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Prevalência de factores de risco cardiovascular numa população rural com idade entre os 25 e os 44 anos

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“Prevalência de factores de risco cardiovascular numa população rural com

idade entre os 25 e os 44 anos”

Autores

José Augusto Simões (1), Manuel Enéscio Gama (2), Cristina Baeta Contente (3) (1) Assistente Graduado de Clínica Geral, no Centro de Saúde de Góis

(2) Interno do Internato Complementar de Clínica Geral, no Centro de Saúde de Góis (3) Enfermeira Especialista de Saúde Pública, no Centro de Saúde de Góis

Centro de Saúde de Góis, Av. Comendador Augusto Rodrigues, 3330-301 GOIS; Tel.: 235 770 180; Fax: 235 771 581; E.mail: cs15@srscoimbra.min-saude.pt

Comunicação oral apresentada no VIII Congresso Português da Sociedade de Aterosclerose, Coimbra, 17-19 de Outubro de 1999, Poster apresentado no “the 2001 Conference of the

European Society of General Practice / Family Medicine – WONCA Region Europe”,

realizado em Tampere, Finlândia, de 3 a 7 de Junho de 2001 e Comunicação oral apresentada no “6th WONCA Rural Health Conference”, realizada em Santiago de Compostela, Espanha, de 24 a 27 de Setembro de 2003.

Artigo publicado na “Revista Portuguesa de Cardiologia”, 19 (6), pp. 656-667, 2000.

Palavras-chave

Hipertensão arterial; Hipercolesterolémia; Obesidade; Tabagismo; Factores de risco; Prevalência; Epidemiologia.

Resumo

Objectivos: O objectivo do presente estudo foi avaliar a prevalência dos seguintes factores de

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familiar de doença coronária, no grupo etário dos 25 aos 44 anos, dos utentes inscritos no Centro de Saúde de Góis.

Metodologia: Foram seleccionados 340 indivíduos, por amostra aleatória estratificada por

sexo e grupo etário, os quais foram convocados por carta para virem ao Centro de Saúde de modo a serem avaliados quanto aos factores em estudo. A hipertensão arterial foi definida como a pressão arterial sistólica ≥ 140 mm Hg e/ou a pressão arterial diastólica ≥ 90 mm Hg e/ou se o participante estivesse actualmente sob terapêutica antihipertensiva. Foi considerada hipercolesterolémia se a determinação efectuada na altura por tira-teste “Accutrend

Cholesterol” fosse ≥ 200 mg/dl e/ou sob terapêutica específica. A obesidade foi definida como um índice de massa corporal ≥ 30 kg/m2. O tabagismo foi definido com a resposta

positiva à pergunta: “Presentemente fuma?”. A história familiar de doença coronária foi obtida com a resposta positiva à pergunta: “Tem conhecimento de alguém na sua família que tenha falecido ou sofra de doença coronária?”.

Resultados: As prevalências globais de hipertensão arterial, hipercolesterolémia, obesidade,

tabagismo e história familiar de doença coronária foram de 20,3%, 32,1%, 11,8%, 21,5% e 26,8% respectivamente. A associação de factores de risco foi encontrada em 22,3%.

Summary

Objectives: The objective of the present study was to evaluate the prevalence of the following

factors of cardiovascular risk, in the 25 to the 44 years groups, in the enrolled ones in the Health Center of Goes: hypertension, high blood cholesterol, obesity, tobaccos and familiar history of coronary illness.

Methods: 340 individuals had been select, for random sample stratification by sex and age

groups, that had been convoked by letter to come to the Health Center and they had been evaluated how much to the factors in study. Hypertension was defined if the systolic arterial pressure was ≥ 140 mm Hg and/or the diastolic arterial pressure was ≥ 90 mm Hg and/or if the participant was currently under therapeutically. High Blood Cholesterol was defined if the determination effectuate in the height for take strip-test “Accutrend Cholesterol” was ≥ 200 mg/dl and/or under therapeutically specific. Obesity was defined as an index of corporal mass ≥ 30 kg/m2. Tobaccos were defined as positive reply to the question “Presently it smokes?”.

