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29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul IMPLANTAÇÃO DE MELHORIAS AMBIENTAIS NA CASA FAMILIAR RURAL DO MUNICIPIO DE IRETAMA-PR

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Academic year: 2021

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29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul

IMPLANTAÇÃO DE MELHORIAS AMBIENTAIS NA CASA FAMILIAR RURAL DO MUNICIPIO DE IRETAMA-PR

Área temática: ÁREA 05 MEIO AMBIENTE [4]

Jefferson de Queiroz Crispim (Coordenador da Ação de Extensão) [3]

Jefferson de Queiroz Crispim [5], Sandra Terezinha Malysz [6], Bruna Srutkowiski

Santos [7]

PALAVRAS-CHAVE: Educação ambiental, saneamento básico e efluente doméstico.

Resumo

Esta pesquisa visa consolidar nas comunidades rurais uma prática eficaz no lançamento de efluentes, no qual merece um grande destaque, pois este fato está se agravando cada vez mais e prejudicando não só o meio ambiente, mas sim a população como um todo, no qual vem sendo considerado um dos maiores problemas ambientais, a fim de trazer soluções técnicas eficientes e de baixo custo para o tratamento de efluentes domésticos em pequenas propriedades rurais. Portanto, é de extrema importância o desenvolvimento das estações de tratamento de esgoto (ETE) por meio de zona de raízes em propriedades de agroecológicas.

INTRODUÇÃO

As Casas Familiares Rurais (CFR) tiveram origem na França em 1937, por iniciativa de um grupo de famílias do meio rural, propondo a adoção de uma formação profissional aliada à educação humana para seus filhos. Nascia, assim, a Casa Familiar Rural, com a estrutura da Pedagogia da Alternância. No Brasil tiveram inicio em 1984 no Estado de Pernambuco e no Sul do país, o processo de implantação iniciou no Paraná, em 1987, nos municípios de Barracão e Santo Antônio do Sudoeste, com discussão dos agricultores e envolvimento das comunidades.

No município de Iretama, a Associação da Casa Familiar Rural foi Fundada em 06 de junho de 1992, é uma associação sem fins lucrativos, com sede no Centro de Produção Agropecuário, situado na bacia hidrográfica do Pinhalzinho, estrada Iretama-Venda. Instituição educativa, conta com 60 alunos e já atendeu desde sua criação mais de 500 alunos. É regida por uma associação de produtores, que trabalha com um método de educação adaptado ao jovem do meio rural, tendo como

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ponto principal a família, oferecendo aos jovens rurais uma formação integral, adequada a sua realidade, que lhes permitam atuar, no futuro, como um profissional no meio rural, além de se tornarem homens e mulheres em condições de exercerem plenamente a cidadania. Este processo educativo objetiva ainda melhorar a qualidade de vida dos produtores rurais, através da aplicação de conhecimentos técnicos-científicos organizados a partir dos conhecimentos adquiridos na CFR.

A duração das atividades na Casa Familiar Rural é de três anos, em regime de internato, com a adoção do método de alternância onde os jovens passam duas semanas na propriedade, no meio profissional rural, e uma semana na Casa Familiar. Durante as duas semanas na propriedade ou no meio profissional, o jovem realiza um Plano de Estudo, com o qual discute sua realidade com a família, com os profissionais e provoca reflexões, planeja soluções e realiza experiências na sua realidade, disseminando assim novas técnicas nas comunidades. Durante a semana na Casa Familiar Rural, os jovens colocam em comum com ajuda dos monitores os problemas, as situações levantadas na realidade, buscam novos conhecimentos para compreender e explicar os fenômenos científicos. Através do plano de estudos, são definidas as alternâncias com atividades que integram os cursos técnicos, com a formação geral, a educação social e humana e o desenvolvimento do espírito de trabalho em grupo. Assim a Pedagogia da Alternância, baseada na realidade profissional dos jovens, é a forma de vinculação do conhecimento teórico e prático, ou seja, “aprender a aprender”.

Entre os objetivos da CFR estão: fomentar no jovem rural o sentido de comunidade, vivência grupal e desenvolvimento do espírito associativo, e a consciência de que é possível, através de técnicas adequadas, como a produção ambientalmente correta, utilização com responsabilidade dos recursos naturais, de comercialização, viabilizar uma agricultura sustentável, sem agressão e prejuízos ao meio ambiente; desenvolver práticas capazes de organizar melhor as ações de saúde, de nutrição e cultural das comunidades.

