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AS IMPORTAÇÕES NO PERÍODO 1995/2002

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MPORTAÇÕES NO

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ERÍODO

1995/2002

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A

S

I

MPORTAÇÕES NO

P

ERÍODO

1995/2002

1

Sumário e Principais Conclusões ...5

As Importações no Período 1995-2001 ...13

As Importações, Segundo as Categorias de Uso ...13

Quem Reagiu À Mudança Cambial? ...15

As Importações em 2002 ...27

A Relação entre Importação e Produção ...37

Análise de Setores Selecionados ...39

Material Eletroeletrônico ...39

Setor Automotivo ...41

Outros Produtos Químicos e Produtos Farmacêuticos ...46

Indústria Têxtil ...47

Coeficientes de Importação e de Importação de Intermediários ...48

Bens de Capital ...53

Anexo...55

1

Emerson Marçal, Mauro Thury e, especialmente, Gustavo Britto colaboraram no levantamento dos dados. Fernando Sarti e Gustavo Britto elaboraram um texto de análise sobre o conteúdo importado na indústria brasileira (Evolução do Conteúdo Importado Setorial da Indústria Brasileira nos Anos 90”, IEDI, 2002) que foi a base do item Análise de Setores Selecionados. A coordenação e redação final do presente estudo é de responsabilidade de Julio Gomes de Almeida.

(3)

Quem Substituiu Importações Após a Mudança da Política Cambial?

O presente estudo procurou identificar a sensibilidade das importações de diferentes segmentos da indústria às mudanças de preços relativos provocadas pela desvalorizações do real ocorridas desde a introdução do Câmbio flutuante em janeiro de 1999.

De modo geral, no setor de bens de consumo as importações apresentaram grande sensibilidade à mudança cambial, tendo ocorrido um processo de substituição. Nos demais segmentos da indústria isso não ocorreu de forma generalizada. No caso dos bens de capital, ela verificou-se no ramo da fabricação de máquinas e equipamentos, mas não nos segmentos de material elétrico e nos equipamentos eletrônicos classificados como bens de capital. E foi pouco significativa dentre os bens intermediários.

A análise selecionou os ramos industriais de bens intermediários, bens de consumo e de capital, onde uma significativa redução das importações, entre 1999 e 2001, é indício de um processo de substituição de importações.

Em bens intermediários, seriam os casos de: produtos minerais não metálicos; produtos metalúrgicos; fios têxteis e tecidos naturais (algodão); papel, celulose e papelão; e, entre os bens intermediários para a indústria de alimentos, arroz, farinha de trigo e óleos vegetais.

Em bens de consumo: equipamentos eletrônicos (eletrônica de consumo); automóveis; papel, papelão e artefatos de papel; artigos de vestuário e outros produtos têxteis; produtos de couro e calçados; produtos de madeira e mobiliário; e bens alimentícios, como arroz beneficiado, carne bovina, laticínios.

Em bens de capital, a redução das importações nos segmentos de fabricação de máquinas e equipamentos e tratores após a mudança da política cambial sugere que nesses itens pode ter ocorrido uma substituição de importações.

Considerando a média de importações nos anos em que a economia voltou a crescer, ou seja, 2000/2001, tendo 1998 como ano-base, a redução de importações foi de US$ 3,7 bilhões em bens de consumo, US$ 1,7 bilhão em bens intermediários e US$ 1,6 bilhão em bens de capital. O montante de US$ 7 bilhões pode ser tomado como valor de referência para a substituição de importações ocorrida após a mudança da política cambial em 1999. Note-se que nesse total, onde se destaca o segmento de bens de consumo, não está incluído o ano de 2002, sabidamente um ano em que as importações acusaram expressiva queda e que é objeto das considerações a seguir.

(4)

2002 – A Substituição “Fácil” de Importações Acabou

A análise das importações em 2002 mostrou diferenças importantes com relação ao período 1999-01: a redução das compras externas ocorreu sobretudo em bens intermediários, em menor escala em bens de capital e muito pouco em bens de consumo, excluídos desses as importações de automóveis.

A conclusão geral é que a forte queda das importações em 2002 reflete, sem dúvida, a estagnação da economia e a escalada da desvalorização do real nesse ano.

