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sonha em controlar o preço e a venda dos ingressos da competição. A inter-locutores, Dilma também afirmou que não mexerá em uma vírgula do Código de Defesa do Consumidor. Parece pou-co, mas significa um golpe na forma de trabalhar da Fifa. Como em Copas pas-sadas, a entidade quer vender ingressos acompanhados de pacotes turísticos. De acordo com a legislação brasileira, a prática configura venda casada, o que é proibido. A ingerência da Fifa preocupa representantes de diversos setores. "Não

podemos nos curvar aos ditames

impos-tos pela Fifa", diz Wadih Damou,

presi-dente da seccional carioca da Ordem dos

Advogados do Brasil. "Ela não está

aci-ma das regras nacionais."

Há muita confusão a respeito das atribuições das partes envolvidas na or-ganização da Copa. À presidente Dilma compete a aprovação - ou não - das normas gerais do jogo, mas particula-ridades locais não podem ser alteradas por ela. É o caso da meia-entrada para estudantes ou da venda de bebidas alco-ólicas nos estádios. No primeiro exem-plo, são leis estaduais ou municipais que regulam o benefício. Alterá-las, portan-to, é responsabilidade de governos esta-duais e prefeituras. Nesse aspecto, nin-guém duvida que a meia-entrada para estudantes vai ser cancelada durante o Mundial. "Já ouvi de pessoas da Fifa que, se mantivermos o privilégio, não tere-mos jogos importantes em nossa cida-de", diz o secretário de Esportes de um dos municípios-sedes do evento, que pede para não ser identificado. "Os ca-ras pegam pesado. Se atrapalhar o jogo da Fifa, você dança." Na semana passa-da, a Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude, o que complica ainda mais o caso. A proposta, que terá de passar pelo Senado e depois ser re-ferendada por Dilma, tornaria a meia-entrada um benefício nacional para es-tudantes de 15 a 29 anos. Até mesmo

para não provocar novo desgaste com a Fifa, dificilmente esse artigo do esta-tuto será aprovado.

É fácil de entender as preocupações da Fifa. Um estudo enviado ao gover-no federal calcula em US$ 100 milhões os prejuízos gerados pelo benefício da meia-entrada. A entidade, claro, não quer arcar com essa conta. Com fatu-ramento anual de US$ 1,3 bilhão, a Fifa é, na teoria, uma organização sem fins lucrativos. Na prática, conforme de-núncias apresentadas principalmente por jornais ingleses, ela teria se torna-do uma fábrica de dinheiro que enri-quece dirigentes. Sempre que seus in-teresses econômicos são feridos, a fede-ração reage - e grita a plenos pulmões. Não tem sido raro o

governo federal ou-vir desaforos de ca-ciques da entidade, inclusive do p r ó -prio presidente Jo-seph Blatter. Pouco tempo atrás, Blatter disse que estava

pre-ocupado com o andamento das obras para a Copa e se recusou a responder se o Brasil corria o risco de perder o even-to. Claro que não corria. Era apenas jogo

de cena para enviar um recado a Dilma,

que andava brigada com Ricardo Teixeira,

principal parceiro da Fifa no Brasil. " V i

-rou regra: cada vez que o governo bra-sileiro se nega a atender a uma solicita-ção, alguém da Fifa fala publicamente e se diz preocupado com a infraestrutura do Brasil", afirma o diretor de um comi-tê municipal da Copa de 2014.

Até uma cidade rica como São Pau-lo pode sofrer sanções da Fifa. Na capi-tal paulista, a Lei Cidade Limpa, do pre-feito Gilberto Kassab, proíbe letreiros e outdoors em fachadas e prédios

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ciais, o que certamente vai atrapalhar as ações de marketing dos 20 parceiros comerciais da entidade. O que fazer? Mudar a legislação para liberar tudo? Nem a própria prefeitura sabe como agir. "Ainda não temos definições", diz Gilmar Tadeu, secretário de Articula-ção para a Copa do Mundo de São Pau-lo. Nos bastidores, a capital paulista tem sofrido ameaças. A mais comum é a in-sinuação da perda do jogo de abertura da Copa por causa dos limites impos-tos pela Lei Cidade Limpa. Nos muni-cípios, há um complicador: as eleições de 2012 devem mudar muitos gestores das cidades e o que vale hoje corre o ris-co de não significar muito amanhã. Por isso mesmo, há quem aposte em Brasília

como sede da partida inaugural, já que a cidade não participa das eleições muni-cipais e, portanto, pouca coisa deve ser alterada até 2014.

Embora o governo Dilma tenha en-durecido mais o jogo do que seu ante-cessor Lula, a Fifa já ganhou diversas batalhas. Uma de suas principais patro-cinadoras é uma cervejaria. Ou seja: é tão certo que a empresa estará dentro dos estádios da Copa como está garan-tida a participação da seleção brasileira no Mundial. Detalhe interessante: des-de 2008, a venda des-de bebidas alcoólicas é proibida em partidas do Campeonato Brasileiro em razão de uma recomenda-ção do Ministério Público. Além disso, muitos Estados e cidades têm legislação

própria que veta o con-sumo de álcool em are-nas esportivas. Eles vão resistir? É improvável. Os próprios responsá-veis pela Copa no Bra-sil já tratam as restri-ções como algo do pas-sado. "Se os municípios

não cederem, não serão mais sede", diz, com uma sinceridade impressionante, Francisco Mussnich, consultor jurídico do Comitê Organizador da Copa.

Foi assim na África do Sul, sede da Copa de 2010, e até na forte Alemanha, palco do Mundial de 2006. Na África, a única vitória do comitê local foi a libe-ração das vuvuzelas nos estádios, per-mitidas sob o argumento de que eram patrimônio cultural do país. Na

Alema-nha, fabricante mais tradicional de

cer-veja do planeta, a Fifa conseguiu impor

uma marca americana em praticamente

todas as dez sedes. A iniciativa

provo-cou muita discussão. Apesar da onda de protestos, apenas uma cidade, Dort-mund, conseguiu autorização para ven-der uma cerveja local nos estádios. A Fifa tem um respeito leonino por seus patrocinadores. Na Copa da África, uma criativa ação de marketing conse-guiu driblar as regras da entidade. Uma empresa contratou 36 modelos loiras e as colocou na arquibancada no jogo entre Holanda e Dinamarca. As belda-des estavam vestidas com minissaias e exibiam decotes generosos. Elas, claro, chamaram tanto a atenção que foram parar nas páginas de jornais do mundo inteiro. As moças faziam parte de uma estratégia publicitária de uma concor-rente da patrocinadora oficial da Copa.

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Referências

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