Neste contexto, está sendo desenvolvidas técnicas ambientais por meio de instalação de estações de tratamento de esgotos por zona de raízes e recuperação e proteção de nascentes na Casa Familiar Rural e servirão como modelo, onde os alunos ao acompanharem o desenvolvimento de todas as etapas do processo de instalação, perceberão que é possível implementar tais tecnologias também em suas propriedades, melhorando assim a qualidade da água e consequentemente qualidade ambiental, proporcionando maior segurança a saúde da comunidade.

METODOLOGIA

A Estação de Tratamento de Esgotos por zonas de raízes constitui-se como uma alternativa eficaz e viável economicamente aos pequenos produtores no tratamento de esgoto doméstico. Além disso, não apresenta gastos de energia e é integrada ao meio ambiente, o que a caracteriza como uma tecnologia apropriada e um sistema auto-sustentável. Consiste em um filtro de areia onde serão plantados vegetais que desenvolvem raízes que, além de aerar o sistema, proporcionam a formação de colônia de bactérias que tratam os esgotos. A estação de tratamento por meio de zona de raízes é um sistema físico-biológico, idealizado seguindo a lógica do biofiltro, utilizando-se, porém, de mais um filtro constituído por raízes. Neste sistema, o esgoto é lançado, por meio de uma rede de tubulações perfuradas instaladas logo abaixo de uma área plantada, ou seja, na zona de raízes. Esta área

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plantada deve ser dimensionada de acordo com a demanda de esgoto prevista para a situação pré-determinada. A área para o tratamento de esgoto de uma estação experimental é de 1m2 por habitante mantendo a profundidade em um metro (Figura1).

Figura 1 - Perfil da estrutura final de uma ETE por zona de raízes Fonte: Parolin et.al. (2010)

A vegetação desempenha um papel fundamental no tratamento de esgotos com plantas pela transferência de oxigênio, através das raízes e rizomas, ao fundo das bacias de tratamento, propiciando um ambiente propício ao desenvolvimento de microorganismos que atuam no tratamento biológico com eficiência de 90% na redução dos níveis de coliformes fecais.

A implantação da estação de tratamento de esgotos tem por objetivo a remoção dos principais poluentes presentes nas águas residuárias, retornando-as ao ambiente sem alteração de sua qualidade.

As plantas que formam a zona de raízes neste tipo de ETE, foram plantadas sobre um filtro físico estruturado por uma camada de brita n° 2 de 50 cm de profundidade. Esta camada de brita encontra-se sobre outra camada do filtro composta de areia grossa que compõe o filtro físico da ETE e ocupa o espaço entre o fundo do filtro e a camada de brita. No fundo deste filtro, foram acomodadas as tubulações que captam o efluente tratado, conduzindo-o para fora da estação. A ETE foi impermeabilizada por meio de duas camadas de lona plástica resistente. A função da impermeabilização é evitar qualquer tipo de contaminação e infiltrações indesejáveis no sistema. O fluxo do efluente passa primeiramente por uma fossa séptica – tratamento primário, cuja função é remover sólidos sedimentáveis. O efluente é lançado, por uma rede de tubulações, na altura das raízes a 10 cm abaixo da superfície, onde se inicia o tratamento secundário na ETE.

A segunda técnica implantada na Casa Familiar Rural foi a Proteção e Recuperação de nascentes, além do reflorestamento exigido pelo Código Florestal, foi executado também a proteção das nascentes que se encontram na área da CFR. As nascentes são enquadradas tecnicamente como área de preservação

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permanente (APP). São áreas protegidas pelo Código Florestal (Lei n°. 4.771, de 15 de setembro de 1965).

O processo de proteção das nascentes iniciou com a retirada do excesso de resíduos orgânicos da área de entorno da nascente, em seguida construído um banco de pedras, que auxiliará na retirada das impurezas da água e na seqüência o preparo de uma massa, misturando-se o cimento com barro na proporção de 3 x 1 ou seja, três partes de terra peneirada para uma de cimento, com o qual confeccionou-se uma camada protetora fechando completamente essa fonte. Esta técnica é conhecida como solo-cimento e o objetivo é garantir a saúde dos usuários, pois muitas vezes, os animais defecam próximo às nascentes, entrada de insetos e queda de folhas que apodrecem, alterando seu padrão de potabilidade, além do assoreamento destas fontes muitas vezes causadas por movimento de solos e erosão. Após a primeira etapa utilizou-se canos PVC de 100 e 50 mm que permite parte da água ser utilizada na CFR.

