1 Disciplina: Relações Internacionais da América Latina
Profº Bruno Rosi
Aula 03:
A CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
(1860-1890)
1. MÉXICO E ESTADOS UNIDOS 1.1 EUA
Após a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848), o movimento “Todo o México” pede a anexação completa do país;
A Península de Yucatán, imersa na Guerra de Castas, solicita sua anexação, rejeitada pelos EUA (1848)
Os Tratados de Letcher (1850) e McLane-Ocampo (1859) permitiriam aos EUA construir e se necessário proteger militarmente ferrovias no Istmo de Tehuantepec Pela Aquisição Gadsden (1853) os EUA compram territórios do México
O Tratado de Oregon (1846) estabelece a fronteira dos EUA com o Canadá EUA compram o Alasca da Rússia (1867)
Durante a Guerra de Secessão (1861-65) ocorre afastamento da América Latina; a Vitória do Norte/Derrota do Sul marca os rumos da política externa a partir de então
1.2 México
Guerra Civil (1857-1861)
Centralistas Conservadores Vs. Federalistas Liberais Vitória dos liberais
As reformas liberais de Benito Juárez levam a intervenção de França, Inglaterra e Espanha. Espanha e Inglaterra se retiram, mas a França não.
Intervenção francesa e Segundo Império (1862-1866)
Napoleão III, com apoio da Igreja Católica e de Conservadores força Maximiliano de Habsburgo como imperador do México (1864), criando o Segundo Império do México Napoleão III não pode dar continuidade ao apoio. Com apoio dos EUA os Liberais (Juárez) capturam e fuzilam Maximiliano (1867). A República é restabelecida.
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Segunda República (1867-presente)
Unificação territorial fortalecimento do Estado Vs. Igreja Católica, setores regionais Porfírio Diaz Vs. Benito Juárez
Porfírio Diaz assume o poder em 1876 e o confirma com eleições no ano seguinte. Torna-se a principal liderança política do país até 1911. Realizou muitas reformas: Reforma eleitoral
Tratados de Amizade e Comércio México e EUA: parceria econômica
A sociedade se torna mais complexa, incluindo grupos de esquerda
2. AMÉRICA CENTRAL, CARIBE E EUA 2.1 EUA
Tentam estabelecer um canal entre os oceanos, especialmente após a descoberta de ouro na Califórnia
O Tratado Mallarino-Bidlack (1846) entre EUA e Colômbia permite a construção de uma ferrovia no Panamá
Na Nicarágua uma passagem também é construída, mas sofre com a ação de flibusteiros como William Walker
Através do Tratado Clayton-Bulwer (1850) os EUA procuram evitar a influência inglesa na região. A Inglaterra por sua vez precisou dar maior atenção a outros assuntos.
2.2 Confederação Centro Americana
Após a fragmentação vários conflitos ocorrem na região, com tratados sendo estabelecidos muitas vezes com arbítrio dos EUA
2.3 Cuba
Breve e conturbada independência (1868-1878), com apoio modesto dos EUA
2.4 República Dominicana
Independente do Haiti em 1844, sofreu tentativas de reanexação em 1849 e 1855;
Um acordo com os EUA (1853) permite uma construção de uma Base Naval em seu território;
Voluntariamente é reanexada com a Espanha (1861), mas torna-se independente mais uma vez (1865)
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3. PAÍSES ANDINOS
3.1 Guerra Hispano-Sul Americana ou Primeira Guerra do Pacífico ou Guerra contra a Espanha (1864-1866) Espanha Chile Peru Equador Bolívia Antecedentes
A Espanha não reconhece a independência do Peru e reclama dívidas e direitos de cidadãos espanhóis neste país; além disso tem interesse no comércio de Guano
Tratado Pareja-Vivanco (1865) é assinado pelo presidente Pezet, mas sofre oposição, especialmente do Coronel Prado
Chile, Equador e Bolívia, participantes do II Congresso das Nações Americanas (1864), entram na guerra a favor do Peru
Resultados
Espanha reconhece independência do Peru, Chile, Bolívia e Equador Formulação da Doutrina Calvo por Carlos Calvo, diplomata argentino
3.2 Guerra do Pacífico (1879-83)
Peru Bolívia
Chile
Antecedentes
