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Seminário. Censos Resultados Definitivos. Instituto Nacional de Estatística 10 e 11 de Dezembro Painel 1- População

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Seminário

Censos 2001- Resultados Definitivos

Instituto Nacional de Estatística 10 e 11 de Dezembro 2002

Painel 1- População

Evolução Demográfica no período intercensitário 1991- 2001

Maria José Carrilho

Instituto Nacional de Estatística

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Maria José Carrilho 1.Introdução

A presente comunicação é o contributo do Instituto Nacional de Estatística para o debate sobre a evolução da população residente em Portugal e das suas componentes no período intercensitário 1991-2001.

Os últimos anos do século XX foram marcados por preocupações de natureza demográfica, ganhando relevância a interligação entre população e desenvolvimento. A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento realizada no Cairo, em 1994, e respectivo processo de avaliação, conhecido como Cairo+ 5, que decorreu em 1999, data em que igualmente se assinalou o Ano Internacional das Pessoas Idosas, e todo o processo de preparação da Segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, celebrada no corrente ano, são exemplos da importância que as questões do envelhecimento assumiram no período1. A investigação no campo demográfico progride e as recomendações internacionais saídas das grandes conferências atribuem aos institutos de estatística e centros de população um papel relevante nos estudos e análises sobre população.

O envelhecimento demográfico nas suas diferentes dimensões, e as respostas para o enfrentar ocuparam igualmente a comunidade internacional. É neste período que surgem estudos como As Migrações de Substituição elaborado pela Divisão de População das Nações Unidas, em Março de 2000, que procura avaliar os efeitos das migrações no volume e na estrutura por idades das populações, e é neste contexto que o mesmo organismo reúne um grupo de demógrafos especialistas sobre Respostas Políticas para o Envelhecimento Demográfico e Declínio da População, em Nova Iorque em Outubro de 2000. Promove-se o debate internacional sobre as tendências demográficas e a cooperação internacional neste domínio ganha particular relevo. A presente apresentação está dividida em duas partes. Na primeira, destacam-se os efeitos da aplicação das taxas de cobertura na dimensão da população recenseada e na quantificação dos saldos migratórios. Na segunda parte, descreve-se o novo perfil da população residente em Portugal, assente nas modificações ocorridas na estrutura etária reflectidas no acentuar do envelhecimento demográfico e no intensificar da imigração.

Recentemente, o decreto-lei n.º 244/2002 de 5 de Novembro alterou a delimitação das NUTS, comparativamente à delimitação que as mesmas tinham à data da realização dos Censos 2001. Esta análise assenta na nova nomenclatura do território nacional tendo os resultados de 1991 sido apurados de acordo com a nova geografia, de modo a garantir a compatibilidade da informação.

Lisboa, 10 de Dezembro de 2002

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Maria José Carrilho

1. Os efeitos das taxas de cobertura dos Censos na fixação dos efectivos populacionais Conhecidos os efectivos populacionais recenseados em dois momentos consecutivos determina-se a variação populacional intercensitária, e tendo disponível o saldo natural registado nas Conservatórias do Registo Civil e apurado nas Estatísticas Demográficas que o INE prepara todos os anos, encontra-se, através da equação de concordância, um saldo migratório residual.

Quadro 1 - Evolução da População residente e suas componentes, NUTS II, 1991-2001 Efectivos recenseados

O saldo migratório residual engloba o verdadeiro saldo migratório intercensitário (a diferença entre entradas e saídas do país no período) e no caso das regiões incluí, igualmente o saldo migratório interno (entradas e saídas de cada região de/para todas as outras regiões do país, incluindo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira), que obviamente se anula para o conjunto do país. A equação de concordância assume a seguinte expressão:

População2001 = População1991+SN (15.04.91,12.3.01) +SM (15.04.91,12.3.01)+e1991+ e2001

sendo, eos erros de cobertura associados aos Censos de 1991 e 2001.

Os Inquéritos de Qualidade aos Censos realizados em Portugal, pela primeira vez com os Recenseamentos de 1991 e novamente com os de 2001, quantificaram as taxas de cobertura das operações censitárias, ou seja mediram as inclusões e as omissões erradas nas contagens dos indivíduos.

