de Janeirc

COUTINHO, 1. L. (1977). "Gramatica Historica". Ao Livro Tecnico

S/A, Rio de Janeiro;

CUNHA, C. & CINTRA, L. (1985). "Nova Gramatica do Portugues

Con-temporaneo". Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro;

PERINI, IL A. (1985). "Como Classificar as Palavras?" in GEL

-Grupo de Estudos Lingliisticos, XI Anais de Seminarios

Referências

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