Zona do Salitre: indefinição de fronteira entre Bolívia e Chile; Tratado de 1866 define fronteira, mas é anulado em 1871 e revisto em 1874
Preocupados com o crescimento do Chile, Bolívia e Peru assinam Pacto secreto de defesa mútua (1873)
Reino da Araucária criado em 1860 por Orélie Antoine de Tounens alerta Chile e Argentina a ocuparem a Patagônia
Companhia de Nitratos, empresa anglo-chilena, recebe da Bolívia concessão para exploração do salitre livre de impostos em Antofagasta (1873)
4 Bolívia aumenta impostos diante de dificuldades financeiras (1878); a Companhia de Nitratos nega-se a pagar
Chile envia tropas (1879); Peru em obrigação ao tratado de 1873 acompanha a Bolívia
Resultados
Vitória do Chile
Coronel Miguel Iglesias assume o governo peruano e assina o Tratado de Ancón (1883) com o Chile
Tratado de Truce (1884) Chile ganha a costa do Atacama; Bolívia perde seu acesso ao mar
Fortalecimento do Chile e enfraquecimento do Peru; Bolívia descobre estanho e minimiza perdas, mas fica sem acesso ao mar
3.3 Patagônia
Reino da Araucária (1860)
Argentina: Conquista do Deserto (1879-80): conquista militar da Patagônia Oriental; extermínio das populações indígenas
Conseqüente fortalecimento do exército já forte pela Guerra da Tríplice Aliança Chile entrava na Guerra do Pacífico e não tinha condições de discordar; aceita Tratado de 1881 estabelece fronteira na Cordilheira dos Andes
Ocupação territorial: imigração européia; educação básica
3.4 Questão do Acre
Tratado de Ayacucho (1867): divisão do Acre entre Bolívia e Brasil
Seringais e garimpos são responsáveis por maior entrada de brasileiros, gerando conflito com autoridades bolivianas
Brasileiros declaram independência da República do Acre (1899), reintegrada pela Bolívia (1900). Movimento separatista ganha força (1902-03) com apoio do Amazonas Bolívia: distância do Acre de seu centro e enfraquecida pela Guerra do Pacífico não pode tomar atitudes mais enérgicas. Assina um protocolo com o Bolivian Syndicate (1901), um grupo anglo-americano, entregando a administração
Brasil responde com ação militar
Peru e Argentina responsabilizam os EUA pela Crise do Acre, e estes abandonam o caso
5 Brasil e Bolívia assinam o Tratado de Petrópolis (1903):
Bolívia cede o Acre
Brasil paga indenização em dinheiro
Brasil dá início a Ferrovia Madeira-Mamoré e permite o livre trânsito de bolivianos pelos rios em direção ao Atlântico
4. GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA (1864-1870)
Tríplice Aliança: Brasil Argentina Uruguai Paraguai Antecedentes Declaração de Independência (1811)
José Gaspar Rodríguez de Francia (1814-1840), Supremo Ditador, mantém o país em total isolamento
Carlos Antonio López (1844-1862) e Francisco Solano López (1862-1869) realizam a abertura do país ao comércio exterior e importação de capital e tecnologia inglesas; mantém a ditadura e o monopólio estatal sobre as atividades econômicas
Paraguai possui disputas territoriais de fronteira com Brasil e Argentina; ao mesmo tempo necessita da livre navegação de rios, do rio Paraná especialmente
Brasil necessita da livre navegação do rio Paraguai para chegar ao Mato Grosso Aproximação entre Brasil e Argentina após queda de Rosas
Dentro dos eventos da Guerra Grande (1839-52), aproximação de Brasil e Argentina com os Colorados (Venâncio Flores)
Nos mesmos eventos, aproximação do Paraguai com os Blancos, que pedem ajuda a Solano López
Ataque paraguaio ao Rio Grande do Sul e ao Mato Grosso Uruguai: deposição do governo Blanco e adesão à aliança Formação da Tríplice Aliança (1865)
Resultados
Vitória da Tríplice Aliança
6 Profundo enfraquecimento do Paraguai
Argentina ganha as províncias de Missões e Formosa Chaco Boreal
Brasil ganha a livre navegação do Rio Paraguai e o atual sul do Mato Grosso do Sul
REFERÊNCIAS:
“A consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)” (Cap. 3) In.: MOREIRA, Luiz Felipe Viel; QUINTEROS, Marcela Cristina; SILVA, André Luiz Reis da. As Relações Internacionais da América Latina. Petrópolis: Vozes, 2010.
