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Juan Alfredo César Müller - Alquimia moderna.pdf

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(1)

;JUAN ALFREI>ó CÉSAR MULLER

Alt1uimia Moderna

( '1.'rnnspsicologla)

(2)
(3)

fNDICE

Falando de um

a.migo ...

PRIMEIRA PARTE

Capil•los Págs.

1 - Meu encontro com o Magistcr Regiomontanus 15

II -Que é o tempo 19

Ili - Que é psique?

?3

IV - Que são os sonhos 25

V - Como inter-atua o plano da; realidade humana e a psique Zl

VI -O plano arcaico de comunicação 29

VII - Formas de comunicação ditas lúdicas 33

VIII - As formas coletivas de expressão dos afetos 39

IX -A doutrina Zen 45

X -Que é a Homeopatia? 49

XI - Relação entre a kinestesia lúdica Zen e os cacoetes 51

XII - Função dos círios e das "comidas-de-santos" 53

XIII - Que ó a Astrologia? 57

XIV - Que é Mágia? 6S

XV - Plano de pesquisa dos Test 71

XVI - Topografia dinâmica da Homeopatia 75

XVII - Que é a Parapsicologia 85

SEGUNDA PARTE XVIII -O problema da realidade

XIX -O diagn6stico e a clínica XX - Experiências clínicas XXI - Caso li

XXII - As neuroses metagênicas Epílogo 89 91 99 107 123 133

(4)

A Ruth, meu simbi<ótico sinfônico essencial

Ao meu Professor

L.

Szondi, continuador de Freud., criador de um sincretismo didático na Psicotera­

pia,

e do teste que leva seu nome.

Ao meu iniciador na Homeopatia, Dr. Carlos Armando de Moura Ribeiro

o AUTOR

(5)

FALANDO DE UM AMIGO . . . O AUTOR

Prólogo, prefácio, ou apresentação de um livro,

nada

representam, a

não

ser pela homenagem do autor a um dileto amigo, ou pela necessidade de alguém melhor colocado no campo de investigação, robustecer a opinião geral, frente àquela levantada pelo autor. Não estou em condições de estar entre os segundos, e ainda que o estivesse, renunciaria, para colocar-me entre os primeiros.

Não fôra mesmo estar em condições de sentir o trabalho

do

Prof. Müller, pela densidade de conteúdo, nos diversos campos em que se atua, mas pela validade de suas afirma­ ções, jamais teria aceito escrever estas palavras surgidas mais

do

desvanecimento, da alegria e da amizade que nos une.

Conheço Juan Alfredo César Müller

alguns anos, e

foi tempo suficiente para saber o quanto de seu valor, trans­ cende o comum dos Psicólogos, para colocar-se um pouco além, dentro dos problemas da psiquê humana. O seu tra­ balho tange, por muito que ali venha uma intenção pro­ funda dentro do campo da Psicologia Clinica, aos limites sempre permeáveis de uma psicologia filosófica, e formula­ ções independentes de "TRANSPSICOWGIA", como êle próprio o intitula.

O livro causou-me admiração desde o início. No diálogo fecundo surgindo, com seu "antepassado" Johannes Müller - REGIOMONT ANUS - o cerne do trabalho saltou-se aos olhos diante da conceituação de Psicoterapia: "Psicoterapia

(6)

10

JUAN ALFREDO C�SAR MÜLLER

é

a conceituação da problemática huma111L vivenciada afetiva e intelectualmente". Logo de pronto· então, sobreveio-me aquela opinião que já mantinha do Prof. Müller, de ser êle tão amplo em suas concepções, como o são as comunicações existentes entre o homem e a imensa 111Ltureza cósmica.

Se falo

de

um amigo, cabe-me o direito de sentir em palavras o que senti ao ler seu trabalho. ToT111Lr-me-ia longo demais e por certo carente de espontaneidade, se tecesse aqui comentários técnicos e cientificas a respeito

de

suas concep­ ções. Porém, não posso furtar-me ao desejo de considerar a amplitude com que êle aborda o problema da comunicação nos diversos planos, elaborando fundamntos válidos para uma nova e ampla posição, no campo da terapia psicológica. A comunicação arcaica, lúdica e coletiva, uma vez bem ma­ nipulada pelo terapêuta, fornece sem dúvida uma verdadeira corrente simbólica de possibilidades a111Lllticas.

Müller, formado 1llL escola de Szondí, que tão bem soube colocar - sincretismo didático na Psicoterapia - o homem dentro de uma dependência genética, da evolução da libido (Freud) e da Psicologia AMlítica (Jung), concebeu-lhe grande bagagem eclética, para hoje, no seu trabalho, ressurgir a pro­ blemática huma'lllL colocada sob diversos prismas conceptuais. Cabe ainda acrescentar que o Prof. Müller é profundo conhe­ tedor de Astrologia, Grafologia, e de um cabedal invejável dentro da Homeopatia, agregando ainda a sua excelente for­ mação cultural, que hoje atinge até o campo da eletrônica, onde seus lustros não são poucos. Apaixonado de problemas da Magia, desenvolveu através de observação direta, e os conhecimentos profundos que possui sôbre a Parapsicologia, novas visões convergentes nos problemas de distúrbio da perso111Llidade e da neurose, levando-o a uma posição real­ mente interessante que merece observação e continuidade de investigações.

Resumir-se-ta portanto que o Prof. Müller, Psicólogo Cli­ nico atuante, com apreciável conhecimento 1llL matéria citada

(7)

ALQUIMIA MODERNA

11

no pardgrafo anterior, chegasse a um

caminho

tlÕllO

·

dentro da Psicologia, e procurasse apoiado na sua continua

preo­

cupação de a;udar a criatura humana a

vi"87' melhor

e

mat.

feliz, apresentasse um trabalho como o

litlTO que o lettor tem

pela frente.

A Zettura é di

jfcil

, mesmo aos espe

cial

is

ta

s

não

famtlla­ rizados

com

a cultura astrológica, homeopdttca,

parapsicoló­

gica.

Vou del:rar

aqui uma sugestão ao meu amigo Miiller

que volte a

pub

l

ic

ar

um

trabaJ.ho onde as concepções

por

êle levantadas, se;am elaboradas mais detalhadamente e

onde o

conhecimento sôbre cada matéria se;a o mínimo, a quem ttvesse interêsse em ampliar as pesquisas dentro dêsse campo

..

O

paralelismo levantado entre as concepções analíticas

da

psicoterapia contempor(jnea, c

om

a fenomenologia apresen­

tada, vem despertar um interêsse nôvo, chegando a admitir como principio, que tanto a neurologia, fisiologia, antropo·· logia, e a própria psicologia, estão ainda no início e que me· recem um aceite provisório, a fim de que surja elaboração­ de novas apreciações.

Simbiótico sintônico e Simbiose de Carência, são posi­ ções bem aceitáveis se quiséssemos colocar o assunto hoje nas lides da terapia em nivel "psi". O trabalho de Jan Ehren­ wald, em "New Dimensiona of Deep AnaJ.ysis" e as últimas pesquisas relatadas no trabalho "HaJ.lucinogenic Drugs And Their Psychotherapeutic Use", "The Proceedings of the Quar­ tely Meeting o/ the Royal Medico-Psychological Association", London, Feb. 1961, demonstram

existirem as possibilidades de agregamento da Percepção Extra Sensorial (ESP) dentro

das considerações clinicas. O homem é uma unidade, ao mesmo tempo que uma micro-unidade em comunicação con­ tínua com os fenômenos da natureza cósmica. Sem dúvida que a Psicologia Científica, tem que manter uma posição nomotética (procura das leis universais). Para o cientista, o­ indivíduo singular é l'.l.penas o ponto de intersecção de algu­ mas

variáveis

quantitati

v

as, afirma H. J. Eysenck, em "The

(8)

12

JUAN

ALFREDO cnSAR MULLER

Sctentific Study of Personality'', N.Y. MacMillan,

1952.

