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IV Encontro Nacional da Anppas 4,5 e 6 de junho de 2008 Brasília - DF Brasil

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IV Encontro Nacional da Anppas

4,5 e 6 de junho de 2008

Brasília - DF – Brasil

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Desafios à Gestão Integrada da Bacia Metropolitana de São Paulo a

Partir das Ações do Comitê do Alto Tietê.

Angélica Tanus Benatti Alvim Arquiteta, Professora e pesquisadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Curso de

Pós - Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil. abalvim@mackenzie.br

Resumo

A atual escassez da água motiva a busca de novos modelos de planejamento e gestão sustentáveis que incorpore a bacia hidrográfica enquanto um território. No âmbito da Região Metropolitana de São Paulo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e seus subcomitês de bacia vêm propondo um conjunto de ações que buscam equacionar os conflitos relacionados ao recurso hídrico mas, que pressupõe uma visão de planejamento e gestão integrada às outras políticas que atuam na bacia. Esse artigo discute as ações do Comitê do Alto Tietê entre 1995 e 2002, com ênfase naquelas que contribuem à gestão integrada da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Com base na teoria da gestão integrada de bacias hidrográficas, pressupõe-se que as políticas hídricas devam articular-se às políticas territoriais, como condição à sustentabilidade da bacia hidrográfica. A ausência de um organismo de gestão metropolitana traz para o comitê uma expectativa de encaminhamento dos problemas comuns. Tratando-se de uma área intensamente urbanizada, destacam-se as ações dos subcomitês de bacia, instâncias descentralizadas no âmbito da RMSP, que vêm se articulando às políticas urbanas, principalmente às ligadas ao uso e ocupação do solo, de responsabilidade dos municípios. Conclui-se que embora a articulação entre as políticas hídricas e urbanas seja primordial, esta depende principalmente de um processo negociado entre os níveis de governo e, fundamentalmente, da incorporação da sociedade civil nos processos de decisão.

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Introdução

A água, recurso natural finito, vem se tornando a cada dia um importante fator limitante à manutenção e ao desenvolvimento sustentável das diversas regiões, principalmente das mais populosas e urbanizadas. A gestão integrada de bacias hidrográficas, referencial teórico adotado pela Política de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (Lei Estadual 7.633/1991), é por essência multidisciplinar, sendo que está implícito neste modelo que as políticas hídricas devem articular-se às demais políticas que atuam no território da bacia, como importante condição para o desenvolvimento sustentável.

Em áreas metropolitanas a política de solos, visando o controle da expansão urbana, é fundamental, uma vez que este é um dos principais conflitos que interferem na disponibilidade de água destas regiões. As ações dos Comitês de Bacias Hidrográficas que atuam em áreas intensamente urbanizadas têm uma forte interface com as políticas territoriais, em especial com as urbanas.

A atual política urbana no Brasil, instituída através da Constituição Federal, regulamentada pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10257, de 10 de julho de 2001), fortalece o município enquanto instância responsável pela política de solos, sendo o plano diretor o principal instrumento de sua execução. Em áreas metropolitanas gera-se um importante impasse, uma vez que, em muitos casos, não existe a instância regional instituída que coordene as políticas municipais decorrendo em ausência de uma política de solos integrada.

No caso da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ou Bacia Metropolitana1 como a

denominamos na pesquisa, conflitos relacionados à expansão desordenada e sem planejamento dos municípios e conseqüentemente a ausência de uma gestão regional integrada vem colocando em risco a sustentabilidade dos seus rios e mananciais. A não re-configuração de sua instância de gestão regional aos moldes recomendados pela Constituição Estadual de 1989 gera um importante impasse na organização e gestão do território metropolitano no que tange aos serviços comuns intermunicipais.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH – AT), instância de gestão das águas da Bacia Metropolitana de São Paulo, vem agregando diversos setores e atores com a finalidade de equacionar conflitos relacionados aos recursos hídricos, e com isso discutindo problemas regionais que apresentam fortes interfaces com a água, mas cujas soluções não necessariamente dependem somente de suas ações.

O objetivo deste artigo é apresentar uma reflexão sobre a contribuição do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê à gestão integrada da Bacia Metropolitana, verificada por meio da avaliação de suas ações entre 1995 e 2002, destacando principalmente àquelas que apresentam

1 A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê praticamente coincide com a RMSP. Do conjunto de 39 municípios da RMSP, 34 têm suas áreas

totalmente ou parcialmente inseridas nesta bacia (Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos UGHRI – 06), sendo que os demais municípios - São Lourenço da Serra, Juquitiba, Santa Isabel e Guararema - não chegam a representar 10% da população. Entretanto, por opção Juquitiba e São Lourenço da Serra participam do CBH- AT totalizando 36 municípios.

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articulações das políticas hídricas com as urbanas. Procura-se enfatizar a natureza interdisciplinar deste modelo de gestão e a essência de uma gestão integrada de bacias hidrográficas.

Tem-se como hipótese central que as ações do CBH-AT e seus subcomitês vêm contribuindo para a gestão integrada da Bacia Metropolitana. Através de um processo participativo, seus instrumentos de planejamento e gestão definem estratégias que buscam em essência ampliar a disponibilidade do recurso água e minimizar os principais conflitos, em especial os de âmbito urbano e sócio-ambiental. Entretanto, a ausência de uma política urbana integrada no nível metropolitano acaba gera uma grande lacuna, colocando inclusive um limite à efetividade das ações do CBH - AT e de seus subcomitês.

Com base em pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 2000 2são sintetizadas as principais

ações do CBH - AT e de seus subcomitês no período de 1995 a 2002, que procuraram contribuir à gestão da Bacia do Alto Tietê , elencadas a partir da leitura e sistematização de suas atas de reuniões, deliberações e projetos aprovados. A realização de entrevistas qualitativas com representantes dos diversos setores que participam do Comitê e subcomitês de bacia serviu como importante complementação das informações documentais.

Construídos através de um processo participativo, os instrumentos de planejamento e gestão dessas instâncias configuram-se em estratégias de atuação integrada e compartilhada que buscam, em essência, ampliar a disponibilidade do recurso água e minimizar os principais conflitos no território da bacia, em especial os de âmbito urbano e sócio-ambiental. Por fim, destacam-se neste artigo as principais limitações destes fóruns bem como os desafios ao alcance efetivo de uma gestão integrada na principal metrópole do País.

1. Gestão de Bacias Hidrográficas: princípios e conflitos

Nas últimas décadas o debate sobre a escassez da água vem se ampliando, e embora o seu volume total no mundo permaneça constante, sua capacidade de sua regeneração tem sido prejudicada pela forma e pelo ritmo que tem sido apropriada e utilizada pela sociedade. Fracalanza (2002) aponta que a escassez da água deve ser considerada sob dois prismas distintos, porém interligados: o primeiro relacionado à quantidade e o segundo à qualidade de água necessária à execução das atividades humanas no território.

