GUERRA DO PARAGUAI - DUAS VERTENTES HISTORlOGRÁFlCAS*
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DANIEL PORCIUNCULA PRADO"
VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
s o m o s u m c x e r a t o ( o e x é r d t o d e u m h o m e m s ó ) n o d i f í d l e x e r c i d o d e v i v e r e m p a z s o m o s u m e x â r d t o ( o e x â r d t o d e u m h o m e m s ó )
s e m b a n d e i r a s e m f r o n t e i r a s p r a d e f e n d e r n e s t e e x â r a t o ( n o e x â r d t o d e u m h o m e m s ó )
t e n t o s s a b e m Q u e t e n t o f a z s e r c u l p a d o o u s e r c s p s z . . . t a n t o f a z . . . (Gessinger/Licks)
RESUMO
O presente trabalho visa abordar duas visões historiográficas acerca do grande conflito Que envolveu o Brasil e países do Cone Sul durante o século XIX. a Guerra do Paraguai, salientando a dualidade de abordagens sobre o tema proposto a partir de obras específicas. de cunho positivista e de orientação crítica. demonstrando múltiplas maneiras de análise de um mesmo acontecimento histórico.
PAlAVRAS-CHAVE: Guerra do Paraguai. historiografia.
I -
HISTÓRICO
O Paraguai tornou-se independente em 181 I. sendo governado por losé Gaspar
Rodríguez de Francia, o Qual deu início a um amplo processo de nacionalização
da economia. Tal atitude foi seguida por seus sucessores. Carlos López e Francisco
Solano López .
• Trabalho apresentado nas Primeiras Jornadas Internacionais de História Regional Comparada. Porto Alegre. 23 a 25 de agosto de 2000 .
•• Professor do Dep. de Bíblloteconomia e História - FURG; Mestre em Educação Ambiental - FURG.
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A reviravolta econômica. após a independência. teve seu início a partir da
Questão agrária. redefinindo-se uma política Que contemplasse terras aos índios e
mestiços. tomadas desde o início da
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c o n q u is ta pelos colonizadores espanhóis. Franciainiciou um amplo embate contra a Igreja Católica e os latifundiários. tomando-Ihes
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a sterras e arrendando-as a valores baixos aos camponeses.
Dentro de uma perspectiva nacionalista. criaram-se "fazendas estatais". onde se
praticava a agricultura. pecuária e artesanato como fontes de recursos para o
fortalecimento do Estado. de modo Que havia grandes Quantidades de trabalho a o s
camponeses. outrora sem terras. O Estado aos poucos torna-se interventor nas
relações econômicas do Paraguaí, sendo um verdadeiro gestor na produção de
alimentos e manufaturados. Tais atitudes levaram a uma crescente independência
econômica com relação aos outros países. definindo-se por uma política diferenciada
da adotada pelos demais países da América latina. Que aumentavam seus laços
de dependência com a Inglaterra. Outro aspecto da política de Francia foi o ataQue ao analfabetismo.
Francia morre em 1840 e é sucedido por Carlos López, Que prossegue a
política de nacionalização da economia. sendo construídas estradas de ferro. estaleiros
para os barcos a vapor. fábricas de pólvora. de louças ete.
O intenso nacionalismo Que se construía era mal visto pelo capital estrangeiro.
principalmente o inglês. pois o protecionismo econômico do Paraguai impedia as
importações européias. Dessa maneira. a Inglaterra organizou a chamada Tríplice
Aliança. congregando Brasil. Uruguai e Argentina a fim de impedir o crescente
progresso paraguaio. Francisco Solano López sucedeu seu pai. em 1862. continuando sua política de intervenção estatal.
logo após o processo de independência. a maioria dos estados americanos
aceitaram a hegemonia comercial e financeira da Inglaterra. O Paraguai havia sido uma
exceção. fechando suas fronteiras aos estrangeiros e promovendo um desenvolvimento
autônomo. contrastando com a política dos países vizinhos.
