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A INTERPRETAÇÃO E ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS

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Academic year: 2021

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A INTERPRETAÇÃO E ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS

João Batista Cabral de Oliveira – M.’. M.’. A.’. R.’. L.’. S.’. Cavaleiros Templários nº 3997 GOB – MG – Or. Belo Horizonte – MG 19/03/2013 I – INTRODUÇÃO

Baseado na análise de um texto escrito pelo português Fernando Pessoa, o presente trabalho realiza um estudo sobre as cinco condições ou qualidades para o perfeito entendimento e interpretação dos símbolos. Estas condições seriam: a Simpatia, a Intuição, a Inteligência, a Compreensão e a Graça ou Revelação. Seu conteúdo pode ser aplicado à compreensão dos símbolos das mais diversas origens, tanto maçônicas, religiosas ou profanas.

A Ordem Maçônica baseia os seus muitos princípios e os seus diversos ensinamentos em símbolos e rituais. Podemos afirmar que uma das principais características da Maçonaria, seja justamente aquela de procurar velar e proteger os seus segredos e princípios dos olhos daqueles considerados profanos. A maneira encontrada pela Ordem Maçônica para ministrar os seus ensinamentos aos seus iniciados, é procurar sempre fazê-lo utilizando-se de símbolos e metáforas (CAMPANHA, 2003, p.38).

A Simbologia Maçônica, sua interpretação e o seu entendimento são as ferramentas utilizadas pelos maçons para o seu constante escavar de masmorras ao vício e no seu permanente edificar e levantar de templos às virtudes.

Em seu “Dicionário de Maçonaria”, Joaquim Gervásio de Figueiredo, nos coloca uma interessante definição da Ordem Maçônica, em que procura destacar a importância da utilização de símbolos para a difusão dos princípios maçônicos:

“A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos acessíveis somente ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (...)” (FIGUEIREDO, 1998, p.231).

“Herdeira espiritual das Sociedades Inciáticas da Antigüidade, a Maçonaria utiliza o tradicional método iniciático na perpetuação de suas doutrinas." Por este sistema que se funda no simbolismo, isto é, na interpretação intuitiva dos símbolos, o ensino maçônico torna-se muito pessoal e praticamente auto-didático. É, com efeito, como tão bem explicou o eminente escritor maçom J. Cornelup:

"O próprio de um símbolo é poder ser entendido de várias maneiras, segundo o ângulo sob o qual ele é considerado, de modo que um símbolo admitindo apenas uma única interpretação não será verdadeiro símbolo (...)”. (ASLAN, 2000, p.5).

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II – DESENVOLVIMENTO

Os símbolos, aliados às metáforas e a prática da analogia, sempre foram utilizados na transmissão de informações e mensagens, principalmente aquelas que são consideradas religiosas ou até mesmo esotéricas. Assim foi com o cristianismo ao longo de sua evolução e também com a imensa maioria das religiões, que existem na atualidade ou que já existiram. Uma cerimônia religiosa ou ritual é um exemplo prático da riqueza representada pelos símbolos, bem como da sua utilização.

O objetivo do culto é procurar promover ou mesmo estabelecer um contato efetivo entre o fiel, a pessoa que crê e o sagrado, o divino, o sobrenatural, enfim um contato com Deus ou ainda com os deuses cultuados. Neste ponto é que reside a sua maior representação simbólica. A prática dos cultos costuma ser efetivada em locais que também são considerados dotados e revestidos por um profundo valor simbólico, como os templos, as mesquitas, as igrejas e as sinagogas. Procurar explicitar e analisar as causas do surgimento das religiões e do misticismo entre os homens, seria uma realização com certeza de extrema importância e utilidade. Porém, acabaríamos por certo fugindo ao objetivo central e principal deste trabalho que se apresenta como sendo o de procurar estudar e entender a forma de utilização e também a utilidade dos símbolos e da linguagem simbólica.