A aplicação das respectivas taxas de cobertura ajusta os efectivos populacionais de cada um dos Censos e avalia um saldo migratório mais preciso.

O primeiro passo consiste em fixar novas populações de partida e de chegada. Com este objectivo, foram os efectivos populacionais recenseados ajustados com as respectivas taxas de cobertura que, no caso de Portugal, se fixaram em 99,04% para 1991 e em 100,72 % para 2001. A operação de ajustamento efectuou-se para cada uma das NUTS II, âmbito geográfico para o qual as taxas de cobertura são representativas.

Com o ajustamento realizado os efectivos de população sofreram diminuição de população sendo Lisboa a excepção, com um ligeiro acréscimo de 8 764 indivíduos.

Censos 1991 Censos 2001 Variação da População Saldo Natural (SN) Saldo Migratório (SM) 15 de Abril 12 de Março 1991- 2001 1991-2001 1991-2001 Portugal 9 867 147 10 356 117 488 970 90 497 398 473 Continente 9 375 926 9 869 343 493 417 75 663 417 754 Norte 3 472 715 3 687 293 214 578 122 243 92 335 Centro 2 258 768 2 348 397 89 629 - 39 976 129 605 Lisboa 2 520 708 2 661 850 141 142 36 113 105 029 Alentejo 782 331 776 585 - 5 746 - 36 711 30 965 Algarve 341 404 395 218 53 814 - 6 005 59 819 R.A.Açores 237 795 241 763 3 968 8 540 - 4 572 R.A. Madeira 253 426 245 011 - 8 415 6 294 - 14 709

Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001

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Maria José Carrilho

De assinalar que a Região Autónoma dos Açores modifica a tendência na evolução de 1991 para 2001 quando os efectivos populacionais foram ajustados com a respectiva taxa de cobertura. A variação positiva de cerca de 4 000 indivíduos observada, tomando como referência a população recenseada em 1991 e em 2001, transforma-se uma diminuição de cerca de 2 000 residentes. A Região Autónoma da Madeira com o ajustamento dos efectivos recenseados revela um acentuar na diminuição da população no período intercensitário.

Quadro 2 - Evolução da População residente e suas componentes, NUTS II, 1991-2001 Efectivos censitários ajustados com as taxas de cobertura

Entre 15 de Abril de 1991 e 12 de Março de 2001 o saldo migratório residual encontrado para o conjunto do país reduziu-se de 398 473 indivíduos para 228 799. O saldo migratório real evidencia assim, uma variação negativa, comparativamente ao residual, de 169 674 indivíduos (- 42,6%). Esta diminuição ocorre em todas as NUTS II do Continente sendo mais expressiva no Norte (-78,4%). Ao contrário nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira os saldos migratórios negativos agravaram-se, sobretudo nos Açores, reflectindo as taxas de sobreavaliação encontradas no Inquérito de Qualidade.

A correcção dos efectivos populacionais recenseados tanto em 1991 como em 2001 tem apenas efeito directo na componente migratória do país e de cada NUTS II, pois o saldo natural é inalterável. Estes ajustamentos são particularmente importantes no cálculo das estimativas de população residente intercensitárias e póscensitárias, na medida em que permitem quantificar melhor os saldos migratórios.

2.Como se distribui a população residente em Portugal

Recentemente, o decreto-lei n.º 244/2002 de 5 de Novembro alterou a delimitação das NUTS, comparativamente à delimitação que as mesmas tinham à data da realização dos Censos 2001. A presente análise, como anteriormente se referiu assenta na nova nomenclatura do território nacional.

Se os efectivos recenseados aumentaram em quase todas as NUTS II entre 1991 e 2001, excepto no Alentejo e na Madeira, considerando a população ajustada junta-se-lhes a Região Autónoma dos Açores. Estas três regiões registam comportamentos demográficos bastante heterogéneos. De facto, no Alentejo as saldos migratórios positivos foram insuficientes para suprir o forte saldo natural negativo, consequência do envelhecimento da população. Os Açores e a Madeira continuam a ter um saldo natural positivo, mas que é absorvido pelos fluxos emigratórios.

