Infraestrutra e Urbanismo
“ As dimensões e oportunidades no Brasil para a
infraestrutura”
ARQ. SIEGBERT ZANETTINI Prof. Titular FAU USP São Paulo 14/10/2010
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1. A FALTA DE UM PROJETO DE PAÍS
- implica numa abordagem holística e sistêmica da complexidade da realidade brasileira como nação com vistas ao 3º milênio;
- essa abordagem deve estar apoiada no conhecimento científico global no mundo racional com análises e propostas que englobem as ciências humanas, exatas, biológicas, ambientais e econômicas integradamente com as idéias e a criatividade do mundo sensível;
- estratégicas à curto, médio e longo prazos com ações que levem em conta nossas heranças históricas e culturais do passado e nossas condições reais do presente, preparando o caminho da construção do conceito de contemporaneidade. Trata-se de romper a estanqueidade do conhecimento herdado do passado e profundamente acentuado no século XX;
- ampliação, qualificação e harmonização do aparelho do Estado com estratégias que otimizem a participação da comunidade científica dos centros de pesquisas, ONGS, e da iniciativa privada em ações conjuntas;
- ética nas relações de mercado e, em especial, nas relações que envolvam o poder público nas esferas federal, estaduais e municipais;
- uma postura revolucionária no tocante ao imediatismo na propostas e soluções públicas e privadas, com substituição da visão predatória do meio ambiente na busca de um legado para futuras gerações que não se limite a tratar o homem como mero consumidor mas sim como cidadão.
2. O SÉCULO XXI: O INTELECTO , A EXCELÊNCIA E A
CRIAÇÃO
- persiste nas decisões as soluções imediatas sempre preocupadas com seu término numa gestão. Não há preocupação de futuro, de durabilidade, de bom desempenho no tempo;
- Lucio Costa em um de seus últimos textos coloca o século XXI como o do intelecto. Em meu livro “ Arquitetura Razão e Sensibilidade” acrescentei como o século da excelência e da criação;
- século de trabalho multidisciplinar e integrado, com a incorporação de novas tecnologias que superem a ausência de uma cultura planejadora e preventiva no Brasil;
- momento importante para que se quebre o paradigma de 500 anos de País exportador de matéria prima e de “comodities”.
- as questões de infraestrutura passam antes pelo planejamento de ações preventivas na ocorrência de fenômenos naturais – enchentes, desbarrancamentos e disciplinamento de ocupação de botas-fora, de áreas de mananciais, etc;
- soluções subterrâneas para as redes de energia, visitáveis e com recobrimento de fácil remoção – intertravados, placas pré-moldadas, chapas metálicas - a fim de evitar os contínuos remendos de calçadas e vias – limpando as cidades da poluição visual e das gambiarras de posteamentos com tecnologia ultrapassada;
- canalização e tratamento do esgoto sanitário domiciliar, comercial e industrial e a instalação de sanitários públicos em parques, praças e locais de eventos;
- disseminação nas cidades de redes de cabeamento estruturado de voz e dados, de fibra ótica e de sistemas que economizem energia para iluminação pública tipo “LED”;
-- redes de transporte público de metros, monorrails, minimizando os
impactos negativos do transporte individual sobre pneus nocivos quanto eficiência e altamente poluidores;
Monorail Barra Shopping RJSiegbert Zanettini e Edward Mikulski
- pontes, viadutos e passarelas para pedestres junto as vias de tráfego contínuo também necessárias para transposição de rios, vales e acidentes geográficos;
- terminais de passageiros estratégicos quanto a sua implantação em áreas urbanas e suburbanas;
Fonte: CBCA Fonte: CBCA
- aeroportos nacionais e internacionais complementados por transportes terrestres eficientes que atendam a cada vez maiores distâncias dos
centros urbanos;
- edifícios de estacionamentos sobre o solo evitando-se o bloqueamento da drenagem das águas pluviais pela ploriferação de garagens subterrâneas com o consequente bota-fora do entulho indesejável em áreas ou
vizinhanças das cidades
Zanettini Arquitetura Edifício-garagem
- execução de redes equilibradas de unidades básicas de saúde, clínicas, hospitais gerais e de referência para atendimento em todas as áreas
centrais e periféricas das cidades;
- instalação de uma rede planejada de hotéis nos seus vários níveis, para atendimento de viajantes nacionais e internacionais;
Fonte: CBCA
Fonte: CBCA
- centros comerciais, de abastecimento de gêneros alimentícios e de primeiras necessidades, distribuidos em locais servidos de transporte e próximos a áreas de maior concentração de pessoas;
- mobiliário urbano para as área públicas e espaços de lazer cultural, esportivo e de entretenimento;
Fonte: CBCA
Todos os exemplos acima compõem serviços,
espaços e equipamentos que serão legados
importantes a qualquer centro urbano deste século,
independente das atividades concentradoras de
público como a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016,
eventos que deles efetivamente necessitarão, mas
que deverão eficientemente continuar a servir ao
4. NOVAS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO NA INDUSTRIA DA
CONSTRUÇÃO
•
superação do defasado deficit de mão-de-obra qualificada;
•
a incorporação de novas tecnologias limpas e seguras;
•
o trabalho multidisciplinar integrado em especial da arquitetura e da
engenharia;
•
a ética como postura na seleção dos intervenientes na cadeia produtiva
da construção civil;
•
a visão do meio ambiente como estrutural na arquitetura e na
engenharia:
a
ecoeficiência
e
sustentabilidade
na
nova
prática
profissional;
•
as inovações tecnológicas como ferramentas alavancadoras nas
experiências de sucesso.
UM EXEMPLO:
O PROJETO DA AMPLIAÇÃO DO CENPES
CENTRO DE PESQUISAS DA PETROBRAS
ILHA DO FUNDÃO, NO RIO DE JANEIRO.
Autor: Arq. Siegbert Zanettini Prof. Dr. Titular FAUUSP
CENPES – CENTRO DE PESQUISAS DA PRETROBRÁS - 2004
Projeto Execução
O edital do concurso aliado ao interesse por uma arquitetura de menor
impacto ambiental e a busca pela certificação LEED do USGBC.
ABRIL/2009
Produção totalmente industrializada, transformando o canteiro de obras emlocal de montagem;
JULHO/2009
Sistemas para uso racional de água e reuso: tratamento e reutilização daságuas cinzas e aproveitamento de água de chuva para a manutenção de áreas verdes;
Economia de energia
Uso de ventilação e iluminação naturais
SETEMBRO/2009
Uso de materiais de baixo impactoambiental: materiais recicláveis, resíduos moídos de pneu como agregado de concreto para pavimentação asfáltica e material de garrafa pet reciclada como
isolante térmico e acústico, entre outros.
JANEIRO/2010
MARÇO/2010
ABRIL/2010
MAIO/2010
MAIO/2010
“ARQUITETURA É MUITO MAIS QUE CONSTRUIR, LEVANTAR, FECHAR. ELA AGREGA QUALIDADE A NOSSA VIDA, DÁ CONTEÚDO AO ESPAÇO HUMANO. SIMPLIFICA, ORGANIZA, DIGNIFICA, DRAMATIZA E MODIFICA.”
ENRIQUE LIPSZYC PRESIDENTE DA ESCOLA PANAMERICANA DE ARTE E DESIGN DE SÃO PAULO