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OCORRÊNCIA DE PARASITOS DA FAMÍLIA ANISAKIDAE (NEMATODA) EM Rhamdia spp. (JUNDIÁ) COMERCIALIZADOS EM PELOTAS, RS

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Academic year: 2021

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OCORRÊNCIA DE PARASITOS DA FAMÍLIA ANISAKIDAE (NEMATODA) EM Rhamdia spp. (JUNDIÁ) COMERCIALIZADOS EM PELOTAS, RS

Autor(es): DIAS, Joziani Scaglioni; RODRIGUES, Alice Pozza; BERNE, Maria Elisabeth Aires

Apresentador: Joziani Scaglioni Dias Orientador: Maria Elisabeth Aires Berne Revisor 1: Gertrud Muller

Revisor 2: Michele Soares Pepe Instituição: UFPel

OCORRÊNCIA DE PARASITOS DA FAMÍLIA ANISAKIDAE (NEMATODA) EM Rhamdia spp. (JUNDIÁ) COMERCIALIZADOS EM PELOTAS, RS Dias, Joziani Scaglioni1, Rodrigues, Alice Pozza1; Berne, Maria Elisabeth Aires1.

1 ,

Departamento de Microbiologia e Parasitologia- IB-UFPel Campus universitário- jscaglioni@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Espécies de Ramdia apresentam ampla distribuição no continente americano, ocorrendo do centro da Argentina ao sul do México (Thatcher, 1991). No Brasil, são encontrados em vários locais como Amazonas, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Tagliani et al.,1994). O interesse pelo cultivo intensivo de peixes de água doce cresce a cada ano, visando à produção de alimento rico em proteína com baixo custo. Entre as doenças que acometem peixes, destacam-se as parasitoses causadas por nematódeos, pois, além das perdas provocadas pela presença dos parasitos, muitos deles apresentam potencial zoonótico (Travassos et al., 1928).

O primeiro relato de nematódeo parasito de peixe do Brasil foi feito por Diesing (1839), com a descrição de Cheiracanthus gracile em Arapaima gigas (pirarucu) do Vale do Amazonas.

Dentro do Filo Nematoda a Família Anisakidae vem despertando constante interesse, pois os parasitos pertencentes a este grupo são importantes agentes de zoonoses parasitárias conhecidas como anisakidoses (Ubeira et al., 2000), e talvez este problema não seja alvo de investigação médica mais intensa pela falta de diagnóstico (MacCarthy & Moore, 2000).

Dentre os anisakideos, destaca-se o gênero Hysterothylacium (Ward & Magath, 1917), que tem sido registrado em diversas partes do mundo, como Brasil (Eiras & Rego, 1987), Yugoslavia (Petter & Radujkovic, 1986), Japão (Yoshinaga et

al., 1989) Chile (Carvajal & González, 1990), Estado Unidos (Moser & Hsieh, 1992) e

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maturidade sexual no trato digestivo de peixes ou mamíferos marinhos e tem como hospedeiros intermediários copépodos, poliquetos e outros invertebrados. A fase larval também pode ocorrer encapsulada no peixe (Yoshinaga et al., 1989).

Larvas de nematódeos têm sido responsáveis por quadros de Larva Migrans Visceral, em países onde a população tem o hábito de ingerir peixes crus ou mal cozidos. Essa doença, já foi registrada no Japão, Noruega, Holanda, Hawai e Peru, sendo provocada principalmente por nematódeos da Família Anisakidae. Nestes países, é comum a ocorrência de parasitoses ligadas ao hábito alimentar (MacCarthy & Moore, 2000). Assim, com a globalização de costumes e com o crescente hábito do consumo de peixes crus, torna-se fundamental o conhecimento destes parasitos. Pretende-se com este estudo contribuir para o entendimento destas parasitoses, que em sua maioria são desconhecidas pela população.

METERIAL E MÉTODOS

O trabalho está sendo realizado no Laboratório de Parasitologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas, a partir de espécimes de Rhamdia spp. adquiridos frescos em peixarias da cidade de Pelotas, RS.

Primeiramente são anotados dados de biometria do hospedeiro utilizando ictiômetro e balança. Em seguida, é realizada necropsia de acordo com técnicas adaptadas de Pavanelli et al. (1998) e Eiras et al. (1994).

Após a abertura, os órgãos são separados em placas de Petry e seus respectivos conteúdos analisados ao estereomicroscópio.

Os parasitos, coletados por órgãos, são contados e fixados em AFA (93% de álcool a 70ºGL, 5% de formol e 2% de ácido acético glacial).

A conservação dos nematódeos é feita em álcool 70ºGL com 5-10% de glicerina.

Os parasitos são clarificados em lactofenol de Amann e montados entre lâminas e lamínulas para identificação e registro microfotográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram necropsiados 43 exemplares de Ramdia spp. e destes, 28(65,11%) apresentaram-se parasitados por nematódeos. Segundo Moreira (2000), no Brasil, já foram descritas e/ou registradas 101 espécies de nematódeos parasitos de peixes entre formas adultas e larvais.

O intestino foi o órgão mais parasitado, seguido de estômago, gordura e musculatura, conforme Figura 1.

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76 39 25 3 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Intestino Estômago Gordura Musculatura

Figura 1: Localização dos parasitos coletados de Rhamdia spp., comercializados em Pelotas, RS.

Dentre os nematódeos foram encontrados espécimes da Família Anisakidae (Fig.2), resultado também verificado por Madi & Silva (2005), estudando peixes da Reserva do Jaguaraí, São Paulo, que encontraram positividade em Rhamdia quelen para parasitos desta mesma família.

Figura 2: A e B, parasitos da Família Anisakidae encontrados em Rhamdia spp., comercializados em Pelotas, RS. A- Porção anterior, B- Porção posterior (20x).

Embora no Brasil não haja notificação de casos humanos, estudos mostram a existência de peixes infectados por parasitos com potencial zoonótico como dourado, anchova, peixe-espada (CVE, 2005), jundiá (Madi & Silva, 2005) e corvina Martins et al., (2004), na costa brasileira.

Segundo Zuloaga et al., 2004, a enfermidade no homem pode se apresentar de duas maneiras distintas: a forma aguda, resultante do efeito local do parasito sobre a parede do tubo digestivo; e a forma alérgica, devido a hipersensibilidade imediata, mediada por IgE, sendo que os casos severos são extremamente

dolorosos e requerem intervenção cirúrgica para a remoção do nematódeo. CONCLUSÕES

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A partir dos resultados encontrados até o momento, pode-se concluir que peixes do gênero Rhamdia, são suscetíveis a infecções por parasitos da Família Anisakidae. Embora os mesmos ainda não tenham sido identificados em nível de gênero e espécie, este resultado deve ser levado em consideração, diante da elevada aceitação deste peixe no mercado consumidor e do potencial zoonótico dos parasitos pertencente a esta família.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVAJAL, J.; GONZALEZ, L. Presence of Histerothylacium sp. (Nematoda: Anisakidae) in a cage-cultured coho salmon in Chile. Res. Rev. Chil. Hist. Nat. 63: 165-168. 1990.

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