Fernando Pessoa em uma nota preliminar ao seu livro “Mensagem”, disponibilizado no site da Loja São Paulo nº. 43 (http://www.lojasaopaulo43.com.br/referencias.php), nos coloca aquelas que seriam consideradas como as cinco condições básicas ou qualidades necessárias para a mais perfeita interpretação e compreensão dos símbolos: “O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos e ele um morto para eles.” (PESSOA: 2003, passim).

Estas cinco condições ou qualidades fundamentais ao entendimento dos símbolos e da linguagem simbólica e que são expostas, listadas e qualificadas por Fernando Pessoa, seriam as seguintes: Simpatia; Intuição; Inteligência; Compreensão; Graça ou Revelação.

Detalhemos estas condições ou qualidades fundamentais: 1ª.) Simpatia

Em primeiro lugar, por simpatia, devemos entender e procurar compreender a afinidade e a atração natural que sentimos pelo símbolo que nos é apresentado. Parece-nos óbvio que somente um símbolo que promova uma atração para o interprete e que lhe pareça simpático, poderá transmitir alguma mensagem que lhe sirva como um ensinamento.

“(...) A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. (...)” (PESSOA: 2003, passim).

“(...) O símbolo da Maçonaria remete aos instrumentos dos trabalhadores que, na Idade Média dominavam as técnicas de construção em pedra: O COMPASSO, que desenha círculos perfeitos, representa a busca da perfeição

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pelo homem; A letra G, no centro de tudo, vem de GOD, “Deus” em inglês. Para os maçons, é Ele o Grande Arquiteto do Universo; O ESQUADRO, que forma ângulos retos, lembra que o homem deve levar uma vida igualmente reta: ética e Honesta (...)” (SUPERINTERESSANTE, 2001, p.39).

Não existe, portanto um símbolo que se apresente de uma maneira mais simpática aos maçons e também não existe um que seja também, tão mais representativo da Ordem Maçônica do que este representado pelo Esquadro e pelo Compasso quando se encontram entrelaçados. O símbolo que é formado por esta imagem, representa a medida justa que deve ser característica de todas as ações dos maçons, lembra-os que não podem se afastar da justiça e da retidão determinados pelos seus profundos princípios.

2ª.) Intuição

Podemos compreender por intuição a ocorrência da percepção clara das verdades, sem que, no entanto seja perceptível a intermediação e a utilização do raciocínio. A intuição seria como que a primeira impressão, mais do que um palpite ou impressão, ela se apresenta como sendo uma certeza inconsciente, a imagem que nos marca em definitivo e a representação que nos é causada por um símbolo. Esta impressão é primeiro formada pela simpatia que nos é despertada por este símbolo.

“(...) A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja. (...)” (PESSOA, 2003, passim)

“Há uma relação direta entre o objeto analisado e o indivíduo que o analisa." A intuição é primordial entre nosso pensamento e o objeto pensado. Sem a intuição não teríamos idéias novas, não haveria evolução.” (CAMPANHA, op. cit., p.38)

3ª.) Inteligência

A terceira das condições ou qualidades para que se obtenha a perfeita compreensão e o entendimento dos símbolos, trata-se da inteligência.

Compreendida como uma condição ou qualidade que atua conjuntamente e correlacionando-se de maneira análoga com as demais condições anteriormente citadas, a inteligência se apresenta como um fator considerado fundamental e essencial para a compreensão dos símbolos, das metáforas e das analogias que nos são colocadas constantemente dentro dos ensinamentos maçônicos.

“A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo”;

(...) Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação do que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação e se a intuição não tiver estabelecida. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica e o símbolo poderá ser interpretado. (...)”(PESSOA, 2003, passim)

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É a qualidade representada pela inteligência que nos encaminha para a compreensão que é a quarta condição ou qualidade necessária para a interpretação dos símbolos e a assimilação da linguagem simbólica.

A compreensão pode ser também considerada como o entendimento completo, praticamente a perfeita e a total absorção e fixação da mensagem e os significados que nos são transmitidos pelo símbolo:

“(...)A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitem que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. (...)”(Idem, op. cit.)

Várias luzes é o mesmo que vários ângulos de visada.

Ao decodificar e compreender a mensagem transmitida pelo símbolo, o interprete deve sintetizá-la e passar a procurar nela o seu íntimo e pessoal significado e representação.