Não é essa a posição geral da Psicologia, ou melhor de alguns se seus representantes, mas muitos são aquêles que hoje, tentam uma investigação de maior amplitude, onde o homem possa, além de sua singularidade pessoal, encontrar leis mais am­

plas. É

o caso da sincronictdade, levantada por Jung. Os

casos clinicas apresentados pelo Prof. Müller, são poucos para estabelecer conceituação, mas não é isso que êle pre­ tende, embora possa dentro de sua grande experiência clínica, relatar e expôr muitos outros, a fim d.e fornecer material d.e tnvestigação aos mais dogmáticos. Quem com êle porém, já sentiu os resultados cllnicos, sem dúvida estaria bem mais perto do aceite de sua posição.

Novamente voltamos a dizer que nossa posição não é de eritica, e para aquêles que por ventura fôr, caberia acres­ eentar que o trabalho clinico do Prof. Müller é perfeitamente válido dentro dos cdnones estabelecidos pela sua técnica, e se tôda a exposição da primeira parte do livro leva a tramita­ ções outras que

não

aceitas pela Psicologia clássica, fica por eonta das investigações futuras que provarão ou

não,

suas hipóteses.

Trabalho pioneiro, de grande coragem, elaborou o caro amigo Mii.ller. Sua posição filosófica, dentro do campo da :Psicologia, levada a entender definições do homem numa totalidade completa, não é nova, e bastaria verificarmos o quanto

hoje, surge

nova

tendência

a

globaliaar conhectmentos

dos diversos campos do conhecimento da natureaa humana, em favor de uma perspectiva mais ampla da grandeza da psiquê, dentro de um contexto ainda maior da magnitude humana, na infinitude universal.

Os três planos de comunicação - arcaico, lúdico e cole­ ttvo - elaborados por Mii.ller é de uma grandeza tal, que mal podemos deixar de conceber o quanto as ligações da personalidade humana, deixa de estabelecer vínculos com o mundo do qual é participe integrante. "Simbiose de

(9)

Comuni-ALQUIMIA MODERNA

13

cação e Expressão", fornece um entendimento globa

l daqutla

que hoje é apenas considerado como fenómenos de ordem psico-social. O homem é representapção universal, e é e será sempre a matéria prima necessária

à

sua compreensão e um melhor enqu.adramento da criatura no seu mundo atuante.

O Prof. Müller, quer queiram ou não, as fontes oficiais

da Psicologia, é homem nascido para cumprir uma missão Virtuosa, na

qual

se desvenda através do seu livro, as pri­ meiras linhas mestras. Não despre2a e nem abandona

nada

daquilo que a sabedoria humana despejou na história, e lê-se claramente na sua intenção, o aceite pleno da vida tal como ela é - sem cair no exagêro de um determinismo histórico - procurando compreendê-la, e tirando da experiência Viven­ ciada, conclusões particulares, que somente são aplicáveis em parte à unicidade de cada ser humano.

Perdôe-me o leitor, não encontrar o esclarecimento que normalmente se busca num prefácio, e excuse-se o amigo Müller por estar em parte ausente, na complexidade de seu saber. Entretanto, pouco ou muito, estou conVicto de que

ê

preciso mais sabedoria daqueles que lidam com a psiquê humana, deixando que l1t2es aparentemente invisíveis ilumi­ nem também o seu saber.

Venha,

caríssimo Müller, que as réstias de luminosidade de seu livro formarão, senão hoje, por certo amanhã, novas clareiras, onde o homem podercf ver-se mais reali2ado e melhor compreendido.

Nélson Cassiano Professor de Pskologia. da Personalidade, da

Faculdade de Filosofia de Mogi das Cnues,

O.M.E.C.

(Organiaofijo Mogiana

de Ed0<ação e Culh<ra).

(10)
(11)

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO I

MEU

ENCONTRO COM O MAGISTER REGIOMiONTANUS Um sábado de setembro de

1950.

Cidade de Zollikon,

perto de Z

uri

ch

.

Estava em c

as

a

de meu professor de Acon:

selhamento Psicológico, Max Pfister, autor do teste das Pi­ râmides Coloridas, preparando

a

tese que me daria o dipl

o

m

a

de psicólogo.

Sua casa, além de me fornecer uma vasta biblioteca, ainda me proporcionava o ensejo de trocar, tôdas as noites, valiosas impressões com o Professor e com meu dileto -colega e amigo,

Ulrich

Moser,

atual

catedrático de Psicolo­

.gia da

Universidade de Zurich e que

na ocasião também

era

hóspede de P.fister.

Aos

sábados, ambos colaboravam no acabamento

de

meu trabalho sôbre

o teste de van Lenepp, estruturalmente

'Semelhante

ao TAT (1) e

jantávamos

juntos. &ta noite,

porém, parecia mais importante

que as

outras;

foi o que deduzi das p·alavras de Pfister: "coloque mais um copo

·à mesa e o melhor vinho do Reno, pois teremos uma visita". Com efeito, logo tocaram a campahinha e a·pareceu

à

porta um personagem majestoso, chapéu

cinza à

c

ab

e

ça

distintivo dos médicos - e trajando vestes medievais.

(1) TAT - Themattc Apperception Test - Teste pl!llcológlco

à base de lâminas em braneo e .prêto, sõ

b

r

e

aa qua.is o testado deve ·narrar hietórfas, partindo de conteó.d<J1 proJet1Tot

(12)

16

JUAN ALFREDO Cl>SAR MüLLER

- Servus Magisler: já o esperávamos, disseram Moser e Pfister ao recém-chegado, que, ass

i

m que se instalou. di

ri

giu-se

·a

mim num

a

lemão med

i

e� al - que

se

entendia bem por ser muito semelhante ao dialeto falado ainda hoje em Zurich - dizendo :

- "Sou Johannes Müller, e po

r ser

seu ant

e

pass

a

do lenho espec

i

al

interêsse

por você. Vim para responder suas perguntas e melhor o encaminhar nas

sendas da

Psicologia."

Johannes Müller ensinara M

a

tem

á

tic

a

e Astr

o

logia

e

m Heildefüerg (de onde proveio seu cognome

REGlOMON­

TANUS, lati ização de Heildelbe

r

g, ded

i

cando-se,

mais

ta

r

de, à Medicina. Quando catedrático naquela Uni

v

ersida­ de, publicara um impor

t

ant

e

trabalho, ensinando a domi­ ficar os ho

r

óscopos,

isto é,

conside

ra

r

a

hora

e

o local de nascimento em su

a interpretação.

R

e

gi

omon

t

anus

começou

dizendo:

"Eu era alquimista. Um pisocólogo, como se diz

hoje,

Ja que ambos tentam dominar a

a

rte da d

e

stil

a

ção-

Os

alquimistas procuram a purifica

ç

ão

,

destilando elixires; os ps

icó

log

os usam a Psicoterapia

como destilador e

também

fazem magi

a

mental ".

"O

pens

a

me

n

to que você chama de modern

o

é dicotô­ mico, não u

nifi

cado

ou

unificante. Por isso, se faz neces­ sário o eo

n

hecimen

t

o de ciências não oficia

i

s, assim co1no a m

a

téria médica h

om

eopática, a Astrologia, a Alquimia e correlatas. Sómente assim se atinge um sincretismo cu

l

tur

al

e sabedoria

é

sincretismo do mundo do conhecimento".

"No momento da união dual Mãe-

F

ilho, o uni

v

erso é mágico,

universalista

e tal

é

o método de pensamento apl

i

cado

na

Homeop

a

ti·a. Mais tarde com a cisão do ego, q

ue originou

o "tu" e com a ide

n

t

i

ficação diversificada com a Mãe e com o Pai nasceram as ciências analiticas,

(13)

ALQUIMIA MODERNA

17

ditas modernas, inclusive a Psicologia, química do mundo do espírito. Portanto, é preciso reunificar êste universo do conhecimento, agora seccionado, fazê-lo renascer e

transportar o conjunto do lastro histórico para um alvo transcendente".