Os cursos d’água que formam a bacia hidrográfica são essenciais à manutenção da vida e às distintas atividades humanas que ali se processam. As virtudes e os defeitos dos cursos d’ água são, nada mais que os reflexos das ações antrópicas diretas ou indiretas sobre a bacia

2 Esse artigo tem como ponto de partida a tese de doutorado defendida pela autora em 2003 na FAU/USP. Desde então, como

continuidade, a autora vem procurando aprofundar as questões levantadas nessa pesquisa por meio de artigos, orientações e outros desdobramentos em conjunto com um grupo de pesquisadores da FAU/ Mackenzie. Em 2007, o grupo, sob liderança da autora, aprovou a pesquisa ”Das políticas ambientais e urbanas às intervenções: os casos das sub-bacias Guarapiranga e Billings no Alto Tietê, Região Metropolitana de São Paulo” no âmbito do Edital Universal do CNPq (483878/2007-3), cujo objetivo é discutir os limites e os desafios da integração das políticas urbanas às políticas ambientais, além dos possíveis conflitos entre políticas regionais, urbanas e intervenções localizadas que incidem principalmente nas áreas protegidas na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP.

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hidrográfica; e sua área de influência se estende por onde permeia seu escoamento (SARAIVA, 1999). Usados muitas vezes como despejo de esgoto ou como várzeas produtoras de inundações, são inúmeros os rios e córregos que foram tamponados, canalizados ou deixados ao acaso. Outras vezes, suas margens e solos frágeis são apropriados de forma indevida por população sem opção de moradia evidenciando situações simultâneas de incompatibilidade e ilegalidade da ocupação urbana) ou mesmo são frutos de atuações desarticuladas entre os setores ligados aos recursos hídricos e outras políticas setoriais, relativas ao uso do território (ALVIM, 2007).

A água é um dos recursos ambientais que mais deixa visível as relações de conflito entre sociedade, território e desenvolvimento. Alcançar o desenvolvimento sustentável, adotando a bacia hidrográfica como uma unidade de planejamento e gestão, significa estabelecer relações equilibradas entre os diversos componentes deste território, entre eles a sociedade, o desenvolvimento econômico e o meio ambiente (Ibidem).

Para Saraiva (op. cit.), a lógica territorial da bacia hidrográfica é determinante, tendo em conta a capacidade de renovação e manutenção desse recurso em quantidade e qualidade que permitam sua utilização pelos seres vivos. Entretanto, esse território subordina-se aos processos de planejamento e gestão que privilegiam outras lógicas setoriais e, portanto, é um território sujeito a disputas e conflitos. Segundo Martins (2006) enquanto os municípios ou mesmo os estados muitas vezes são limitados pelo eixo de um rio, todas as atividades que se referem à água – como o abastecimento, esgotamento sanitário, drenagem, etc. exigem outro tipo de critério de organização espacial, em geral, as bacias ou micro-bacias hidrográficas podendo vir a extrapolar limites político-administrativos municipais ou mesmo estaduais e nacionais. Essas atividades, consideradas essenciais ao desenvolvimento urbano de um determinado município, ao obedecerem a uma lógica setorial e espacial distinta exigem atuação de outros níveis político-administrativos.

A gestão integrada das bacias hidrográficas é parte do gerenciamento ambiental, conforme aponta Lanna (1995 apud ALVIM, 2003); pois incorpora não só aspectos da oferta e demanda dos recursos naturais, mas visa antecipar e dirimir conflitos intra-setoriais (entre demandas do mesmo setor econômico), intersetoriais (entre demandas de diferentes setores econômicos) e supra-setoriais, entre os setores econômicos e as demandas de proteção ambiental e entre distintas gerações (demandas da geração presente e das futuras). Sendo assim, prevalece uma noção sistêmica, onde os conflitos de qualquer natureza ou dimensão podem comprometer quantitativa ou qualitativamente outro elemento ambiental e/ou alterar a demanda sobre o mesmo. É o caso típico da vinculação entre o solo e água: o uso do solo pode aumentar a demanda por água e, em paralelo, diminuir sua disponibilidade e vice-versa.

Dourojeanny (1993, p.2-3) enfatiza que no planejamento e gestão de uma bacia hidrográfica, entendida enquanto um território complexo, “deve-se considerar a articulação de três grandes objetivos que levariam ao seu desenvolvimento sustentável: o crescimento econômico, a equidade

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(social, econômica e ambiental) e a sustentabilidade ambiental”. Para esse autor, o principal desafio a ser enfrentado pelos governos - desde os níveis municipais, estaduais até os níveis nacionais — é o “de saber como implementar sistemas de gestão capazes de fomentar e conciliar estes três objetivos assim como, os obstáculos para se implementar sistemas de gestão eficientes, que busquem o alcance do desenvolvimento sustentável [...]”

1.1 A Política das águas do estado de São Paulo e os princípios de gestão integrada

A Constituição Federal de 1988 definiu os princípios que fundamentam a gestão nacional de recursos hídricos e estabeleceu que a água é um bem público, considerando a necessidade de uma política integrada entre os corpos d’ água e as terras que o circundam.

A Constituição Paulista de 1989, além de aprofundar os princípios da Carta Magna, estabeleceu as normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos e à organização do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos - SIGRH, regulamentados através da Lei 7.633/91.

O principal objetivo da Política Estadual de Recursos Hídricos, segundo a legislação, é assegurar que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social, possa ser controlado e utilizado, em padrões de qualidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo o território do Estado de São Paulo.

O SIGRH, responsável por executar a política das águas paulistas, está ancorado em três instâncias: deliberativa, através do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs); técnica, através do Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (CORHI) e financeira, através do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) . A partir de 1991 institui-se no Estado de São Paulo 22 Unidades de Gerenciamento dos Recursos Hídricos – UGRHIs -, respeitando como divisor as águas das respectivas bacias hidrográficas.

A gestão integrada de bacias hidrográficas é o referencial teórico adotado pela Política de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Tal referencial teórico se insere em um contexto diferenciado: a gestão dos conflitos que interferem na disponibilidade da água, tendo em vista a importância deste recurso para a manutenção da vida e do desenvolvimento da sociedade. Neste sentido, está em jogo a “capacidade de renovação da água que se associa à escassez ou não, deste recurso” (DOUROJEANNY, op. cit., p. 15).

Segundo Alvim (2003, p. 187), os três princípios básicos da Política Estadual de Recursos Hídricos no Estado de São Paulo — Descentralização, Participação, e Integração — indicados na Constituição Paulista de 1989 e explícitos na Lei Estadual 7.633/91, enfatizam aspectos contidos no modelo de gestão integrada de bacias hidrográficas. A descentralização adota a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, possibilitando assim, a atuação descentralizada no âmbito do comitê de bacia desta unidade. A participação se expressa a partir

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da identificação dos atores envolvidos nos conflitos relacionados aos recursos hídricos, fato propiciado através da representatividade dos três segmentos usuários da água nos fóruns estadual e regional (Conselho Estadual - CRH e comitês das bacias). A integração tem em vista a não dissociação da qualidade e quantidade da água, completa o argumento, uma vez que é através da mensuração da disponibilidade da água que nitidamente as interferências das ações no território da bacia hidrográfica são evidentes.