Nesse momento. o Brasil' era uma sociedade de senhores e escravos
governados pela m o n a r o u ía portuguesa dos Bragança. O governo da Argentina era
dominado pelos latifundiários. e ambos vendiam seus produtos para o mercado
externo e compravam os manufaturados da Inglaterra.
O Paraguai constituía-se em uma exceção perigosa aos interesses das potências
capitalistas. Tornava-se necessário destruir um regime Que prõmovia um desenvolvimento
autônomo. Em 1840 o Paraguai já havia erradicado o analfabetismo e se fechadoà
penetração de manufaturas inglesas. desenvolvendo uma vasta indústria artesanal, em
um momento de miséria e em Que a dependência econômica e o poder latifundiário
eram característicos da América latina. As potências não podiam aceitar um Estado
Que nacionalizava as terras e o comércio exterior. e promovia o ensino obrigatório e
gratuito para todas as classes. Do ponto de vista dos políticos e intelectuais brasileiroS
130 B lb lo s . R io G r a n d e . 1 5 :1 2 9 .1 3 6 . 2 0 0 3 .
e argentinos. Que estudavam na Europa às custas dos escravos e camponeses. o
paraguai era visto como "barbárie". sendo necessário integrá-Io à "civilização". ou seja.
ao mercado mundial e controlado pelas potências capitalistas.
O isolamento do Paraguai verificou-se benéfico para a população. pois
erradicou-se o analfabetismo e. ao mesmo tempo. sua indústria interna artesanal
substituía as importações dos manufaturados ingleses. Ao mesmo tempo. a Inglaterra
era o principal fornecedor bélico dos países da bacia do Prata.
O Paraguai pretendia controlar a navegação do trecho do rio Paraguai. ferindo
os interesses dos países vizinhos e também dos comerciantes ingleses.
O Brasil levantara a Questão da livre navegação do rio Paraguai e das fronteiras
entre os dois países. bem como a Argentina e o Uruguai reivindicavam a livre
navegação nos rios.
Em 1865. temendo uma invasão do Uruguai. o Paraguai ataca a província do
Mato Grosso. no Brasil. e ao mesmo tempo toma a província de Corrientes. na
Argentina. Em contrapartida, organiza-se a Tríplice Aliança. pretendendo garantir a livre
navegação nos rios Paraguai eP a ra n á .
Após longos anos de guerra. a superioridade bélica dos aliados derrotou o
exército paraguaio em seu próprio território. tendo a guerra se desenvolvido em três
frentes de batalha. no Mato Grosso. na mesopotâmia argentina e no Rio Grande do Sul.
O término da guerra acabou provocando s e q ü e la s terríveis à o u e le povo. pois
perdera cerca de 75% da sua população. Dos cerca de 1.300.000 habitantes.
restaram 250.000 mil pertencentes à população masculina. além de parte de seu
território anexado pelo Brasil e pela Argentina.
A livre navegação da bacia platina ficou assegurada aos interesses da Tríplice
Aliança. ao mesmo tempo a estrutura militar do Brasil sofreu alterações. pois antes
da guerra praticamente não existia o exército brasileiro. e. ao final do conflito.
este saíra fortalecido. passando a reivindicar um papel mais importante na vida
política do Império. A convivência dos soldados brasileiros com os regimes
republicanos da América do Sul contribuiu para o desenvolvimento das idéias
antimonarQuistas no Brasil.
A participação brasileira na guerra do Paraguai foi um resultado da política
instituída por Dom João por ocasião da transferência da corte portuguesa para o
Brasil. pois a influência econômica da Inglaterra era muito grande a partir da abertura
dos portos às nações amigas em 1808.
2 -A HISTORlOGRAFIA POSITIVlSTA
oA m o r p o r p r i n c í p i o . ei1O r d e m p o r b a s e ;
Op r o g r e s s o p o r f i m .
I - 1 v e rp a r a o u t r e m . I - 1 v e rà s c l a r a s . "
B ib lo s . R io G r a n d e . 1 5 :1 2 9 - 1 3 6 . 2 0 0 3 .