Norte e Centro concentram mais de metade da população

Em termos de distribuição espacial mais de metade da população concentra-se nas NUTS Norte e Centro peso que sofreu ligeiro acréscimo de 58,1 % para 58,3% entre 1991 e 2001. Se a estas

Censos 1991 Censos 2001 Variação da População Saldo Natural (SN) Saldo Migratório (SM)

15 de Abril 12 de Março 1991- 2001 1991-2001 1991-2001 Portugal 9 962 790 10 282 086 319 296 90 497 228 799 Continente 9 470 170 9 805 457 335 287 75 663 259 624 Norte 3 508 912 3 651 070 142 158 122 243 19 915 Centro 2 275 483 2 331 336 55 853 - 39 976 95 829 Lisboa 2 569 826 2 670 614 100 788 36 113 64 675 Alentejo 775 457 766 604 - 8 853 - 36 711 27 858 Algarve 340 492 385 833 45 341 - 6 005 51 346 R.A.Açores 239 114 237 413 - 1 701 8 540 - 10 241 R.A. Madeira 253 506 239 216 - 14 290 6 294 - 20 584

Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001

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Maria José Carrilho

duas NUTS se adicionar a de Lisboa a concentração eleva-se para cerca de 84%, sendo a proporção praticamente idêntica em 1991 e em 2001.

Alentejo, Algarve a as Regiões Autónomas em conjunto não atingem os 2 milhões de habitantes, e registaram mesmo uma perda de importância relativa no total da população residente do país, embora não significativa, de 16,4% para 16,0%.

Quase metade da população reside em lugares com menos de 2 000 habitantes e uma parte relevante (13%) nos grandes centros urbanos, em lugares com ou mais de 100 000 habitantes. Distribuição idêntica tem a população idosa embora mais acentuada.

Em termos gerais pode afirmar-se que o interior perdeu população, sendo a Cova da Beira e o Alentejo Central as excepções, e as áreas do litoral aumentaram a população.

3. Novo perfil das pessoas residentes em Portugal

O número de população jovem (menos de 15 anos) diminuiu substancialmente (-16,9%) passando de 1 972 403 indivíduos em 1991 para 1 656 602 em 2001, enquanto o número de pessoas idosas aumentou fortemente (+26,1%) de 1 342 744 para 1 693 493, excedendo o número de jovens.

A proporção de jovens no total da população residente desceu de 20,0% em 1991 para 16,0% em 2001 e a proporção de idosos cresceu de 13, 6% para 16,35%, no mesmo período, e tornando-se superior à de jovens.

Menos jovens e mais idosos: acentua-se o envelhecimento demográfico

O acréscimo da proporção da população idosa na população total, definido como o fenómeno envelhecimento demográfico foi feito em detrimento da população jovem, como consequência da baixa de natalidade que se intensificou nos anos oitenta e permaneceu, desde então, com um nível inferior ao necessário para substituir a actual geração de pais (2,1 crianças por mulher). De facto, a população em idade activa (15-64 anos) aumentou de 6 552 000 para 7 006 022 indivíduos (+6,9%). HM H M HM H M 0 - 14 19,99 21,20 18,86 16,00 16,95 15,11 15 - 24 16,33 17,13 15,58 14,29 15,03 13,59 25 - 44 27,53 27,96 27,14 29,70 30,50 28,95 45 - 64 22,54 21,98 23,06 23,67 23,36 23,96 15 - 64 66,40 67,07 65,78 67,65 68,89 66,50 65 e + 13,61 11,72 15,36 16,35 14,16 18,40 75 e +/65 e + 39,32 35,22 42,23 41,42 37,75 44,05 80 e +/65 e + 19,13 15,52 21,69 20,86 17,50 23,28 85 e +/65 e + 6,80 4,80 8,22 8,95 6,77 10,52 100 +/65 e + 0,06 0,03 0,07 0,03 0,01 0,05

Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001

Quadro 3 - Repartição da população residente segundo o sexo,

Censos 2001 Censos 1991

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Maria José Carrilho

Acréscimo da população em idade activa

Na evolução da população em idade activa distinguem-se duas tendências opostas. Enquanto as gerações mais novas, até aos vinte cinco anos apresentam uma variação negativa ( -8,15%), ligeiramente mais acentuada nas mulheres, as gerações mais velhas registam um aumento, com ritmos bem diferenciados, observando-se o mais forte nas camadas dos 25-44 anos (13,2%), seguidas dos 45-64anos (10,2%). Em qualquer destes grupos etários as taxas de variação são menos significativas para as mulheres.