As ações dos organismos de gestão das águas, os comitês de bacia, vêm cada vez mais apresentando uma forte interface com as políticas ambientais e territoriais. Nesse sentido, os comitês das bacias assumem um papel fundamental na gestão e no planejamento dos recursos hídricos e, conseqüentemente, do território que integra a bacia, embora não seja a única instância nesse sentido. Suas ações devem contribuir às integrações intersetoriais e inter-institucionais que se encontram no âmbito de outras esferas de planejamento e gestão, buscando minimizar os conflitos nos recursos hídricos, de acordo com as características do território a ser gerido.

Ou seja, como toda a política de natureza pública, a gestão dos recursos hídricos apresenta interfaces de interesses, não apenas com as políticas correlacionadas ao recurso hídrico ou meio ambiente, mas também com outras políticas setoriais. Nesse sentido, tendo como princípio a gestão integrada da bacia pressupõe-se uma atuação articulada dos setores ligados aos recursos hídricos com os demais setores, num processo compartilhado na bacia hidrográfica.

Em áreas altamente urbanizadas, como as regiões metropolitanas, a escassez de água para abastecimento público é um dos principais conflitos que interferem na disponibilidade de água destas regiões. Sendo assim, articulação da política hídrica com as políticas urbanas, principalmente uso e ocupação do solo, transportes e habitação, é fundamental, em função da necessidade de equacionamento de conflitos resultantes entre esses setores.

1.2 O desafio da articulação com as Políticas Urbanas e Regionais

O final dos anos de 1980 marca um período que sinaliza no Brasil importantes transformações nos campos das legislações ambientais / hídricas e urbanas. Os princípios estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 associados à redemocratização da sociedade buscam equacionar os deflagrados problemas ambientais, a degradação dos recursos hídricos, os entraves ao desenvolvimento urbano, entre outros. Um importante aspecto é a ampliação da participação da sociedade civil em processos decisórios do Estado e em ações que buscam promover o revigoramento das redes de solidariedade (FERREIRA, 2003), onde intervenções localizadas passam a ter um envolvimento efetivo da população, principalmente em áreas carentes.

Embora a legislação brasileira seja considerada, em geral, bastante avançada no que diz respeito às essas políticas públicas, o principal desafio diz respeito à construção de caminhos que possam viabilizar uma permanente integração entre elas, visando sobretudo equacionar os principais conflitos com que se defrontam principalmente em áreas intensamente urbanizadas. Tais conflitos

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ora pesam sobre um lado, ora pesam sobre outro, mas na maioria das vezes são extremamente vinculados entre si, requisitando uma visão sistêmica de planejamento e gestão.

Importante ressaltar que de um lado, as políticas urbanas e regionais são de responsabilidade de entes da federação – Município e Estado, respectivamente. Conforme a Constituição Federal de 1998 cabe ao município a responsabilidade da política urbana, principalmente com relação ao desenvolvimento e à organização territorial, a ser definida por meio do Plano Diretor de Município (que regulamenta os artigos 182 e 183), e ao Estado, a organização regional e as políticas de caráter intermunicipal (artigo 25). Por outro lado, as políticas ambientais (artigo 225) e as hídricas (artigo 21) são políticas concorrentes, ou seja, são competências comuns dos três níveis de governo; desse modo devem, quando a área em questão corresponder a dois ou mais municípios do mesmo estado, se sujeitar ao estado e, no caso de corresponder a municípios que estão em estados diferentes, ou se a área se estender a outro país, sujeitar-se à União.

Desse modo, sempre que houver uma atuação que extrapole os limites políticos-administrativos, há que considerar o nível de governo hierarquicamente superior. A gestão das bacias hidrográficas cujos limites em geral, extrapolam municípios ou mesmo um território estadual, só é possível a partir da negociação entre os níveis de governo que atuam naquele território, uma vez estatuariamente os entes da federação brasileira são independentes (MARTINS, 1996).

2. Comitê do Alto Tietê: o fórum metropolitano de gestão das águas

Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) a justaposição de políticas setoriais, a ausência de planejamento municipal bem como de âmbito metropolitano deixam “ao acaso” diversas ordens de problemas, principalmente aqueles que são de caráter intermunicipal.

No âmbito metropolitano, a Lei Complementar nº. 760/1994 instituiu as diretrizes para a organização regional estadual, reafirmando os conceitos das diversas unidades regionais definidas no âmbito da Constituição do Estado de 1989, estabelecendo inclusive os campos funcionais de interesse comum intermunicipais. Entretanto, até então, não houve a re-formatação da Região Metropolitana de São Paulo aos moldes recomendado pela Carta Magna e nem tampouco a instituição de um sistema de gestão e organização do território metropolitano integrando os diversos setores e municípios. No âmbito local, os 39 municípios vêm recentemente formulando e ou instituindo novos planos diretores à luz das diretrizes definidas pela política urbana federal, o Estatuto da Cidade, porém sem necessariamente estarem articulados às questões que se dão na escala metropolitana.

No quê diz respeito à gestão das águas, desde sua instalação em 1994, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH – AT) vem procurando agregar diversos setores e atores com a finalidade de equacionar os conflitos e com isso discutindo problemas que apresentam fortes interfaces com a água, mas cujas soluções não necessariamente dependem somente de suas

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ações (ALVIM, 2003). Na ausência de um organismo metropolitano, esse Comitê e seus subcomitês, instâncias descentralizadas de gestão das águas, têm tido um relevante papel na busca de uma gestão integrada do território.

2.1 As Ações do Comitê do Alto Tietê

Nessa pesquisa parte-se do pressuposto que o planejamento e a gestão de uma determinada bacia hidrográfica devem ser capazes de associar metas de sustentabilidade ambiental, econômica, social e cultural de maneira integrada às demais políticas que atuam naquele território. A problemática a ser tratada deve ter em vista a sociedade assentada, o desenvolvimento socioeconômico e o meio ambiente. Defende-se, portanto, que as ações dos comitês de bacia busquem a articulação entre o gerenciamento integrado dos recursos hídricos e outros usos setoriais que atuam e conflitam na bacia hidrográfica tendo em vista a contribuição para a implementação de um processo de gestão integrada daquele território.

