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A produção e desenvolvimento de conteúdos pedagógicos para o Ensino Fundamental I, para Web, sob a ótica de gênero

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Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008

A produção e desenvolvimento de conteúdos pedagógicos para o Ensino Fundamental I, para

Web, sob a ótica de gênero

Solange Ferreira Santos (UTFPR), Marília Gomes de Carvalho (UTFPR) Educação; Tecnologia de Informação e Comunicação; Gênero

ST 38 - Ciência, tecnologia e poder: conhecimento e práticas de gênero

Introdução

Este texto apresenta uma abordagem preliminar sobre educação, tecnologias de informação e comunicação a partir de uma perspectiva de gênero. As análises apresentadas são parte de uma pesquisa em desenvolvimento em nível de mestrado, tomando como referências teóricas as Tecnologias da Informação e Comunicação (TC’s) e a perspectiva de gênero.

O domínio das novas tecnologias da informação e da comunicação vem sendo entendidas até então como redutos hegemonicamente masculinos e a educação, como uma profissão majoritariamente feminina. A partir desta ótica, o estudo teve como pontos centrais de investigação as seguintes questões: como essas duas áreas, educação e tecnologia, interligadas em um mesmo ambiente, desenvolvem os conteúdos pedagógicos para a internet, sob a ótica de gênero? E como são as relações de gênero neste ambiente tecnológico e educacional, ou seja, homens e mulheres trabalhando em um mesmo ambiente simultaneamente?

Para tentar responder as essas indagações, está sendo desenvolvido um caminho investigativo acerca das novas tecnologias de informação e comunicação e relações de gênero, voltado para a elaboração de conteúdos pedagógicos para web, em uma empresa tecnológica e educacional. A internet, neste contexto, apresenta-se como um espaço de conhecimento, no qual estão presentes inúmeras informações sobre muitos e diversos assuntos, no qual, de acordo com (FREIRE, 2003, p. 21). “A Web tem mudado o panorama das mídias de comunicação: modos diferenciados de interação são possíveis.”

Considerando a mediação pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s), a

internet, baseada na comunicação por computador (CMC), representa um forte e importante recurso

pedagógico utilizado em muitas escolas como sinônimo de tecnologia e inovação.

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A tecnologia está sempre ligada à imagem de modernização e no uso de máquinas (equipamentos) de última geração, como consequência da chamada “Revolução Tecnológica” ou “Explosão Tecnológica”, nomeada assim por diferentes autores, tendo em vista o avanço das TIC's.

Assim, a tecnologia perpassa todas as formações sociais porque na produção das condições materiais de vida, necessárias a qualquer sociedade, é imprescindível a criação, apropriação e manipulação de técnicas que carregam em si elementos culturais, políticos, religiosos e econômicos, constituintes da concretude da existência social. Deste ponto de vista, tecnologia está intrinsicamente presente tanto numa enxada quanto num computador.1

Porém, ela significa mais do que um status de modernização, vai além dos artefatos, de ultrapassar o antigo modelo de computador ou adquirir um aparelho celular com várias e múltiplas funções.

Representa o aumento da produtividade humana através da utilização de uma variedade de aparatos tecnológicos. É inevitável reconhecer que “O ritmo do avanço tecnológico nas sociedades industrializadas manifesta-se com aceleração sem precedentes.” (FIGUEIREDO, 1989, p.15).

Considera-se tecnologias da informação todo o “conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, optoeletrônica e a engenharia genética e seu crescente conjunto de desenvolvimento e aplicações. ” (CASTELLS, 2000, p. 49).

Essas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), nas últimas décadas, passaram por três estágios distintos: a automação das tarefas, as experiências de usos e a reconfiguração das aplicações. Isso significa que primeiramente o processo de inovação tecnológica consistia em aprender usando e no terceiro e último processo no qual os usuários aprendem fazendo. “Consequentmente a difusão da tecnologia amplifica seu poder de forma infinita, “à medida que os usuários apropriam-se dela e a redefinem.” (CASTELLS, 2000, p. 51.)