Dentro da população potencialmente activa observou-se uma variação positiva com tendência para desacelerar o ritmo, à medida que se avança na idade. A dinâmica de crescimento destas faixas etárias pode indiciar a entrada de fluxos imigratórios no durante o período, sobretudo masculinos.

Evolução oposta regista a população idosa com tendência para atenuar o ritmo de crescimento acelera à medida que a idade avança. Os aumentos são sempre mais fortes para as mulheres do que para os homens. As mulheres idosas excedem largamente quer em valor absoluto quer em proporção na população total residente, os homens idosos.

População Idosa é a que mais cresce

O envelhecimento dentro da própria população idosa é bem significativo. A população com idade igual a 75 ou mais anos reforçou a sua posição na população idosa aumentando cerca de dois pontos percentuais ( 41,42%em 2001).

Idêntica evolução ocorreu entre a designada população mais idosa. Enquanto a população com idade igual ou superior a 80 anos, representava 20,86 % da população idosa, a proporção da população com 85 ou mais anos de idade elevava-se 9%, e aproximava-se dos 11% no caso das mulheres.

Os centenários recenseados permanecem inferiores a um milhar, a ao contrário dos outros grupos de idosos, reduziram a metade importância relativa no total da população idosa. Esta proporção é multiplicada por cinco no caso das mulheres, situação que traduz a sua maior longevidade.

Portugal está a envelhecer. A população idosa, comparativamente à população jovem e em idade activa, é a que mais cresce (taxa média anual de 2,3 %) e dentro da população idosa são os mais idosos os que registam um ritmo de acréscimo mais forte ( 5,1% taxa média anual).

Esta evolução está bem expressa no índice de envelhecimento que passou de 68 idosos por cada 100 jovens em 1991, para 102 em 2001. Este indicador é particularmente elevado entre as mulheres, (122 idosas contra 84 entre os homens, em 2001) confirmando a sua maior esperança de vida.

O acentuar do envelhecimento, especialmente na base da pirâmide de idades e reflectindo a intensidade da baixa de natalidade marca os contornos que as mesmas apresentam em 1991 e 2001.

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Maria José Carrilho

Figura 1 - Pirâmide Etária, Portugal, 1991 e 2001

O envelhecimento agravou-se em todas as regiões do país, sendo mais acentuado nas NUTS mais jovens ou seja, no Norte e nas Regiões Autónomas.

São as NUTS do interior que evidenciam os níveis mais elevados, mostrando o país uma grande assimetria no índice que chega atingir o valor de 5 idosos por cada jovem.

População estrangeira residente duplica a proporção

Em termos de nacionalidades a população portuguesa também registou mudanças. A dimensão actual da população foi alcançada com a intensificação dos fluxos imigratórios que procuraram o país para residir em permanência, ou seja por período igual ou superior a um ano.

A população residente em Portugal com nacionalidade estrangeira recenseada em 12 de Março de 2001 era de 226 715 pessoas, das quais 123 098 eram mulheres e 103 617 homens.

A população estrangeira representava 2,2% do total da população residente em Portugal, proporção que duplicou face a 1991.

No que se refere às regiões de origem pode verificar-se que a grande maioria dos estrangeiros é de origem africana (45,6%), sendo a quase totalidade proveniente dos países de língua portuguesa (PALP).

Da Europa foram provenientes 31,9% da população estrangeira recenseada, sendo 21,8% dos países da União Europeia (UE) e 8,7% da Europa de Leste. Entre estes, assumem particular importância os nacionais da Ucrânia que representam 4,8% da população estrangeira recenseada enquanto que, no confere aos países comunitários sobressaiam a Espanha, Alemanha e Reino Unido. 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Homens 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Mulheres 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Idades

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Maria José Carrilho Total 0-14 15-24 25-44 45-64 65 + Portuguesa 100 16,0 20,9 43,4 35,7 16,7 Estrangeira 100 13,9 23,7 58,9 17,4 4,9 Europa 100 12,9 20,2 54,9 24,9 7,7 África 100 15,1 24,5 60,5 15,0 3,3 América 100 13,6 28,3 60,0 11,7 3,9 Ásia 100 8,0 16,9 67,9 15,1 3,9

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População 2001

De destacar a proporção da população com nacionalidade angolana (16,3%) que juntamente com Cabo Verde (14,6%) e Brasil (14,6%) eram as nacionalidade mais representativas a residir em Portugal em 12 de Março de 2001.