A outra conclusão é que devido ao estímulo da mudança de preços relativos – o grande encarecimento dos produtos importados devido à desvalorização cambial – a substituição de importações será incentivada.

Bastará o incentivo cambial para que ela ocorra em alguns segmentos, mas em outros, que constituem a maioria e são os mais relevantes em termo dos valores importados, especialmente nos segmentos de bens intermediários, será necessária a complementação de políticas para incentivar investimentos e atrair empresas, incluindo grandes empresas globais.

Convém destacar o efeito significativo sobre as importações da retração de alguns setores econômicos altamente demandantes de importações de bens intermediários. De fato, a redução de importações de vários itens de bens intermediários, que, diga-se de passagem, inicia-se claramente já em 2001, não decorre tanto de fatores relacionados às variações cambiais de 2002. Decorreu, sim, do fim de um ciclo de expansão muito vigoroso do setor de telecomunicações no Brasil entre os anos de 1998 e 2000, além da queda acentuada do setor de informática e da eletrônica de consumo ocorrida desde a segunda metade de 2001 com a crise de energia, fatores que deprimiram a demanda por bens intermediários importados.

Somos de opinião de que há espaço para a substituição de importações em bens intermediários e que a desvalorização cambial de 2002 (desde que não ocorra acentuada revalorização do real) constitui um forte incentivo para que o processo seja desencadeado. Porém, nesse caso, em geral, a condição básica para a substituição de importações continua sendo a realização de investimentos que ainda não estão em curso, a atração de empresas globais e a execução de políticas setoriais (como por exemplo, para os setores de química, farmacêutica, eletrônica e material elétrico). Caso contrário, as importações retomarão o curso anterior a 2001, certamente não de forma imediata se a economia recuperar o crescimento, mas com um retardo de dois ou três anos devido à retração de setores como os que foram assinalados. É neste período de “trégua” de importações de bens intermediários que podem atuar as políticas mencionadas, cujo alcance é de médio prazo.

Para finalizar, segundo as evidências reunidas na pesquisa, a substituição de importações mais “fácil”, em bens de consumo, já se esgotou com exceção do segmento de automóveis.

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O Núcleo “Duro” das Importações e as Políticas Necessárias

O trabalho também aprofundou a análise de cinco setores: material eletroeletrônico; automóveis, caminhões e ônibus e autopeças; químicos diversos; produtos farmacêuticos e perfumaria; setor têxtil, além de bens de capital.

Em geral, nesses casos, com exceção de têxtil, fatores estruturais poderosos impediram que a substituição de importações decorresse da mera mudança de preços relativos provocada pelas desvalorizações cambiais. São fatores relacionados à escala de produção, acesso à tecnologia e custo tributário e de capital, cuja superação é difícil e pressupõe políticas industriais específicas voltadas para a área de tecnologia e para a atração de investimentos de grandes empresas, incluindo as empresas globalizadas, além de reformas para a redução do custo tributário do produto nacional em relação ao importado e redução do custo de capital interno.

Políticas industriais e de atração de investimentos, além de ações para equiparar os custos tributário e de capital do investimento interno com os custos do investimento realizado no exterior, são as principais medidas sugeridas nesse trabalho.

A desvalorização cambial de 2002 pode beneficiar a execução dessas políticas, mas não as substitui.

(6)

Sumário e Principais Conclusões

• A análise das categorias de uso mostra que o aumento muito expressivo das importações de bens intermediários na primeira metade dos anos 1990 continuou em marcha no período 1995/2001, acompanhando o ritmo de atividade da indústria e a despeito da desvalorização cambial de 1999. De fato, o valor dessas importações, que caiu em 1999, voltou a crescer com a retomada do crescimento industrial em 2000, superando o pico de 1997. Portanto, ao contrário do esperado, não ocorreu uma redução das necessidades de importações de partes, peças e componentes após a realização dos investimentos em modernização e ampliação da capacidade instalada nos anos 90, mesmo após a correção dos preços relativos provocada pela desvalorização cambial. Há exceções a esse movimento geral, que o trabalho identifica, como veremos adiante .

• Já no caso dos bens de consumo as importações declinaram fortemente com a mudança no câmbio. Após atingir um valor máximo em 1998, as compras externas de bens de consumo caíram de US$ 9 bilhões para US$ 5,3 bilhões (média do biênio 2000-01).