Editado em 1920, o livro
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A G u e r r a d a P a r a g u a i ,de R. Teixelra Mendescomeça suas observações criticando duramente a política do Segundo Reinado e~
seus movimentos de anexação da Banda Oriental, após sua independência, sob a
denominação de Província Cisplatina. "(... ) dilaceram-se encarniçadamente as nações
cujos interesses são mais comuns, cujas ligações são mais fraternaes; profana-se o
passado, compromete-se o futuro, sacrifica-se o prezente (... )"
A Questão dos limites e fronteiras é destacada por Teixeíra Mendes como fator
preponderante para os conflitos bélicos àouelas épocas. A comunicação natural entre
oriente e ocidente do Império Brasileiro era fundamental para proteger a integridade
política da nação contra as tentativas internas, como para defendê-Ia dos ataQues
externos e promover o desenvolvimento industrial da região. Quanto aos interesses das
nações platinas, estas eram contra a livre navegação do rio Paraná pela perda
de hegemonia e de vantagens comerciais e, por outro lado, dificultando a defesa de
prováveis invasões por parte do Brasil Império.
O historiador leva em consideração a Questão da tradição de lutas seculares
entre portugueses e espanhóis pela região, Que inevitavelmente provocariam
rompimentos não pouco constantes.
Vários desses conflitos seriam fatalmente evitados e atenuados, segundo
Mendes, se não faltassem ao Imperador um "espírito culto e um coração generoso",
inspirado em intrigas dinásticas européias Que colocavam as nações aborígines
submetidas ao ocidente. Novamente comparando o governo imperial com o "belo
exemplo legado pelo regime medieval", longe do exemplo "moderno" e
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" a n á r o p íc o '',Forte crítica à postura do Imperador são impetradas: "Se o ex-imperador do
Brazil estivesse ao nível das exigências sociaes da alta p o z íç ã o Que os nossos
antecedentes históricos lhe confiaram, teria desde logo concebido o arbritamento
como o substitutivo da guerra na sua política internacionaL"
Contra as rivalidades, no Que tangeà livre navegação do rio P a ra n á , o governo
brasileiro deveria ter construído vias internas de comunicação, diminuindo dessa forma
a função estratégica da linha fluvial. "Jamaisse elevou ele acima das vulgares aspirações da mais grosseira vaidade patriótica."
Roberto Mendes diz Que a primeira empresa militar do Império seria o ataoue
contra a Argentina em 185 I, com o o b j e t i v o de combater o ditador Rosas,
denunciando Que o interesse exclusivo do imperador não teria sido movido pela
generosidade, apenas para promover interesses próprios de seu reinado, enfocando a
contradição brasileira Que lutara para libertar os povos vizinhos de seus tiranos,
enquanto em seu próprio país contavam-se milhões de cidadãos escravizados
por grande opressão.
Muitas das acusações feitas ao ditador argentino têm por base tendências e
cálculos Que o Império Brasileiro considerava como título de glória para si. Rosas
tentou reconstruir o antigo vice-reinado de Buenos Aires conQuistando o Uruguai e o
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paraguai;no entanto, a rnonarouía brasileira tentou incorporar a América Portuguesaà
Banda Oriental, bem como recorreu à violência para evitar Que várias de suas
provínciasobtivessem sua independência.
Dessa maneira, o historiador positivista nos leva a crer Que, admitido o
princípiO da legitimidade da interferência de um governo estrangeiro nas Questões
internasde oualouer povo, fica aberta a porta para todas as atrocidades.
As relações internacionais tendem a se complicar a partir de 1861, Quando em
junho desse ano naufragou nas costas do Albardão do Rio Grande do Sul a barca
inglesaP r i n c e
of
W a l e s , tendo sido os objetos salvos dessa embarcação roubados, eassassinadaa tripulação. Desse modo, o ministro inglês iniciou uma reclamação ao
governo brasileiro, afora a Questão escravagísta adotada pelo Império, Que complicava
aindamais as relações entre ambos.