Assim, computadores, sistemas de comunicação, decodificação e programação genética são todos amplificadores e extensões da mente humana. O que pensamos e como pensamos é expresso em bens, serviços, produção material e intelectual, sejam alimentos, moradia, sistemas de transporte e comunicação, mísseis, saúde, educação ou imagens.

Essas grandes transformações presentes na sociedade contemporânea, nos âmbitos científico, tecnológico, econômico e cultural, têm refletido de forma intensa na vida humana. “Um conjunto de macroinvenções que preparou o terreno para o surgimento das microinvenções nos campos da agropecuária, indústria e comunicação.” (CASTELLS, 2000. p.53),

Estamos em um momento histórico como uma “explosão tecnológica” que “engloba a vida da humanidade, a ponto de modificá-la em todas as suas manifestações.” (PINTO, 2005, p. 233). Mudanças estas que passaram a mudar os processos de produção, distribuição e aplicações de

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tecnologias, na medida em que se criaram novos produtos, e, ao mesmo tempo, mudando de maneira decisiva a localização das riquezas e do poder no mundo.

Computadores e telecomunicações são os instrumentos decisivos para processar e fornecer a comunicação. Instrumentos, como estes definem o rumo das tecnologias de informação em qualquer país ou região do mundo.

Diante deste cenário, surge uma nova divisão social, aqueles países que detém as informações, ou seja, produzem e desenvolvem tecnologias, e aqueles que não a tem, tornando-se assim dependentes dos que detém a tecnologia. Segundo (CARVALHO, 1997, p. 75) “O conhecimento tecnológico permite dominar as sociedades dependentes que se encontram submetidas às malhas de poder dos detentores deste conhecimento”.

As relações de gênero

Neste estudo parte-se da concepção de gênero sob a perspectiva relacional, como uma categoria de análise, conforme os estudos de Scott (1995), no qual o uso do terno ‘gênero’ está presente em “ (...) todo um sistema de relações que pode incluir o sexo, mas não é diretamente determinado pelo sexo, nem determina diretamente a sexualidade”. (SCOTT, 1995, p. 76).

Neste sentido, contrariamente aos estudos feministas tradicionais da década de 60, em que o termo gênero era empregado apenas como sinônimo de mulher, a abordagem de gênero adotada a partir da década de 90, passa a ser a relacional, na qual, a análise está nas relações entre os homens e mulheres e não na oposição entre eles, dessa forma, a vida social é construída na interação entre as pessoas na sociedade.

À medida que os aspectos masculinos e femininos eram tratados, não apenas como diferenças biológicas, mas sim diferenças construídas socialmente, ou seja, a partir da sua desnaturalização, o termo gênero passou a ser mais indicado como forma de enfatizar a influência da cultura na construção dessas diferenças que têm por base características biológicas. (CARVALHO, 2003, p. 15).

Neste contexto, as relações de gênero, vistas como representações socialmente construídas sobre o masculino e o feminino, podem influenciar na distribuição de homens e mulheres nos diferentes espaços sociais, como também, expressar a hierarquização de lugares no interior desses espaços. Portanto as diferenças de gênero não são naturais, para compreendermos como essas diferenças se tornaram “naturais”2 é fundamental conhecer, ao longo do tempo, como se construiu a história das mulheres e, quais as formas que legitimam essas diferenças, tornando-as como “naturais”.

Segundo MEYER (2008) é sabido que as mulheres representam mais de 40% da população economicamente ativa, no qual elas estão presentes em maior número na academia e

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exercendo diferentes profissões. Mas ainda, “As mulheres ainda ganham, em média, de 30 a 40% menos do que os homens para o desempenho das mesmas atividades, mesmo quando são mais escolarizadas, mas essa diferença já foi muito maior”. (MEYER, 2008, p. 2).

