• Nenhum resultado encontrado

ABORDAGEM INTRODUTÓRIA SOBRE O CONFORTO TÉRMICO EM MORADIAS DA CIDADE DE TEFÉ-AM.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ABORDAGEM INTRODUTÓRIA SOBRE O CONFORTO TÉRMICO EM MORADIAS DA CIDADE DE TEFÉ-AM."

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

918 Goiânia (GO)/UFG

ABORDAGEM INTRODUTÓRIA SOBRE O CONFORTO TÉRMICO EM

MORADIAS DA CIDADE DE TEFÉ-AM.

ANTÔNIO RISOMAR FIGUEIREDO PEREIRA

1

NATACHA CÍNTIA REGINA ALEIXO

2

JOÃO CÂNDIDO ANDRÉ DA SILA NETO

3

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi analisar o conforto térmico em moradias de diferentes padrões construtivos em Tefé-AM. Foi utilizado o Índice de Conforto Térmico (ICT), que considera a temperatura e umidade relativa do ar e vem sendo muito utilizados nos estudos sobre o tema. Foram coletados dados com aparelho termo-higrômetro em três residências com diferentes padrões construtivos em dias representativos dos meses de janeiro (período chuvoso) e agosto (período menos chuvoso) do ano de 2015 e comparados com os dados em ambiente externo disponibilizados pelo INMET. Os resultados indicam maior desconforto térmico para o calor nas residências, mas também no ambiente externo em ambos os períodos. Assim pode-se concluir que na cidade de Tefé, o desconforto térmico para o calor pode impactar negativamente no bem-estar e a qualidade de vida da população.

Palavras-chave: Conforto Térmico, ambiente interno, Tefé-AM.

ABSTRACT

The objective of this research was to analyze the thermal comfort in houses of different construction standards in Tefé/AM. It used the Thermal Comfort Index (ICT), which considers the temperature and relative humidity and has been widely used in studies on the subject. Data were collected with thermo-hygrometer device in three homes with different construction standards representative days of January (rainy season) and August (except rainy season) of the year 2015 and compared with the data in the external environment provided by INMET. The results indicate higher thermal discomfort for heat in homes, but also in the external environment in both periods. Thus it can be concluded that the city of Tefé, thermal discomfort for heat can negatively impact the well- being and quality of life of the population.

Keywords: thermal comfort, internal environment, Tefé-AM

1- Introdução

Pesquisas sobre o conforto térmico a cada dia ganham mais importância na ciência geográfica, devido ao processo de expansão urbana que transforma a paisagem causando impactos diretos no clima local.

De acordo com Silva Junior et al (2012, p.219) “Os primeiros estudos relacionados ao conforto térmico datam do início do século XIX na Europa, quando teve início o movimento para melhoria das condições de trabalho nas indústrias de metalúrgicas e

1 Graduando em Geografia, Universidade do Estado do Amazonas,risof_@hotmail.com

2 Professora Doutora do curso de Geografia, Universidade do Estado do Amazonas,

naleixo@uea.edu.br

3 Professor Doutor do do curso de Geografia, Universidade do Estado do Amazonas,

(2)

919 Goiânia (GO)/UFG

têxteis, em vista dos frequentes acidentes e enfermidades devido à influência do calor” desde então, estudos sobre o conforto térmico têm sido realizados em diversos lugares do mundo, estudos estes que buscam compreender a relação entre o clima e a sociedade.

Segundo a Norma ISO 7330 (1994) apud Costa, et. al. (2013), conforto térmico é a condição em que o corpo humano expressa satisfação com o ambiente térmico.

O conforto térmico é algo que influencia a qualidade de vida da população, principalmente as famílias de baixa renda que na maioria das vezes não tem como comprar refrigeradores de ar ou aquecedores de ar para amenizar o desconforto térmico, seja ele causado por excesso de calor ou de frio.

De acordo com Frota e Schiffer (2003), compõem as variáveis ambientais do conforto térmico a temperatura, a umidade, a velocidade do ar e a radiação solar incidente. Agregam se a estas variáveis: precipitação, vegetação, permeabilidade do solo, águas superficiais e subterrâneas, morfologia do relevo, entre outras características locais que podem ser alteradas pela presença humana. (VIANA, 2013, p. 50).