Sobre a campanha contra o Paraguai, este tinha, como o Brasil, problemas com
relaçãoà Questão de fronteiras e limites.
Provavelmente López, paraguaio, afirmava a pretensão de ser o árbitro das
Questõesinternacionais na América do Sul. Uma vez subjugada a República Oriental, o
ditador paraguaio intentava chegar a vez do Império, líouídando pelas armas antigas
QUestõesde limites com o Brasil.
Dessa forma, suas pretensões também eram de atacar o Brasil tendo como
aliados a Banda Oriental e talvez a República Argentina, bem como a Província do
Rio Grande do Sul.
Em 22 de novembro, a Vila do Salto é rendida pelo Brasil com o apoio do
General Flores, e em princípios de dezembro a cidade de Paissandu é atacada.
Emcontrapartida, López invade o Mato Grosso.
Em princípios de 1865, López projeta a invasão do Rio Grande do Sul, na
esperançade sublevá-Io contra o Império. Nesse intuito, pede permissãoà Confederação
Argentina para atravessar o território federal, sendo-lhe negada. Isso leva ao
rompimento com o governo de Buenos Aires, precipitando a formação da Aliança da
Argentina com o Brasil. "Tal foi a série de erros políticos, filhos principalmente da falta
de elevação mental e moral do governo do ex-ímperador, Que conduziu a uma
calamitoza guerra entre povos irmãos."
Mendes diz Que, apesar de o Brasil não estar preparado para o conflito, os
recursos do Brasil levaram López a sentir a necessidade de negociar a paz. Suas
propostas não foram atendidas, pois o Império não concluiria a guerra sem a expulsão
do ditador paraguaio.
Dessa forma, o Império Brasileiro, a República Argentina e o General Flores,
em nome da República Oriental. decidem a sorte do Paraguai.
Proclama-se Que a guerra não fora feita contra o povo paraguaio, mas contra o
seu governo. A Aliança institui os limites territoriais do Paraguai, o desarmamento
dessa nação, bem como se impõe a esse povo o pagamento das despesas de guerra.
o :::
A p o lític a d e s e n v o lv id a p e lo I m p é r io é n o s e n tid o d a c o n tin u id a d e d a g u e r r a s e n d o c o n s id e r a d a p o r M e n d e s c o m o u m c r im e d e le s a - h u m a n id a d e . p o is o im p e r a d o ; n ã o c e d e u a o s a c r if íc io d a v id a d e m ilh a r e s d e s e u s c o n c id a d ã o s . n ã o v a c ilo u a n te a p e r s p e c tiv a d e r u ín a d o P a r a g u a i e n e m r e c u o u a n te o d e s p e r d íc io d e e n o r m e s Q u a n tid a d e s d e r e c u r s o s .
I n c lu i- s e a s o lic ita ç ã o d e v á r ia s r e p ú b lic a s a m e r ic a n a s a o f im d a g u e r r a . c o r n o o C h ile . o P e r u . a B o lív ia . o E Q u a d o r e o s E s ta d o s U n id o s .
T a is a to s s ã o v is to s c o m o " c a p r ic h o s " d o I m p é r io . o b c e c a d o p e la r a n c o r o s a id é ia d e a n ío u lla r l.ó p e z ,
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enquanto m ilh õ e s d e b r a s ile ir o s g e m ia m n a e s c r a v id ã o s e m Q u e o e x - m o n a r c a s e n tis s e m a c u la d a a h o n r a n a c io n a l.F in a liz a n d o e s ta r á p id a a p r e c ia ç ã o s o b r e a G u e r r a d o P a ra g u a í. d e T e ix e ir a M e n d e s . to r n a - s e im p o r ta n te s a lie n ta r Q u e ta l a u to r le v a n ta a Q u e s tã o d e u r n a n ã o - in te r f e r ê n c ia d a I g r e ja C a tó lic a c o n tr a o c o n f lito . p o is to d o s o s p a ís e s e n v o lv id o s d e n o m in a v a m - s e p r o f e s s o s d a m e s m a f é . A r e s p o s ta o f e r e c id a p e lo p r ó p r io a u to r n o s
le v a a e n te n d e r o e n f r a c u e c ím e n to d o p r e s tíg io p o lític o d o P a p a . Q u e h á m u ito n ã o p a s s a v a d e u m p r ín c ip e ita lia n o a b s o r v id o e x c lu s iv a m e n te e m s e u m u n d o e n a p r e s e r v a ç ã o d e s e u s b e n s m a te r ia is . b e m c o m o d o c le r o d a é p o c a .