• As importações de bens de capital, após acumularem US$ 11,7 bilhões em 1998, retrocederam em 1999-2000 (US$ 8,5 bilhões nesse último ano), crescendo com vigor em 2001 (US$ 10 bilhões) em função do crescimento industrial e das compras de equipamentos para energia, dado o racionamento de energia elétrica.

• A análise identificou os principais ramos dos segmentos de bens intermediários, bens de consumo e de capital onde uma significativa redução das importações após a desvalorização cambial de 1999 pode estar indicando um processo de substituição de importações.

• Em bens intermediários, seriam os casos de:  produtos minerais não metálicos;  produtos metalúrgicos;

 fios têxteis e tecidos naturais (algodão);  papel, celulose e papelão;

 e, entre os bens intermediários para a indústria de alimentos, arroz, farinha de trigo e óleos vegetais.

(7)

1989 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Var. PIB Industrial 2,9 2,1 3,1 (3,4) (2,6) 5,4 0,6

Bens Intermed. 9.822,2 27.710,9 31.472,4 30.450,2 27.719,6 32.223,7 31.711,1 Bens de Capital 2.180,3 9.319,3 11.669,9 10.807,3 8.827,9 8.546,9 10.124,9 Bens de Consumo 1.504,0 7.651,0 8.975,5 9.015,9 5.824,9 5.435,9 5.248,0 Mat. Transp. Industrial 130,5 1.005,9 1.766,6 1.892,3 1.315,0 1.271,0 866,0 Total 1 13.715,3 45.771,9 53.988,1 52.251,2 43.687,4 47.599,4 48.013,3

(%) Contrib.2

Bens Intermed. 61,7 63,8

Bens de Capital 20,0 23,2

Bens de Consumo 15,2 10,9

Mat. Transp. Industrial 2,8 2,1

Total 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE. Notas: 1 Não inclui importações de combustíveis e lubrificantes.

2

Contribuição das categorias na variação das importações totais entre 1989-2001.

51.103,4

Importações Brasileiras por Categoria de Uso - 1995-2001 - em US$ Milhões

1995 Acumulado 1995-2001 9.303,9 335.211,9 2,0 25.700,3 7.896,6 8.952,1 1.187,2 43.900,6 206.988,2 67.192,8 • Em bens de consumo:

 equipamentos eletrônicos (eletrônica de consumo);  automóveis;

 papel, papelão e artefatos de papel;

 artigos de vestuário e outros produtos têxteis;  produtos de couro e calçados;

 produtos de madeira e mobiliário;

 e bens alimentícios, como arroz beneficiado, carne bovina, laticínios.

• Em bens de capital, a redução das importações nos segmentos de fabricação de máquinas e equipamentos e em tratores após a mudança da política cambial sugere que nesses segmentos pode ter ocorrido uma substituição de importações.

• Considerando a média de importações nos anos em que a economia voltara a crescer, ou seja, 2000/2001, tendo 1998 como ano base, a redução de importações foi de US$ 3,7 bilhões em bens de consumo, US$ 1,7 bilhões em bens intermediários e US$ 1,6 bilhões em bens de capital. O total, que se eleva a US$ 7,0 bilhões, pode servir de valor base para a substituição de importações ocorrida após a mudança da política cambial em 1999. Esse valor, no qual desponta o segmento de bens de consumo, não inclui o ano de 2002, que apresentou um comportamento particular, marcado pela desaceleração da economia e por uma enorme desvalorização da moeda nacional.

• A análise também identificou segmentos cujas importações foram insensíveis à mudança de preços relativos provocada pela desvalorização cambial. Nesses casos certamente não houve substituição de importações ou, se houve, foi em montante relativamente pequeno e em determinados ramos.

• Em geral, nesses casos fatores estruturais poderosos impediram que a substituição de importações decorresse da mera mudança de preços relativos provocada pelas desvalorizações cambiais. São fatores relacionados à escala de produção, acesso à tecnologia e custo tributário e de capital, cuja superação é difícil e pressupõe políticas industriais específicas voltadas para a área de

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tecnologia e para a atração de investimentos, incluindo as empresas globalizadas, além de reformas para a redução do custo tributário do produto nacional em relação ao importado e redução do custo de capital interno.