A imigração é maioritariamente masculina, como o demonstra o valor da relação de masculinidade na população estrangeira de 119 homens por cada 100 mulheres, comparada com um valor 93 na população com nacionalidade portuguesa.

A análise da repartição etária da população estrangeira permite identificar o possível impacte que a mesma tem na estrutura da população total, e em que medida pode ser um factor para atenuar as consequências do envelhecimento da população.

População estrangeira mais jovem do que a nacional

De um modo geral, as populações imigrantes são mais jovens do que a população de acolhimento. Os Censos de 2001 confirmam esta afirmação e revelam as diferenças acentuadas entre a população com nacionalidade portuguesa e a com nacionalidade estrangeira.

Os efectivos populacionais estrangeiros residentes em Portugal concentram-se na faixa em idade activa (15-64 anos): 81,2% contra 67,2% da população com nacionalidade portuguesa. É entre as camadas mais jovens, as idades compreendidas entre os 25-44 anos que se regista a maior parte das pessoas estrangeiras em idade activa (58,9%), proporção que desce para 43,4% entre a população nacional.

Quadro 4 – População estrangeira residente em Portugal (%), por nacionalidade, em 12 de Março de 2001

A proporção de indivíduos com 65 ou mais anos é inferior ao valor nacional em todas as regiões de origem. A população proveniente da Europa é a que regista maior peso de idosos: 7,7%.

A estrutura etária da população estrangeira varia fortemente com a região de nascimento. As idades médias mais elevadas encontram-se na Europa, entre os nacionais do Reino Unido (45,2 anos) e da Espanha (41,0 anos) com idades médias bem superiores ao valor da UE (36,7 anos); as idades mais baixas pertencem aos PALP (31,0 anos), em particular a Angola (28,4 anos), e ao Brasil (31,2 anos). A Europa do Leste com uma idade média de 33,5 anos surge, assim, numa escala intermédia, sendo os nacionais da Ucrânia os mais velhos (34,2) logo seguidos dos russos (33,8 anos).

As diferentes repartições etárias estão bem evidenciadas através dos índices de envelhecimento das populações. Por cada 100 idosos estrangeiros existem 35 jovens com menos de 15 anos, valor que se eleva a 105 no caso da população com nacionalidade e portuguesa e se fixa em 102 no total da população. Na Europa por cada 100 idosos há 60 jovens valor que se reduz quase a um terço entre a população africana (22) e expressa a sua juventude. Os nacionais do Reino Unido são os que têm os índices de envelhecimento superiores (148 por cada 100 jovens); ao

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Maria José Carrilho

contrário, os nacionais de Angola apresentam os valores mais baixos (16 idosos por cada 100 jovens). Qualquer que seja a região de origem da população estrangeira, o indicador é sempre superior entre as mulheres.

A idade média da população residente em Portugal era em 2001, de 39,5 anos, valor que aumenta para 39,8 anos na população de nacionalidade portuguesa e diminui para 32,5 anos na população de nacionalidade estrangeira.

Em 2001 a idade média da população estrangeira (31,5) e da população portuguesa (39,8) diferem significativamente. A distribuição por idades ressalta bem essa diferença. Na população estrangeira 13,9% têm menos de 15 anos, 23,7% têm entre 15 e 24 anos e 28,9% estão nas idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos; as proporções elevam-se a 16,0%; 20,9%, 43,4% respectivamente na população portuguesa.

O índice de sustentabilidade de população estrangeira, que relaciona a população em idade activa com a população idosa, é mais do que quatro vezes superior ao observado na população nacional. Por cada idoso com nacionalidade estrangeira existiam 17 estrangeiros em idade activa, enquanto que na população com nacionalidade portuguesa por cada idoso existiam apenas 4 portugueses em idade activa. É entre os nacionais de África (25) e da Ásia (23) que se observam os índices de sustentabilidade mais elevados, e entre os da Europa os valores mais baixos (10). A população estrangeira surge, assim, como um factor dinamizador da população portuguesa na medida em que é em média, 7,3 anos mais jovem do que a portuguesa. O traçado das duas pirâmides etárias mostra bem as diferenças referidas e evidencia como a população estrangeira se situa maioritariamente na idade activa.