Sant’Anna Neto (2011), afirma que “espaços desiguais potencializam os efeitos do clima, que se manifestam, também, de forma desigual. Nesta perspectiva, tem-se que admitir que o clima possa ser interpretado como uma construção social”.

Uma das perspectivas possíveis para entendê-lo como fenômeno que interessa a Geografia, poderia ser a influência que determinados elementos meteorológicos exercem na qualidade de vida (coletiva) e no conforto (individual) dos diversos segmentos sociais. (SANT’ANNA NETO, 2008, p. 64).

As pesquisas sobre clima urbano e conforto térmico são de suma importância para identificar as causas e indicar melhores alternativas na produção do espaço, além de subsidiar políticas públicas. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi analisar o conforto térmico em moradias de diferentes padrões construtivos em Tefé-AM.

2- Materiais e métodos

Foram utilizados aparelhos termo-higrômetros da marca Incoterm para medir as variações de Temperatura e Umidade Relativa interna. Para analisar o ambiente externo, utilizaram-se os dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET.

A coleta de dados no ambiente externo e interno ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de janeiro de 2015, esse mesmo processo se repetiu nos dias 13, 14 e 15 agosto de 2015. Os meses foram escolhidos, pois representam o período chuvoso e seco na cidade. Os dados foram coletados às 8h00min, 14h00min e 20h00min. De acordo com Alves e Specian (2010,

(3)

920 Goiânia (GO)/UFG

p.91) “estes representam, respectivamente, os três períodos, manhã (início do aquecimento), tarde (maior aquecimento), e noite (início do resfriamento)”.

Os dados analisados foram coletados em 3 (três) residências: uma casa flutuante no lago Tefé, uma casa na margem direita do lago na orla do bairro Juruá e uma no bairro de Fonte Boa. Com relação aos materiais construtivos das moradias, a casa flutuante é de madeira e com cobertura de alumínio (Figuras 1 e 2); a do bairro de Fonte Boa é uma casa de alvenaria toda rebocada, com cobertura de alumínio (Figuras 3 e 4); a casa da orla do Juruá é uma casa de madeira e tem a cobertura de fibrocimento (Figuras 5 e 6).

Figura 1 e 2. Localização da casa Flutuante. Fonte: Google Maps. Org.: Pereira, 2015.

Figura 3 e 4. Localização da casa no bairro Fonte Boa. Fonte: Google Maps. Org.: Pereira, 2015.

(4)

921 Goiânia (GO)/UFG

Para a análise de conforto térmico das residências e do ambiente externo foi utilizado o Índice de Conforto Térmico (ICT), representado pelo Quadro 1.

Quadro 1. Índice de Conforto Térmico (ICT)

Fonte: Funari, 2006. Organizado por: Armani, 2006.

A fórmula utilizada para calcular o Índice de Conforto Térmico, ICT foi a seguinte: THI: Ts-(0,55-0,0055.UR).(Ts-14,5), onde (Ts) é a Temperatura Média e (UR) a Umidade Relativa, conforme proposta de Funari (2006). Os dados foram calculados na planilha do aplicativo Microsoft Office Excel e depois foram analisados conjuntamente com o referencial teórico da climatologia geográfica.

3- Resultados e discussões

O clima que predomina no território Amazônico é o Equatorial quente e úmido, devido a sua posição próxima a linha do Equador onde predominam altas temperaturas e muita umidade devido à floresta Amazônica ser bastante densa.

Na região Amazônica existem dois períodos sazonais, “à dinâmica climática e fluvial que regem o cotidiano dos amazônidas, são denominados popularmente de cheias (período chuvoso) e seca (período com diminuição dos totais de chuva) e apresentam-se em intervalos de meses diferentes ao longo da região Amazônica”. (ALEIXO e SILVA NETO, 2014, p.1639).

