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Queda de Blatter abre meio ano de especulações sobre Fifa POR ADALBERTO LEISTER FILHO, DUDA LOPES, ERICH BETING E PRISCILA BERTOZZI

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Queda de Blatter abre meio ano

de especulações sobre Fifa

O F E R E C I M E N T O

Q U A R TA - F E I R A , 3 D E J U N H O D E 2 0 1 5

US$ 1,5 bi

foi o quanto a Fifa faturou com

patrocínios em 2014, maior

valor da história da entidade

N Ú M E R O D O D I A

E D I Ç Ã O • 2 6 8

A renúncia de Joseph Blatter ao cargo de presidente da Fifa, no início da tarde de ontem, pegou o universo do futebol de surpresa e deu início a uma onda de espe-culações sobre quem serão os novos possíveis presidentes da Fifa, num processo que deverá durar, pelo menos, durante os próximos seis meses, quando o Congresso Extraordinário da Fifa deverá ser realizado.

No dia em que um império de 41 anos chegou ao fim na Fifa, com a soma dos mandatos de João Havelange e Blatter na presidência da entidade, diver-sas personalidades do meio do futebol se pronunciaram sobre a chance de concorrer ao cargo máximo do futebol no mundo.

Michel Platini, presidente da Uefa, Luís Figo, ex-jogador, e o derrotado Ali Bin al-Husein são os três nomes mais evidentes.

Mas as especulações são tantas que até promessas de campanha já foram lançadas, como a do

ex--jogador brasileiro Zico decidiu dizer que estaria disposto à vaga.

Num pronunciamento feito no início da tarde de ontem, Blatter

disse que renunciava ao cargo por não ter conseguido implementar as reformas necessárias à Fifa. No discurso, pediu mudanças

profun-das na entidade, o fim de man-datos extensos e a redução do Comitê Executivo da entidade.

O discurso foi o oposto ao feito pelo mesmo Blatter na sexta--feira passada, quando ele havia sido reeleito para o quinto man-dato à frente da entidade.

O dirigente sairá apenas no final do ano, quando será feita a reunião extraordinária para defi-nir o novo presidente. Domeni-co Scala, Domeni-conselheiro externo da Fifa, vai comandar o processo de sucessão presidencial, mas Blatter seguirá até lá no cargo. Segundo a rede americana ABC, Blatter está sendo investi-gado pelo FBI. “Provavelmente haverá uma corrida para ver quem se vira contra Blatter pri-meiro. Podemos não conseguir derrubar toda a organização, mas talvez não seja necessário”, disse fonte do FBI à emissora.

Sinal de que as investigações sobre corrupção no futebol conti-nuarão a derrubar seus dirigentes. POR ADALBERTO LEISTER FILHO, DUDA LOPES,

(2)

diretor de conteúdo da Máquina do Esporte

POR ADALBERTO LEISTER FILHO

gerente de novos negócios da Máquina do Esporte

POR DUDA LOPES

A depender de quem se apresentar

para a sucessão na Fifa, a renúncia

de Joseph Blatter pode representar

o fim da era João Havelange na Fifa.

Embora tendo renunciado ao

car-go de presidente honorário há dois

anos, o brasileiro viu sua eminência

parda comandar o futebol desde que

deixou a presidência, em 1998.

Em 41 anos de poder, a era

Have-lange-Blatter gerou para o mundo

da bola contratos cada vez mais

pol-pudos, atração de patrocínios

milio-nários e visibilidade de TV em nível

planetário. De olho no business,

Ha-velange costurou a reaproximação

da China com o esporte. A dupla

formatou uma série de

competi-ções que serviu para desenvolver o

futebol e como moeda de troca por

apoio. Assim, surgiram os Mundiais

sub-20 e sub-17, a Copa do Mundo

feminina e o Mundial de futsal.

Por outro lado, a Fifa viveu a era

dos escândalos, com denúncias de

corrupção que minaram aliados dos

comandantes da entidade.

Para satisfazer patrocinadores e

dar um ar de seriedade à federação,

Blatter chamou Michael García,

ex--promotor federal dos EUA, para

investigar as licitações para as

Co-pas de 2018 e 2022. O desprezo ao

relatório final gerou ainda mais

des-gaste com os parceiros comerciais

da Fifa e um inimigo poderoso.

É difícil mensurar o quanto as

des-cobertas de García ajudaram o FBI

em investigar sobre fraude,

extor-são e lavagem de dinheiro. Mas a

sujeira cada vez mais ameaça

man-char o terno do ex-dono da bola.

O que irá surgir dessa Fifa dos

es-cândalos de corrupção e da imagem

arranhada ainda é cedo para saber.

Uma conclusão, porém, é fácil de

tirar da crise: bem gerido, o futebol

poderia ser muito maior do que é.

Joseph Blatter renunciou ao seu

cargo, mas, pela reação de muitos,

parece que o anúncio foi exclusivo

a seus pares de confederações. Para

o restante do público, Blatter já não

representava nenhuma legitimidade

em sua posição. A péssima

reper-cussão de sua saída foi a perfeita

demonstração de que sua palavra já

estava em dúvida há muito tempo.

Evidentemente, muitos dos

dis-cursos foram absolutamente

opor-tunistas. Na categoria dirigentes,

por exemplo, o que não faltaram

foram críticas de pessoas que

apoia-ram e apoiam a estrutura vigente há

anos. Entre os patrocinadores, a

re-percussão não pode ser considerada

muito diferente assim.