Em diversos segmentos da sociedade (política, tecnologia, ciência, educação, etc.,) as relações de gênero precisam ser contempladas e discutidas no interior destas instituições, uma vez que:

A construção do conceito de gênero não se reduz somente aos papéis desempenhados pelo sexo feminino ou masculino; está vinculado à composição de suas identidades consideradas múltiplas e plurais dentro das relações e das práticas sociais onde são produzidas as relações de poder. Tais relações não apenas formam os sujeitos como também caracterizam a forma pela qual as instituições sociais são organizadas e estabelecidas. (LOURO,1997, p.39)

Neste sentido, todas as relações sociais são permeadas por relações de poder que segundo Foucault (1985), está em todas as partes, determinando o modo de agir de homens e mulheres, bem como, as relações destes com as instituições sociais.

Um ambiente tecnológico e educacional

Utilizando-se das Tecnologias da Informação e Comunicação, a empresa onde está se desenvolvendo a pesquisa, está voltada totalmente à educação e tecnologia, na qual são criados máquinas, equipamentos e serviços baseados na Internet como um principal recurso de comunicação. “(...) no início dos anos 90, foi o desenvolvimento de softwares de navegação que levou a configuração da www. Esta definiu um protocolo de comunicação que possibilitou a transferência de imagens, sons e textos para a rede.” (SANTAELLA, 2004, p. 174).

Utilizando-se desses recursos de navegação, foi criado em 1999 o Portal de Educação, na cidade de Curitiba, Estado do Paraná, na região Sul do Brasil, cujo setor de informática constitui o

locus desta pesquisa, com a finalidade de difundir o uso de tecnologias inovadoras, possibilitando a

criação de novos relacionamentos na comunidade escolar. Levar informações atuais aos estudantes e professores e possibilitar uma aprendizagem diferenciada e inovadora em formato hipermídia, isto é, “uma nova forma de mídia que utiliza o poder do computador para arquivar, recuperar e distribuir informação na forma de figuras gráficas, texto, animação, áudio, vídeo, e mesmo mundo virtuais dinâmicos.” (SANTAELLA, 2004, p. 93).

O espaço apresenta uma grande importância na elaboração, planejamento, criação e inovação de tecnologia educacional. Trata-se de um ambiente de conhecimento, ensino e aprendizagem com milhares de informações organizadas e avaliadas pelos profissionais que ali atuam. Independentemente, do lugar onde o usuário esteja, basta se conectar a qualquer um dos

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Portais para ter acesso aos serviços disponíveis na rede, pois informações e conteúdos são off-line e on-line.

O contingente de usuários soma cerca de 300 mil usuários, distribuídos em seis portais educativos, no entanto, a pesquisa está sendo realizada no primeiro Portal criado pelo Grupo, denominado Portal Educacional. A partir dele os conteúdos são filtrados e se ramificam para os demais Portais, de acordo com o público (escolar, universitário, família). Este Portal é o alvo desta pesquisa.

A equipe do Portal Educacional é composta por aproximadamente 250 colaboradores e colaboradoras, sendo deste total 49 % do sexo masculino e 51% do sexo feminino. A tabela 1, apresenta apenas alguns departamentos da empresa onde a pesquisa está sendo realizada.

A Tabela 1: distribuição por sexo em alguns departamentos do PE.

Departamento Sexo F Sexo M Total

Pesquisa Escolar 7 7 Conteúdo Dinâmico 8 5 13 Administrativo 8 1 9 Home Page 7 7 14 Dados 11 7 18 Conteúdo Multimídia 10 18 28 Marketing 5 2 7 Pedagógico 11 3 14

Novos Produtos T.E. 3 12 15

Estas pessoas que atuam no desenvolvimento de conteúdos educacionais que vão desde a Educação Infantil ao Ensino Superior.