(5)

922 Goiânia (GO)/UFG

Tefé é um município do estado do Amazonas que localiza-se no Médio Solimões, conforme Mapa 1 e tem uma área de 23.704,475km², a população total é 61.453 habitantes (IBGE, 2010).

O clima equatorial pelas próprias características de alta temperatura e umidade do ar pode provocar desconforto em indivíduos não adaptados, uma vez que a aclimatação é importante para evitar o desconforto. São utilizados na maior parte das residências no município materiais construtivos inadequados ao clima equatorial, que pelas próprias características de alta temperatura e umidade do ar, provocam efeitos de desconforto, dessa forma, as residências podem agravar ainda mais o desconforto térmico e o aumento do consumo de energia pelo uso de climatizadores artificiais.

Os telhados de cerâmica são os mais indicados nas construções, principalmente na cor branca que possui maior albedo e consegue refletir mais radiação e absorve menos calor fazendo com que a temperatura fique mais agradável dentro da residência, proporcionando um melhor conforto térmico, porém é um tipo de material com alto custo, por isso as pessoas acabam optando por outros tipos de telhas devido à condição socioeconômica. (ARAUJO, 2014)

Mapa 1. Localização do município de Tefé-AM. Fonte: Silva Neto, 2014.

Os primeiros dados do ambiente interno das residências em Tefé foram coletados no mês de janeiro de 2015, que representa o período chuvoso do ano. Nos três dias de coletas ocorreram chuvas com pequeno volume nos dois primeiros dias, no dia 13 choveu 1,3mm, no dia 14 choveu 3mm e no dia 15 choveu 12,4mm no município de Tefé de acordo com o INMET.

(6)

923 Goiânia (GO)/UFG

A chuva com o aumento da nebulosidade na atmosfera ameniza e homogeneíza a temperatura, porém, se analisarmos a tabela 4, é possível observar que a temperatura no dia 15 não é tão diferente dos outros dias, isso ocorre devido a grande extensão do município, podendo chover mais na zona rural que na cidade e também esses 12,4mm podem ter chovido na cidade numa única hora, não influenciando de sobremaneira na diminuição da temperatura.

A segunda coleta ocorreu no mês de agosto, que representa o início do período menos chuvoso e choveu apenas nos 2 (dois) últimos dias. A estação do INMET registrou no dia 14 um total de 29,6mm de chuva no município e no dia 15 foi registrado apenas 5,8mm. Apesar do mês de Agosto representar o início da diminuição das chuvas, não significa que não vai chover. O que choveu no dia 14 de Agosto de 2015 foi bem mais que nos dias 13, 14 e 15 de janeiro juntos e isso fez com que houvesse uma diminuição na temperatura nesses 2 (dois).

No quadro 2, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas, em três horários do dia 13/01/2015. No horário das 08h00min, dos pontos analisados, apenas as casas do Fonte Boa e Orla de Juruá, estiveram no Limite Superior da Zona de Conforto, enquanto o Flutuante apresentou mesmo ICT que no ambiente externo (INMET), ou seja, um leve desconforto pelo calor.

As 14h00min, o ICT das casas Flutuante, Fonte Boa e Orla de Juruá apresentaram leve desconforto pelo calor, enquanto que no ambiente externo (INMET) o ICT estava no Limite Superior Da Zona De Conforto, o que significa que fora das residências era mais confortável termicamente naquele momento.

No horário das 20h00min, todos os pontos registraram Leve Desconforto Pelo Calor, isso significa que tanto no ambiente interno das 3 (três) residências quanto no externo (INMET) apresentaram as mesmas classes de ICT.

Quadro 2. Dados do índice de conforto térmico no dia 13 de Janeiro de 2015 13/01/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 27,3 25,6 25,5 27,0

14:00 29,6 29,7 28,6 25,7

20:00 27,8 27,0 27,8 28,8

Fonte: Levantamento próprio e INMET. Org.: Pereira, 2015.

No quadro 3, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas em três horários do dia 14/01/2015. No horário das 08h00min, nas casas do Bairro de Fonte Boa e da Orla de Juruá as temperaturas apresentaram o mesmo ICT que no ambiente externo (INMET), estando no Limite Superior da Zona Conforto, apenas na casa Flutuante a

(7)

924 Goiânia (GO)/UFG

temperatura estava no Centro da Zona de Conforto, tornando-se mais confortável termicamente.