E, mais importante, a boa imagem

nunca pareceu prioridade entre os

comandantes da Fifa. Projetos de

sustentabilidade social ou

campa-nhas contra o racismo sempre

so-aram pouco convincentes frente à

polêmica gestão da maior entidade

do futebol. E, nem assim, dirigente

do primeiro escalão pedia renúncia.

Ainda assim, uma saída seguida de

comemorações por diversos setores

não pode bom sinal. O discurso do

comediante John Oliver em seu talk

show, exibido na televisão

america-na pelo caamerica-nal HBO, é um bom

exem-plo disso. O apresentador chegou a

prometer consumir produtos ruins

de patrocinadores caso Blatter

caís-se. Adidas, McDonald’s e Budweiser

foram citadas diretamente.

“Devol-vam o esporte que eu amo”, pediu.

Aos patrocinadores, também

hou-ve um claro alívio. A saída de

Blat-ter representou o fim de uma

con-siderável má exposição frente às

seguidas crises causadas pela Fifa.

Após 17 anos, o suíço deixa a

enti-dade pelas portas do fundo. E

pou-cos vão sentir saudade.

O futebol poderia ser muito

maior do que ele é hoje

Falência de poder da Fifa

ficou ainda mais evidente

D A R E D A Ç Ã O

D A R E D A Ç Ã O

(3)
(4)

4 A saída de Joseph Blatter da

presidência da Fifa coloca mais pressão sobre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A entidade afirmou estar “surpresa” com a saída do mandatário da Fifa, num breve comunicado que foi divulgado por volta das 17h, três horas após a renúncia.

Ao Sportv, Walter Feldman, es-pécie de CEO da entidade, disse que a mudança na Fifa pode ser benéfica para o futebol.

“Recebemos a notícia com muita surpresa. Mas nós estamos aqui num forte movimento de renovação das práticas e gestão do futebol, e, se isso [a renúncia de Blatter] contribuir pra essa ne-cessidade de modernização, ela é bem-vinda”, afirmou o dirigente.

Enquanto isso, o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, que é membro do Comi-tê Executivo da Fifa, reuniu-se com presidentes das federa-ções filiadas à CBF. Em pauta estava a crise por que passa o futebol. Após o encontro, a CBF não se pronunciou.

A reunião, porém, gerou um princípio de racha na entidade, já que nem todos os presidentes de federações foram chamados.

Em meio à turbulência interna, a CBF pode ainda sofrer sua pri-meira derrota nos bastidores na próxima semana, quando o texto final da Medida Provisória para refinanciamento da dívida dos clubes deverá ser colocado em votação, sem levar em conta as

alterações solicitadas pela CBF. Caso isso aconteça, a entidade terá de passar por mudanças, que podem levar ao fim da reeleição sem limites do presidente.

A aprovação da MP é um dos pedidos da presidente Dilma Rousseff, que é rompida com a CBF desde o início de 2013, quando Marin havia assumido o cargo de presidente da entidade. POR REDAÇÃO

Queda de Blatter aumenta a

pressão sobre Del Nero e CBF

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Momentos antes da renúncia de Joseph Blatter à presidência da Fifa, na Cidade do Cabo, um alto executivo da Qatar Airways revelava que a empresa pode vir a ser patrocinadora da entidade.

“Queremos ser patrocinadores e isso está em negociações avan-çadas neste momento”, disse Marwan Koleitat, diretor comer-cial da empresa, ressaltando que não há preocupação em relação à imagem da Fifa depois da crise.

Patrocinadora do Barcelona, a

empresa aérea ocuparia a vaga aberta pela Emirates Airlines, que no final do ano deixou o patro-cínio à Fifa, alegando que a falta de credibilidade da entidade e o alto valor investido no patrocínio não justificavam o investimento.

A possível entrada da Qatar Airways reforçaria ainda mais a polêmica sobre a Fifa, já que a escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022 gera ainda muita discussão e está en-volta em suspeita de compra de

votos para que o país ganhasse. A saída de Blatter da Fifa tam-bém gerou repercussão entre os patrocinadores da entidade. A Visa, mais uma vez, foi a mais contundente, afirmando que a mudança no comando da Fifa é apenas a primeira de uma série de mudanças que precisam acon-tecer. Em linhas mais brandas, os demais patrocinadores disseram apoiar a atitude e esperam que a partir de agora a Fifa adote me-lhores práticas de gestão. Veja:

A REAÇÃO DOS PATROCINADORES

“Nos sentimos encorajados pelo reconhecimento da Fifa de que a reforma extensa é fundamental e necessária. Esse é o primeiro passo significativo para reconstruir a confiança pública, mas com mais trabalho pela frente”. “Nós respeitamos a decisão do Sr. Blatter. O anúncio de hoje é um passo positivo para o bem do esporte, do futebol e de seus fãs”.

“Saudamos o compromisso da Fifa para mudar. O Grupo Adi-das está totalmente comprometido com a criação de uma cultu-ra que promove os mais altos padrões de ética e tcultu-ransparência”. “Esperamos que o anúncio de hoje possa acelerar os esforços da Fifa para resolver questões internas, instalar uma mudança positi-va e aderir aos mais altos padrões éticos e de transparência”.

“As alegações de corrupção e ética questionável dentro da Fifa ofus-cou o jogo e tirou o foco do esporte, dos jogadores e dos fãs. Es-peramos que as mudanças sejam um grande primeiro passo”.

POR REDAÇÃO

Mesmo em meio à crise, Fifa

pode fechar novo patrocínio

Referências

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