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ORAÇÃO DIA A DIA OS SALMOS

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Academic year: 2021

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ORAÇÃO DIA A DIA – OS SALMOS

I ENCONTRO – Introdução aos Salmos na Oração Cristã

1. Organização do módulo

• O módulo pretende a introdução à oração dos salmos, num ciclo anual e com acompanhamento para a oração diária.

• Reunião a cada 4 semanas. Próximas datas: 1 de Novembro; 1 de Dezembro; 3 de Janeiro.

• Em cada reunião são apresentados 4 salmos e propostas pistas de oração para cada um. Cada salmo deve ser rezado durante 1 semana.

• Haverá um percurso temático anual, que também procurará acompanhar os ciclos litúrgicos. Os Salmos terão uma sequência que procura indicar um plano de oração ao longo de todo o ano.

• OS Salmos serão escolhidos de entre os que estão na Liturgia das Horas de forma a ajudar a aprofundar essa oração para quem já a pratica. Para além disso usaremos sempre a tradução litúrgica dos Salmos.

• Cada reunião será ela própria uma sessão de oração. Rezaremos em conjunto os 4 salmos a apresentar e no final da apresentação ficará um tempo para oração individual e contemplação.

2. Método para a oração diária dos Salmos

• Implica um compromisso diário de oração de 15-30m.

• Segue em esquema escrito à parte.

• Ao fim de semana pode fazer-se meditação dos textos da missa de domingo.

3. Os Salmos e o Livro dos Salmos

• Salmo é um cântico religioso, de oração pessoal ou comunitária, acompanhado por instrumento de cordas. Assim sugere o sentido literal da palavra, quer em hebraico, quer em grego. Já a palavra Saltério, que designa o conjunto dos Salmos, significa originalmente um instrumento musical que acompanharia o canto dos salmos.

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• À compilação dos Salmos num só livro, a tradição hebraica chamou Louvores, Livro dos Salmos, e algumas tradições da tradução grega chamaram Saltério.

• Os salmos eram sempre cantados e acompanhados de instrumentos musicais, preferencialmente de cordas, mas também de sopro (especialmente quando havia orquestra). No canto colectivo em festas populares, muitas vezes o canto do Salmo era entrecortado por palmas, aclamações e refrães.

• A composição dos Salmos durou vários séculos e foi sendo elaborada pela experiência crente e orante do Povo de Israel. A sua criação e recolha foram sendo realizadas pelos profetas, sacerdotes e cantores do Templo e do palácio real. Foram primeiramente agrupados em 5 pequenas colecções e só mais tarde postos num único conjunto.

• Grande parte dos Salmos é, nos seus títulos, atribuída a David. Alguns terão sido compostos por ele (o mais emblemático é o Sl 50) mas dá-se-lhe a autoria generalizada por ter sido este rei o grande organizador do culto em Israel. Assim se confere autoridade ao uso dos salmos. Muitos outros têm nomes de cantores que estavam responsáveis pela oração no Templo.

• Os salmos assumiram uma importância muito grande na oração e no culto israelita. Eram destinados às orações no Templo ou nas sinagogas, e serviam de complemento à leitura da Lei e dos Profetas. Mas também eram usados na oração familiar ou individual.

4. Ocasiões e Géneros dos Salmos

• Os Salmos eram fundamentalmente usados para o culto colectivo, nas suas festas principais, especialmente aquelas que decorriam no Templo: Páscoa, Peregrinação a Jerusalém, Entronização do Rei, Luto Nacional, Festa dos tabernáculos, Festa da Dedicação do Templo, etc… Nasceram e consagraram-se nestes ambientes também.

• Os salmos recolhem os grandes sentimentos humanos e espirituais do Povo de Israel. Ali estão sintetizadas as várias circunstâncias da vida do povo de Israel e o percurso de fé e oração traçados pelo meio dessa vida concreta. Os vários géneros de salmos nascem mesmo daí.