"&te é o seu dever e é para auxiliá-lo que estou aqui, _pronto para responder tôdas as suas perguntas, muito em­ bora seja êste um caminho que deve ser percorrido a sós." "Psicoterapia é a conceituação da problemática huma­

na

vivenciada afetiva e intelectualmente."

"Você aprendeu que a neurose pode ser o produto de

um

trauma de ordem pessoal. Para mim, no entanto, neu­

l'OKI\

ó

umu menliru esquecid

a

, mas na qual

ain

d

� acredi­

lumos.

Bmn

e

Mui,

Verdade e Mentira são, dentro do mundo do pensamento, meros

pontos

de vista. Assim, crescer e não revisar as lembranças e pontos de vista é propiciar o surgimento de neuroses. Pois o que ontem era verdade hoje é mentira. Desta maneira, a responsabilidade da neu­ rose ca:be sómente ao próprio neurótico e não à mãe pouco cuidadosa

ou ao

pai muito severo. Não existem culpas, mas sim necessidades não atendidas ou negligenciadas. A diferença está na coragem, mas o que é a coragem? . . •

Sinceramente, não sei explicar".

"No seu trabalho não há julgamentos possíveis. Julgar

é

lentar ajudar e esta atitude cria ohrigaçõC6 que vão além

d11

finalidade de seu trabalho. Porém, se fôr indispensável

um

julgamento, perdoa

em seguida.

É

melhor fazer, mesmo

"rrundo.

Além do mais, julgar outra coisa não é senão vi­

suulizur

u

m

problema particuJ.ar, tendo como referência

uossu própria concepção do mundo e não

da

pessoa em

questão.

E isto, como é fácil de ver, seria uma injustiça."

"Nunca

se utilize de testes para medir a capacidade intelectual. A inteligência não representa a totalidade

do

(14)

18

JUAN ALFREDO C:l!SAR MtlLLER

"Digo isso em seu próprio benefício e em beneficio de sua evolução. Confesso que eu mesi:no estou em processo evolutivo e por isso prêso ao mundo da verbalização."

"Verbalizar é errar, pois nada resiste a uma análise profunda. A análise destrói o objeto observado, exatamente como a 1uz destrói as moléculas no Jajcroscópio eletrôni­ co. Sàmente a manipulação de simbolos evita essa destrui­ ção - razão pela qual eu me utilizo dêles. Também a Astrologia trabalha em profundidade sem, porém, querer chegar ao âmago das coisas.

O

mesmo acontece quando se utiliza o

LSD-25 (1),

conforme é do seu conhecimento. Com sua aplicação, muitas vêzes alcança-se a terapia, dispensando-se a verbalização. Eventualmente, a psicote­ rapia em nível "psi" pode provocar um fenômeno idêntico; símbolo não verbalizado, transmitido telepàticamente."

(1) LSD-25· Acido LiHrglco - paicotr6pico pslco-dletéptico que 11ode provocar alucinações, aumenta a atividadie do Inconsciente, pro­ jetando-o no consciente em forma de afm.boloe. Elxf.ste a suspeita, por paranóias provocadas por seu uso constante, que o mesmo lesione as neuronas. Pelo menos "m. vitro" cria lesões.

(15)

CAPÍTULO II

QUE

É O TEMPO

- Magister, disse eu: gostaria que me explicasses o

IJUe é

o

TEMPO.

- "Aprendeste que o tempo é uma dimensão.

Mu

êle

é

energia, que vivemos, vectorializando-a em forma de movimento Como temos necessidade de projetar esta energia num determinado plano da consciência, ela passa a ser vivida como dimensão não espacial. O tem­ po astronômico possui um desenrolar continuo, que devemos chamar de lógico e

é

usado pelo setor da personalidade que chamamos "ego"; êste tempo ainda poderia ser confundido com uma dimensão. Mas o in­ dividuo não

é

apenas o

que

êle conhece de si mesmo

e que chama de "EU"; existem várias formas de cons­ ciência e, a cada uma, corresponde uma forma de per­ ceber a passagem do tempo e de usar esta energia.

"O

tempo astronômico ilusôriamente

é

confundido

com o tempo chamado de tempo comparado.

O

tempo nomporado é medido em função do desenrolar de fatos

no ptnno biológico ou psicobiológico.

É

como se subisse

o

clt!Ml'Ull

de uma escada, considerando-se cada degrau como

1111111

fração

de tempo total. As vivências que chamamos

de

pHh111lcnH

ou afetivas desenrolam-se no plano do tempo

(16)

20

JUAN ALFREDO Cl!SAR MULLER

comparado; sendo tôda vivência uma comJmicação impli­ cita, podemos agora compreender porque o tempo subje­

tivo

não desenvolve sua velocidade em forma constante.

Uma

alegria, se não fôr excessiva, o acelera; um trauma o

detém.

Supomos que o tamanho do corpo fisico e as batidas

do

coração podem ter alguma· relação com esta avaliação." "Em todo caso, os traumas detêm o tempo comparado. t.ste fenômeno explica o porquê das vivências traumatizan­ tes que, atuando por muito tempo, criam neuroses, embora na sequência de tempo astronômico tenham sido vividas em poucos segundos. As personalidades com imagos (su­ perego) desenvolvidos de forma adequada constituem as melhores proteções ante os fatos traumáticos; a racio­ nalização de situações que poderiam constituir-se em trau­ máticas podem também evitar a neurose; é por isso que os adultos, mais aptos a racionalizações, são menos per­ meáveis que as crianças às neuroses."

Na escola homeopática existem psicotrópicos, (aliás. todos os produtos da Homeopatia o são); é o caso de "Can­ nabis indica", receitada quando o tempo parou.

O

"con­ ceito" de tempo comparado, porém, não pode ser aplicado nos casos de regressão vivencial, tal como acontece com a hipnose e o Iisérgico, usado experimentalmente."

"Note que minha forma de expressão é uma sintese de atividade intelectual dedutiva e de formas analógicas

de expressão. O

sistema analógico, que a Psicanálise con­ sidera infantil e "mágico", é imprescindível como método de pesquisa, evitando que caiamos num racionalismo inú­

til. Só

poderemos abandonar os métodos analógicos quando· os conhecimentos técnicos o permitirem. Agiremos como uma grande companhia americana que exportava abaca­ xis do H;avai; os abacaxis deviam amadurecer a tempo

de

em:barcarem nos navios; a principio utilizaram-se os bons serviços de um feiticeiro, que. com rituais de magia, obti­ nha o resultado desejado; posteriormente foi descobe.rto

(17)

ALQUIMIA MODERNA

21

,

lll

ac

os hormônios

da planta fôssem bem dosados

pro-ll

11v.kiom

o mesmo

efeito; resolveu-se, então

,

através da

r[1

1hni

co

, o problema

do tempo astronômico e comparado

dn

H

nbncaxis. Por

isso penso que os maiores progressos

111

J11

C

dicina es

t

ão

nas mãos dos químicos e biólogos, que

1

111

h1

·

11vum os cam

pos do futuro

.

"

"O

mecanismo

psíquico, que conceítualiza, vectorializa

v

ivência-tempo

,

ao mesmo tempo que efetua o seu

contrôle

afetivo é o EOO &!te mecanismo, ponte entre

o instinto

e o intelecto, como ensina seu mestre Szondi,

tem

a

função

da historicidade pessoal

.

"

"I

d

e

ntificando

o corpo físico com o tempo lógico, não

1

h

lll{

llmos

a notar

a existência do tempo comparado, que

l

ijmp

o

subjetivo,

inconsciente, e

é êste tempo comparado

qu

e

provoca os desvios

da paranormalidade, observado por

Hou

l

e

Cavernei.