Valor %

Bens Intermediários 1.669 23,9 Bens de Capital 1.612 23,1 Bens de Consumo 3.710 53,1

Total 6.991 100,0

Redução de Importações em Itens Selecionados - Média de 2000/01 com

Relação a 1998

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE.

• Políticas industriais e de atração de investimentos, além de ações para equiparar o custos tributário e de capital do investimento interno com os custos do investimento realizado no exterior, são as principais medidas sugeridas nesse trabalho.

• O estudo também procurou identificar os casos de importações insensíveis à mudança cambial, que seriam em bens intermediários:

 trigo;

 produtos metalúrgicos não-ferrosos;  material elétrico;

 outros veículos e peças,

 resinas, adubos, tintas e artigos de plásticos;  produtos farmacêuticos e de perfumaria;  produtos químicos e petroquímicos  tecidos artificiais;

 produtos derivados da borracha;  equipamentos eletrônicos.

• Em bens de consumo:

 produtos farmacêuticos e de perfumaria;  óleos vegetais refinados.

• Em bens de capital:

 material eletroeletrônico;  material elétrico e partes;  peças para bens de capital.

• A análise das importações em 2002, quando estas acusaram expressiva queda, mostrou que a redução acumulada no período janeiro/setembro, de US$ 7,3 bilhões, contou com um recuo expressivo das importações de bens intermediários (US$ 4,3 bilhões) e, em menor escala, com a redução das

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compras externas de bens de capital (US$ 1,1 bilhões), combustíveis (US$ 1 bilhão) e bens de consumo (US$ 835 milhões). Esses números já indicam uma mudança importante na composição da redução das importações nesse ano com relação ao período 1999/01, quando bens de consumo lideraram as quedas verificadas nas importações.

• A primeira observação relevante quanto ao principal item de redução das importações em 2002, os bens intermediários, é que esta queda é iniciada não como resultado dos acontecimentos de 2002, mas ocorre já em 2001, a partir do terceiro trimestre desse ano.

• A segunda, é que podemos descartar de imediato dois relevantes segmentos de bens intermediários das possíveis causas do declínio das importações dessa categoria de uso. As compras externas de produtos intermediários químicos (excluído elementos químicos não petroquímicos) declinaram relativamente pouco (de US$ 4 bilhões para US$ 3,7 bilhões) entre 2001 e 2002. Em produtos intermediários farmacêuticos e de perfumaria, as importações aumentaram (de US$ 978 milhões para US$ 1.128 milhões) no mesmo período.

• O que os resultados da pesquisa mostram é que 6 segmentos explicam 77% da redução das importações de bens intermediários e 45% da queda total das importações brasileiras.

• Em “outros veículos e peças”, onde se destaca autopeças, mas inclui também itens como aviões e peças para a fabricação de aeronaves, o que explica a queda de importações é a redução da produção doméstica e das exportações de aeronaves. Em auto-peças, é possível a substituição, mas isso dependerá de decisões estratégicas das empresas globais que operam no setor e de decisões futuras de investimentos.

• Em equipamentos eletrônicos e material elétrico, a margem de substituição de importações é relativamente pequena se não houver uma política deliberada de atração de investimentos de grandes empresas globais e de ampliação dos investimentos de empresas que já atuam no setor. A redução de importações, que, nesses casos, inicia-se claramente já em 2001, não decorre tanto de fatores relacionados às variações cambiais de 2002, mas, sim, do fim de um ciclo de expansão muito vigoroso do setor de telecomunicações no Brasil entre os anos de 1998 e 2000, além da queda acentuada do setor de informática e do setor de eletrônica de consumo ocorrida desde 2001 com a crise de energia, o que deprimiu a demanda de importação.

• As importações de bens intermediários de equipamentos eletrônicos e material elétrico poderão permanecer baixas no próximos dois ou três anos, mas a condição disto é que os setores referidos acima continuem relativamente deprimidos.

• Quanto às importações de bens intermediários para a fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos e de produtos metalúrgicos não ferrosos, estas estão associadas à queda da demanda interna, com poucas chances de substituição de importações no primeiro caso.

