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A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SEUS EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO: UM FOCO NA PERCEPÇÃO E ATITUDES DO APOSENTADO.

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Revista Ceciliana Dez 2(2): 41-45, 2010 ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana

A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SEUS

EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO: UM FOCO NA PERCEPÇÃO

E ATITUDES DO APOSENTADO.

Alessandra Matias Alves Consiglio, Claudia Monteiro Vianna, Marcela Millás

Fracaro, Vanderlan Silva dos Santos, Maria Cristina Pereira Matos

Faculdade de Administração da Universidade Santa Cecília

Recebido em: 20/08/09 Aceito em: 05/10/09 Publicado em: 04/12/10

RESUMO

O trabalho em questão tem o objetivo de analisar a percepção do profissional aposentado frente aos efeitos do envelhecimento populacional no o mercado de trabalho, identificando as atitudes desses profissionais em relação às novas tendências de mercado, identificando o interesse dos aposentados em retornar ao mercado de trabalho, além de fornecer subsídios para novos estudos. Para atingir esses objetivos foi realizada primeiramente uma pesquisa bibliográfica que possibilitou o levantamento de dados já publicados sobre o cenário do envelhecimento populacional no Brasil e no mundo. O segundo passo foi a realização de uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo através do método de pesquisa de campo, utilizando-se a técnica do questionário que se constituiu no instrumento de coleta de dados.

Palavras-chave. Envelhecimento; Aposentados; Mercado de trabalho.

1. Introdução

No Brasil e no mundo, tem se observado um significativo aumento da longevidade humana, bem como a diminuição da taxa de natalidade, ocasionando um relevante aumento na quantidade da população aposentada, idosa. O envelhecimento da população já é fato comprovado e que está acontecendo não só no Brasil, mas no mundo todo. Comprovando tal informa-ção, a Organização das Nações Unidas (ONU) em seu último relatório técnico “Previsões sobre a População Mundial”, elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, informa que nos próximos 43 anos o número de pessoas com mais de 60 anos de idade será três vezes maior que o atual. Os idosos representarão um quarto da população mundial proje-tada, ou seja, cerca de 2 bilhões de indivíduos (no total de 9,2 bilhões). Para Camarano (3), o envelheci-mento populacional deriva basicamente de dois pro-cessos: a alta taxa de fecundidade no passado (com-parada à taxa de fecundidade dos dias atuais) e a redução da mortalidade da população idosa. A autora argumenta que a queda no nível de fecundidade nos dias atuais causou mudanças no cenário da distribui-ção etária da populadistribui-ção brasileira. E que a populadistribui-ção idosa tem aumentado de volume ocupando um espaço expressivo no total da população, pois com a redução

no tempo vivido pelos idosos, causando o envelheci-mento populacional. Reforçando esta projeção, Berquó e Cavanaghi (2) ainda apresentam dados a respeito da transição da fecundidade no Brasil que teve início em meados da década de 1960. Essas taxas de fecundida-de sofreram redução fecundida-de 24.1% entre 1970 e 1980, fecundida-de 38.6% na década de 1990 e a partir daí, 11.1% entre 1991 e 2000. Em seus estudos, Pastore (4), observa que a velocidade com que a população idosa está crescendo é muito rápida devido ao alongamento da vida humana, e defende que o alongamento da vida humana foi uma das mais fantásticas conquistas do século XX. Já com relação à atividade da pessoa idosa no mercado de trabalho, Camarano (3) afirma que os idosos que apresentam uma maior dependência do rendimento de atividade econômica, são geralmente os que estão mais disponíveis para o mercado. Obser-vando a população idosa que gera renda, Pastore (4) comenta que dentre as pessoas com mais de 60 anos de idade, cerca de 4 milhões trabalham e geram renda para si. Este número vem aumentando e é ascendente o volume de empresas que têm tido boas experiências na contratação de idosos. E vai mais além quando afirma que ao longo do século XXI as pessoas estarão aptas a trabalhar por mais tempo. Araújo (1) comple-menta os comentários de Pastore expondo que já existem agências de empregos específicas para

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aten-a reaten-alidaten-ade vistaten-a no Braten-asil é aten-a de que os benefícios concedidos aos idosos são precários. Com isso muitos dos problemas dos idosos, principalmente os mais pobres, são agravados pelas aposentadorias e pensões irrisórias, pela diminuição da possibilidade de serem amparados pelos mais jovens, ou ainda por seus fami-liares.