Às 14h00min, o ICT no Flutuante e Orla de Juruá estava no limite superior da zona de Conforto, no Fonte Boa o mesmo estava mais elevado causado um Leve Desconforto pelo calor, naquele momento no ambiente externo (INMET) o ICT estava no Centro da Zona de Conforto, tornando-o mais confortável termicamente que dentro das residências.

Às 20h00min, os 4 (quatro) pontos, tanto os internos (residências) quanto o externo (INMET) apresentaram-se no Limite Superior da Zona Conforto.

Quadro 3. Dados do índice de conforto térmico no dia 14 de Janeiro de 2015

14/01/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 23,7 24,1 24,9 26,8

14:00 25,7 27,7 26,2 22,9

20:00 25,9 25,9 26,4 26,4

Fonte: Levantamento próprio e INMET. Org.: Pereira, 2015.

No quadro 4, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas nos três horários do dia 15/01/2015. No horário das 8h00min, a casa Flutuante, do bairro Fonte Boa e na Orla do Juruá o ICT apresentava-se no Limite Superior da Zona de Conforto, já o ambiente externo (INMET) era mais confortável termicamente, já que o ICT estava no Centro da Zona de Conforto.

Às 14h00min, o ICT tanto no ambiente interno das 3 (três) residências, quanto no externo (INMET) apresentaram um Leve Desconforto pelo Calor.

Na coleta das 20h00min, o ICT nas casas Flutuante e Orla do Juruá apresentaram um leve desconforto pelo calor, à casa do bairro Fonte Boa apresentou um melhor conforto térmico, pois estava no Limite Superior da Zona de Conforto, nesse horário não foram disponibilizados dados do INMET para que pudesse ser verificado o ICT externo.

Analisando as tabelas 2, 3 e 4 pode-se observar que nos dias em que foram realizadas as coletas nos 4 (quatro) pontos da cidade, foram registrados apenas 3 (três) temperaturas que estavam no Centro da Zona de Conforto e 2 (duas) delas eram na Estação do INMET, o que mostrava naqueles respectivos horários que era mais confortável termicamente fora das residências pesquisadas.

Quadro 4. Dados do índice de conforto térmico no dia 15 de Janeiro de 2015 15/01/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 24,9 24,0 24,8 23,6

14:00 28,9 28,7 28,1 29,7

20:00 28,3 26,1 28,2 _

(8)

925 Goiânia (GO)/UFG

No quadro 5, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas, no primeiro dos três dias analisados do mês de agosto (período menos chuvoso) em três horários do dia 13/08/2015. No horário das 8h00min, os 4 (quatro) pontos, tanto os ambientes internos (residências) quanto o externo (INMET) estavam no Limite Superior da Zona de conforto.

Quadro 5. Dados do índice de conforto térmico no dia 13 de Agosto de 2015 13/08/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 26,8 26,1 26,9 26,6

14:00 27,7 28,3 30,4 28,6

20:00 27,5 28,0 27,6 27,3

Fonte: Levantamento próprio e INMET. Org.: Pereira, 2015.

No horário das 14h00min, a casa Flutuante, do bairro Fonte Boa e na estação do INMET apresentavam um Leve Desconforto pelo Calor, enquanto que a casa da Orla de Juruá apresentou um Desconforto Pelo Calor, onde era mais desconfortável naquele período.

Às 20h00min, foi registrado um Leve Desconforto pelo Calor tanto nos ambientes internos (residências), quanto no externo (INMET).

No quadro 6, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas em 3 (três) horários do dia 14/08/2015. No horário das 8h00min, as casas Flutuante e do bairro Fonte Boa apresentavam-se no Limite Superior da Zona Conforto, a casa da Orla de Juruá e na estação do INMET estavam no Centro da Zona de Conforto tornando os 2 (dois) ambientes mais confortável termicamente naquele horário.