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Importações no Periodo Jan./Set. - 2001 e 2002 - US$ Bilhões 43,0 24,9 13,2 3,7 3,6 1,8 1,6 1,5 1,0 2,7 2,6 4,0 1,2 5,8 25,4 2,6 1,3 6,4 3,2 0,6 19,0 7,5 35,7 9,9 1,0 0,8 2,9 20,6 1,3 4,8 2,4 1,4 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Total Bens Intermediários - Total 6 segmentos - Outros veículos e peças - Equipamentos eletrônicos - Material elétrico - Elem. químicos não petroq. - Fab. e manut. de máq. e equip. - Prod. metalúrgicos não ferrosos Bens de Capital - Fab. e manut. de máq. e equip. - Equipamentos eletrônicos Bens de Consumo - Automóveis Combustíveis Total 10 Segmentos Inc. Comb.

2001 2002

Participação (em %) na Redução de Importações Entre Jan./Set. de 2001 e Jan./Set. de 2002 - US$ Bilhões (Redução das Importações no Período: US$ 7,3 bilhões ou 17%)

100 59 45 11 13 11 4 3 3 16 4 16 11 8 13 87 0 20 40 60 80 100 Total Bens Intermediários - Total 6 segmentos - Outros veículos e peças - Equipamentos eletrônicos - Material elétrico - Elem. químicos não petroq. - Fab. e manut. de máq. e equip. - Prod. metalúrgicos não ferrosos Bens de Capital - Fab. e manut. de máq. e equip. - Equipamentos eletrônicos Bens de Consumo - Automóveis Combustíveis Total 10 Segmentos Inc. Comb.

• A conclusão é que em bens intermediários há espaço para a substituição de importações e que a desvalorização cambial de 2002 é forte incentivo para que o processo seja desencadeado. Porém, a condição fundamental continua sendo a realização de investimentos que ainda não estão em curso, a atração de empresas globais e a execução de políticas setoriais (como por exemplo, para os setores de química, farmacêutica, eletrônica e material elétrico). Caso contrário,

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as importações retomarão o curso anterior a 2001, certamente não de forma imediata se a economia recuperar o crescimento, mas com um retardo de dois ou três anos devido à retração de setores como os que foram assinalados. É neste período de “trégua” de importações de bens intermediários que podem atuar as políticas mencionadas, cujo alcance é de médio prazo.

• Um outro fato revelado pela pesquisa é que em bens de consumo, se forem excluídas as importações de automóveis, não ocorreu significativa redução de importações em 2002, a despeito da enorme desvalorização cambial. De fato, entre 2001 e 2002 (períodos de janeiro a setembro) as importações de bens de consumo caíram de US$ 4 bilhões para US$ 3,2 bilhões, uma queda que em quase toda a sua totalidade é explicada pela redução de automóveis (de US$ 1,2 bilhões para US$ 0,6 bilhões). Isso indica que as importações de bens de consumo, que sofreram grandes reduções quando das desvalorizações de 1999 e 2001 e onde se processara uma intensa substituição de importações, “estão no osso”, de forma que, salvo em automóveis, não há mais ou há pouco espaço para substituição de importações.

• Finalmente, em bens de capital, onde também em rodadas anteriores de desvalorizações cambiais houve substituição de importações, há perspectivas de que o processo tenha continuidade, exceto em equipamentos eletrônicos classificados nessa categoria, onde as mesmas políticas recomendadas para bens intermediários se fazem necessárias.

• A análise foi aprofundada para setores selecionados:  material eletroeletrônico;

 automóveis, caminhões e ônibus e autopeças;  químicos diversos;

 produtos farmacêuticos e perfumaria;  têxtil;

 bens de capital.

• O setor de material eletroeletrônico é um setor chave na dinâmica das importações brasileiras, seja por sua elevada participação no total, seja pela grande rigidez demonstrada após 1999. Os dados confirmam a tendência de crescimento das importações após 1996, indicando que o consumo de material eletroeletrônico importado pela indústria nacional foi crescente no período. Este setor, que representava cerca de 10% das importações brasileiras em 19892, em 2001 foi responsável por 16% do total importado.

• Após 1999, o valor importado de material eletroeletrônico volta a crescer de maneira substantiva, atingindo o máximo de US$ 8,3 bilhões em 2000, o que corresponde a 17,6% das importações totais. Isso mostra que, passada a desvalorização cambial e com a retomada dos níveis de atividade, esse setor retomou as importações em ritmo muito superior ao restante da indústria de transformação.