As ações do CBH-AT e dos subcomitês, objetos da avaliação, foram selecionadas a partir da leitura e sistematização das respectivas atas de reuniões, deliberações e projetos aprovados, associadas a realização de entrevistas qualitativas com representantes dos diversos atores dos três segmentos - Estado, Municípios e Sociedade Civil - que participam nas instâncias central e descentralizadas. Dentre as ações, procurou-se avaliar, principalmente, aquelas que buscam articular-se com as políticas urbanas, uma vez que na RMSP a ausência de uma atuação integrada relacionada às tais políticas vem provocando intensos conflitos quanto à disponibilidade de água para abastecimento urbano e à drenagem.

A seguir, é fundamental sintetizar as principais ações do Comitê no período analisado de modo a definir o universo a ser avaliado, no item seguinte.

2.2.1 Principais assuntos debatidos ao longo das gestões de 1994 a 2002

A análise das principais ações do CBH-AT se deu apor meio das leituras das atas de reuniões ordinárias e extraordinárias ocorridas durante o período de 1994 a 2002 associadas a entrevistas qualitativas com representantes de todos os segmentos da instância maior e dos cincos subcomitês de bacia. Foram analisadas 22 atas de reuniões ordinárias e 14 atas de reuniões em caráter extraordinário.

O primeiro biênio de gestão do CBH-AT (1994 – 1996) é um período marcado por momentos de descontinuidade em relação aos assuntos elencado. A participação dos representantes dos três segmentos é descontínua, observando principalmente uma menor participação do segmento Município. Alguns representantes da Sociedade Civil são constantes e impõem uma dinâmica de contribuições e questionamentos importantes às reuniões do Comitê, destacando profissionais ligados às ONGs ambientalistas. Com relação ao Estado, destaca-se a participação da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras – SRHSO, da Secretaria do Meio Ambiente – SMA,

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do Departamento de Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE – e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP.

Os principais assuntos debatidos foram: o Programa de Despoluição do Rio Tietê, ou Projeto Tietê, e o Plano Integrado de Aproveitamento das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista, o “Planão”; a formação dos subcomitês. Além disso, destacam-se a formação da primeira Câmara Técnica (CT) ─ a CT de Controle de Inundações ─ responsável por desencadear um trabalho relativo às enchentes e, posteriormente, a formação da CT de Revisão da Lei de Proteção aos Mananciais, responsável por discutir o processo de elaboração da nova lei de proteção dos mananciais. No âmbito dessas CTs observam-se demandas que envolvem iniciativas de articulações intersetoriais fundamentais à gestão integrada da bacia.

A gestão seguinte (1997 – 1998) é marcada pela eleição do então Secretário da SRHSO, Hugo Marques da Rosa, como Secretário Executivo do Comitê, além de uma articulação política que elege o Prefeito do Município de São Paulo, Celso Pitta, para Presidente, bem como a continuidade da Fundação SOS Mata Atlântica, na Vice Presidência, dessa vez representada por Roberto Klabin. No início dessa gestão, a dinâmica de reuniões e trabalhos do CBH-AT se acentua. Além da alteração do nome da CT de Controle de Inundações para CT Drenagem e Controle de Inundações, a qual havia deflagrado uma série de atividades contínuas foram criadas mais duas Câmaras Técnicas: a CT Qualidade de Água e Proteção aos Mananciais e a CT Quantidade de Água e Racionalização dos Usos.

Nessa ocasião foram formados os subcomitês regionais, iniciando o processo de descentralização da gestão das águas na Bacia do Alto Tietê, desencadeado especialmente a partir da participação do Comitê na minuta da do projeto de lei da Nova Lei de Proteção aos Mananciais. Outros importantes assuntos discutidos durante esse período indicam interfaces entre os recursos hídricos e outras políticas setoriais entre eles a Revisão do Plano Diretor de Esgotos, trabalho que envolveu parecer da Câmara Técnica de Qualidade; e a formação da Câmara Técnica de Saneamento com vistas à articular dois setores naturalmente interligados, mas que na estrutura de gestão setorial do Estado sempre estiveram desarticulados.

Ainda nessa gestão aprovaram-se a formação da Comissão Especial para propor a estrutura organizacional da Agência de Bacia do Alto Tietê (em acordo com a Lei 10.020/98) e a contratação conjunta do Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da Bacia do Alto Tietê

(Relatório Zero) e do primeiro Plano de Bacia do Alto Tietê, instrumentos3 fundamentais para o

planejamento e a gestão integrada da bacia.

Na gestão 1999-2000, pela primeira vez, o segmento Sociedade Civil passou a ocupar a Presidência do Comitê, através do Instituto de Engenharia da USP por meio do Engº Hugo Rosa.

3Tais instrumentos contratados com recursos advindos do FEHIDRO, por meio do DAEE, foram elaborados de forma participativa pela

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Como importante iniciativa foram criados os Grupos de Integração com o objetivo de articular as ações do Comitê às dos subcomitês.

Diversos assuntos discutidos em plenárias expressavam a continuidade de ações já iniciadas em gestões anteriores, tais como o acompanhamento do Plano de Macrodrenagem e do Plano Emergencial de Recuperação aos Mananciais. Alguns, deflagrados no final de 1998, tiveram seus percursos definidos ao longo do período, como a elaboração do Plano de Bacia do Alto Tietê, a Lei Específica da Sub-bacia Guarapiranga, a constituição da Agência de Bacia e a revisão do Estatuto do Comitê. Nesses assuntos, a discussão a respeito das interfaces entre recursos hídricos e outras políticas territoriais, em especial o uso do solo, tornou-se mais explícita. Alguns trabalhos, ao longo desses dois anos, demonstraram como esse assunto veio sendo debatido no Comitê, evidenciando seus conflitos. Entre eles, o acompanhamento do Plano de Macrodrenagem, a elaboração do Plano de Bacia do Alto Tietê, elaborado pela FUSP e a aprovação no âmbito do Executivo Estadual, contra a vontade do Comitê4, de duas unidades da

FEBEM em áreas protegidas - uma no Parque Estadual do Juquerí e outra nas proximidades. Outras manifestações são registradas em atas principalmente em relação ao Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais (exigência da lei estadual 9.866/1997) por diversos representantes, principalmente, em função dos seguintes aspectos: lentidão da execução das ações propostas e dificuldade de articulação entre o plano a política habitacional.

Na gestão seguinte, a Prefeita do Município de São Paulo, Marta Suplicy, foi eleita Presidente do Comitê e, Stella Goldeinstein, então Secretária Municipal de Meio Ambiente, sua suplente. Como de praxe, a Sociedade Civil ocupou o cargo da Vice-Presidência, por meio da ONG Movimento de Resistência Ecológica Terra Viva, representada por Pedro Camello. O cargo de Secretário Executivo foi ocupado pelo segmento Estado, inicialmente por Antonio Carlos Mendes Thame (SRHSO), sendo substituído, em seguida, por Ricardo Borsari, também da SRHSO.