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Familiar history of coronary illness was defined as the positive reply to the question “It has knowledge of somebody in its family who has dead or suffers from coronary illness?”.

Results: The global prevalence of hypertension, high blood cholesterol, obesity, tobaccos and

familiar history of coronary illness had been of 20.3%, 32.1%, 11.8%, 21.5% and 26.8% respectively. The association of risk factors was found in 22.3%.

Introdução

Na Europa1, 2, em Portugal e na Sub-Região de Saúde de Coimbra3, as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte, nos homens com mais de 45 anos de idade e nas mulheres com mais de 65.

Em 1996, na Região de Saúde do Centro, a taxa de mortalidade por doença do aparelho circulatório foi de 318,5/100.000 (sendo de 340,5/100.000 a nível nacional)4.

Factores de risco são um conceito moderno, que articula o conceito clássico de causa directa de doença com conceitos mais recentes: o da probabilidade, da predição e do prognóstico. Podendo-se definir factor de risco como elemento mensurável da cadeia de causas de uma doença e um indicador seguro, significativo e independente do risco futuro5.

Estudos epidemiológicos identificaram como factores de risco que favorecem as doenças cardiovasculares, os níveis de colesterol sérico6 e pressão arterial elevados7, a obesidade8, o sedentarismo9 e o tabagismo10, que são considerados factores de risco major.

Actualmente, em Inglaterra, somente 3% da população morre antes dos 35 anos, mas 30% ainda morre antes dos 70. A mortalidade na meia idade (35-69 anos) está a diminuir, mas lentamente, e mais de 90% dessa mortalidade deve-se a doenças crónicas, sendo as mais significativas as doenças coronárias11.

Por estes factos pretendeu-se determinar a prevalência de alguns dos principais factores de risco: hipertensão arterial, hipercolesterolémia, obesidade, tabagismo e história familiar de doença coronária, num grupo de adultos jovens que frequenta o Centro de Saúde de Góis, com o objectivo de melhor caracterizar e conhecer a nossa realidade, de modo a desenvolver estratégias preventivas e terapêuticas com vista à redução da mortalidade cardiovascular.

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Objectivos

Os objectivos do presente estudo foram:

1) a distribuição e prevalência de quatro factores de risco cardiovascular por sexo e idade. 2) a associação dos mesmos factores de risco segundo o sexo.

Metodologia

Os utentes do Centro de Saúde foram seleccionados de modo aleatório, mas segundo a estratificação por sexo e idade, no intervalo etário dos 25 aos 44 anos.

Foram convocados por carta para virem ao Centro de Saúde em data marcada e em jejum. A recolha dos dados foi realizada numa entrevista directa, feita por um elemento da equipa de enfermagem seleccionado e treinado para o preenchimento do inquérito, elaborado especificamente para o estudo.

Antes de se iniciar a recolha de dados, o utente foi esclarecido sobre os objectivos do estudo, e pedido o seu consentimento livre e informado.

No formulário de recolha de dados, constavam questões sobre: - sexo;

- idade; - lípidos;

- hipertensão arterial; - tabaco;

- história familiar de doença coronária. Foi feita a determinação do:

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- valor do colesterol total, obtido na altura, através de tiras-teste "Accutrend Cholesterol", após jejum e por picada de “Softclix” com profundidade variável de acordo com a gordura dos dedos;

- valores da pressão arterial sistólica e diastólica, determinados na altura, pela utilização de esfigmomanómetro de mercúrio, após 5 minutos de repouso, fazendo a média de 2 determinações, com intervalo de cerca de 5 minutos;

- valores do peso (kg) e da altura (metros), determinados no momento, pela utilização de balança para adultos com craveira, para avaliar o índice de massa corporal.