2

(12)

• Convém observar que parte da elevação dos valores importados no biênio 2000-01 pode ser explicada pela necessidade de cumprimento de metas por parte das operadoras de telefonia fixa e celular. Essa constatação tem por implicação que, uma vez cumpridas as metas do setor, as importações tenderam a reduzir-se para o nível de 1997. Como já se observou, a partir de 2001 (sobretudo no segundo semestre) caiu a importação do setor, porém sem evidências de substituição de importações.

• A análise para o setor automotivo abrange o segmento de “automóveis, caminhões e ônibus” e de “outros veículos, peças e acessórios”. As importações de bens intermediários de “outros veículos e peças” cresceram no período 1995-2001, enquanto as importações de “automóveis, caminhões e ônibus”, classificadas como bens de consumo, se reduziram significativamente após 1998.

• A evolução das importações do setor automotivo na segunda metade da década pode ser dividida em dois períodos. Entre 1995 a 1999 é implementado o regime automotivo e aumenta o comércio intra-indústria no âmbito do Mercosul. O período de 1999 a 2001 é marcado por uma grande instabilidade, iniciada com a crise cambial e potencializada pela crise Argentina. Após a desvalorização cambial, as importações de veículos se estabilizaram em torno de US$ 2 bilhões. As importações de autoveículos chegaram a representar 34% das importações totais de bens de consumo em 1995; desde então a participação vem se reduzindo, atingindo cerca de 27% em 2001.

• No período de 1995 a 2001, as importações de outros veículos e peças aumentaram constantemente, com pequena interrupção apenas em 1999. Após a desvalorização, o valor importado voltou a superar o nível verificado em 1998, ficando, contudo, praticamente estável em torno de US$ 5,2 bilhões.

• Para captar a importação de autopeças, foram obtidas informações junto ao Sindipeças e ao Ministério do Desenvolvimento (MDIC). A nova classificação de autopeças (autopeças, chassis e pneumáticos), que inclui também importações de setores como plásticos, mecânica e outros, registra importações de US$ 5,2 bilhões em 1998, antes da desvalorização. Após a desvalorização houve uma queda acentuada em torno de US$ 1,2 bilhão no valor importado anual, devido mais à retração do nível de atividade do que à desvalorização. No máximo teria ocorrido uma pequena substituição de importações em autopeças. As novas desvalorizações cambiais de 2001/2002, podem ampliar esse processo.

• A evolução das importações “produtos químicos diversos” sugere que a tendência observada na primeira metade da década se manteve na segunda. As importações, que somaram US$ 721 milhões em 1989, subiram para US$ 1,8 bilhão em 1996, saltando no ano seguinte para cerca de US$ 2,3 bilhões. De 1998 em diante as importações se estabilizaram em torno a US$ 2,5 bilhões, mesmo após a desvalorização cambial. A participação do setor nas importações totais cresceu de 3,5% em 1995 para 5,5% em 2001.

• O setor de “produtos farmacêuticos e de perfumaria” também apresentou uma mudança significativa de importações ao longo da segunda metade dos anos 90. Este segmento apresenta a peculiaridade de compreender, além de bens

(13)

intermediários, produtos destinados diretamente ao consumo. As importações classificadas como bens intermediários mostraram grande estabilidade após 1996, situando-se em torno de US$ 1,3 bilhão até 2001. Esse é um caso de importações insensíveis à variação cambial que ocorreu no triênio 1999-2001. As importações classificadas na categoria de bens de consumo mostraram um grande crescimento em relação ao nível pré-abertura. Seguindo a tendência das importações de bens intermediários, as importações totais de produtos farmacêuticos se estabilizaram entre US$ 2,2 bilhões e US$ 2,5 bilhões a partir de 1997. Como conseqüência destes fatores, a participação dos “produtos farmacêuticos” nas importações totais, que foi de 4,3% em 1996 chegou a 5,3% em 2001, após alcançar 6% em 1999.

• As importações de produtos têxteis, que compreendem em sua maioria bens intermediários, aumentaram expressivamente entre 1989 e 1996/97 (de US$ 376 milhões para US$ 1,8 bilhão), representando 4,4% das importações totais (2,9% em 1989). Note-se que essa participação superou a de produtos farmacêuticos. A observação relevante é que já em 1999 a importação de produtos têxteis começou a declinar, atingindo US$ 950 milhões no final do período, indicando a ocorrência de substituição de importações. Mesmo assim, o valor importado em 2001 foi quase três vezes superior às importações em 1989.