Observa-se que a estrutura de funcionamento do Comitê (Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho e Subcomitês) estava completamente definida desde o final da gestão anterior, com exceção da constituição da Agência de Bacia. Os principais desafios do período colocados para o período eram: a aprovação do Plano de Bacia, a implantação da Agência de Bacia e a elaboração das leis específicas para a regulamentação da nova Lei dos Mananciais no âmbito das sub-bacias. Importantes acontecimentos colocam em xeque a credibilidade do Comitê frente ao Executivo Estadual. Entre eles, a aprovação, apenas no âmbito do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) do Projeto Flotação do Rio Pinheiros e a alteração da Lei 1.172/76 de Proteção aos Mananciais, em especial do artigo 37, assim como o decreto regulamentador da matéria nº. 9.714/77, em seu artigo 53. Importante ressaltar que o episódio da alteração da lei de mananciais, ocorrido em meados de 2001, em um momento crucial de discussão sobre as

4 Embora o CBH-AT homologou deliberação se posicionando contra a construção dos empreendimentos, o Estado desconsiderou-a,

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exigências da Lei nº 9.866/1997 deflagra importante conflito entre os setores de recursos hídricos e meio ambiente. Embora os diversos manifestos contra essa alteração, principalmente de vários membros dos subcomitês, o CBH-AT encerra o ano de 2001 aprovando essa medida, na mesma reunião em que aprovou a minuta de Lei Específica da Sub-Bacia Guarapiranga.

No final de 2002 o Comitê aprovou o primeiro Plano de Bacia. Ressalta-se que a implementação desse instrumento constitui o grande desafio do Comitê do Alto Tietê na superação dos conflitos quanto à gestão do recurso água e sua integração à outras políticas setoriais e urbanas e instâncias estadual e municipais. De natureza indicativa e negociada, é um importante instrumento de planejamento e gestão integrada da bacia, uma vez que propõe um modelo de gestão compartilhada entre Estado e municípios e entre organismos setoriais estaduais, através de diretrizes específicas de desenvolvimento institucional, ampliando assim o campo de atuação do Comitê.

2.2.2 Principais ações que contribuem à gestão integrada

Após a análise das atas e destaque aos principais assuntos debatidos, considerou-se que as deliberações e os projetos aprovados anualmente com recursos advindos do FEHIDRO seriam as peças fundamentais que retratam as efetivas ações do Comitê.

Entretanto, dado as diferenças entre tais ações, algumas considerações são fundamentais no sentido de delimitar melhor o universo a ser avaliado. As deliberações, em geral, são assuntos encaminhados e votados de forma paritária pelo Comitê. Como o Comitê tem uma natureza deliberativa e não executiva, em geral, sua atuação limita-se a recomendações referentes a Planos; Estudos; Legislações entre outros, que dependem da ação efetiva de outros organismos, em geral do Estado e ou dos municípios, para sua execução. Já a distribuição dos recursos do FEHIDRO ocorrida anualmente  tanto no âmbito do CBH-AT como dos sub-comitês foi na pesquisa considerada como uma das ações mais efetivas dessas instâncias, uma vez que os projetos ali aprovados abrem a oportunidade de concretização de uma série de demandas que envolvem iniciativas da sociedade civil. Cabe destacar que, embora esses recursos, na ocasião da pesquisa, fossem pouco expressivos, eles sempre foram bastante disputados por todos os segmentos, tanto no Comitê quanto nos subcomitês.

Entre 1994 e 2002, 54 deliberações foram votadas e aprovadas. Deste universo, 22 deliberações são de natureza financeira; 17, administrativa; sete relativas à ações de planejamento (planos e projetos); e, sete de caráter normativo (legislações). No âmbito das 22 deliberações relacionadas aos aspectos financeiros oito distribuíram os recursos do FEHIDRO aprovando 164 projetos que envolviam os mais diversos interesses.

Do conjunto de projetos aprovados, 57 projetos foram apresentados por tomadores da Sociedade Civil, 57 do Estado e 50 do Município. Desse universo, a pesquisa identificou que 77 (47%) foram realmente contratados até meados de 2002, dos quais, 40 (52%) foram concluídos e 37 (48%)

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estavam em andamento. Os demais, 87 projetos (43%), estavam em tramitação nos respectivos organismos de aprovação (Secretaria Executiva do Comitê da Bacia, Agente Técnico ou Agente Financeiro do COFEHIDRO). Em relação à natureza dos projetos, 45% envolviam ações de educação ambiental e 30% planos/projetos/estudos ; seguido por 13% dos projetos que envolvem obras; 7% tratavam de assuntos diversos (reflorestamento, fiscalização etc) e, apenas 4% de assuntos ligados à gestão do Comitê e ou subcomitês. Em relação aos subcomitês, 26% dos projetos aprovados tiveram origem no subcomitê Cotia-Guarapiranga; 18% no Tietê-Cabeceiras; 16% no CBH – AT (Geral); 15% no Billings-Tamanduateí; 13% no Juqueri-Cantareira; e 12% no Pinheiros- Pirapora.

Dentre o conjunto de deliberações e projetos aprovados no âmbito do Comitê e seus subcomitês, as seguintes ações foram consideradas as mais significativas, podendo vir, se de fato implementadas, a contribuir para uma gestão integrada da Bacia do Alto Tietê:

• a elaboração do Termo de Referência para contratação do Plano de Macro Drenagem da Bacia do Alto Tietê, assim como seu acompanhamento, através da Câmara Técnica de Drenagem e Inundações, cuja contribuição principal se deu em relação às medidas não-estruturais ali propostas, enfatizadas sistematicamente pelos membros do comitê;

• a nova Legislação de Proteção e Recuperação dos Mananciais (Lei Estadual nº 9.766/97), cuja contribuição inicial se deu a partir de sua revisão, quando o CBH-AT articulou-se à Comissão Intersecretarial do Estado, através de uma Câmara Técnica específica para tal finalidade, e mais efetivamente, a partir das ações que se desencadearam após sua promulgação: o Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais e o processo de elaboração das Leis Específicas;

• os instrumentos de planejamento e gestão da bacia − o Relatório Zero e o Plano de Bacia − que evidenciam, de maneira objetiva, as interfaces entre os recursos hídricos e o uso e ocupação do solo da bacia, indicando diretrizes de articulação em diversos níveis, principalmente entre a gestão da água e as políticas setoriais e municipais (uso e ocupação do solo).

3. O papel dos subcomitês

A Lei Estadual nº 9.766/97, conhecida como a “nova Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais”, estabeleceu um conjunto de diretrizes a serem detalhadas pelas leis específicas, as quais devem instituir orientações de uso e ocupação do solo conforme a realidade de cada bacia ou sub-bacia protegida. Na ocasião de sua aprovação considerou-se que o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado (SIGRH) seria a estrutura a qual ela deveria

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vincular-se, principalmente, em função do caráter tripartite e democrático dos fóruns de gestão das águas.

