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Experiências de Formação de Nutricionistas para o Sistema Único de Saúde

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Academic year: 2021

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Experiências de Formação de Nutricionistas

para o Sistema Único de Saúde

Elaboração: Kelly Poliany de Souza Alves – PPGSC- IMS∕UERJ.

Revisão: Elisabetta Recine – OPSAN∕NUT-UnB; Estelamaris Monego - FANUT∕UFG; Andrea Sugai - FANUT∕UFG.

NOTA PEDAGÓGICA – CASO 6: OS SERVIÇOS DE SAÚDE COMO ESPAÇOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Para refletir...

A realidade vivenciada pelos estudantes nos serviços de saúde não deve ser ponto de partida para críticas taxativas a

estes serviços e seus profissionais; deve funcionar como elemento instigador para uma prática problematizadora

no sentido da aprendizagem e também da reflexão sobre a produção dos cuidados (ALBUQUERQUE et al, 2008, p.360).

A institucionalização da integração ensino e serviço

Frente ao entendimento de que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser ordenador da formação dos trabalhadores de saúde, observa-se, nos últimos anos, o crescimento de iniciativas que buscam consolidar a integração ensino-serviço, entendendo-a como uma estratégia para adequação da formação em saúde às necessidades do SUS e dos territórios.

No município de Porto Alegre, local da experiência apresentada no Caso Didático em questão, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem investido, desde 2011, na formulação e na implementação de uma Política de Integração Ensino e Serviço. Esta política é considerada estratégica para a construção e o fortalecimento do SUS, uma vez que e assume a transformação de toda a rede assistencial em uma efetiva Rede Escola ou Rede de apoio às Instituições de Ensino Superior (NEVES e AZZI, 2015).

Nesse processo, Neves e Azzi (2015) destacam a importância das ações de indução do Ministério da Saúde, especialmente por meio dos Editais do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em

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2 Saúde (Pró-Saúde) e do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) e da ampliação de vagas em Programas de Residência; para o avanço da Política de Integração Ensino e Serviço da SMS de Porto Alegre.

O Pró-Saúde foi instituído em 2005 e contemplou incialmente os cursos de graduação das profissões inseridas na Estratégia Saúde da Família (medicina, enfermagem e odontologia). Em 2007, foi estendido para todas as 14 profissões da área da saúde, seguindo a recomendação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o movimento de criação dos Núcleos de Apoio à Estratégia Saúde da Família (NASF), que promoveram a inserção de outros profissionais da saúde na atenção básica no SUS (Pró-Saúde II). Seu eixo central é a integração ensino-serviço para a inserção dos estudantes, desde o início de sua formação, nos cenários reais de prática da Rede SUS, transformando o aprendizado e a formação de novos profissionais de saúde, com base na realidade socioeconômica e sanitária da população brasileira (BRASIL, 2007).

O PET-Saúde tem como pressuposto a educação pelo trabalho, caracterizando-se como instrumento para a qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho dos estudantes dos cursos de graduação, de acordo com as necessidades do SUS. Sua perspectiva é a inserção das necessidades demandadas pelos serviços, como fonte de produção de conhecimento, de extensão e de pesquisa nas instituições de ensino (BRASIL, 2010).

No final de 2011, o Ministério da Saúde publicou um Edital conjunto Pró-Saúde e PET-Saúde, considerando o planejamento da saúde segundo as regiões de saúde e as redes de atenção à saúde. Desta forma, incentivou a apresentação de propostas que contemplassem algumas políticas e prioridades do Ministério da Saúde, tais como: a Rede Cegonha; a Rede de Urgência e Emergência; a Rede de Atenção Psicossocial; as Ações de Prevenção, Qualificação do Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo de Útero e Mama; o Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis, sempre considerando as necessidades loco-regionais, definidas de forma articulada entre as instituições de ensino e as Secretarias Municipais/Estaduais de Saúde.

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3 De acordo com Pizzinato et al (2012, p.72), no bojo do Pró-Saúde II o princípio norteador da articulação entre os diferentes cursos da PUCRS foi “contribuir para a formação integral dos estudantes, docentes e trabalhadores em saúde, com vistas à integração ensino-serviço, considerando a realidade social”. O que implicou em um necessário alinhamento entre as áreas de conhecimento quanto às atividades pedagógicas nos cenários da rede de serviços de saúde, bem como desencadeou um repensar dos currículos para adequá-los à formação para o SUS.

Os autores também destacam a criação da Coordenadoria de Integração Ensino-Serviço na Área da Saúde na PUCRS mediante o acolhimento da proposta de melhoria da integração ensino-serviço no âmbito das estratégias de gestão da universidade. Essa institucionalidade facilita a gestão coordenada de processos administrativos e acadêmicos internos e suas interfaces externas (PIZZINATO et al, 2012). Concomitantemente, a SMS de Porto Alegre instituiu a Comissão Permanente de Ensino em Serviço (CPES), para a coordenação do processo de formulação e implementação da Política de Integração Ensino e Serviço (NEVES e AZZI, 2015).

Verifica-se, desta forma, que o curso de nutrição da PUCRS se encontra em um cenário institucional propício à inserção precoce e contínua dos alunos nos serviços de saúde ao longo do curso. Não se trata de uma iniciativa apenas desse curso, mas de um projeto político-institucional desenvolvido em parceria pela SMS e as instituições formadoras de profissionais de saúde de Porto Alegre, com apoio do Ministério da Saúde por meio de programas específicos. Situação semelhante pode ser observada também nos Casos Didáticos referentes às experiências de formação de nutricionistas para o SUS da UFSC, UNIFESP-Santos e UNIFOR (confira na Casoteca).