Com base nos pressupostos acima explanados, o grupo identificou como problema principal compre-ender qual é a percepção do profissional aposentado frente as necessidade futuras do mercado de trabalho e como ele tem se preparado para essa nova tendên-cia.

2. Matériais e Métodos

Com o propósito de atingir os objetivos, o pre-sente estudo empregou uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo. Como método foi utilizado uma pesquisa de campo aplicando-se a técnica do questio-nário, constituindo-se no instrumento de coleta de dados. Os dados coletados permearam aspectos que permitiram analisar a percepção do profissional apo-sentado frente aos efeitos do envelhecimento popula-cional sobre o mercado de trabalho. A pesquisa de campo foi limitada a um período de aposentadoria que abrange os anos de 2000 a 2008. O lócus da pesquisa foi a Associação dos Trabalhadores Aposentados da Ultrafértil do Estado de São Paulo – ASTAUL, localizada no município de Santos, pelo fato de ter cadastrado uma população significante de aposentados, porém a população de aposentados entre 2000 e 2008 consiste em somente 40 cadastrados. Foi possível aos pesqui-sadores recolher 100% dos questionários respondidos, abrangendo assim o universo total que foi delimitado para este estudo. A escolha por esta entidade classista se deu por ser formalizada e pelas características do segmento de atuação que é o Petroquímico. Este seg-mento comporta uma população considerável de

fun-destaque para as economias local, regional e nacional, além de ter disponibilizado acesso às informações. Os sujeitos da pesquisa de campo foram os profissionais aposentados por tempo de serviço, pois estes podem retornar ao mercado de trabalho. Logo, o presente estudo, não foi pertinente à participação de profissio-nais aposentados por problemas de saúde ou vítimas de acidentes no trabalho, ou seja, por invalidez. O instrumento de coleta de dados foi elaborado e organi-zado com perguntas fechadas para possibilitar o co-nhecimento da percepção dos respondentes sobre a relação do envelhecimento populacional e as mudan-ças ocorridas no mundo do trabalho. Após a aplicação do instrumento de coleta, os dados foram tabulados de maneira quantitativa, entretanto, a interpretação e a análise foram de caráter qualitativo.

3. Resultados

Segundo dados coletados, a maioria dos pes-quisados concorda que o fator mais relevante para o aumento da população idosa foi o avanço da medicina, somando 77% do total dos respondentes, seguidos dos 13% que concordam que o fator relevante é a preocu-pação com a saúde.

A esmagadora maioria dos respondentes, totali-zando 80%, aponta como maior impacto causado pelo aumento da população idosa no mercado de trabalho, a concorrência desleal entre os profissionais aposenta-dos e com experiência, e os jovens inexperientes. Seguidos de 10% que alegaram como maior impacto o desequilíbrio na oferta de vagas e outros 10% que alegaram a falta de mão-de-obra qualificada.

Ao serem questionados sobre o retorno dos a-posentados ao mercado de trabalho até o ano de 2020, devido ao envelhecimento populacional, a maio-ria disse que já ouviram falar do assunto, enquanto poucos afirmaram não terem conhecimento do assunto ou não que prestaram atenção a respeito.

Tabela 1 - Opinião dos Aposentados em relação aos fatores que mais influenciaram o aumento da população idosa.

Fatores Nº de

Aposenta-dos Total em (%)

Avanços da medicina/tecnologia 31 77

Maior preocupação com a saúde 5 13

Estabilidade econômica 0 0

Melhor qualidade de vida 2 5

Relação entre o baixo nº de nascimentos e a redução no

(3)

Gráfico 1: Opinião dos aposentados em relação aos fatores que mais influenciaram ao aumento da população idosa.

Tabela 2: Opinião dos Aposentados em relação do que o aumento da população pode causar ao mercado.