As

capacidades

humanas

se encontram em nossa

es-r~ru

divin

a

e não no nosso in

t

e

l

ec

t

o

.

Vistas

as coi

s

as por

ÔHll\

tlngulo,

não

existem

mais dico

t

omias,

pois o ego

pas-Hou

o

801.' m~

órgão sem

qualidades e assim

não mais uma

)IJ'<)j11~·1lo,

l<

l

t\tlo por fun

çíi

o

coordenar

a

"vivênda-tempo"

11111 1111

l'flt

\

lJQ

tl, conforrn<l

UM

ne

cessi

dades conceptuais,

so-11l11lu 1111

11follv11ij

d

o c

odo

ser.

Esta

coordenação prod

u

z

llOMHll

IJJHl.1\l

•fi\

Ml!fJj IJVt\."

(18)

CAPITUID III

QUE� PSIQUE?

- Magister, que

é PSIQUE?

- "Assim como o

"EU"

é o órgão que coordena 11. vi­ vência, isto é, a energia, a psique a fornece. Ele

é

tudo o que

ign

oramos em nós

. A

psique não coordena, não avalia, por não ser um órgão de bistoricid·ade e con­ trôle com o

"EU",

mas altera, via ego, o plano de expressão destas energiae.

A

energia transformada re­ cebe o nome de símbolo; s

ím

bolo é o aspecto homeo­ mórfico de uma realidade psíquica.

Você deve lembrar de ter-se deparado, em seus estudos de te

rm

odinâmica

,

com a

TOPOLOGIA,

e;

g

eometria de Poincaré, a qual incluía mais de um plano de realidade

em seus

cálculos.

Por

exemplo: uma esfera que

p

asse

de uma dimensão para outra deix

a

na primeira tão

-

somente

uma

linha curva; esta linha curva

é

o aspecto homeomór­ fico

da

esfera, ou seja, o seu símbolo. Suponha agora que

osta

esfera seja energia armazenada em outro plano e que, <1onforme as solicitações de ordem ló

gic

a ou analógica e com a intervenção do ego, passe a ser utilizada pela psiq

u

e

.

V11mos assim que a psique é um transformador de energia

11 1.101110 tal não recebe a atua

çã

o da psicoterapia; esta,

ao

(19)

24

JUAN ALFREDO C�SAR MULLER

alterando a codificação de suas manifestações. Consegue-se a alteração de codificação, recriando, para oada caso, cir­ cunstâncias de dependência afetiva iguais àquelas que cer­ caram os fa.los, ou seja, c

ri-

an

d

o situações de transferência, como diz você;

sóm

en

t

e .assim

será possível

apagar uma manifestação e cr

ia

r outra. Manifestação

é história, tempo

comparado, ego. Psique

é

energia

incomensurável

em si e

merece os •&:tributos de onipotente, onisciente e onipresente que nós atribuimos a Deus. Deus não tem atributos, como já explicou o meu colega Meister Eckehart.

Tudo é

energia e nada mais; logo,

tudo é

"psíquico"; não

é

impossivel que a

psique

possa governar a maté

ri

a, como acontece na

te­

lek

i

nesia, pois, embora em planos dimensionais diferentes, também

a

matéria é energia; energia com tempo su.bcritico,

diria

eu para ironizar. Psique

é

matéria feita

luz,

matéria co� velocidade critica, se você puder aceitar que veloci­ dade é tempo expressado."

(20)

CAPÍTULO IV

QUE SÃO OS SONHOS

- Magíster, e os sonhos que são?

- "Quando o ego equaciona as vivências, compensa-tórias ou não, sem a interferência de contrôle que o inte­ lecto e o tempo objetivo exercem sôbre êle, estamos

so­

·nhando, ou temos uma alucinação.

O sonho é uma fase igual à hipnogógica, isto é, de introjeção e correição da programação do ego, é ati­ vidade compensatória também porque altera as exi­ gências e capacidades, ou as fornece

simbólicamente.

Sonhar é autoterapia como pode ser motivo de uma -doença, se sua atividade obriga posteriormente -0 ego a ·não mais poder se verificar na

existência

do tempo astro­ ·nômico.

A verbalização terápica é um equivalente onírico cria­ do

(1),

porque durante o trB!balho de terapia a "ficção" -do sonho (2) se repete, é tomada como realidade, levando

(1) A televlalo, o cinema, o teatro, alo tamb6m equivalentes i0nírico11 poHm dirigtdos sem uma finalidade ter.iplca concreta, com

exceção de alguns grand-es tra balboa. Em ffl, o lh'ro mala fàcilmBnte

l)ode alcançar esta flnaUdade dirigida.

(2) O sonho ' .. tlcglo ,; para o Intelecto, para o lnconaolente é 11ma realldade.

(21)

26

JUAN ALFREDO C�SAR MüLLER

o ego a nova programação por mudança dos objetivos. Na terapia, a função intelectual de contrôle, comparação his­ tórica, e observação do tempo objeÜvo é projetada para junto do psicoterapeuta, assim o paciente vive num "sonho"' durante êste tempo de trabalho.

A segurança, durante o sonho desagradável, de "es­ tarmos sonhando", chama-se na terapia confiança no te­ rapeuta. Por isso sempre repetirei que o que cura é a trans­ ferência afetiva, é ela que permite novas formas de intro­ jeção.

Também por êste motivo os encontros não devem ser por regra mais frequentes do que uma vez por semana, porque a sua excessiva frequência vai levar o ego doente a não mais querer trabalhar e assim precisar "sempre" do abjeto transferencial para o autocontrôle e comparação dos dois tempos, das duas realidades, o que acontece às vêzes nas uniões duais, onde todo o contrôle é feito por uma das partes, mãe-filho, por exemplo.

Tempo real é a instância que

obriga

o ego a equacionar os seus objetivos de contrôle da energia fornecida pela psique, tanto "in natura" como via slmbolo.

A atividade intelectual faz parte do supercontrôle, é parte do superego (é a comunicação coletiva, figura de

filogênese moderna, se comparada com a comunicação ar­ caica). As regras do conhecimento intelectual não são rea-· !idades em si, porém realidades válidas para determinado

momento histórico. Paranormalidade

é

a capacidade

de

criar um mundo autoplástico e real, embora diferente, po­

ré� respeitando a objetividade em si, fornecida pela ob­

servação do mundo exterior. Por isso a realidade é algo­ diferente para o pal'anormal.

Q

paranormal não resiste à tentação de utilb;ar o sistema an!llógico de pensamento, pois para êle é um mundo "lógico" também."

(22)

CAPÍTULO V

COMO INTER-ATUA O PLANO DE REALIDADE HUMANA E A PSIQUE

- Magister, como interatua o plano da realidade hu­ mana e a psique?

� "Os fatos psíquicos são vividos pe.Ios homens como

afetos.

Os

afetos podem ser diferenciados num plano ar­

caico, num lúdico e num coletivo. Esclareço que, por agora, não incluí no contexto as vivências m

i

sticas ou religiosas, por motivos de ordem prática.

O mecanismo que ordena a exteriorização das energias.

encontra-se no ego, e a psique, além de .fundir os planos de comunicação, que nós separamos, complementa simbo­ licamente as

faltas

com a imaginação. Observe que a co­

municação, para

chegar

à sua

perfeição

e prop

i

ciar a fe •.

lieidade individual, necessita de alguns requisitos; o ser

unitá

r

io necessí tu

ter

a sensação de domínio da coisa co-. munieada; necessita a ex

i

stência de um simbiótico siu­

tônico que possa e queira receber a comunicação

emitida.