No horário das 14h00min, as casas do bairro Fonte Boa e Orla de Juruá, juntamente com a estação do INMET apresentaram-se no Limite Superior da Zona de Conforto e a casa Flutuante estava com um Leve Desconforto pelo Calor, tornando-se menos confortável termicamente de se estar.

Às 20h00min, as casas Flutuantes, bairro Fonte Boa e estação do INMET estavam no Limite Superior da Zona de Conforto, enquanto que a casa da Orla de bairro Juruá estava no Centro da Zona de Conforto, tornando aquele ambiente confortável termicamente.

Quadro 6. Dados do índice de conforto térmico no dia 14 de Agosto de 2015. 14/08/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 24,1 25,5 22,5 23,0

14:00 27,2 26,7 26,5 25,1

(9)

926 Goiânia (GO)/UFG

Fonte: Levantamento próprio e INMET. Org.: Pereira, 2015.

No quadro 7, pode-se observar o conforto térmico nas residências analisadas em três horários do dia 15/08/2015. No horário das 8h00min, os (três) ambientes internos e o externo estavam no Limite Superior da Zona de Conforto.

Às 14h00min, as casas Flutuante, da Orla de Juruá e estação do INMET apresentaram um Leve Desconforto pelo Calor e a casa do bairro Fonte Boa estava no Centro da Zona de Conforto, ou seja, estava confortável termicamente.

Às 20h00min, as casas Flutuante e do bairro Fonte Boa estavam com um Leve Desconforto pelo Calor e a casa da Orla de Juruá e o ambiente externo no INMET estavam no Limite Superior da Zona de Conforto, ou seja, menos desconfortáveis termicamente que os outros 2 (dois) primeiros pontos.

Quadro 7. Dados do índice de conforto térmico no dia 15 de Agosto de 2015 15/08/2015 Flutuante Fonte Boa Orla Juruá INMET

08:00 25,5 24,6 25,2 24,3

14:00 29,7 22,5 28,6 28,9

20:00 28,0 27,8 24,9 26,7

Fonte: Levantamento próprio e INMET. Org.: Pereira, 2015.

O mês de janeiro que marca o início do período mais chuvoso apresentou um maior desconforto quando comparado com o mês de agosto, período que representa uma diminuição dos totais de chuva, isso ocorreu devido aos dois últimos dias das coletas ter chovido um total de 45,4mm, sendo que, só no dia 14, houve uma precipitação de 29,6mm e bem distribuída ao longo do dia, fazendo com que a temperatura fosse menor no decorrer do dia.

Lembrando que na área de estudo choveu um volume bem maior nos dois últimos dias de coleta do mês de agosto. Também as chuvas no ano de 2015 foram bem intensas e se estendeu por um período maior de meses, provocando a maior cheia da história do Rio Amazonas.

A moradia que apresentou maior desconforto tanto no mês de janeiro quanto em agosto foi à casa Flutuante e teve como índice de conforto predominante, um Leve Desconforto Pelo Calor e temperatura média de 27,0°C e a que apresentou menor desconforto foi a casa do bairro Fonte Boa, que teve como seu índice de conforto predominante o Limite Superior da Zona de Conforto e com a média de 26,4°C. Porém, a maior temperatura foi registrada na residência da Orla do bairro de Juruá, que foi de 30,4°C.

Os dados do INMET (demonstrativos do ambiente externo) demonstraram que as residências não auxiliaram os moradores com relação ao conforto, uma vez que a maioria

(10)

927 Goiânia (GO)/UFG

apresentou maior desconforto que o ambiente externo. Porém, os dados analisados não demonstraram muitas diferenças no âmbito entre ambiente externo e interno, as temperaturas (ambiente interno e externo) são bastante elevadas, causando desconforto térmico que pode ser negativo para o bem-estar e saúde dos moradores.

As estruturas das casas que foram estudadas são os tipos que predominam na cidade de Tefé, casas de alvenarias e madeiras com coberturas de alumínio e fibrocimentos e esses materiais como alumínio contribuem bastante no desconforto térmico, tendo em vista o clima da cidade de Tefé é quente e úmido o ano todo.