Pirâmides etárias da população residente total e estrangeira, 2001

A importância dos fluxos migratórios, sobretudo os em situação irregular determinou a realização de duas operações de regularização extraordinária da população estrangeira residente em Portugal, efectuadas pelos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a criação um outro dispositivo legal, a autorização de permanência. Tanto na regularização de 1992 como na de 1996 os cidadãos nacionais dos países africanos de língua portuguesa (PALPS) representaram a maioria dos pedidos de legalização.

2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96

Em % da População Total Em % da População Estrangeira MULHERES

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Maria José Carrilho

Conclusões

• O período intercensitário de 1991-2001 caracteriza-se por uma fecundidade baixa permanecendo a um nível inferior ao que permite substituir a actual geração de pais. A mortalidade infantil atingiu um dígito e a longevidade aumentou. A emigração estabilizou e a imigração intensificou-se. O País envelheceu mais e aproximou-se do padrão demográfico em vigor nas sociedades desenvolvidas.

• Em Portugal verificou-se uma importante transformação estrutural expressa na inversão das proporções da população jovem e da população idosa.

• A situação tende agravar-se com a entrada na vida activa de efectivos cada vez menos numerosos, conjugada com a saída da vida activa das gerações de elevada natalidade, que por sua vez vão aumentar a população idosa.

• Com o envelhecimento da própria população idosa aumenta o número dos mais idosos, e consequentemente a necessidade de cuidados de saúde e de apoio mais específicos por forma a assegurar aos idosos e às famílias, o melhor bem estar.

• O envelhecimento, mais acentuado entre as mulheres, é um fenómeno de grande dimensão, durável, irreversível e com efeitos em todas as esferas da sociedade. Tanto os sistemas de saúde, como os de educação, do mercado de trabalho, e da segurança social são afectados. É simultaneamente um desafio e uma oportunidade para a sociedade portuguesa.

• Os idosos do século XXI são diferentes dos idosos de gerações mais antigas, têm um nível de instrução mais elevado e mais saúde. As pessoas vivem mais anos, sendo importante que os vivam com mais qualidade. Assim, a sociedade deve adoptar novos estilos de vida e novos padrões de consumo adaptados à nova realidade existente.

• Portugal no início dos anos noventa transformou-se em país de imigração, sendo estes fluxos o maior contributo para o crescimento actual da população. Os imigrantes são essencialmente masculinos e concentram-se na idade activa, sobretudo na mais jovem.

• A população estrangeira aparece como um factor dinamizador da população portuguesa na medida em que é uma população em média, 7,3 anos mais jovem do que a portuguesa.

• Entre as variáveis demográficas as migrações internacionais surgem como as mais passíveis de actuar. Os imigrantes tendem a adoptar o comportamento demográfico do país de acolhimento ou seja, eles próprios vão ter menos filhos, melhor saúde e envelhecer.

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Maria José Carrilho

Referências bibliográficas:

CARRILHO, Maria José, PATRÍCIO, Lurdes (2002) “A Situação Demográfica Recente em Portugal”, Revista Estudos Demográficos n.º 33, INE, Lisboa .

CARRILHO, Maria José (2002) “Os imigrantes no processo de envelhecimento em Portugal”, policopiado, Conferência /Debate A Europa, o desafio demográfico e o espaço de liberdade, segurança e justiça- Centro Cultural de Belém, 18 de Outubro 2002, Lisboa.

CARRILHO, Maria José (1993) “O Processo de Envelhecimento em Portugal: Que Perspectivas…?”, Revista Estudos Demográficos nº 31, INE, Lisboa.

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UNITED NATIONS (2002) “Madrid International Plan on Ageing 2002”, advanced unedited copy (URL:

http://www.madrid2002-envejecimiento.org)

A definição de população residente adoptada em Portugal é o conjunto de pessoas , que independentemente de no momento de observação estarem presentes ou ausentes numa determinada unidade de alojamento aí habitam a maior parte do ano com a família ou detêm a totalidade ou a maior parte dos seus haveres. Assim sendo, a população estrangeira está incluída na população residente.

Referências

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