Albuquerque et al (2008, p.360) destacam que

O momento de imersão do estudante no cotidiano dos serviços pode trazer recursos riquíssimos para o aprendizado do cuidado e da organização dos processos de trabalho e gestão. Devem-se aproveitar as experiências vivenciadas e observadas nos serviços durante as aulas práticas e estágios,

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como momento pedagógico, para refletir sobre a prática do cuidado que ali é produzida e suas repercussões, inclusive sobre a maneira como se concebe o cuidado e se essa concepção se afasta ou se aproxima das manifestações presenciadas naquele espaço. É preciso trazer sentidos para a maneira como a assistência se organiza e desenvolve naquele espaço, onde também estamos.

Conforme Neves e Azzi (2008, p. 25-27), a Política de Integração Ensino e Serviço em Porto Alegre vem avançando no sentido da reversão de tendências que hegemonizavam as práticas de ensino em serviço, resultando na efetiva reorientação da formação, ao mesmo tempo que também começa a incidir no direcionamento do processo de produção de conhecimento para atender as reais necessidades do SUS. Tais tendências eram:

1. Tendência à informalidade – a grande maioria das atividades nos cenários de práticas era realizada sem registro e controle por parte da Secretaria;

2. Dispersão, fragmentação e descontinuidade – as ações das Instituições de Ensino estavam espalhadas nos serviços da Secretaria sem nenhum critério nem ordenamento. Com a organização das atividades de ensino em territórios Distritos Docentes Assistenciais (DDAs), a alocação das ações das diferentes Instituições de Ensino passou a ser ordenada segundo a lógica do sistema de saúde;

3. Formação profissional dominante – em que pese alguns avanços em cursos específicos, grande parte da formação dos profissionais de saúde ainda segue modelos hospitalocêntricos, medicocentrados, tecnicistas (baseado em procedimentos) e curativos (sem a efetiva valorização da promoção e da prevenção). A vivência de alunos e docentes, desde os primeiros anos de formação, da realidade e dos problemas dos cenários de prática tem significado um importante avanço na reorientação da formação; 4. Priorização local e particular – as ações de ensino em serviço, na sua maioria, eram alocadas de acordo com as necessidades particulares (facilidade de acesso para professores e alunos, relações pessoais dos docentes com servidores, disponibilidade pessoais dos servidores, dentre outros) e a definição das atividades atendiam às necessidades dos

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5 processos de ensino sem uma maior consideração às necessidades de saúde. A alocação passou a ser ordenada pela estratégia de estruturação dos DDAs, segundo a lógica do sistema de saúde, sendo as ações definidas a partir da análise das necessidades de saúde desses territórios.

Neste cenário, como citado no Caso Didático, “as estratégias desenvolvidas pelo curso de nutrição da PUCRS assinalam avanços na formação do nutricionista, na medida em que estimulam a inserção em equipes multiprofissionais e a convivência direta com os problemas da população e dos serviços de saúde”. Assim, as experiências proporcionadas aos alunos ao longo do curso junto à Rede Escola de Porto Alegre podem corroborar fortemente para a sua compreensão acerca da organização da atenção nutricional no SUS e a sua articulação com as demais ações de atenção à saúde e contribuição para a conformação de uma rede integrada, resolutiva e humanizada de cuidados, conforme preconiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN (BRASIL, 2012).

Referências

ALBUQUERQUE, V.S. et al. A Integração Ensino-serviço no Contexto dos Processos de Mudança na Formação Superior dos Profissionais da Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, 32 (3): 356 – 362; 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a10.pdf> Acesso em: agosto de 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº421 de 3 de março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) e dá outras providências. Disponível

em: <

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/pri0421_03_03_2010.ht ml>

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

NEVES, J.M.D.; AZZI, L. M. W. Caminhos da Construção da Rede de Integração Ensino e Serviço da Secretaria Municipal de Saúde de Porto

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6 Alegre, RS. In: FERLA, AA et al (Org.). Redes vivas de educação e saúde: relatos e vivências da integração universidade e sistema de saúde. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2015. Disponível em: < http://www.redeunida.org.br/editora/biblioteca-digital/colecao-cadernos-de- saude-coletiva/cadernos-da-saude-coletiva-redes-vivas-de-educacao-e- saude-relatos-e-vivencias-da-integracao-universidade-e-sistema-de-saude-vol-4-pdf/view>

PIZZINATO, A. et al. A Integração Ensino-Serviço como Estratégia na Formação Profissional para o SUS. Revista Brasileira de Educação Médica 36 (1 Supl. 2) : 170 – 177 ; 2012.

PARA SABER MAIS

Sobre o tema ¨Formação do Nutricionista”: acesse a Biblioteca da RedeNutri no endereço eletrônico

http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-index.php?page=Biblioteca Sobre experiências de integração ensino-serviço:

FERLA, A.A. et al (Org.). Redes vivas de educação e saúde: relatos e

vivências da integração universidade e sistema de saúde. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2015. Disponível em:

< http://www.redeunida.org.br/editora/biblioteca-digital/colecao-cadernos- de-saude-coletiva/cadernos-da-saude-coletiva-redes-vivas-de-educacao-e- saude-relatos-e-vivencias-da-integracao-universidade-e-sistema-de-saude-vol-4-pdf/view>

Pró-Saúde e PET-Saúde: experiências exitosas de integração ensino-serviço. Rev. Bras. Educ. Med. vol.36 no.1 supl.1 Rio de Janeiro jan./mar. 2012. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0100-550220120002&lng=pt&nrm=iso>

Rev. Bras. Educ. Med. vol.36 no.1 supl.2 Rio de Janeiro jan./mar. 2012. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0100-550220120003&lng=pt&nrm=iso>

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