Sendo assim, no âmbito da RMSP, os subcomitês são os organismos responsáveis pela elaboração das leis específicas, planejamento e gestão das áreas de proteção dos mananciais (53% do território metropolitano é “protegido” desde 1975). Ou seja, o papel dos subcomitês na Bacia do Alto Tietê é extremamente importante, na medida em que aproxima a discussão entre o gerenciamento dos recursos hídricos à gestão municipal, principalmente para os municípios que têm seus territórios inseridos em área de proteção dos mananciais. Importante ressaltar que nas atribuições dos subcomitês a articulação da gestão das águas à gestão do território, em especial às legislações de uso e ocupação do solo, é fundamental.

Ao longo do período analisado, a pauta da maioria dos subcomitês foi, em geral, ocupada pelas demandas decorrentes da aprovação da nova Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais de 1997. Nos primeiros dois anos, o Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais - conjunto de obras emergenciais para as áreas em situações ambientais e sanitárias críticas - previsto na legislação, exigiu envolvimento dos subcomitês Cotia-Guarapiranga, Billings-Tamanduateí e Tietê-Cabeceiras, tanto durante a elaboração das ações como no acompanhamento de suas obras. Paralelamente, as discussões sobre a elaboração dos Planos de Proteção e Desenvolvimento Ambiental - PDPA - (documento que precede a Lei Específica e define as políticas públicas e os programas ambientais a serem implementados em cada sub-bacia), e das Leis Específicas de cada sub-bacia iniciaram-se em quase todos os subcomitês, ainda que em ritmos bem diferenciados.

Do conjunto, a atuação dos subcomitês Cotia-Guarapiranga e Billings-Tamanduateí destacaram-se em relação à busca de uma gestão integrada entre os recursos hídricos e as políticas de uso e ocupação do solo no âmbito dos diversos municípios, embora em estágios distintos.

O subcomitê Cotia-Guarapiranga, primeiro subcomitê a ser instalado na Bacia (1997), tinha uma vantagem inicial em relação aos demais: o Programa de Saneamento Ambiental da Guarapiranga (1994/ 2000), uma iniciativa de recuperação ambiental no âmbito desta sub-bacia conduzida por um conjunto de municípios e o Estado, que na ocasião ainda encontrava-se em andamento e já havia desencadeado diversas ações de recuperação da sub-bacia. Destaca-se que os efeitos aglutinador e indutor de questões locais/regionais, desencadeadas pelo Programa Guarapiranga, foram extremamente importantes para a instalação deste subcomitê. Embora o PDPA dessa sub - bacia já estivesse sido formulado no âmbito do Programa, as suas atualizações, ocorridas em 1998/1999 e 2000, foram apresentadas e aprovadas no subcomitê. Esse passo inicial, sem dúvida, possibilitou a antecipação da elaboração da Lei Específica dessa sub-bacia.

A participação dos municípios desta sub-bacia representou importante contribuição ao subcomitê no que se refere à elaboração dessa legislação, principalmente os representantes de São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu, municípios que faziam parte do arranjo institucional previsto

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no Programa Guarapiranga. Entretanto, Neder (2002, p. 60) aponta que grande influência e dependência dos municípios de menor porte em relação ao município de São Paulo, vinham condicionando a transferência de soluções para a região “que é desenvolvida a partir de sua própria dinâmica e crise”.

O segmento Estado atuava como elemento mediador entre os interesses dos municípios de menor porte e São Paulo. Organismos setoriais — como a SMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) — apresentavam importante atuação neste subcomitê, reforçando a articulação sempre presente entre recursos hídricos, saneamento e meio ambiente. Além desses setores, a Secretaria Estadual da Habitação, através da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano - CDHU, tinha uma importante participação no subcomitê e em suas câmaras técnicas.

A participação da Sociedade Civil no Subcomitê Cotia-Guarapiranga ainda era pouco expressiva na ocasião. Destacam-se algumas entidades ambientalistas tais como, a SOS Guarapiranga, o Instituto Sócio Ambiental – ISA e a Associação de Mulheres. Além disso, o subcomitê contava com participação de empresários da região interessados na nova legislação dos mananciais. Interessante notar que no âmbito deste subcomitê, por meio de ONGs e prefeituras, diversos projetos que envolvem ações de educação ambiental voltadas à mobilização de lideranças populares foram financiados.

Em relação à Lei Específica, esse é o único subcomitê que certamente atingiu esta meta, considerada uma das mais importantes do Comitê do Alto Tietê e, conseqüentemente, da gestão de recursos hídricos na Bacia Metropolitana de São Paulo. O projeto de lei, elaborado entre 1998 e 2001, depois de ter sido aprovado nas diversas instâncias (CBH - AT, CRH e CONSEMA) foi enviado à Assembléia Estadual em 2002, e apenas recentemente, em janeiro de 2006, foi aprovado (Lei Estadual nº12.233/2006). Importante destacar que, a lei específica foi elaborada levando em consideração os diversos planos diretores municipais, entretanto diversas divergências têm sido apontadas principalmente em relação aos parâmetros urbanísticos distintos de algumas áreas. Atualmente, vários municípios desta sub-região, no ensejo de atender as diretrizes estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, estão revendo seus planos diretores municipais e incorporando as orientações da legislação ambiental.

O Subcomitê Billings-Tamanduateí também ocupou um lugar de destaque nas questões de integração entre as ações dessa instância e as de âmbito municipal. Trata-se de um subcomitê que tem, ao seu lado, importante articulação com organismos regionais já constituídos — Consórcio Intermunicipal do ABC, Fórum da Cidadania, Agência de Desenvolvimento do ABC e Câmara Regional do ABC — fato que , sem dúvida, contribui para a integração entre os atores envolvidos no planejamento e gestão desta sub-região.

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Um dos principais desafios para o subcomitê é equacionar o futuro da represa Billings, encaminhando ações em prol de sua recuperação. Aliado a esse importante tema, destaca-se a articulação entre a gestão hídrica-ambiental e o uso e ocupação do solo da sub–bacia, uma vez que esta é uma região altamente industrializada e urbanizada. Deste modo, as plenárias analisadas expressam contribuições no tocante aos conflitos entre os usos do solo e água, principalmente na área de proteção aos mananciais.