A

simbiose siutônica se efetua, criando um verdadeiro. cordão umbilical. Você conhece êstes fenômenos através das .Palavras "transferência" e "projeção"; êstes novos conceitos, porém. querem introduzir uma nova verdade. isto é, consideram que nenhum ser é

unitàriamente

alguma

(23)

28

JUAN ALFREDO caSAR MULLER

coisa e

que

todos, para viver, necessitam estar em simbiose 1'omunitária, tal como os planêtas que giram na dependên­ cia da massa de outros corpos.

Cada tipo de comunicação possui a sua própria uni­ dade de percepção, pois não creio que sbmeute os cinco sentidos sejam suficientes para determinar

as·

corqplexas

(24)

CAPÍTULO VI

O PLANO ARCAICO

DE

COMUNICAÇÃO

- Magister, que é

plano

arcaico de

comunicação?

- "É

urna das grandes manifestações da psique: o

sexo. Optei pelo nome arcaico, porque já a vida fetal se acha regulada pelos hormônios sexuais, além

de

êstes permitire

m

a propagação da vida física.

No

adulto, ou seja, no ser que tem consciência do sexo, l\ste se manifesta corno um.a fôrça perene e que pode ser descarregada temporáriamente. A descarga pode ser feita

uxo ou

auto-eroticarnentc. No segu

nd

o caso a psique forne­

mm\

os componentes inexistentes, através da imaginação.

O

intercâmbio é intensíssimo e,

além

de hormonal e

motor, possui tôda uma gama de exalações elétricas e per­

fumadas

que o

acompanham.

Não condeno o auto-erotismo, por ser u

m

a manifestação normal da personalidade em desenvolvimento, embora creia ser uma forma deficitária de provocar uma descarga; além do mais, quando reprimida, pode apresentar-se com<> um verdadeiro cacoete, dificultando o desenvolvimento harmônico da personalidade. No Egito a masturbação era proibida entre os religiosos, o que

me

parece acertado, já que usavam o sexo para rituais de magia sexual. Mais tar­ de, os judeus generalizaram esta proibição, que alcançou

(25)

30

JUAN ALFREDO CtSAR MVLLER

os nossos dias. No Japão, não existe qualquer restrição a respeito, o "Giri" indica o quantum permitido.

(1)

O

individuo normal não deseja outra forma de comu­ nic

a

ção arcaica que a heterossexual. Qualquer outra for­

ma

deve ser vista num plano de experiência ou de fixação perversa, caso se repita com frequência até tornar-se ha­ bitual.

Todavia, não

p

ode e

nem

deve existir qualquer avalia­ ção negativa da expressão homossexual, quando fôr so­ cialmente aprovada,

·fruto

das necessidade eco

n

ôm

i

cas de uma região. Lembro-me, por exemplo, do deus nigeriano GNO, o deus da chuva, que não permitia contatos

entre

marido e mulhe

r

, a não ser três anos após o parto. Assim, maridos e espôsas

viviam

com os cunhados, a

fim

de manterem os laços tribais vivos, mas de forma homosse­ xual· &ta medida possibilitou manter a população estável até que o desenvolvimento tecnológico permitisse resolver os problemas de alimentação e manutenção (2). Aliás, êstes problemas nigerianos são os nossos de hoje, com relação ao aumento da taxa de natalidade, não acompanhada de­ vidamente pelo progresso técnico e aplicação de

capitais."

"A comunicação arc

a

ica total é feliz e por isso não é necessário que os sêres nesse estado precisem

da promis­

cuidade

sexual para se satisfazerem,

que

os

v

i

ncul

a

s comunicatórios profundos são sempre estáveis."

"A po

l

iga

mi

a, que você postulava anteriormente, não

(1) "Giri" á dlffcll expUcar o que -é, dlgamoa para abreviar que ' a parte dlo superego que regulamenta a lealdade do lndivf.duo com ê!la mesmo.

(2) A guerra do "Mau-Mau", que oa nlgerlanoa levaram contra os colonos inglêsea, era justamente .para reimplantar o reinado do deus GNO, e permitir assim ao pafa um desenvolvimento econOmlco har­ mOnlco. A pflula antlconcepclonal faz êate culto agora desnecessário.

Mala uma vez, a clêncla provoca no aeu tmpa.eto uma. mudança desa­ culturante e salvadora.

(26)

ALQUIMIA MO DERNA

31

e

aceitavel por razões econômicas; qu·ando, porém, os métodos anticoncepcionais estiverem mais desenvolvi­ dos, existirão menos barreiras a respeito. A moral social prende-se, meramente, a uma questão de sobrevivência e

é

imposta pelos grupos que chefiam um conjunto de tribos.

E

importante notar que não devemos identificar sobrevi­ vência com atividade econômica, pois ela não se restringe sómente a isso."

"O prazer do sexo é importante, e é bom que você, como futuro sexólogo, saiba disso, porque permite que ·a comunicação arcaica se torne realidade e seja ao mesmo tempo descarregada. Existe, porém, mais de um forma de

110H

rx1>rimirmos

arcaicamente:

é

a forma que Freud cha�

1111111 do

sublimação do sexo.

O

tempo comparado, no ser

com

m1mlfeslnção bio-sexual, torna-se, neste caso, atem­ poral e, portanto, transcendente. Os animais:, tal como o

"homo-rru:uniferus",

são transcendentes ao terem um filho, Mns todos nós ambicionamos uma tl'anscendência superior

à

biológica."

"O sexo, para ser sublimado, requer algumas praticas que foram por tüo longo tempo

cuidadas

que o público as desconhece. O mesmo não acontece com a Santa Igreja

que

as repete simbõlicnmcnle na Missa. E ela não ensina

uslus

praticas aos padres

que

não estiverem iniciados nos Grandes Mistérios, para cvitur sua .profanação."

"O calice (cheio de vinho) simboliza: o rosto ·humano; a testa é representada pelo corpo do cálice; o nariz é re­ presentado pelo suporte do cálice (pênis) ; a base simbo­ liza o bôca (os genitais femininos) que da

à

luz o Verbo; êste deve subir, como as energias que se encontram em­ baixo, nas gónadas e devem elevar-se, sublimar-se. Inde­ pendente da verdade mística na transformação do vinho em sangue de Cristo, a simbologia nos lembra que devemos transformar o sexo em atemporal e transcendente. Sômente isso, adequadamente ·realizado, permite a castidade e não

(27)

32

JUAN ALFREDO çgsAR MULLER

por um esfôrço intelectual, já q·ue o intelecto I'C!ge uma parte mínima do ser. Castidades f"rçadas fazem surgir sintomas neuróticos. Simbioses sintônicas arcaicas religam o corpo sociaf ao plano individual e criam, também, uma certa forma de transcendência."

"Agora você compreende que perante os qµe têm o conhecimento pua sublimar o sexo, os que ainda precisam do coito para sobreviver são encarados por êstes· como um adulto encara o ato auto-erótico. Tudo é transição, tu­ do é devenir· ''

"Quando reprimida a descarga do sexo, exacerba o

desejo de posse do individuo em outros planos e êste pre­ cisará ter excesso de poder, dinheiro, roupa ou comida, o que se constitui numa manifestação de desequilibrio vi­ vencial."

"Você me dirá, então, que os alquimistas vivendo em castidade, à procura da pedra filosofal ou da transmutação dos metais, o fazem com uma finalidade compensatória. Direi que não, pois a transmutação da matéria sômente

é

possível quando o ser já se encontra transIIUJlado dentro dêle; o alquimista .procura apenas um sinal exterior que demonstre

ó

seu desenvolvimento."

"Parece-me que a com1micação arcaica se encontra relacionada com a atividade táctil em concomitância com

a atividade olfativa. Sôbre os demais centros de percepção falaremos em outra ocasião."

(28)

CAPITULO

VII

FORMAS DE COMUNICAÇÃO DITAS LúDICAS

- Mn11leter, quais as formas de comunicações ditas

h'111lc11•?