A casa Flutuante apresentou um maior desconforto devido a capacidade térmica da água ao seu redor e pelos materiais utilizados na construção, como a cobertura de telha de alumínio.

Já a casa do bairro Fonte Boa teve um menor desconforto, pois, o ambiente do entorno dispõe de maior arborização e a residência mesmo tendo como cobertura telha de alumínio, possui forro de madeira o que ajuda a amenizar a temperatura no ambiente interno.

As famílias que moram nas residências onde a pesquisa foi realizada são consideradas segundo o IBGE (2010), famílias economicamente de baixa renda, dessa forma, não dispõem de recursos financeiros para comprar materiais que ajudam a amenizar o desconforto causado pelo calor. Nesse sentido, deve ser mencionado que das três residências analisadas, apenas a casa do bairro Fonte Boa possui climatizadores nos quartos, mas estavam desligados nos dias de coletas.

O conforto térmico exerce influência de forma diferente para cada classe social na cidade, pois, a maioria das famílias de baixa renda não dispõe de aparelho climatizador em suas residências, além disso, muitos não podem usar o aparelho durante todo o dia devido ao aumento do valor da conta de energia. Ressalta-se que a energia elétrica no município de Tefé é proveniente de termelétrica movida a óleo diesel e frequentemente apresenta interrupções de abastecimento devido à falta do comburente ou aumento da demanda pela população, em especial no período da seca, em que os climatizadores são mais utilizados. Assim, períodos sem fornecimento de energia são constantes nos bairros da cidade seguindo rodízios.

Porém, as famílias de renda mais elevada não sofrem tanto com o desconforto térmico ao longo do ano, já que dispõem de climatizadores e tem condições econômicas favoráveis para arcar com os custos de energia.

A casa Flutuante não dispõe de arborização nas proximidades, a casa da Orla do bairro de Juruá possui pouca arborização no entorno, uma vez que fica a margem direita do

(11)

928 Goiânia (GO)/UFG

lago de Tefé e por ter suas bases alagadas parte do ano, isso dificulta o crescimento de árvores. A casa do bairro Fonte Boa dispõe um pouco mais de árvores que a casa da Orla de Juruá, isso porque a fundação do bairro é recente se comparado com os demais e algumas famílias ainda possuem grandes terrenos e plantam árvores frutíferas que ajudam a manter uma temperatura mais agradável.

O desconforto térmico no ambiente interno dessas residências pode causar mal estar, fadiga, stress, problemas de saúde (cardio-respiratórios), principalmente em crianças e idosos, que fisiologicamente são mais susceptíveis. Essa população de baixa renda, sujeitos a essa situação precária no que diz respeito ao conforto de suas residências, não recebe apoio do poder público em forma de planejamento na área urbana, com estabelecimento de espaços públicos de lazer e maior arborização visando mitigar o desconforto térmico.

Partindo dessa leitura e com intuito de criar melhores condições de vida para essa parcela da população tefeense, o poder público deveria criar projetos que amenizem o conforto térmico nestes locais, pelo menos nos ambientes externos dessas residências onde a pesquisa foi realizada, além de se pensar formas de subsídios para compra de materiais construtivos mais adequados ao clima equatorial.

4. Conclusão

Por meio da pesquisa foi possível identificar que tanto no ambiente interno quanto no externo predominou o desconforto térmico pelo calor, em dias representativos dos meses de janeiro (período chuvoso) e agosto (período menos chuvoso).

A pesquisa limitou-se apenas em 3 (três) residências com coberturas de alumínio e fibrocimento, já que não foi possível ser realizada em residência cobertas com telhas de cerâmica devido a existência de poucas na cidade de Tefé, se comparadas com as citadas anteriormente (telhas de alumínio e fibrocimento) e por motivos de receio por parte dos moradores dessas casas em disponibilizar seu espaço para a coleta de dados.

A pesquisa realizada pode auxiliar o poder público e a sociedade a pensar em medidas e subsídios para construção de moradias com materiais mais adequados ao tipo climático, visando reduzir o desconforto térmico e o uso de climatizadores artificiais.