3 - A
HISTORIOGRAFIA CRÍTICA
A e x p o s iç ã o a s e g u ir b a s e ia - s e f u n d a m e n ta lm e n te n o a u to r R ic a r d o S a lle s . e m s e u liv r o
VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
G u e r r a d o P a r a g u a i : e s c r a v id ã o e c id a d a n ia n a f o r m a ç ã o d o E x é r c ito . T a l a u to r r e f e r e - s e in ic ia lm e n te à s o b r a s p o s itiv is ta s . d e s ta c a n d o o e x c e s s iv o " o f ic ia lis m o e f a c tu a lis m o " Q u e te n d e m a s im p lif ic a r a s o b r a s tr a d ic io n a is s o b r e o te m a . A o m e s m o te m p o . te c e u m a c r ític a à s v e r s õ e s d ita s r e v is io n is ta s s o b r e a s c a u s a sd o c o n f lito . I
A c h a m a d a v e r s ã o tr a d ic io n a l d iz Q u e o c o n tlito te r ia s id o d e c o r r e n te d a a g r e s s iv id a d e d e S o la n o López, p o r d e s e ja r u m a h e g e m o n ia e e x p a n s ã o n a r e g iã o p la tin a . T a l v is ã o p r o c u r a e n f a tiz a r o a ta q u e p a r a g u a io a o B r a s il. d a n d o p o u c a im p o r tâ n c ia à in te r v e n ç ã o m ilita r b r a s ile ir a n o U r u g u a i. O d ir ig e n te p a r a g u a io é v is to c o m o m e g a lo m a n ía c o . n ã o m e d in d o c o n s e o ü ê n c ía s e m im p o r - s e n a r e g iã o p la tin a .
C o m b a te n d o a h is to r io g r a f ia tr a d ic io n a l. S a lle s f a la d o r e v ig o r a m e n to d a s o b r a s s o b r e o c o n tlito p la tin o a p a r tir d o s a n o s 5 0 . c o m a s c h a m a d a s o b r a s r e v is io n is ta s . o u s e ja . Q u e f a z e m u m a r e v is ã o n a s c a u s a s d a g u e r r a d o P a r a g u a i. O b r a s Q l.I e s e d is tin g u e m d a s d e m a is . Q u e d e s ta c a v a m o im a g in á r io d e S o la n o L ó p e z c o m o " tir a n o " .
N e s s a s o b r a s r e v is io n is ta s . o P a r a g u a i é a p r e s e n ta d o c o m o u m a " R e p ú b lic a d e c r e s c im e n to " . p o r ta n d o u m a v ia o r ig in a l d e d e s e n v o lv im e n to e c o n ô m ic o e s o c ia l. o u s e ja . u m v e r d a d e ir o b a s tiã o d e r e s is tê n c ia à p e n e tr a ç ã o d o im p e r ia lis m o b r itâ n ic o . A lé m d is s o . o P a r a g u a i é m o s tr a d o c o m h e r o ís m o e g r a n d e z a . c o n tr a p o n d o - s e à " m e s o u tn h e z '' d a s f o r ç a s d a T r íp lic e A lia n ç a .
134 B ib lo s . R io G ra n d e . 1 5 : 1 2 9 .1 3 6 .2 0 0 3 .
R ic a r d o S a lle s a p o n ta d u a s v e r s õ e s r e v is io n is ta s . r e s p e c tiv a m e n te d e lo s é M a r ia
R o s a e L é o n P o m e r .