"Co111ldei'O l11du1, ou

seja, jôgo, tudo aquilo que não

pe1·tcnça

no

liól'h\lllllro orcoico

e não seja atividade econômica.

l�x11n1h)Afülo mola profundamente,

veremos que as

ativllbul11M hmnunas de

tipo fo.mlliar, como conver­ sar, ler um

,lm•nul ou

rev

is

ta para "matar o tempo", ter um hobby

q11nlq11er,

participar de competições esportivas, jogar cartas ou

xu.ckez,

ir •ao teatro ou ao cinema são meros jogos,

CJllll

06

adullos

h'ansformam em

"sérios",

para diferenciá-los

cios das

crianças, colocando-se, assim,

o adulto em ou

tro pl11110 social."

"ltste tipo de

comunlcuçllo, ass

i

m

como a sexual, não

J>rcclsam

de verbalizaçil.o

para

serem vividos; o silêncio

é

ludus, como o falar

pode

sl!-lo tam!hém.

A sim.pies pre­

sença, os movimentos hn11el'Ceptíveis formam. juntamente com o simbiótico-sin tõnico, o ludus. Diferente do plano ar­ caico, aqui não existe eclosão e a satisfação

é

alcançada pela perenidade da comunicação.Seu órgão me parece ser o ouvido e sua expressão kinestésica. Esta atividade situa socialmente o individuo dentro do contexto social com um

rol

e um espaço."

"Dizemos, portanto, que a vivênvia gregária

é

efetuada

(29)

34

JUAN ALFREDO C�SAR MULLER

or

g

anizada é semelhante

à

não orga.nizada, com apenas uma diferença: a

p

rimeira é a en

c

on

tr

ada na vida fami­ liar, numa roda de amigos etc., a se

gu

nda no trabalho. Neste existe necessidade de organização, sua finalidade fo. ge

à

al

ç

ada dos pa

rti

c

i

pant

e

s lúdicos e ao mesmo tempo

vemos a repeti

ç

ão da estrutura familiar: os pais (diretores) vivendo num mundo diferente do nosso e to

m

ando deci­ sões, irmãos mais velhos a quem devemos obedecer e irmãos mais novos que nos devem obediência. E ainda mais, cria­ mos, com os que trabalham conos<:o, laços genéticos, pois as profissões selecionam as personalidades de acôrdo com seus mais profundos interêsses; e, se temos os mesmos interês

s

es, temos ·a mema constitui

ç

ão g

e

nética de acôrdo com Szondi, e por isso nossos companheiros de trabalho são nossos irmãos, Além do mais os esforços de adap­ tação podem

oca

si

o

nar de

f

or

m

a

ç

õ

es

pro

f

is

s

ionais, o mes­ mo pode acontecer nas familias, criando neuro

s

e

s

seme­ lhantes, por con

viv

ência·"

- Magister, quer dizer que o salário é um mero aci­ dente na vida de trabalho do empregado?

- "Sim, o sal

a

rio faz parte da estrutura social de jôgo, enquanto a atividade econômica da familia é rea

l

zada:, nesta civilização, pela espôsa ou pela· mãe, quem compra enfim.

Em,

tôda& as estrut

u

ra

s

sociais onde a. maio­ ria das pessoas têm atividade em

p

regaticia, os vínculos do emprê

g

o são mais fortes que os familiares; as

f

am

il

ias se d

e

sagregam por um processo

de de&aculturação pro

v

ocad

o pelas técnicas de a

c

ulturação .ao trabalho."

Nas civilizações onde ha grandes excedentes econô­ micos aparecem os passatem

p

os ou "hobbyes"; êstes serão importantes, na medida em1 que se puder exibir o que se fêz; quem estiver em condi

ç

ões de admira-lo sera seu pa­ rente lúdico."

"A finalidade das terapias ocupacionais é tentar re­ criar um ambiente lúdico, no mesmo seI1tido

(30)

compe-ALQUIMIA MODERNA

35

titivo da vida familiar; no entanto, as terapias, tais

como são efetuadas hoje, apresentam falhas, pois

es-quecem que os materiais usados não têm

relaciona-mento simbólico com todos os

comunicantes lúdicos.

Não

é possível fazer terapia ocupacional em massa.

"A

,

atividade lúdica tenta diferenciar cada ser,

tanto

pela atividade como pela passividade. O triunfo não tem

valor

econômico,

mas

sim de diferenciação

lúcida

.

Uma

viúva

solitária

,

por exemplo

,

precisará possuir ao menos

um animal

que catalize sua

atividad

e

lúdica, isto

é,

afeti-va; do mesmo

modo, o solteirão,

saindo

do

emprêgo,

acha-rr\

so

n

s

Ri'mbióti

cos

s

intônicos,

simbólic

os

ou

não,

no bar,

'""'" f111'1\, 110

monoA

com os

copos, um

ruí

do que

possa

•l'I' p111·«1·h

do 1

H'

lo

l(ílrçiio,

seu

simbiótico complementar

; e

11gir{1 ll8Hi111, IJOI'

niio

Mor

o gnrçíio

seu

verdadeiro

comple-mento,

jlt

que

c

umpr

e

uma atividade econômica

com

re-111~'.lio

·

ao

freguês.

(1)"

(1) A vinculação afetiva com ae má-quinas é lúdica e, portanto, nudtttvn. A máquina escrevendo, o motor andando, fazem ruido, co -Juu11lcnm~oo conosco, não nos sentimos sóe dentro do munclio.

On 111o(lornoa computadores, que são quase ellenc1osos, precteam 111 hu11'" uno lndLaucm o que estão tazend,o, com êles nos relacionamos 11n t1l11H1. vlnuu.I (colollvn), e não mate l\ldlcamente. Mas aparece um f1111r111111110 omvommlórlo: a música estridente, exagerada, orquestras

f0111 fn•Om tu.nto rumo como um tear com tanç&dtetra de ferro. E a 1p11t11r111non.o [o.m111o.r, u dopondêncta eim·biótica, ee faz vestindo roupa • 11t!lfll!1l.{!1~ <1uo diz .quo o aou portad~r pratica o tê·iê·lê.

11 1n IOMtõ é a revolta contra o maquinismo que, além de nos roubar l 1 't111d ho, o [az etlencioeamente, ttrando·nos o contato afetivo. (Ao 11110~0111 ln111J)o ó o símbolo da vkla. urobana, só poBSJ:vet por causa destas 0111111rt1111ul11m).

''" K~11IQ11 dn lâmpada de Ala.dlm trabalhavam ,em total

ellên-1111 , ,

ltow

ó

o

(luo

dá torça mágica ao relato; .por isso a magia, por

)1 11 t 111• !HHltc llld1ca, atemoriza como boje o faz um computador, um t"ilur, 1; l•~ntOtJ outros aparelhos.

(31)

36 JUAN ALFREDO Cf!SAR MULLER

"Os club� são centros lúdicos e aparecem com a de­ sagregação da vida familiar. Os gritos da criança são con­ tatos lúdicos, como o chôro, e quando esta não tem para quer rir ou chol'ar se transf'ormará em esquizofrênica, pois será, ao mesmo tempo, ator e expectador de seus atos, por miecanismo de complementação psíquica."

"O salário é o vínculo coletivo, isto é, a simbiose com­ plementar é realizada via dinheiro."

"O único que tem vinculação real com o dinheiro é o dono da firma, na atividade lúdica organizada. Na fami­ lia, o mesmo padrão se repete. 11: o senhor da casa que é

responsável pelo dinheiro, não para gastá-lo, mas para fornecê-lo."

"Isso quer dizer que, após o parto, ·a dependência gre­ gária do ser se amplia. Inicialmente é mantida e até arn­

piiada através da união telepática com a mãe, forma que vai cedendo lugar à verbalização. Por motivos culturais, o adulto não aprende a voltar às formas de expressão pré­ verbais, telepáticas, com tôda gama de percepções e capa­ cidades; estas formas de expressão são as estudadas pela parapsicologia."