Paralelamente ao trabalho técnico de instalação das ETES e da proteção das nascentes, foi realizado o trabalho de Educação Ambiental com o objetivo de envolver alunos e professores no processo de implementação das tecnologias; criar responsabilidades na manutenção das mesmas considerando sua importância para a melhoria da qualidade ambiental da Casa Familiar Rural e para aprendizado sobre o processo de instalação; sensibilizar os jovens e comunidade escolar sobre a importância de tais técnicas no trato com o ambiente; fomentar o conhecimento dos trabalhos realizados na CFR para disseminação nos estabelecimentos agrícolas familiares da comunidade escolar.

A Educação Ambiental foi desenvolvida com a realização de reuniões com os professores, palestras para a comunidade escolar, elaboração de maquetes e atividade de campo.

O trabalho com maquetes permite uma visualização tridimensional de todo o sistema em miniatura e possibilita aos alunos ao acompanharem a construção da mesma, posteriormente saber o funcionamento e a aplicabilidade de cada técnica.

Após as atividades de sala de aula (palestras e maquetes) iniciou-se os trabalhos de campo, realizando a aplicação da teoria na prática, com auxílio dos alunos da CFR, monitorados por técnicos e professores envolvidos no processo de implementação dos sistemas (Quadro de fotografias 1).

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a) Curso confecção de maquetes

b) Maquete da ETE c) Alunos e professores montando a estação de tratamento de esgotos

d) ETE finalizada e) Proteção de nascentes f) Nascente protegida Quadro de fotografias 1 – Apresentação dos trabalhos desenvolvidos na Casa Familiar Rural

Fonte: os autores (2011)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A conservação do meio ambiente vem adquirindo importância crescente no sistema de relações que determinam o comportamento humano. Processos de degradação ambiental relacionados à ocupação do solo, ao consumo de energia elétrica e ao uso dos recursos hídricos, deram origem à necessidade de se criar instrumentos de orientação nas relações homem, agricultura e recursos naturais.

A realização de um trabalho interdisciplinar na Casa Familiar Rural está sendo importante para a comunidade rural e urbana do município de Iretama-Pr, pois a soma de conhecimentos e a troca de experiências fará da CFR um referencial de pesquisas socioambientais.

O trabalho iniciado em março de 2010 vem apresentando resultados satisfatórios, devido ao envolvimento de todos os professores e alunos da escola.

A instalação das ETE’s e a recuperação das nascentes possibilitou também o trabalho teórico-prático com a Educação Ambiental. A construção de maquetes permitiu que os alunos conhecessem os sistemas ainda mesmo antes da implementação da propriedade e se envolvessem no processo. O envolvimento da comunidade escolar no processo de implementação das técnicas possibilita um maior cuidado com a manutenção e monitoramento dos sistemas. As palestras permitiram aos alunos a sensibilização para a problemática que o destino incorreto dos efluentes provenientes do esgoto doméstico pode causar, assim como a importância da preservação das nascentes para manutenção da qualidade da água, da saúde e da vida. Os alunos perceberam também que ações simples como a de não jogar papel higiênico, fio dental, cabelo, óleo de cozinha e outros objetos no vazo sanitário pode contribuir muito com o tratamento e prolongamento da vida útil das ETE’s, ou seja, um trabalho preventivo que começa ainda dentro da casa. O trabalho com estas tecnologias motivou o aprendizado de conteúdos curriculares

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das disciplinas de ciências, geografia, língua portuguesa, matemática, e artes em um trabalho multidisciplinar.

CONCLUSÕES

A implantação das ETE’s e a recuperação de nascentes na Casa Familiar Rural de Iretama contribuiu significativamente com conhecimentos teóricos e práticos com a comunidade envolvida, para a melhoria das condições socioambientais. Este trabalho permitiu que o desenvolvimento de tais técnicas ecologicamente adequadas atingisse a partir dos alunos da Casa Familiar Rural, famílias de pequenos agricultores da região, muitas residindo em lugares de difícil acesso e sem conhecimento dos impactos sobre os recursos hídricos, provocados pelo manejo inadequado do solo, e destinação de esgotos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEGISLAÇÃO

BRASIL . Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.

CALHEIROS, R. O. et al. Preservação e recuperação de nascentes. Comitê de Bacias Hidrográficas. Piracicaba, 2004

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

IBGE. (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Censo Demográfico. Rio de Janeiro, 2002.

PAROLIN, M. et. al. Avaliação das estações de tratamento de esgoto por zona de raízes instaladas em pequenas propriedades rurais. V Encontro de Produção Científica e Tecnológica. FECILCAM. Campo Mourão, 2010.

DISSERTAÇÃO

VAN KAICK, T. S. Estação de tratamento de esgoto por meio de zona de raízes: uma proposta de tecnologia apropriada para saneamento básico no litoral do Paraná. Curitiba, 2002. 116 p. Dissertação (Mestrado) - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

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Referências

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