P a r a S a lle s . R o s a d e f e n d e e m s u a s o b r a s a v e r s ã o d e u m a " u n id a d e d a A m é r ic a
h is p â n ic a " . s e n d o o P ~ r a ~ u a i o . p a ís tim o n ~ i~ o . d e s s a u ,n iã o . ~ a l. u n iã ? n ã o
=.
s e c o m p le ta d o p e la ínterferência d o s in te r e s s e s brítânícos a tr a v e s d a Tríplíce A lia n ç a n a r e g la o .o
P a r a g u a i d e S o la n o L ó p e z é c o n s id e r a d o c o m o o h e r d e ir o d e u m a c a u s a d a u n id a d e h is p a n o - a m e r ic a n a Q u e s e m a n if e s ta v a n u m a s o lu ç ã o d e c o n tin u id a d e d e s d e a é p o c a d a in d e p e n d ê n c ia . O s o p o s ito r e s d e s s a c a u s a s ã o p r in c ip a lm e n te d e te r m in a d a s o líg a r o u ia s Q u e lu c r a v a m ...D e p r e e n d e m o s Q u e o s g r a n d e s " v ilõ e s " d e s s e e p is ó d io s ã o a c la s s e d o m in a n te p o r te n h a . a I n g la te r r a e o B r a s il im p e r ia l. E m contraposição. a R e p ú b lic a g u a r a n i é v is ta c o m o u m E s ta d o n a c io n a lis ta e a n tiim p e r ia lis ta . s e n d o o P a r a g u a i u m v e r d a d e ir o
E s ta d o s o c ia lis ta b a s e a d o e m u m a v id a f á c il p a r a to d o s a o u e le s Q u e lá n a s c e r a m . d e v e n d o e s s e s p r e s ta r s e r v iç o s d e f o r m a m a n u a l. in te le c tu a l o u d e ta r e f a s m ilita r e s . o u s e ja . d o a n d o s u a p a r te d e s e r v iç o à c o m u n id a d e . O g r a n d e in im ig o d e s s e p r o je to d e u n iã o d o s d e s c e n d e n te s e s p a n h ó is e r a o B r a s il im p e r ia l e s u a p o lític a d e r e la ç õ e s e x te r io r e s . Q u e c o n tin u a v a o in te r v e n c io n is m o p o r tu g u ê s n a r e g iã o p la tin a . E s s a p o lític a d e in te r v e n ç ã o c o n ta v a c o m o a p o io d o s c o m e r c ia n te s . d a s e lite s d e
B u e n o s A ir e s e ta m b é m d a I n g la te r r a .
S a lle s e lo g ia a o b r a d e R o s a . p o is . a o c o n tr á r io d a h is to r io g r a f ia tr a d ic io n a l. d á v o z a o s v e n c id o s . m a s a p o n ta o Q u e n a s u a o p in iã o c a r a c te r iz a c o m o lim ite s . n o
s e n tid o d e Q u e R o s a s s u p e r d im e n s io n a a . in tlu ê n c ia in g le s a n a r e g iã o e d im in u i a s m o tiv a ç õ e s d o s p a ís e s m a is d ir e ta m e n te e n v o lv id o s n o c o n f lito . " E n tr e ta n to . r e d u z ir o p a p e l d e s s e s g r u p o s (... ) a o d e p r e p o s to s d o im p e r ia lis m o p o u c o c o n tr ib u i p a r a a e 1 u c id a ç ã o d e r e la ç õ e s m a is c o m p le x a s e s u tis Q u e e s tã o n a b a s e d a f o r m a ç ã o e f e tiv a
d e n o s s a s n a c io n a lid a d e s n ã o id e a liz a d a s ... "
R ic a r d o S a lle s a in d a s a lie n ta Q u e e s s a in te r p r e ta ç ã o d e R o s a in s e r e - s e n o c o n te x to d e p r o p o s ta s d e d e s e n v o lv im e n to n a c io n a lis ta . a u tô n o m o e a n tiim p e r ia lis ta p a r a o s p a ís e s la tin o - a m e r ic a n o s . c a r a c te r iz a d o n o f in a l d o s a n o s 5 0 e in íc io d a d é c a d a d e 6 0 .