• Os crentes de Israel aplicavam muitos destes salmos para as situações da sua vida concreta e usavam-nos na oração individual. Era a grande ferramenta de oração do crente.

• Podemos agrupar em 4 grandes géneros: louvor e aclamação; súplica; acção de graças; diversificados (meditação, exortação, imprecatórios, reais).

• Salmos de Louvor: admiração diante de Deus e das suas obras. Especialmente pela Criação, pela Providência, pela sua Realeza e condução da história, pela cidade de Jerusalém.

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• Salmos de Súplica: pedidos de ajuda a Deus diante do perigo ou dificuldade, cheios de grande confiança. As súplicas podem ser colectivas (referentes a acontecimentos da história do Povo de Israel) ou individuais (referentes a situações particulares, com a experiência do pecado a doença ou a perseguição dos inimigos).

• Salmos de Acção de Graças: são de gratidão, especialmente depois de uma súplica ter sido atendida. São também colectivos ou individuais e com estrutura semelhante aos de louvor.

• Salmos diversificados: salmos reais, salmos sobre a fidelidade à Aliança, salmos graduais (de visita ao Templo).

5. Linguagem e principal vocabulário

• Os Salmos provêm da cultura semita, onde a relação com o mundo e a história é feita de uma forma “visceral”. Os Salmos estão cheios de uma linguagem concreta, viva, cheia de cores, formas e intensidade. Os conceitos abstractos rareiam para serem usadas imagens tiradas da natureza ou da vida humana e com elas significar estados de alma ou características de Deus.

• Esta é uma linguagem contemplativa que se demora a apreciar e descrever situações humanas, características do mundo criado, sentimentos, episódios, etc. daí decorrem parábolas, metáforas.

• A linguagem dos Salmos está carregada de humanidade e de realismo. Tudo o que é humano está lá, no seu melhor e no seu pior. E isso está ao serviço de um percurso de encontro com o rosto de Deus, com a sua vontade e com a sua acção criadora e salvadora.

• Algum vocabulário do Antigo testamento que é fundamental para perceber os Salmos: Aliança, Lei, Templo, Jerusalém ou Sião, Rei e realeza, Messias, Deus Criador e salvador (combate contra os inimigos), Festas de Israel.

6. Sentido humano e espiritual dos Salmos

• Os Salmos têm na sua origem e na sua génese, o homem nas suas mais diversas situações, quer da vida humana ou social, quer da vida religiosa. O homem dos Salmos é um homem encarnado, com experiências humanas e espirituais contraditórias. Não é um homem ideal e que vive fora do mundo ou num artificial. O seu mundo interior e exterior é o de todos os homens, seja na alegria ou na tristeza, seja no sucesso ou no fracasso, seja no conflito ou na paz. O homem dos Salmos é realisticamente humano.

• Mas este homem é o crente de Israel. É o homem que expressa e vive a fé do Deus de Abraão, partilhada no Povo de Israel. É um homem que experimenta a vida como dom de Deus e sabe da imensa misericórdia com que Deus conduz e

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salva o seu Povo. Por isso, os Salmos, se arrancam da vida humana como ela é, são uma busca de encontro com este Deus e uma tentativa de acolhimento do dom de Deus e da sua luz.

• Por isso, os Salmos são uma peregrinação onde os sentimentos humanos se vão decantando pelo crivo da Palavra de Deus e se vão tornando nos sentimentos do crente que vive da Aliança, do coração de Deus que enche de ternura e bondade os seus fiéis. Progressivamente encontramos nos Salmos os sentimentos que Deus pretende para o nosso coração.

• Os Salmos são, por isso, educadores do coração sem o artificializarem.

• Os Salmos são Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo. O Espírito Santo está vivo nos Salmos e age em nós por seu intermédio. Não são mera palavra poética, sugestiva ou indutora de sentimentos mais perfeitos, mas principalmente canais da sabedoria de Deus e pedagogos para o nosso coração de crentes.