"O campo da expressão lúdica da ,personalidade é o campo das psicoses; é o mundo de Szondi, de Adler, Bleu­ ler, Minkowski, Gebsattel, Wettley, Wirsch, Kuhw, Storch, Nijhoff e muitos outros- O do Freud é o campo arcaico.

Kraepelin separou as psicoses dentro de urna objeti­ vação lúdica da vida, por aquilo que o ser não era capaz de fazer no plano lúdico. Freud recebeu a influência dêste conceito, quando dava por curada a pessoa que tivesse bom relacionamento lúdico com a família de origem; com a adquirida e com o ambiente de trabalho."

"A doutrina ZEN e a Escola de Hahnemann têm-se distanciado dêste conceito, corno você verá."

"Neste plano (de atividade lúdica) não é importante o que é dito, mas sim o que fica subentendido; .é o mundo

(32)

ALQUIMIA MODERNA

37

11 11

l

l

1111Mu

K

ocial

,

dos imponderáveis, expressos numa

mi-1111

h

h111MfOH!11

ou numa macro-movimentação

."

' 111rn11IJ1•ó•HO

que, além dos sons, é a movimentação

llllM

l

'

ll

l

i

u

'

c1

no

expressa a simbiose neste plano

.

A escola

111

'

1

'

11

,

1

\link

,

que analisa as neuroses pela rigidez

mus-111111,

1

1

1pd

v

ul

c

á

medicina tibetima, que cega

seus

médi-·11

{Jll•'n

m

e

lhor

poderem diagnosticar, através da

pcrcep-•

n11

1111

s

ituação

muscular. Percebo que você pensa que

,

1111do

o se

xo

eclodido

por meio de movimentos, é também

1

'

1

1

1!

0

0

;

Isto

é

verdade

,

já que o ser é uma unidade total

e

1H[111110~

se

parando

as funções por razões de ordem

peda-1\1111

·

11

."

(33)

CAPÍTULO

Vlll

AS

FORMAS CDLETIVAS DE EXPRESSÃO DOS AFETOS - Magister, qu

al

a

forma coletiva de expressão

dos nfetos?

- "A

comunicação coletiva

é a

atividade econômica,

vivida

simbiôticamente

p

or

aquêle que vende com

quem

compra.

No

entanto,

q

u

em vende deve ser

o proprietário

da

mercadoria

ou sentir-se como tal e quem

compra

deve

fazê-lo

pai:ia uso

próprio

ou

da

familia, pois se não um ou os dois teriam uma

atividade

lúdica e não

coletiva.

A

comunicação

arcaica

leva os

sêres a um entendi­

mento

mútuo unitário, não

podendo, na v

e

r

d

a

de, ser

vi­

vida em

forma plural, apesar

do

s

es.forços

retirados de

muitos. A

co

muni

c

a

ç

ão lúdica mantém uma

familia

unida,

p

o

d

en

d

o

e•ta

ser a de erigem, ad

q

ui

r

i

d

a ou

a do

traba­ lho. Mas nem uma nem outra mantém

a unidade

gregária da humanidade,

como ·acontece

através do afeto expresso pelo comércio. A

simbiose

complementar

ludus-coletiva

se faz quando uma das

partes encara sua atividade como

profissional; é o caso

do garção, que

citamos

e

da

pros­ tituta, que estabeleoe

a ponte arcaica-coletiva,

pois sua atividade é profissional.

Os t

r

a

ta

d

os

ínterpovos

se

o

v

e

r

d

ad

e

i

r

o

s

na

med

ida

que incluírem alguma motivação comercial: verdadeiro elo entre os povos ou tribos, se se quiser ver em

cada

na­ ção uma

t

r

i

bo.

(34)

40

JUAN

ALFREDO

CÉSAR MULLER

Neste plano encontramos a atividade intelectual dedu­

tiva e, como órgão, a visão.

A

cegueira impede a manifes­

tação coletiva, mas não a vida familiar; já a foJta, de en­

tendimento auditivo impede êste plano de vida, enquanto

é impossível o sexo sem o tato.

E

note-se que a atividade cientifica, quando verdadei­

ra, tem sempre por

fim uma finalidade econômica, e não

ideológico.

A

ideologia cabe no plano lúdico por não ser

cientifica e dedutiva, mas afetiva-

A

propaganda tem fina­

lidades coletivas e estabelece a comunicação via ludu6.

Temos agora a ponte que une cada plano estudado ao an­

terior .. Marx entendeu muito bem a união dos proletários

do mundo, através da comunicação coletiva; esqueceu, po­

rém, que sómente a posse, o domínio da mercadoria per­

mite que a comunicação seja verdadeira.

Em ordem de

importância, a posse coletiva

é mais importante que a

comunioa

Ç

ão lúdica e esta

é mais importante que a sexual

nos sêres maduros e machos. Para as fêmeas, as atividades

lúdicas e sexuais são mais relevantes que

as

coletivas, o

que diferencia socialmente o homem da mulher, além da

fixação feminina no pênis paterno como ressaltam os freu­

dianos.

O comunismo e o socialismo, portanto, não permitem

a comunicação masculina mais im,portante, o que torna os

homens infelizes e inativos. Por isso, predigo o desapare­

cimento

d

ês

te

sistema econô

mi

co, dei�ando, quem sa!be,

u1n

lastro: a liberdade de pensamento

e de oportunidades.

A ideologia suíça de 1291 equivale

à

tentativa france­

sa de igualdade, que se exacerba neuroticamente

no

comu­

nismo, o qual não permite o domínio da coisa comunicada,

obrigando seus seguidores a encetarem outras funções,

como a do impossível

domínio político do mundo. Observe

que o gesto de saudação comunista - levantar o braço com

a

mão fechada - simboliza rejeição coletiva, mmpensada

pelo mecanismo da camaradagem. Hoje, na Rússia, já se

(35)

ALQUIMIA MODERNA

41

ptirmitem

a

lgu

m

a

s

formas

de

expressão coletiva,

(a

co­

uwrcial) mas restringiram ao mesmo tempo

a

total liber•

<lnde

arcaic

a

, válvulà que antes se tinha aberto para com­

p"11Hnção.

Compare o gesto comunista ao nazista: no segundo se

1micura,

com a mão aberta,

o

contato com o arquétipo

ideal,

c

om o superego, da mesma

forma

que os norte-ame­ ricanos tentam fazer, bebendo leite; mas, aqui, a

p

rocura é

filogenéticamente mais antiga, pois se procura a Mãe e não o Pai.

Que são as crises econômicas

se não

discordâncias en­ tre o tempo astronômico real

e o tempo

comparado dêste plano? Inf

l

ação e

deflação são

mecanismos que muito têm a ver com isso e falo assim esquecendo a

minha

época,

onde as crises tinham, quase sempre, motivações higiêni­

cas -pestes - e 'escassez de

p

roduç

ã

o. Os progressos da

at

iv

i

d

ade dedutiva da

época atual permitem equilibrar, cada vez mais, os problemas desta faixa.

{)s

simbolos que compõem o plano sexual

os estu­ daste na Psicologia; os que compõem

o pl

ano Indico são representados pelas etiquêtas sociais. O do plano coletivo é o dinheiro, ou melhor, o ouro, já que o dinheiro

é o

sim.bolo do símbolo. A sua ciência chama-se hoje Econo­ mia, embora seja

o reino

da Psicologia.

Quer dizer que o ser se movimenta

na

vida, pela es­ colha, (real ou simbólica) porém há 1J1hrigação

de

es­ colher,

e isso p

rov

ém

de coerções fi

s

io

l

ógicas (fome, sexo etc-) ou por motivos de comunicação ·afetiva (ati­

tividade lúdica).

