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Renato Messias Ferreira Calixto 1 Thiago Fernandes David Xavier 2.

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Academic year: 2021

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POSSIBILIDADES DO USO DA ETNOGRAFIA E DA ANÁLISE DO DISCURSO EM PESQUISAS EDUCACIONAIS ACERCA DO ENSINO E APRENDIZADO DA

DISCIPLINA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Renato Messias Ferreira Calixto1

Thiago Fernandes David Xavier2 1

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ – LP&L/Matemática, renato.calixto@ifrj.edu.br

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Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ – Matemática, , tfdx@icloud.com

Resumo

A discussão teórica que aqui se apresenta, fruto da reflexão acerca da percepção discente no que tange o ensino e aprendizagem da Matemática ao longo dos Ensinos Fundamental e Médio, busca abordar a necessidade de educadoras e educadores se debruçarem sobre a temática, com vistas à apreensão da visão, bem como dos discursos que aprendizes possuem em relação à disciplina supracitada. Para tal, os autores deste trabalho buscaram discutir a possiblidade do uso de técnicas e métodos de pesquisa das Ciências Sociais e Humanas, em específico das áreas do conhecimento Antropologia e Linguística – Etnografia e Análise do Discurso, respectivamente –, em pesquisas educacionais desenvolvidas por profissionais do campo do saber da Matemática, tanto em investigações realizadas por bacharéis como licenciados. O uso dessas abordagens de pesquisa, de caráter qualitativo, pode contribuir para a identificação, junto aos discentes, de elementos que contribuem ou prejudicam para a recepção e popularização da Matemática como disciplina curricular que perpassa a vida acadêmica de alunas e alunos ao longo da Educação Básica, e quiçá no Ensino Superior, dependendo da formação profissional elegida pelo estudante universitário. Ainda, a apropriação de tais recursos de pesquisa pode sinalizar para o pesquisador possíveis caminhos na proposição de metodologias de abordagem para a apresentação e ensino da disciplina Matemática. Por fim, este trabalho, de cunho bibliográfico, não pretendeu esgotar as possibilidades de análise acerca do objeto em discussão, mas sim, apontar possibilidades, não normativo prescritivas, para o saber fazer didático de pesquisadores e docentes da Matemática.

Palavras-chave: Matemática; Ensino e Aprendizagem; Ciências Sociais e Humanas,

Etnografia, Análise do Discurso.

UM COMEÇO DE CONVERSA

Muito se ouve dizer sobre a dificuldade e pouca afinidade que alunas e alunos dos Ensinos Fundamental e Médio têm com a disciplina Matemática; e, por mais que essas falas sejam recorrentes em ambientes escolares, seja pelos próprios alunos como pelos professores, carecem, ainda, abordagens investigativas que se enveredam pelos meandros das falas e comportamentos discentes e docentes na tentativa de se pesquisar as visões e discursos construídos, histórico e socialmente, acerca da relação estabelecida entre o

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Mestre em Estudos de Linguagens.

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aprendiz e a Matemática. Nesse sentido, a discussão teórica que por ora apresentamos busca refletir sobre alguns das possíveis recursos metodológicos que podem orientar e sinalizar ao pesquisador dos campos da Educação e da Matemática para a apreensão dos motivos que levariam discentes a se posicionarem, muitas vezes, de forma negativa perante a essa ciência que compõem o rol das disciplinas do currículo da Educação Básica.

Neste primeiro momento, portanto, nossa discussão girará em torno das possibilidades de abordagem metodológica na realização de pesquisas que buscam identificar e analisar os comportamentos e discursos de alunas e alunos em relação à Matemática, em específico, procedimentos de pesquisa próprios das Ciências Humanas e Sociais que podem, a nosso ver, contribuir, com pertinência, aos supracitados objetos de pesquisa.

ABORDAGENS METODOLÓGICAS EM CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Conforme expusemos na seção resumo deste texto, buscaremos apresentar uma reflexão e discussão sintéticas – haja vista que o aprofundamento deste ensaio estará na íntegra no artigo científico, produto final deste trabalho –, no que tange às possibilidades do emprego das metodologias de ancoragem qualitativa, Etnografia em Análise do Discurso, em pesquisas de cunho educacional cujo recorte epistemológico seja a percepção discente no que ser refere o ensino e aprendizagem da Matemática ao longo dos Ensinos Fundamental e Médio. Assim posto, explanar sobre a viabilidade de pesquisadores em Matemática apropriarem-se de subsídios metodológicos de outros campos do saber, com vistas à investigação de elementos subjetivos, tais como os comportamentos e os discursos, os quais somente podem ser apreendidos, mensurados e analisados à luz de métodos de coleta e análise cujas abordagens são qualitativas.