7. O sentido cristão e eclesial dos Salmos

• Jesus rezou os Salmos. Em várias ocasiões, quer comunitárias, quer individuais, Jesus rezou os Salmos e deu palavra à sua oração através das palavras dos Salmos. O Sl 21 é o caso mais forte.

• As comunidades cristãs primitivas começaram desde muito cedo a usar os Salmos para a sua oração comunitária, não só pela memória de Jesus, mas principalmente porque reconheciam em Jesus aquele encontro de Deus e do homem que os Salmos preconizam. A Igreja primitiva passou a rezar os Salmos sob a chave de leitura do Mistério de Jesus e da sua acção redentora.

• Todas as dinâmicas espirituais que os Salmos abrem, encontram em Jesus a sua plena realização. Ele é o Templo Novo, o Messias esperado, o Rei definitivo e justo, a realização da Nova Aliança, o autor da Nova Lei, etc.

• Por isso, os Salmos são a oração da Igreja que se reúne para rezar com Cristo a própria oração de Cristo.

• Sempre que rezamos os Salmos estamos unidos a toda a Igreja, integrados nesta oração com Cristo. Por isso entendemos a validade de rezar por vezes os salmos que não expressam imediatamente a minha situação individual: rezo assim os sentimentos e necessidades de outros porque estou unido a todos em Jesus.

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• Este Salmo é atribuído a David quando estava no deserto de Judá e fugia da perseguição que Saúl lhe movia injustamente. É um salmo individual. Está dividido em 2 partes: a sede de Deus (2-5) e a fome de Deus (6-9).

• Na primeira parte, referente à sede, o salmista fala dessa sede de Deus que o faz procurá-lO. Esta é uma sede grave e profunda que se assemelha à terra árida. Percebemos melhor este suspiro quando entendemos a palavra que está no lugar de alma: nefesh, que quer dizer garganta, por onde passava a vida e a respiração. Em alguns casos, esta palavra quer dizer toda a pessoa. Desejar Deus é a respiração da pessoa e procurar o seu rosto e a sua beleza é é o conteúdo desse desejo. A vida só o é quando se tem a graça de saciar este desejo.

• Na segunda parte, referente à fome, o salmista refere que a sua fome será saciada com manjares saborosos. Esses manjares são a comunhão com Deus, expresso no último versículo de forma explícita, mas desenvolvido pela imagem da união de pensamento, da sombra das asas e do refúgio. Esta união gera o júbilo e o louvor. O autor sagrado, quando fala dos manjares saborosos tem em mente o sacrifício de comunhão que se passava no Templo e que era uma refeição com as carnes imoladas, significando a comunhão com Deus.

• Este salmo canta em primeiro lugar a sede de Jesus pelo seu Pai e pela comunhão eterna com Ele. É a sede do Filho que O faz voltar para o Pai e buscar acima de tudo a vontade do Pai. Jesus quer regressar ao Pai e n’Ele encontra a sua alegria e o seu descanso.

• Mas este salmo canta a sede que existe em todos os corações humanos. Existe uma sede de plenitude, realização e felicidade. Mas essa sede é a expressão da marca criadora de Deus que nos fez para Ele. Por isso, em todos os homens existe a sede de encontrar Deus e de estabelecer comunhão com Ele.

• Cantar este salmo é dar voz a essa nossa sede mais profunda. Significa trazer ao de cima o desejo mais interior que habita o nosso coração: voltarmo-nos para Deus e amá-lO.

• Mas para nós que temos fé e seguimos Jesus, esta sede é a sede de ver o rosto de Jesus, de O conhecer e de entrar na comunhão com Ele. Está é a sede da fé, a sede de quem sente a atracção por Jesus e não a quer perder.

• Rezar este salmo é excitar essa sede, de modo que ela em nós seja tão viva que nos mova ao seu encontro e nos apresse.