5ª.) Graça ou Revelação

A quinta, que é também a ultima das qualidades ou condições fundamentais para o entendimento e a interpretação dos símbolos.

Condição ou qualidade esta que é a que possui uma maior e mais profunda dificuldade para a sua definição e a sua completa compreensão. A Graça, que é esta quinta condição acaba possuindo uma das mais dispersas possibilidades concretas de entendimento e assimilação imediata:

“(...) Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo (...)”(Idem, op. cit.)

Parece bastante claro que Fernando Pessoa, ao realizar a sua explanação sobre esta quinta qualidade ou condição, nos coloca frente a frente com uma possibilidade, que ele considera bastante profunda da intervenção de um poder superior que poderia ser considerado, conforme as suas palavras como que divino.

Uma intervenção de poderes sobrenaturais que atuando na capacidade de compreensão acabariam por clarear as idéias.

Esta intervenção ou atuação do “Superior Incógnito”, do “Ser Supremo”, do “Grande Arquiteto do Universo”, enfim, a intervenção de Deus ou dos deuses, pode ser simplesmente chamada de Revelação.

De nada adiantaria ao ser humano possuir a simpatia por um símbolo, conseguir adquirir capacidades para enxergar através deste. Conseguir ver além das suas formas e dos seus contornos, com o uso da intuição. Possuir a inteligência necessária para analisá-lo, a capacidade exigida e necessária para compreendê-lo e as habilidades para sintetizar os seus conteúdos, de nada adiantaria todos esses dons e qualidades se não lhe for revelado pelo Grande Arquiteto do Universo um íntimo e pessoal significado para este símbolo. Sem a atuação e a manifestação desse dom divino jamais se compreenderia o significado de um símbolo com toda a magnitude esotérica e mística que ele poderia representar.

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III – CONCLUSÃO

A Ordem Maçônica, atuando como uma autêntica escola provedora dos mais profundos ensinamentos éticos e morais necessita como nenhuma outra instituição procurar continuadamente afirmar e principalmente procurar repassar os seus diversos princípios aos seus membros e também à sociedade em que ela se insere. Devido as suas origens corporativas, desde os mais remotos tempos, a Maçonaria procurou sempre traçar paralelos, estabelecendo analogias entre os seus princípios morais e ensinamentos éticos, utilizando-se como base os instrumentos laborais dos pedreiros medievais.

“(...) Embora não haja documentação que o comprove, deve-se admitir que os Maçons Operativos, usavam seus instrumentos de trabalho como símbolos de sua profissão, pois caso contrário não se teria esse simbolismo na Maçonaria Moderna. A existência desse simbolismo é a mais evidente demonstração de que houve na Inglaterra, contatos diretos entre os Franco-Maçons Modernos e os maçons profissionais, demorados o suficiente para que essa transmissão se consolidasse (...).” (PETERS, 2003, passim).

Todo Símbolo Maçônico requer interpretação coerente, lógica, inspiradora de lições morais. “Inspiradora” porque iniciação é inspiração e não simples ensinamento ou pregação” (VAROLI FILHO, 2000, p.17-18).

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

CARVALHO, Luis Nandim de. História da Maçonaria. Disponível em <http://www.maconaria.net/conferencia2.shtml> Acesso em 29 de Março de 2007;

PESSOA, Fernando. Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a Um Projeto de Lei Apresentado ao Parlamento Disponível em <http://www.lojasaopaulo43. com.br/fernandopessoa.php> Acesso em 10 de Abril de 2008;

PETERS, Ambrósio. O Simbolismo dos Instrumentos. Disponível em <http://www.samauma.com.br/portalmaconico/conteudo/opiniao/ap00305simbin strumentos.htm> Acesso em 10 de Dezembro de 2007;

VARELLA, João Marcos. Hyram, de Fernando Pessoa. Disponível em <http://www.cfh.ufsc.br/~magno/hyram.htm> Acesso em 02 de Maio de 2007; Figueiredo, Rui Tinoco. Minuto Maçônico. São Paulo - Madras, 2006. p.97, 148 e 149.

Referências

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