Além disso, deve ser mencionado que atualmente os espaços urbanos são construídos destituídos de planejamento, e um dos fatores para esse fenômeno, é

(12)

929 Goiânia (GO)/UFG

justamente a utopia do capitalismo, que cria e recria os espaços sob a égide capitalista, criando espaços segregados e excluindo a população mais vulnerável, que sofre os efeitos do desconforto térmico.

Não podemos mencionar que apenas esse estudo foi suficiente para um entendimento do conforto e desconforto em clima equatorial, para melhor entendimento mais estudos dessa natureza devem ser realizados, a fim de contribuir como suporte as políticas públicas, considerando o clima urbano como um produto que a sociedade constrói ao longo do tempo e espaço.

5. Referências

ALEIXO, Natacha Cíntia Regina; SILVA NETO, João Cândido André da. Variabilidade climática do município de Tefé/Amazonas/Brasil. Anais “Riesgos, Vulnerabilidades Y

Resiliencia Socioambiental Para Enfrentar Los CambiosGlobales” Santiago (Chile), 03

al 05 de Diciembre,

p.1635 – 1643

, 2014.

ARAÚJO, Ronaldo Rodrigues. Clima e Vulnerabilidade Sócioespacial: uma avaliação

dos fatores de risco na saúde da população urbana do município de são Luiz, MA.

p.297. Tese de doutorado em Geografia. UNESP, Presidente Prudente-SP, 2014.

ALVES, Elis Dener Lima; SPECIAN, Valdir. Estudo do Comportamento Termohigrométrico em Ambiente Urbano:Estudo de Caso em Iporá-GO. Revista Brasileira de Geografia

Física 02. 87-95p. 2010.

COSTA, Antonio Carlos Lôlada. et al. Índices de conforto térmico e suas variações sazonais em cidades de diferentes dimensões na Região Amazônica. Revista Brasileira de

Geografia Física, v. 06,n. 03, p.478-487, 2013.

FUNARI, F. L. O Índice de Sensação Térmica Humana em função dos tipos de tempo

na Região Metropolitana de São Paulo. (Tese de Doutorado). São Paulo: FFLCH/USP-

Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2006. 108p.

SANT’ANNA NETO, João Lima. Da climatologia geográfica à geografia do clima, gênese, paradigmas e aplicações do clima como fenômeno geográfico.52-67p. Revista da ANPEGE.

v. 4, 2008.

SANT’ANNA NETO, João Lima. O clima urbano como construção social: da vulnerabilidade polissêmica das cidades enfermas ao sofisma utópico das cidades saudáveis. Revista

Brasileira de Climatologia, v8, p.45-59, 2011.

SILVA JUNIOR, João de Athaydes. et al. Análise da Distribuição Espacial do Conforto Térmico na Cidade de Belém, PA no Período Menos Chuvoso. Revista Brasileira de

Geografia Física, 3, p. 218-23202, 2012.

VIANA, Simone Scatolon Menotti. Conforto Térmico Nas Escolas Estaduais De

Presidente Prudente/Sp. 218p. Teses de doutorado em Geografia. UNESP, Presidente

Referências

Documentos relacionados

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,

O turismo nos últimos tempos revela um setor que tem estado em franco crescimento a nível mundial, tendo registado um aumento de fluxo considerável, trazendo impactos

É primeiramente no plano clínico que a noção de inconscien- te começa a se impor, antes que as dificuldades conceituais envolvi- das na sua formulação comecem a ser

O objetivo desse estudo é realizar uma revisão sobre as estratégias fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da lesão de LLA - labrum acetabular, relacionada à traumas

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

Utilizando animais anestesiados e aplicando a ETCC por 15 min com intensidade de corrente de 500 µA, estes autores demonstraram que apenas a ETCC catódica foi capaz de induzir

Foram ainda denunciados nessa fase: Alberto Youssef, doleiro; Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras; Waldomiro de Oliveira, dono da MO

A Periodontite Apical é uma resposta inflamatória aguda ou crónica, desencadeada por uma infeção bacteriana, que atinge o tecido pulpar do dente. O diagnóstico desta