Em relação à Lei Específica desta sub-bacia, em 1999 o subcomitê contratou com recursos do FEHIDRO, por meio do Consórcio Intermunicipal do ABC, a Fundação da Universidade Estadual Paulista (FUNDUNESP) para sua elaboração. Entretanto dado o caráter genérico deste relatório, entregue em 2001, o subcomitê não aprovou o documento, permanecendo a questão em aberto, até recentemente. Ressalta-se que em 2001, o então coordenador da Unidade de Gerenciamento do Programa Guarapiranga foi definido como Secretário Executivo daquele subcomitê, na tentativa de viabilizar, no âmbito da sub-bacia Billings, o Programa Billings, o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA e a Lei Específica, aos moldes do Programa Guarapiranga. Desde então, depois de um longo processo de discussão no subcomitê, a minuta do projeto de Lei Especifica da APRM-Billings foi finalmente elaborada por meio de um Grupo de Trabalho interno, sendo aprovada em abril de 2007. Em seguida foi encaminhada para o Comitê do Alto Tietê para depois ser enviada às demais instâncias (CRH; CONSEMA, Executivo Estadual e Assembléia Legislativa de São Paulo). Conforme entrevistas realizadas mais recentemente no sub-comitê, a minuta da Lei Específica Billings teve como principal referência a Lei Específica da Guarapiranga e os planos diretores municipais visando implementar ações integradas de preservação e recuperação da bacia.

Neder (op. cit.) observa que em função da complexidade política existente na sub-região, fator extremamente positivo, o processo de construção do consenso é moroso e a função do Subcomitê Billings-Tamanduteí é desafiadora. Esse autor aponta que não basta conhecer apenas a realidade regional da sub-bacia, uma vez que diversos diagnósticos já foram amplamente elaborados pelo Estado e pelos municípios: o desafio real é a implantação de um planejamento ascendente que envolva a sociedade local, as organizações municipais, regionais e o subcomitê na solução dos conflitos relacionados aos usos do território e aos aspectos políticos e legais que se tornam explícitos naquela sub-bacia.

Nos demais subcomitês de bacia da Bacia Metropolitana a situação, na ocasião da pesquisa, encontrava-se bastante distinta dos demais, não somente em relação à regulamentação da legislação de proteção dos mananciais como também em relação aos assuntos elencados e participação dos três segmentos.

O subcomitê Tietê-Cabeceiras, embora tenha sido instituído em setembro de 1997, é somente a partir de 1999 que se inicia uma dinâmica contínua de reuniões. Em geral, os principais assuntos discutidos em suas plenárias envolviam questões ligadas às barragens, área de mananciais e à

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agricultura. Ressaltam-se conflitos entre os setores de recursos hídricos, agricultura e meio ambiente, principalmente em função do alto índice de irrigação utilizado pelos agricultores da sub-região. A participação do segmento Estado por meio do DAEE, SMA, CETESB, Secretaria da Agricultura, Secretaria da Habitação e EMPLASA foi considerada relevante. Já a Sociedade Civil, por meio de ambientalistas regionais e das universidades locais (Mogi das Cruzes e Brás Cubas), tinham um importante desempenho nesta instância participando ativamente das plenárias e Câmaras Técnicas. O segmento Município, contudo, era pouco representativo, pois diversos prefeitos não se mostram favoráveis às ações do subcomitê nesta região — fato que dificultava a articulação entre as instâncias municipais e estaduais.

Duas câmaras técnicas foram instituídas, contando com a participação da sociedade civil: a CT de Proteção aos Mananciais e a CT de Planejamento e Gestão Principalmente junto à CT de Proteção aos Mananciais, coordenada por representante da Universidade Mogi das Cruzes, vinham sendo desenvolvidos trabalhos sobre a área de proteção dos mananciais a partir de uma visão de desenvolvimento regional sustentável. Diversas pesquisas foram elaboradas pela FAEP – Fundação de Apoio à Pesquisa - da Universidade Mogi das Cruzes, com recursos advindos do FEHIDRO, entre elas, a que envolve o controle de qualidade da água na Barragem de Taiaçupeba, além do Atlas Ambiental da sub-região, trabalho elaborado pela Emplasa (Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo). Em relação à elaboração da Lei Específica e o PDPA, a pesquisa revelou que até aquele momento o subcomitê não havia ainda deflagrado sua elaboração.

O Subcomitê Juqueri-Cantareira tem, em sua principal finalidade, o gerenciamento dos recursos hídricos na sub-bacia onde se localiza o Sistema Cantareira, responsável por aproximadamente 50% da água para abastecimento público da RMSP. Na ocasião da pesquisa, a principal luta deste organismo relacionava-se diretamente às ações que envolviam o controle da expansão populacional e a regularização das ocupações clandestinas existentes na Serra da Cantareira e que, nas duas últimas décadas, haviam se intensificado, seja por meio da invasão de população de baixa renda ou de condomínios residenciais de alto padrão.

Nesta instância, destaca-se a experiência acumulada de vários de seus representantes em organizações ambientalistas, envolvidos em diversos fóruns nacionais e internacionais sobre preservação do meio ambiente. Projetos de educação ambiental, com recursos do FEHIDRO, foram freqüentemente desenvolvidos por seus representantes em conjunto com as escolas e prefeituras locais. A particularidade deste subcomitê é a presença da Vigilância Sanitária, da Secretaria da Saúde, em sua secretaria executiva, desde sua instituição, uma vez que os demais organismos descentralizados têm representantes da SABESP ou SMA com o cargo de secretário executivo. Essa particularidade proporciona uma importante articulação entre o setor da Saúde e a gestão dos recursos hídricos na Bacia do Alto Tietê, inclusive incentivando a Secretaria Estadual da Saúde a requisitar recursos financeiros do FEHIDRO em 1996 para o desenvolvimento de

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projetos tais como um diagnóstico elaborado por meio de sistema georreferenciado voltado aos recursos hídricos.

A baixa participação das prefeituras municipais neste subcomitê foi um dos obstáculos destacados por seus membros à efetiva implementação da gestão da sub-bacia. Por conseguinte, o subcomitê vinha tentado dar início às discussões de seu PDPA (Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental) e sua Lei Específica. Em 2001 com recursos advindos do FEHIDRO aprovou a contratação da Universidade Federal de São Carlos para elaboração destes instrumentos mas que até o final da pesquisa ainda não haviam sido concluídos.

Uma das grandes discussões deflagradas por este subcomitê diz respeito à construção de duas unidades da FEBEM, pelo Estado, no Parque Juqueri, já explicitada anteriormente. Entretanto, as deliberações do subcomitê e do Comitê do Alto Tietê não surtiram os efeitos desejados, uma vez que tais unidades foram construídas na sub-região. Desde o final de 2001, o Subcomitê Juqueri-Cantareira vinha solicitando ao DERSA apresentações sobre os possíveis impactos causados pela futura implantação do Rodoanel na Serra da Cantareira. Após inúmeras insistências, com auxílio do CBH-AT, as apresentações iniciaram-se em meados de 2002. Os representantes deste subcomitê, articulados aos ambientalistas da sub-região, colocam-se terminantemente contra este empreendimento, uma vez que o traçado pode seriamente impactar a represa Paiva Castro, além da fauna e flora local. Coloca-se aqui uma importante tarefa do Estado e dos diversos agentes envolvidos, entre eles, recursos hídricos e transportes: a busca de soluções conjuntas que articulem as questões de preservação dos mananciais e de circulação na metrópole.