Fatores

Nº de

Aposenta-dos

Total em (%)

Concorrência desleal entre profissionais aposentados e

com experiência, e jovens inexperientes

32

80

Desequilíbrio na oferta de vagas

4

10

Falta de força de trabalho para determinadas tarefas

0

0

Falta de mão-de-obra qualificada em determinadas áreas

do mercado de trabalho

4

10

Total

40

100

77% 13% 0% 5% 5% 0% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 P o rc e n ta g e m d e a p o s e n ta d o s 1 Avanços da medicina/tecnologia Maior preocupação com a saúde Estabilidade econômica Melhor qualidade de vida

Relação entre o baixo nº de nascimentos e a redução no nº de mortes por idade Não tem opinião formada

(4)

Gráfico 2: Opinião dos aposentados em relação do que o aumento da população pode causar ao mercado.

Tabela 3: Conhecimento dos aposentados sobre ocupação deles em postos de trabalho a partir do ano de 2020 em função envelhecimento populacional.

Alternativas

Nº de Aposentados

Total em (%)

Sim

33

82

Não

6

15

Nunca prestei atenção nisso

1

3

Não tenho opinião formada

0

0

Total

40

100

80% 10% 0% 10% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Fatores

Concorrência desleal entre profissionais aposentados e com experiência, e jovens inexperientes Desequilíbrio na oferta de vagas

Falta de força de trabalho para determinadas tarefas

Falta de mão-de-obra qualificada em determinadas áreas do mercado de trabalho

P o rc e n ta g e m d o s A p o s e n ta d o s 82% 15% 30 40 50 60 70 80 90 g e m d o s A p o s en ta d o s

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4. Discussão

Segundo a Tabela e Gráfico 1, a maioria dos aposentados concordam que o fator de influência dire-ta em relação ao aumento da população idosa foi o avanço da medicina/tecnologia, fazendo cair por terra os conceitos apresentados em 2002 por Camarano, quando afirmava que o envelhecimento populacional derivava basicamente de dois processos: a alta taxa de fecundidade e a redução da taxa de mortalidade da população idosa. Na Tabela e Gráfico 2, torna-se evi-dente que na opinião dos aposentados a experiência profissional é fator de concorrência desleal contra a inexperiência dos jovens que barganham sua primeira colocação no mercado de trabalho. Compactuando com as idéias de Pastore (4), que defendia a posição de que dentre os indivíduos acima dos 60 anos de idade, cerca de 4 milhões continuavam trabalhando e gerando renda para si. Comprovando que o fator expe-riência realmente é relevante no mercado de trabalho. Na Tabela e Gráfico 3, a grande maioria dos respon-dentes afirmam que já tomaram conhecimento de que a tendência do mercado de trabalho, até o ano de 2020, é que as empresas manterão seus profissionais em idade de aposentadoria trabalhando, como conse-qüência do aumento do envelhecimento populacional.

5. Conclusão

Por meio desse estudo pode-se perceber que as idéias de alguns autores divergem dos resultados obtidos com a pesquisa de campo, que revelaram uma alteração na dinâmica do mercado de trabalho dos últimos anos. Atualmente, os aposentados percebem o

mercado de trabalho da seguinte forma: acreditam que o aumento na quantidade de idosos no mercado de trabalho se dê em virtude de vários fatores, dentre eles o avanço da medicina e da tecnologia, que auxilia no prolongamento da expectativa de vida, e não ape-nas em virtude do declínio da taxa de natalidade e de mortalidade, como exposto pelos autores anteriormen-te citados. Soma-se a isto o fato de que os aposenta-dos em geral detêm maior experiência profissional em relação aos novos entrantes no mercado de trabalho, aproveitando melhor as oportunidades profissionais. Pretende-se com o presente trabalho trazer relevante contribuição acadêmica, social e profissional, como subsídios para que outros pesquisadores e interessa-dos possam aprofundar uma nova investigação.

6. Referências Bibliográficas

ARAÚJO, Alessandro. “Cenário XXI: novos negócios, opor-tunidades e desafios da gestão do futuro”. Rio de Ja-neiro: Qualitymark. 2001.

BERQUÓ, Elza, Cavanaghi, Suzana. “Fecundidade em declí-nio”. Scielo 2006.

Disponível em: <http://scielo.br/scielo.phd?pid=s0101-33002006000100001

&script= sci_arttext>. Acesso em: 20/03/2009.

CAMARANO, Ana Amélia. “Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60?”. Rio de Janeiro, RJ: IPEA, 2004. PASTORE, José. “Mudanças no mundo do trabalho”. São

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