• Por vezes, a sede de Deus anda adormecida, ora pelas distracções da vida, ora pela rotina da fé. As distracções da vida conduzem a nossa sede para águas de satisfação imediata. As distracções da vida põem-nos distraídos com águas intensas mas precárias, cativantes mas imediatistas, saborosas mas superficiais. E o nosso coração torna-se superficial e a nossa sede epidérmica. Este salmo faz-nos voltar à única sede que nos interessa, que é mais funda, mais livre e mais sólida. Este salmo por isso, também nos quer fazer esquecer e relativizar as outras sedes… e calá-las…

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• A rotina da fé também nos pode pôr a sede de Deus adormecida. Uma relação com Jesus rotineira, feita de obrigações a cumprir, de regras a aplicar, adormece esta sede fresca de estar em relação viva com Ele. Quantas vezes a oração se tornou um fardo, o encontro com Jesus uma distracção e o contacto com a sua Palavra mero exercício intelectual. Este salmo quer fazer voltar áquela ânsia da primeira hora do encontro, á vigilância do apaixonado, ao anseio da terra seca, à surpresa da madrugada…

• Por tudo isto, este salmo é o primeiro do nosso percurso: queremos trazer o nosso coração àquela atracção original que Deus nele semeou…

9. SALMO 83

• Este é um salmo de peregrinação, cântico de um peregrino a caminho de Jerusalém. Expressa a alegria do peregrino por rumar ao Templo, que é a casa de Deus.

• O salmo descreve a beleza e a grandeza do Templo, mas descreve também a alegria, a paz, a segurança, a força, a eternidade e a confiança que encontram os que lá vivem. O Templo, por ser o lugar onde habitava a Arca de Deus e a sua Glória, era o lugar da habitação de Deus no meio do seu Povo. O título de Senhor dos Exércitos, significa Senhor das Estrelas. Este título estava relacionado especialmente com a arca conservada no templo, chamada "a arca do Deus dos exércitos que se senta sobre os querubins" (1 Sm 4, 4; cf. Sl 79, 2).

• Estar no Templo e habitar no Templo é a alegria maior pois é o encontro com Deus, é a vida justa, cheia de graça e de glória. Por isso mesmo é que o salmista rejeita a tenda dos pecadores que é a vida contra a Lei de Deus.

• Por isso, o salmista descreve a atracção pelo Templo, o desejo de rumar a ele, a alegria de se aproximar dele: é o estado de espírito do peregrino. Mas vai mais longe porque refere que a grande peregrinação é a do coração que encontra “os caminhos do santuário”.

• Este salmo devia ser cantado por ocasião da Festa das Tendas, por referir as primeiras chuvas que são as do Outono (época da festa). E devía ser já cantado ao chegar perto, porque refere o vale seco que é o vale das Balsameiras e que aponta a última parte da peregrinação até Jerusalém.

• Este salmo canta o anseio de chegar e repousar no novo templo: Jesus Cristo! Ele é o lugar onde Deus definitivamente habita no meio dos homens. Ele é o lugar da graça e da glória de Deus, onde podemos encontra abrigo, força e alegria.

• Por isso, este é o salmo da nossa peregrinação de fé: queremos caminhar para Jesus! A vida da fé, a vida na Igreja é uma longa peregrinação ao encontro de Jesus. Se O desejamos, movemo-nos para Ele.

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• Este salmo pede que demos passos consistentes e permanentes ao encontro de Jesus. Porque quem os dá enche-se de alegria e torna a sua vida mais fecunda. À medida que nos aproximamos de Jesus, cresce em nós o desejo de O encontrar, de O seguir e de estar em comunhão com Ele.

• Este salmo pede que nos ponhamos ao caminho…

• Este salmo pede decisão…

• Este salmo pede uma fé dinâmica e não estática…

• Este salmo pede uma oração persistente, como os passos do peregrino…

• Este salmo pede que arrepiemos caminhos das distracções e que discernamos a gestão do nosso tempo para Jesus…

Referências

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