O u tr o a u to r r e v is io n is ta a p r e s e n ta d o é L é o n P o m e r . P a r a e s te . o P a r a g u a i é c a r a c te r iz a d o p o r u m d e s e n v o lv im e n to p r ó p r io . te n d o . a p ó s s u a in d e p e n d ê n c ia . o b tid o u m d e s e n v o lv im e n to " o r ig in a l. a u tô n o m o . a u to - s u f ic ie n te . n a c io n a lis ta e . a té m e s m o .
a n tiim p e r ia lis ta " c o n tr a a I n g la te r r a . C o m o p r o v a s d e s s a o p ç ã o . é s a lie n ta d o o s u r g im e n to d e m a n u f a tu r a s . f u n d iç õ e s . o m o n o p ó lio e s ta ta l d o c o m é r c io e x te r n o . o
f e c h a m e n to d o p a ís c o m c o n ta to s v iz in h o s e tc .
O u tr o s a s p e c to s le v a n ta d o s p o r P o m e r p a r a s e u d e s e n v o lv im e n to h is tó r ic o s ã o o
f a to d e o p a ís n ã o p o s s u ir a n a lf a b e to s . o a c e s s o d o s c a m p o n e s e s à te r r a . d o f a to d e e s s a s te r r a s . e m s u a m a io r ia . p e r te n c e r e m a o E s ta d o . a p e r s e g u iç ã o e e x te r m ín io d o s c r i o / / o s. . .
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)(:1:)
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~
Nas palavras de Salles:
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
[ l.é o n PomerJ Sem caracterizar o Paraguai de López como um Estado socialista e sim
como um Estado nacional Que buscava sua via própria de desenvolvimento. cortando Os
laços coloniais. aliás de formação histórica frágil. ele considera um obstáculo à
penetração do imperialismo inglês no Prata.
Dessa maneira. constituindo-se fechado e isolado e não permitindo a livre
navegação do rio Paraguai às nações estrangeiras. esse país era visto como Um
cobiçado mercado e zona de expansão comercial Que se mantinha fora do alcance dos
ingleses. O imperialismo britânico é observado como o grande incentivador do Brasil e
Argentina com o objetivo de furar o b lo q u e io paraguaio. abrindo-o às demais nações.
Salles considera Que Léon Pomer ressalta uma influência decisiva da Inglaterra sobre a
vida política do Brasil. Argentina e Uruguai. ao ponto de formarem uma "burguesia
anglo-brasileira" Que controlava o comércio interno e externo do Império.
Tais afirmações também são contestadas por Ricardo Salles, entendendo este
Que a elite brasileira do Império ligava-se fundamentalmente à produção agrária
baseada no escravlsmo, e o imperialismo inglês com as exportações de capitais.
Segundo Salles:
Ainda Que essas relações fossem complementares eh íe ra ro u íz a d a s . no sentido de uma
predominância do capital inglês. isto não significa Que não ocorressem contradições e
atritos. principalmente no nível político. da relação entre os dois Estados. Nunca
édemais lembrar Que. ao iniciar-se a guerra. Brasil e Inglaterra estavam com as relações
diplomáticas cortadas. por iniciativa do
VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
g o v e r n o brasileiro. desde junho de 1863.Finalizando este breve artigo. Ricardo Salles aponta como principal limite. ou.
'em suas próprias palavras. "ponto fraco" das versões revisionistas acerca da guerra do
Paraguai. as tentativas de inserção do conflito no contexto mais geral de expansão
do capitalismo. pecando pela maxlmização das atividades diretas da Inglaterra e
diminuição das motivações das nações envolvidas no conflito.
BIBLIOGRAAA
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