No final da entrevista foi entregue ao utente uma folha com o valor da sua pressão arterial e do seu colesterol total, assim como folhetos informativos sobre factores de risco cardiovascular, colesterol elevado e hipertensão arterial.

Para efeitos do presente estudo consideraram-se as seguintes definições:

- Hipertensão arterial se a pressão arterial sistólica for ≥ 140 mm Hg e/ou a pressão arterial diastólica for ≥ 90 mm Hg e/ou o utente estiver actualmente sob terapêutica anti-hipertensiva.

- Hipercolesterolémia se a determinação efectuada na altura por tira-teste “Accutrend

Cholesterol” for ≥ 200 mg/dl e/ou o utente estiver actualmente sob terapêutica específica. - Obesidade se o índice de massa corporal for ≥ 30 kg/m2.

- Tabagismo se a resposta for positiva à pergunta: “Presentemente fuma?”.

- História familiar de doença coronária se a resposta for positiva à pergunta: “Tem conhecimento de alguém na sua família que tenha falecido ou sofra de doença coronária?”.

Para calcular a amostra, recorreu-se a uma listagem numerada dos utentes inscritos no Centro de Saúde de Góis, por sexo e grupos etários (25-29, 30-34, 35-39 e 40-44 anos), num total de 1364, sendo 664 homens e 700 mulheres. Para cada subgrupo seleccionou-se um mínimo de 30 utentes, procurando-se uma amostragem de 25% do universo12 e 13.

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Foram seleccionados 340 inscritos, os quais foram convocados por carta, para virem em jejum ao Centro de Saúde de Góis, entre Dezembro de 1998 e Março de 1999. Dos utentes convocados somente compareceram 134 (39,4%). Face à pouca adesão na primeira convocatória considerou-se necessário proceder à selecção de uma segunda amostra com os mesmos critérios. Ficando estes de comparecerem entre Abril e Julho de 1999. Fez-se um acompanhamento da afluência, tendo-se insistido telefonicamente com os não aderentes, de modo a obter-se a amostra pretendida.

Os dados foram introduzidos numa base de dados dBase III Plus e analisados no programa

SPSS for Windows 6.1. Fez-se uma avaliação descritiva dos mesmos e aplicou-se o teste de

Qui quadrado para análise estatística das diferenças entre sexos. Foram considerados como estatisticamente significativos os valores de p < 0,05.

Resultados

Os 340 utentes avaliados quanto aos factores em estudo, eram 166 homens (48,8%) e 174 mulheres (51,2%). (Quadro I)

Quadro I - Distribuição dos participantes por sexo e grupo etário:

Grupos Etários Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25 - 29 44 (26,5%) 49 (28,2%) 93 (27,3%) 30 - 34 44 (26,5%) 42 (24,1%) 86 (25,3%) 35 - 39 48 (28,9%) 53 (30,5%) 101 (29,7%) 40 - 44 30 (18,1%) 30 (17,2%) 60 (17,7%)

Totais 166 (48,8%) 174 (51,2%) 340 (100%)

A avaliação dos dados obtidos, permitiu determinar os seguintes resultados nos aderentes ao estudo: (Quadro II)

Quadro II - Factores de risco cardiovascular:

Factores Sexo Masculino Sexo Feminino Total

Hipertensão arterial 50 (30,1%) 19 (10,9%) 69 (20,3%) Hipercolesterolémia 73 (43,9%) 36 (20,7%) 109 (32,1%)

Obesidade 24 (14,4%) 16 (9,2%) 40 (11,8%)

Hábitos tabágicos 59 (35,5%) 14 (8,0%) 73 (21,5%) Hist. fam. doença coronária 58 (34,9%) 33 (18,9%) 91 (26,8%)

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A hipertensão arterial foi encontrada em 20,3%, sendo de 29,5% para o sexo masculino e 11,5% para o feminino; sendo esta diferença significativa (p < 0,0001). A prevalência global aumentou de 13,9% no grupo etário de 25-29 anos para 28,3% no grupo etário de 40-44 anos, sendo nos homens de 25% no grupo 25-29 e de 36,6% no grupo 40-44, nas mulheres os valores encontrados foram de 4,1% no grupo 25-29 e de 20% no grupo 40-44 anos. (Quadro III)