O afeto

é, portanto, a projeção de um fato externo ou interno, sendo que esta instância é ineludivel, e, não sendo convenientemente resolvid.a,

criará

uma doença -

na

doen

ç

a "sobra!'

a

atividade

(36)

42

JUAN A·LFREDO CSSAR MtlLLER

- Magister, embora não o tenha dito, parece dedu­ zir-se do que falamos que os traumatismos registrados pelo ego são os que provocam um comportamento menos gregá­ rio ou menos apropriado

à

estrutura social ou física do ser em questão e que, quando a neurose infelicita o individuo, chamamos êste mal-estar de neurose propriamente dita; mas quando o problema caus·ado por um comportamento anti-social ou antieconômico. afeta em primeira linha a sociedade, em lugar de afetar principalmente o próprio ser, chamamos de psicose, criminalidade etc.

- "Efetivamente, o julgamento que fazemos dos sê­ res têm um valor lúdico; julgamos no piano lúdico até o ladrão, pois

êste nos tira objetos de

utilidade lúdica. Não existe latrocínio no plano arcaico, porque o que nos é rou­ bado é o companheiro ou companheira lúdica, não o ob­ jeto sexual.

Assim, no plano do homem comum, a atividade reli­ giosa também é lúdica; as igrejas são oficiantes lúdicos, es­

pécies de clubes com finalidade religiosa, ou melhor, de

procura de fenômenos pa

r

anormais, sem uma investigação racional,

que a análise cultural e fenomenológica· do aspecto religioso é uma at

i

vidade nova nesta civiliz·ação. Cada seita religiosa atua como uma sociedade científica ou um clube de futebol. Precisamos do simbiótico sintônico

especializado

para podermos estabelecer uma comunicação

eficiente. Na igreja dos paises católicos, a comunicação es.pecfalizada

é

obtida através da diferenciação das ordens, que atuam no conjunto exatamente como seitas ou clubes diferentes, degladiando-se pelo poder central, número de igrejas, número de "sócios" etc, o que absolutamente não

lil'a o valor terapêutico da atividade destas congregações. Penso, inclusive, que cada congregação religiosa atrai, em função de sua estrutura, fenômenos paranormais diferen­ tes e especializados. A especialização seria fruto dos

(37)

as-ALQUIMIA MODERNA

43

pectos de apresentação ou capa

c

id

a

de especifica do in­ consciente reunindo os parentes genéticos.

Estas pal

a

vras podem provocar uma queda em sua religiosidade; todavia considero isso necess

ã

rio para que

reconstruamos a religião em um nível muito mais elevado; entenderemos

e

ntão que Deus nos fornece., diàriamente, milhares de bençãos, que a vida é séria e deve ser apro

­

veitada, mas que a: responsabilidade

é

inteiramente nossa

e não de Deus. Quando responsabilizamos Deus pelas coi­

sas que acontecem, estamos fazendo uma· cômoda projeção; criando um,i.

de

pendência injusta para

c

om o Todo-Pode­ roso e não nos

e

ximindo de nossas

c

ulpas. A

c

onfissão exi­

me quem confessa de suas culpas num plano psíquico; toda­ via, n

ã

o o faz num pl

a

no de comunicação ou de realidade.

Mas, por êste motivo mesmo, a comissão é, verdadeira­

mente, necessãria; ela amenim a culpa psíquica e nos permite reconstruir o que devemos reconstruir. Pois, dià­ riamente temos nov.as oportunidades.

O

a

rre

p

e

ndi

me

nto

é

uma oportunidade para fazer melhor."

"Deus é nosso amo, mas vivemos na naturez

a

e esta não tem amo: rege-se pelos princípios que lhe são próprios

·

Nós, sêres humanos, que vivemos na natureza, dentro do mundo tridimensional,

l

em

os que

aprender a conhecê-la para poder dominã-la.

C

onhe

ce

r

é

atividade do pl

a

no co­ letivo e todos os benefícios

d

êste plano vão-se

refletir

nos

outros. A

si�ologia do alquimista, que sabe fabricar ouro, significa que, pe

l

os seus conhecimentos, êle tem

c

apa

c

id

a

de

de se defender no plano coletivo. Isso não quer dizer, po­

rém, que o alquimist

a

que sabe f.azer ouro sej a livre, pois pode ter fortes tendências a se projet

a

r; é, justamente, o que você deve evit

ar

: projeções, identificações, para, afi­

nal, ser livre. A in

d

ependên

c

ia farã de você mesmo, não

mais

transmutável, porém transmut

a

nt

e

catalítico."

(38)

CAPÍTULO IX

A

DOUTRINA ZEN

-Magister, fale-me sôbre a doutrina Zen.

O importante nesta seita religiosa do Ja.pão é a exis­ tência de um sinal externo nos que atingiram sua mela suprema; seria,. na sua linguagem, as pessoas livres de neuroses. :&!te sinal - O SATORI - manifesta­

se por uma

i

nt

ens

a explosão p

s

icomoto

r

a; riso,

c

hôro,.

transpiração e até câimbras. Deve ser observado por uma pessoa de hi

er

arqui

a

maior que a da que sofre o­ Satori.

Sómente

aquêles

que te

n

h

am

p

as

sado por

Sa­ toris visíveis

p

o

dem chegar

a ser bispos de uma igreja:

Zen. Como nos siste:mas psicológicos ocidentais não existem tais sinais, utilizamo-nos

de

a

t

est

a

d

os

; não po­ demos por isso falar do aproveitamento

da psicotera-·

pia, em têrmos de expressão individual. Em nosso sis-. tema, a capacidade comunicatória nos

t

r

ê

s planos

exp

licados

é

que constituem sinais de equilibrio. Para

o discípulo Zen, no entanto, saber dormir e acordar na, hora que quis

e

r, ter saúde objetiva e subjetivamente, e ter sorte, isso

e,

não sofrer

·acidentes, é

que

consti-·

tuem sinais de equi!ibrio. Para o Zen, a sorte se ex-·

pressa na capaci

d

ade de se salvar de um acidente; esta· sorte seria considerada na Igreja Ocidental como

obrâ:

(39)

46

JUAN

AILFREDO

CliSAR MULLER

do Anjo da G11:arda. Mas Você, como psicólogo, embora não negue a existência do Anjo da Guarda, já que acredita em Anjos e, se não acredita, deveria f·azê-lo, pois .poderia vê-los durante a Missa, sabe que a pro­ teção é abl"a do inconsciente.

O saber dormir e acordar, quando se tem vontade, prova

o domínio fisico do corpo, e, portanto, diminui a predispo­ sição para as doenças psicossomáticas· As pessoas que desenvolveram esta capacidade libertam-se do absurdo cultural, que é precisarmos dormir oito horas para gozarmos de saúde. O sono deve ser regulado ,por motivações de tem­ po comparado, como todos os mecanismos psiquices e, portanto, oito horas de sono pode ser demasiada em algu­ mas ocasiões e pouca em outras. Você também já deve ter observado que é possivel dornúr "depressa" ou "devagar".

Ter

saúde significa ler o organismo em ordem; e isso é importante quando existe um motivo místico para se ser saudável, e não um econômico. A suprema contemplação só pode ser feita quando o corpo físico se encontr.a em ordem e quando houve um entendimento unitário do con­ junto do ser; não se enxergam o figado, os rins ou o san­ gue, mas se entende que cada célula do corpo é um; ser vivo e que tôdas .as células em trabalho ordenado formam o corpo humano, da mesma forma que muitos corpos hu­ manos formam o corpo social de uma nação. A vivência que você teve com o ácido lisérgico, sentindo que milhares de homiúnculos saíam de seu corpo antes de você morrer subjetivamente e retornavam quando você renascia, tem

o mesmo significado; a representação das células de seu corpo sob a forma de pequenos homens vem do falo de você ler Goethe assiduamente; se você fôsse discípulo da escola

Zen

teria visto pequenos Bodas,

Ter sorte significa saber proteger o corpo fisico de possíveis acidentes. Existem inúmeros motoristas, por

Referências

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