Apesar desta sub-bacia apresentar importante interface com a Bacia Capivari-Jundiaí (PCJ), devido à reversão das águas daquela bacia para o Sistema Cantareira, a pesquisa não evidenciou articulação entre este subcomitê e o Comitê - PCJ.

O Subcomitê Pinheiros-Pirapora foi o último organismo descentralizado de gestão dos recursos hídricos na Bacia do Alto Tietê a ser instalado, em agosto de 1998. O alvo de ação deste subcomitê é a sub-região mais urbanizada e densamente ocupada da Bacia do Alto Tietê: as áreas central e oeste do município de São Paulo e os municípios do vetor oeste da RMSP. Os principais problemas vivenciados por essa sub-região relacionam-se ao alto índice de poluição dos rios Pinheiros e Tietê, as graves enchentes ocorridas ao longo de seus leitos e ao imenso volume de lixo produzido resultante do seu adensamento populacional.

A agenda do subcomitê na ocasião da pesquisa era, em geral, voltada para a articulação dos organismos da prefeitura de São Paulo e organismos estaduais, em geral DAEE e SABESP, devido aos conflitos freqüentes relacionados, por um lado, ao lento processo de despoluição do Rio Tietê e, por outro, a ausência de políticas municipais de uso e ocupação do solo e habitação. Enquanto nos outros subcomitês a Lei de Proteção Ambiental sempre foi o fio condutor das discussões, diferentemente, esta instância não possui território em sua sub-região em área de

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mananciais, porém, abriga a maior parcela da população da bacia que consome a maior parte da água produzida em outras sub-bacias. Dentro de um cenário de prioridades, o Subcomitê Pinheiros-Pirapora vinha discutindo a questão da parcela do rio Cotia que se encontra em sua área. Em 2000, contratou a Emplasa, através dos recursos do FEHIDRO, para elaborar um estudo de proposição de Lei Específica junto ao Baixo Cotia, embora esta área não se encontre em área de proteção aos mananciais. A par desse estudo, o subcomitê destinou quase todos seus recursos, em 2001, na contratação de um Plano de Desenvolvimento para a sub-região Pinheiros-Pirapora.

Um ponto importante, que vinha dificultando a ação deste subcomitê era a baixa participação de seus representantes, não somente nas plenárias, mas nos trabalhos a serem desenvolvidos no âmbito do Grupo Executivo ou da Câmara Técnica. Em relação ao Segmento Estado, a pesquisa destacou a participação da SRSHO, SMA, CETESB, IPT e CEPAM. Já no segmento Município, as prefeituras mais engajadas nas discussões eram Santana de Parnaíba, Osasco, Itapevi, São Paulo e Carapicuíba. A participação da Sociedade Civil se dava apenas nas plenárias, sem muita expressividade, com exceção de algumas entidades ambientalistas que buscavam assinalar sua presença nos processos encaminhados.

Ao que parece, alguns assuntos estavam em perspectivas neste subcomitê que, segundo entrevistas com representantes não vinham sendo devidamente explorados: a articulação necessária com o Comitê Tietê-Sorocaba, em função da poluição do rio Tietê exportada para aquela bacia e, os problemas relativos à macrodrenagem urbana e ao esgotamento sanitário, pois, nessa localização está “a cloaca” da bacia, respondendo por uma sensível parcela dos problemas ligados aos recursos hídricos e uso do solo.

4. Considerações Finais

A gestão dos recursos hídricos na Bacia Metropolitana de São Paulo por meio do CBH - AT, desde a sua instalação em 1994, passou a construir um processo dinâmico de planejamento participativo na metrópole. Único comitê estadual dividido em subcomitês, essas instâncias têm buscado aproximar os problemas locais e sub-regionais, indicando novos encaminhamentos para a solução dos conflitos da realidade local e metropolitana.

Embora o Comitê e seus subcomitês expressem, em suas ações, intenções de articular o gerenciamento dos recursos hídricos às outras políticas setoriais, as deliberações que envolvem interfaces setoriais relacionam-se, em sua maioria, a Estudos, Planos e Projetos e ainda encontram-se muito limitadas dependendo de outras instâncias, principalmente dos Executivos Estadual e municipais. Em relação aos projetos, a limitação financeira observada, faz com que as ações do Comitê sejam pouco expressivas, embora projetos significativos tenham sido aprovados no período pesquisado, evidenciando assim uma importante contribuição à gestão integrada.

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A formulação de uma nova Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais do Estado de São Paulo, em meados da década de 1990, bem como sua vinculação às ações dos Comitês e subcomitês demonstram um importante avanço quanto à implementação de uma nova abordagem em relação à gestão das águas e do meio ambiente, principalmente no que diz respeito à conciliação entre ações de recuperação, conservação e preservação no âmbito das sub-regiões que possuem áreas protegidas. Essa legislação ao indicar um conjunto de diretrizes deixa para os subcomitês a responsabilidade de “construir” as leis específicas de cada sub-bacia, segundo suas características e peculiaridades. Isso pressupõe uma articulação entre as instâncias que ali atuam - organismos setoriais do Estado e municípios - além da ampla participação da sociedade civil organizada.

Embora em estágios bastante distintos no que diz respeito a aprovação das leis específicas que regulamentarão a nova lei dos mananciais, as ações dos subcomitês de bacia constituem-se em importante estratégia de planejamento e gestão das bacias e uma excelente oportunidade de articular a gestão hídrica à gestão ambiental e territorial. Ou seja, a elaboração das leis específicas é uma importante peça na busca de uma articulação entre o planejamento e a gestão dos recursos hídricos, do meio ambiente e do meio urbano.

A pesquisa, no entanto, evidenciou que, principalmente a partir do ano de 2000, tais instâncias vêm canalizando esforços no sentido de aproximar suas ações às esferas municipais. Entretanto, a principal discussão que predomina nos subcomitês é o equacionamento dos problemas ambientais em área de mananciais, deixando para segundo plano as ações que poderiam contribuir com o debate sobre as áreas intensamente urbanizadas.

Em momento estratégico de (re) formulação de seus planos diretores, em consonância com as diretrizes do Estatuto da Cidade, o desafio dos municípios é elaborar uma política urbana que seja capaz de conciliar as questões de desenvolvimento urbano e socioeconômico às hídricas - ambientais, considerando principalmente os instrumentos definidos (e a serem definidos) pelos subcomitês.

Importante destacar que falta de uma gestão metropolitana acaba gerando uma grande lacuna, colocando inclusive um limite ao sucesso das ações do CBH-AT e seus subcomitês. Sendo assim, a gestão integrada da bacia metropolitana só será possível se houver uma efetiva articulação entre os distintos usuários das águas, as instâncias que ali atuam (Estado e Municípios) e um organismo responsável pela gestão metropolitana, até então ausente na principal metrópole do País.

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