Quadro III - Prevalência da hipertensão arterial por sexo e idade:

Grupo etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25-29 11 (25,0%) 2 (4,1%) 13 (13,9%)

30-34 12 (27,3%) 2 (4,8%) 14 (16,3%)

35-39 15 (31,3%) 10 (18,9%) 25 (24,7%)

40-44 11 (36,6%) 6 (20,0%) 17 (28,3%)

49 (29,5%) 20 (11,5%) 69 (20,3%)

A hipercolesterolémia encontrada foi de 32,1%, sendo de 43,9% para os homens e de 20,7% para as mulheres; sendo a diferença também significativa (p < 0,0001). A maior prevalência global foi de 38,6% no grupo etário 35-39 anos, sendo de 47,9% nos homens e de 30,2% nas mulheres. (Quadro IV) A média dos valores de Colesterol, determinados na altura, foi de 186 mg/dl na globalidade, sendo de 193 mg/dl para o sexo masculino e de 181 mg/dl para o sexo feminino.

Quadro IV - Prevalência da hipercolesterolémia por sexo e idade:

Grupo etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25-29 17 (38,6%) 5 (10,2%) 22 (23,6%)

30-34 20 (45,5%) 7 (16,6%) 27 (31,4%)

35-39 23 (47,9%) 16 (30,2%) 39 (38,6%)

40-44 13 (43,3%) 8 (26,6%) 21 (35%)

73 (43,9%) 36 (20,7%) 109 (32,1%)

A obesidade foi de 11,8%, sendo de 14,4% para o sexo masculino e de 9,2% para o feminino; não havendo diferença significativa entre os sexos (p = 0,181). A prevalência global e a dos homens foram maiores no grupo etário 30-34 anos, 15,1% e 27,3% respectivamente; no entanto, nas mulheres a maior prevalência encontrada foi no grupo etário 35-39 anos, 13,2%. (Quadro V)

(8)

Quadro V - Prevalência da obesidade por sexo e idade:

Grupo etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25-29 4 (9,1%) 6 (12,2%) 10 (10,7%)

30-34 12 (27,3%) 1 (2,4%) 13 (15,1%)

35-39 3 (6,2%) 7 (13,2%) 10 (9,9%)

40-44 5 (16,6%) 2 (6,6%) 7 (11,6%)

24 (14,4%) 16 (9,2%) 40 (11,8%)

O tabagismo é de 21,5%, sendo de 35,5% nos homens e de 8% nas mulheres; esta diferença significativa (p < 0,0001). A maior prevalência ocorreu no grupo etário mais jovem, 25-29 anos, sendo a prevalência global de 24,7%, correspondendo a 38,6% nos homens e a 12,2% nas mulheres. (Quadro VI)

Quadro VI - Prevalência do tabagismo por sexo e idade:

Grupo etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25-29 17 (38,6%) 6 (12,2%) 23 (24,7%)

30-34 13 (29,5%) 3 (7,1%) 16 (18,6%)

35-39 18 (37,5%) 2 (3,7%) 20 (19,8%)

40-44 11 (36,6%) 3 (10,0%) 14 (23,3%)

59 (35,5%) 14 (8,0%) 73 (21,5%)

A história familiar de doença coronária nos utentes interrogados, foi de 26,8%, sendo de 34,9% para do sexo masculino e de 18,9% para os do sexo feminino; a diferença também significativa (p < 0,01). A prevalência global e nos do sexo masculino foram maiores no grupo etário 25-29 anos, 34,4% e 45,4% respectivamente. No entanto, no sexo feminino a maior prevalência encontrada foi no grupo etário 30-34 anos, 33,3%. (Quadro VII)

Quadro VII - Prevalência da história familiar de doença coronária por sexo e idade:

Grupo etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

25-29 20 (45,4%) 12 (24,5%) 32 (34,4%)

30-34 15 (34,1%) 14 (33,3%) 29 (33,7%)

35-39 14 (29,2%) 5 (9,4%) 19 (18,8%)

40-44 9 (30,0%) 2 (6,6%) 11 (18,3%)

58 (34,9%) 33 (18,9%) 91 (26,8%)

A associação de factores de risco (Quadro VIII) foi encontrada em 22,3%: sendo 17,9% para a associação de 2 factores, 2,9% para a associação de 3 e 1,5% para a associação de 4. Nos

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homens a associação de factores de risco foi encontrada em 37,9%: sendo 29,5% para a associação de 2, 5,4% para a associação de 3 e 3% para a associação de 4. Nas mulheres a associação de factores de risco foi encontrada em 7,5%: sendo 6,9% para a associação de 2 e 0,6% para a associação de 3. A diferença entre os sexos é significativa (p < 0,0001).

Quadro VIII - Associação de factores de risco cardiovascular:

Nº factores Sexo Masculino Sexo Feminino Total

0 49 (29,5%) 100 (57,5%) 149 (43,8%) 1 54 (32,5%) 61 (35,1%) 115 (33,8%) 2 49 (29,5%) 12 (6,9%) 61 (17,9%) 3 9 (5,4%) 1 (0,6%) 10 (2,9%) 4 5 (3,0%) 0 (0%) 5 (1,5%) 166 (100%) 174 (100%) 340 (100%)

Discussão

Dos 340 indivíduos inicialmente seleccionados somente compareceram 134 (39,4%). Face à pouca adesão considerou-se necessário proceder à selecção de uma segunda amostra com os mesmos critérios. Mantendo-se uma fraca afluência recorreu-se à opção de insistir telefonicamente. Conseguiu-se assim avaliar 340 utentes, quanto aos factores em estudo, sendo 166 do sexo masculino (48,8%) e 174 do sexo feminino (51,2%).

Face ao anteriormente expresso estes resultados não permitem extrapolação para o universo considerado, no entanto podem ser comparados com outros estudos já efectuados com metodologias semelhantes.

Da pesquisa que efectuámos seleccionámos cinco estudos publicados e realizados em Portugal. (Quadro IX)

Quadro IX - Resultados de vários estudos sobre factores de risco cardiovascular:

Estudo Idade H T A Hipercolest Tabagismo Obesidade H F D C

Schneider14 1089 20 - 60 20% 47% 33% Nunes15 1852 20 - 89 39% 35% 9% Reis16 5083 20 - 80 16% 26% 12% 15% Prior17 413 20 – 54 10% 38% 23% 15% 67% Cardoso18 283 30 - 49 60% 41% 48% 25% Presente 340 25 - 44 20% 32% 22% 12% 27% H T A = Hipertensão arterial

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Vergílio Schneider e colaboradores efectuaram um estudo, que publicaram em 1995, sobre a prevalência dos principais factores de risco cardiovascular na população dos Açores14, tendo observado 1089 indivíduos, por amostra estratificada por sexo, idade e carácter urbano e rural da população. Encontraram valores de 20% para a hipertensão arterial, 47% para a hipercolesterolémia (valores de colesterol ≥ 200 mg/dl determinado em sangue colhido por punção venosa) e 33% para o tabagismo.

Luís Nunes e colaboradores realizaram em Outubro de 1995, um estudo de prevalência de alguns factores de risco cardiovascular numa população do concelho de Viseu15, tendo

estudado 1852 voluntários, com idades ≥ 20 anos, sendo 36,2% dos voluntários com idades entre os 20 e os 49 anos. As prevalências encontradas foram de 38,5% para a hipertensão arterial, 34,9% para a hipercolesterolémia (valores ≥ 200 mg/dl determinados com o aparelho

“Accutrend GC” em sangue capilar) e 9,1% para o tabagismo.