Segundo Deslauriers & Kerisit, 2012, p. 147, a relevância da abordagem qualitativa dá-se, uma vez que permite ao investigador, em relação aos dados, apreender “dados da experiência, as representações, as definições da situação, as opiniões, as palavras, o sentido da ação e dos fenômenos”. A partir dessa perspectiva, por conseguinte, os dados com os quais se quer trabalhar, comportamentos e discursos em torno da Matemática, são de grande importância para a compreensão dos olhares que se difundem em torno dessa disciplina, vista por muitos, no senso comum, como difícil e inacessível. Nessa medida, o que se propõe com a utilização do delineamento de pesquisa mencionado é uma compreensão mais holística da realidade educacional, em específico do juízo de valor auferido por discentes acerca da disciplina Matemática.

Em consonância com Gaio, et al, 2008,

Para pesquisar precisamos de métodos e técnicas que nos levem criteriosamente a resolver problemas. [...] é pertinente que a pesquisa científica esteja alicerçada pelo método, o que significa elucidar a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os caminhos que devem ser percorridos para que a investigação se concretize (GAIO, CARVALHO e SIMÕES, 2008, 148).

Ao tomarmos como referência a citação acima exposta, verificamos o quão importante é uma adequada seleção de método ou métodos que conduzirão foco investigativo do pesquisador sobre seu objeto de análise. Ao eleger as melhores técnicas e métodos de coleta e tratamento dos dados a que se dedica a observação e análise feitas pelo pesquisador, melhores serão as possibilidades de desvelamentos da realidade investigada,

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tanto no que se refere aos aspectos mais objetivos, bem como subjetivos, coletados e catalogados pelo investigador. Em outras palavras a escolha dos métodos em uma pesquisa orienta o enfoque dado sobre o objeto e, consecutivamente, permite análises mais apropriadas do objeto em questão.

ETNOGRAFIA E ANÁLISE DO DISCURSO

A proposição que se coloca – utilização da Etnografia e da Análise do Discurso na realização de pesquisa em Educação e Matemática – é vista pelos autores como uma possibilidade factível, na medida em que a Etnografia, vertente teórico-metodológica da Antropologia, permite, a partir da observação participante, a percepção dos comportamentos sociais dos sujeitos investigado em relação ao objeto sobre o qual se debruça; aqui, os processos de ensino e aprendizagem da Matemática em ambiente escolar regular.

Por sua vez, a Análise do Discurso, ramo da ciência Linguística, cujos materiais de trabalho do analista são os fenômenos linguagem, língua e o enunciado, permite ao pesquisador apreender os discursos construídos acerca de um objeto e difundidos pelos sujeitos pesquisados que compõem o escopo da pesquisa.

REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA3

Para a realização do presente trabalho, quatro são as grandes áreas que necessitaram serem retomadas com vistas à produção do estado da arte a que se referem: 1. No campo das Ciências Sociais, em específico acerca da Etnografia, utilizamo-nos dos aportes teóricos apresentados pela Antropologia contidos nas obras de ROCHA e TOSTA, 2009, com a obra Antropologia e Educação; LUCENA, 2012, em seu trabalho de organização da obra O olhar da etnografia em contextos educacionais: interpretando práticas de

linguagem, trabalho no qual uma série de outros pesquisadores discutiram a temática e

OLIVEIRA, 2013a e 2013b, com os artigos acadêmicos Algumas pistas (e armadilhas) na

utilização da Etnografia na Educação e Por que etnografia no sentido estrito e não estudos do tipo etnográfico em educação?, respectivamente. 2. Por sua vez, no que se

refere à Análise do Discurso, utilizou-se dos referenciais teóricos associados à linha francesa da Análise do Discurso, com ênfase nos autores MAINGUENEAU, 1997, 1998; e CHARAUDEAU, 2008 e 2010, os quais configuram-se dois dos principais nomes do grupo de teóricos internacionalmente reconhecidos e que trabalham com a Análise do Discurso. 3. Em relação aos métodos e técnicas de pesquisa apropriamo-nos das postulações dos autores DESLAURIERS & KERISIT, 2012; GIL, 1998, GATI e ANDRE, 2011, todos abordando temas relacionados à temática da metodologia de trabalhos científicos tanto de recortes mais genéricos como específicos às pesquisas em Educação; 4. Bem como as considerações trazidas pelos trabalhos acerca da Educação Matemática com os autores pesquisadores D’AMBRÓSIO, 1996, em seu livro Educação Matemática: da

teoria à prática; FIORENTINI & LORENZATO, 2007, com a obra Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos e BICUDO, 2013, com o

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Importante salientar que neste resumo expandido, com vistas à submissão de pôster em evento acadêmico, não houve o aprofundamento, bem como a contextualização histórica, vertentes e seus respectivos autores, bem como discussão acerca das teorias, conceitos, métodos e procedimentos de investigação, os quais exigem maior espaço textual para uma plena contemplação dessas abordagens, e as quais estão explanadas na íntegra no artigo acadêmico do qual se extraiu esse resumo expandido.

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trabalho Educação Matemática: um ensaio sobre concepções a sustentarem sua prática pedagógica e produção de conhecimento.