Para a efetivação do trabalho, a empresa possui pessoas das mais diversas áreas do conhecimento, como webdesigners, programadores/as, analistas de sistemas, jornalistas, educadores/as, professores/as, redatores/as, bibliotecárias, psicólogas, nutricionistas, pedagogos/as, administradores/as, entre outras que contribuem para o funcionamento e aprimoramento dos conteúdos do Portal.

Para tanto, com intuito de avançar nesta pesquisa, optou-se em investigar a elaboração de conteúdos pedagógicos de matemática para o ensino fundamental I, sob a ótica de gênero, devido a importância na educação básica.

Nesta pesquisa, os procedimentos de investigação privilegiam a abordagem quantitativa e qualitativa, na medida em que irão explorar características e situações em dados numéricos que irão ser obtidos e mensurados estatisticamente no decorrer da investigação, serão realizadas também entrevistas em profundidade, semi-estruturadas com as pessoas que atuam na produção e desenvolvimento dos conteúdos pedagógicos de matemática para o ensino fundamental I.

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Considerações

Com uma abordagem preliminar desta pesquisa, destaca-se que mesmo em um ambiente tecnológico mediado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s), as mulheres que atuam como colaboradores/as estão alocadas em atividades que são consideradas como redutos femininos, que valorizam a destreza, comunicação, o cuidado, a atenção, a delicadeza, a educação, entre outros.

Em contrapartida para os homens está designada a realização de atividades técnicas que exigem concentração, racionalidade, seriedade e objetividade.

Este cenário presente no mercado de trabalho, acaba emergindo para a divisão sexual do trabalho, no qual os homens dominam a tecnologia e as mulheres tendem para a área da educação. “ Esse processo, entretanto, não ocorre de forma linear nem homogênea. Assim como estereótipos femininos afastam a mulher da tecnologia, determinadas áreas tecnológicas acabam por privilegiá-la, mascarando a participação dos homens, como no caso das tecnologias reprodutivas e das tecnologias do lar.”3

Fator este que direciona para a divisão sexual do trabalho no ambiente das TIC's nas atividades de gênero.

Referências Bibliográficas

CARVALHO, M. Gomes de. Tecnologia, desenvolvimento social e educação tecnológica. Educação Tecnologia, Curitiba/PR, v. 1, p. 70-87, 1997

CARVALHO, Marília Gomes de; FEITOSA SAMARA; ARAÚJO, Sandro Marcos Castro de .

Tecnologia. Disponível em: http://www.ppgte.cefetpr.br/genero/

Acesso em 30 jun. 2008.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: São Paulo: Paz & Terra, 2000.

FREIRE, Fernanda M. P.; ALMEIDA, Rubens Queiroz de.; AMARAL, Ezequiel, Theododo da Silva. A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003.

FIGUEIREDO, Wilma. Produção Social da Tecnologia. São Paulo: EPU, 1989.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

MEYER, Dagmar E. E. Políticas de “Inclusão social” em educação e saúde: possibilidades e

limites da abordagem de gênero. Anped Sul, 2008.

PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylotismo, fordismo e toyotismo. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

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POLISTCHUK, Ilana; TRINTA, Aluísio R. Teorias da Comunicação. Editora Campus: São Paulo, 2003.

SANTAELLA, Lúcia. Culturas e Artes do Pós-humano: da cultura das Mídias à Cibercultura. São Paulo:

Ed. Paulus, 2 a. ed. 2004.

SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de análise. Revista Educação e Realidade, p.71-99. jul./dez. 1995.

1 CARVALHO; FEITOSA; ARAÚJO. Tecnologia. Texto disponível no endereço:

http://www.ppgte.cefetpr.br/genero/.

2 No senso comum as diferenças de gênero são vistas como naturais, ou seja, como um dado biológico presente na natureza.

3 BEVACQUA, SCHAWARTZ, MACHADI, [et. al]. Artigo Tecnologia e Gênero. Disponível em:

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