Roberto Palma Reis efectuou um rastreio em 5083 residentes na linha do Estoril, que publicou em 199716, tendo encontrado valores de 16% para a hipertensão arterial, 26% para a hipercolesterolémia (valores ≥ 200 mg/dl determinados pelo método de “Reflotron”), 12% para o tabagismo e 15% para a obesidade.

Carlos Prior e colaboradores realizaram em Coimbra, no decorrer do mês de Novembro de 1997, um estudo de prevalência de factores de risco de doenças cardiovasculares17, em 448 utentes seleccionados com idade entre os 20 e os 54 anos, tendo encontrado valores de 10% para a hipertensão arterial, 38% para a hipercolesterolémia (valores ≥ 200 mg/dl determinados com o aparelho “Accutrend DC” em sangue capilar), 23% para o tabagismo, 15% para a obesidade e 67% para a história familiar de doença cardio-cerebrovascular.

Joaquim Cardoso e Manuel Mendonça realizaram de 15 de Fevereiro a 5 de Março de 1999, um estudo de factores de risco de doença aterosclerótica numa força de Segurança Pública da Região Centro18, tendo estudado 283 voluntários, com idades entre os 30 e os 49 anos, sendo 88% do sexo masculino e 12% do sexo feminino. As prevalências encontradas foram de 60% para a hipertensão arterial (sendo 23,7% para valores “borderline” e 36,3% para valores ≥ 160/100 mmHg), 41% para a hipercolesterolémia (valores > 190 mg/dl determinados com o aparelho “Accutrend GC” em sangue capilar), 47,7% para o tabagismo e 24,85% para a obesidade.

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Em 1995/96, o Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde19 obteve informação, de base populacional, no âmbito do Inquérito Nacional de Saúde (INS) numa amostra representativa de 49718 pessoas, no território do Continente, identificando uma prevalência de hipertensão arterial de 15,6% na nossa população.

Comparando os resultados do nosso estudo com os dos estudos referidos é de salientar: - a nossa população é mais jovem e pertence unicamente a um meio rural;

- a prevalência de hipertensão arterial é superior à do INS 1995/96, idêntica à do estudo de Vergílio Schneider, superior à dos estudos de Roberto Palma Reis e Carlos Prior e inferior à dos estudos de Luís Nunes e Joaquim Cardoso;

- a prevalência de hipercolesterolémia é superior à do estudo de Roberto Palma Reis e inferior à dos restantes, embora semelhante à de Luís Nunes;

- a prevalência de tabagismo é superior à dos estudos de Luís Nunes e Roberto Palma Reis, idêntica à de Carlos Prior e inferior à de Vergílio Schneider e Joaquim Cardoso;

- a prevalência de obesidade é idêntica à dos estudos de Roberto Palma Reis e Carlos Prior e inferior à de Joaquim Cardoso.

- a história familiar de doença coronária é inferior à referida no estudo de Carlos Prior, no entanto nesse estudo foi inquirida a presença de história familiar de doença cardio-cerebrovascular, por outro lado, a pergunta feita no nosso estudo “Tem conhecimento de alguém na sua família que tenha falecido ou sofra de doença coronária?” poderá não estar adequada ao fim pretendido, apesar de termos pedido uma especificação.

Conclusões

Os dados do presente estudo permitem concluir que, para a população estudada, as prevalências globais encontradas foram: hipertensão arterial 20,3%; hipercolesterolémia 32,1%; obesidade 11,8%; tabagismo 21,5%; história familiar de doença coronária 26,8%. A associação de factores de risco foi encontrada em 22,3%.

Foram encontradas diferenças significativas entre os sexos para a prevalência de: hipertensão arterial, hipercolesterolémia, tabagismo e história familiar de doença coronária. Não sendo significativa a diferença para a obesidade.

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Agradecimentos

Os autores agradecem a colaboração prestada pela Direcção do Centro de Saúde de Góis, pelo pessoal de Enfermagem e pela Merck Sharp & Dohme, sem a qual este trabalho não teria sido possível.

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