Alicerçados nas perspectivas teóricas trazidas pelos autores supracitados, buscou-se estabelecer o diálogo e intercâmbio possíveis entre essas premissas com vistas à proposição do uso da Etnografia e Análise do Discurso como estratégias metodológicas possíveis ao desenvolvimento de pesquisas educacionais que envolvam a Matemática.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Neste resumo expandido, portanto, foi registrada a existência de um discurso no âmbito do senso comum sobre a dificuldade dos processos de ensino e aprendizagem da Matemática e, com proposição de abordagem do tema, apontamos a importância do uso das técnicas metodológicas Etnografia e Análise do Discurso na utilização dessas como importantes instrumentos metodológicos de coleta e análise de dados de investigação e pesquisa.

É sabido também que as crianças já detêm conhecimento matemático antes mesmo de entrarem na escola, porém a disciplina é apresentada aos discentes através de métodos esgotantes, imagens e conteúdos de difícil entendimento. Observa-se o estabelecimento de um obstáculo entre o aluno e a disciplina Matemática, conforme o contexto educacional nos aponta e o qual surge, muitas vezes, já nos primeiros anos escolares dos alunos. Nesse sentido, a proposta deste estudo é que o uso da Etnografia e Análise do Discurso possa revelar outras facetas nas relações entre discentes e a referida disciplina, permitindo a pesquisadores perceber e apreender os possíveis aspectos que possam gerar estes obstáculos.

Isto posto, entendemos que através de uma processo de coleta e análise de dados, à luz da Etnografia e da Análise do Discurso, os quais permitem ao investigador debruçar-se sobre os comportamentos e os discursos sociais dos atores que compõem os processos de ensino e aprendizagem da Matemática, podem lançar luzes sobre aspectos importantes a serem considerados na investigação acerca das visões construídas em torno dessa disciplina.

Por fim, a consideração de fatores contextuais tem ganhado cada vez mais importância no que diz respeito à Educação Matemática e estes fatores tem sido publicizados através de pesquisas e análises qualitativas no estudo da sala de aula e avaliação curricular. Investigar a partir da abordagem etnográfica as ações e relações que configuram a realidade escolar cotidiana proporciona informações que permitem ao investigador, que é quem estará envolvido no fenômeno como alguém de dentro, ter a possibilidade de refletir sobre ele (o fenômeno) como um sujeito de fora (externo ao contexto em análise), construir sentido, significação ao fenômeno do ponto de vista dos participantes. Utilizar também desta abordagem para a investigação da prática da Ciência da Educação a fim de conciliar mais a teoria e a prática pedagógica e através das considerações obtidas refletirmos sobre o processo de formação e aperfeiçoamento dos docentes como facilitador do processo educativo.

REFERÊNCIAS

BICUDO, M. A. V. Um ensaio sobre concepções a sustentarem sua prática pedagógica

e produção de conhecimento (da Educação Matemática). In: FLORES, C.R. e

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matemática) prática pedagógica e produção de conhecimento. 1ª ed. Campinas:

Mercado das Letras, 2013, v. 01, p. 17 - 40.

CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e Discurso. 2. Ed. – São Paulo: Contexto, 2010. CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do

discurso. São Paulo: Contexto, 2008.

DESLAURIERS, Jean-Pierre; KÉRISIT, Michéle. O delineamento de pesquisa

qualitativa. In: DESLAURIERS, J.P; KÉRISIT, M. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos. 3º ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas, SP. Papirus, 1996.

FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. 2º ed. Campinas, SP, Editores Associados, 2007. GAIO, R.; CARVALHO, R.B.; SIMÕES, R. Métodos e técnicas de pesquisa: a

metodologia em questão. In: GAIO, R. (org.). Metodologia de pesquisa e produção de conhecimento. Petrópolis, Vozes, 2008.

GATTI, B.; ANDRÉ, M. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa em

Educação no Brasil. In: WELLER, V.; PFAFF, N. (Orgs.). Metodologias da Pesquisa

Qualitativa em Educação: teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 29 - 38. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1991. LUCENA, M. I. O olhar da etnografia em contextos educacionais: interpretando

práticas de linguagem. (Orgs.). Blumenau: Edifurb, 2012. p. 55-71.

MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em análise do discurso. 3º edição. Campinas, SP: Pontes, Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1997.

MAINGUENEAU, Dominique. Termos-chave da análise do discurso. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

MAZIÈRE, Francine. A análise do Discurso: história e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

OLIVEIRA , A. Por que etnografia no sentido estrito e não estudos do tipo etnográfico

em educação? Revista FAEEBA, Salvador, v. 22, n. 40, p. 69-82, 2013b.

OLIVEIRA , A. Algumas pistas (e armadilhas) na utilização da Etnografia na

Educação. Disponível em:

http://www.uemg.br/openjournal/index.php/educacaoemfoco/article/viewFile/322/312 Acesso em: 31 de Jul. 2015.

Referências

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