• Três comentários importantes podem ser retirados das análises setoriais:  Para todos os setores selecionados (exceção para o setor de produtos têxteis), a evolução das importações totais e de bens intermediários entre 1996 e 1999 seguiu a tendência de crescimento da primeira metade da década.

 Embora a mudança da política cambial em 1999 tenha levado à redução das importações da maioria dos setores, verificou-se que esse efeito foi limitado, de forma que com o reaquecimento da economia no biênio 2000-01 as importações voltaram a elevar-se, com as exceções já registradas.  Essas constatações são evidências que confirmam a hipótese de que a reestruturação industrial que acompanhou a abertura comercial introduziu um forte componente estrutural nas importações; componente expresso no elevado nível e rigidez das importações de bens intermediários e segmentos de bens de capital.

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As Importações no Período 1995-2001

As Importações, Segundo as Categorias de Uso

A análise aqui feita utiliza dados da Secex. As informações básicas estão classificados por produto pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), mas foi possível agregá-los por categoria de uso, através da Classificação de Grandes Categorias Econômicas3 (CGCE). Para isso foi utilizado um tradutor NCM-CGCE fornecido pelo IBGE. Essa nomenclatura permite classificar os produtos importados segundo sua destinação econômica: bens de consumo, bens intermediários ou bens de capital4.

Os dados estão disponíveis para 1989, o ano anterior ao processo de abertura comercial, e para o período 1995/2002. Nessa seção a análise irá até o ano 2001. Na seguinte, serão tratadas as mudanças em 2002, com base também em dados que seguem a mesma metodologia.

A primeira observação relevante diz respeito ao impacto da abertura sobre as importações brasileiras. Estas evoluem de US$ 13,7 bilhões em 1989 (não incluindo as importações de combustíveis) para US$ 48 bilhões em 2001, mais de três vezes e meia o valor inicial. O auge das importações ocorreu em 1997 (US$ 54 bilhões), caindo nos dois anos subseqüentes, em função da retração da economia entre meados de 1998 e 1999 e da desvalorização cambial em 1999. Após atingir o nível mais baixo desde 1995 (US$ 43,7 bilhões), voltam a crescer no biênio 2000-01, devido ao maior crescimento econômico. Em 2002, sofrem nova queda acentuada.

A análise do ponto de vista das categorias de uso destaca a participação dos bens intermediários na pauta de importação. Em 1989, sua participação já era grande, fato explicado em parte pela estrutura tarifária vigente à época, que adotava uma escala crescente de acordo com o grau de elaboração do produto importado (bens intermediários, bens de capital e bens de consumo). Importante notar que em 2000-01 as importações de intermediários superaram em valor o pico de importações verificado em 1997, atingindo cerca de US$ 32 bilhões. Essa elevação se deu mesmo após as significativas desvalorizações cambiais ocorridas em 1999 e em 2001. Em 2002, a redução das importações de bens intermediários constituiriam a principal causa da grande queda das importações totais brasileiras nesse ano.

3 Ver lista das categorias em anexo.

4 A CGCE foi agregada em categorias de uso da seguinte forma: (i) Bens Intermediários: insumos

industriais elaborados e básicos; peças e acessórios para bens de capital; peças para equipamentos de transporte; alimentos e bebidas básicos e elaborados destinados à indústria. (ii) Bens de Consumo: bens de consumo duráveis, semi-duráveis e não duráveis; automóveis de passageiros; alimentos e bebidas básicos e elaborados destinados ao consumo doméstico. (iii) Bens de Capital: bens de capital. (iv) Material de Transporte: equipamento de transporte industrial e não industrial.

(15)

1989 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Var. PIB Industrial 2,9 2,1 3,1 (3,4) (2,6) 5,4 0,6

Bens Intermed. 9.822,2 27.710,9 31.472,4 30.450,2 27.719,6 32.223,7 31.711,1 Bens de Capital 2.180,3 9.319,3 11.669,9 10.807,3 8.827,9 8.546,9 10.124,9 Bens de Consumo 1.504,0 7.651,0 8.975,5 9.015,9 5.824,9 5.435,9 5.248,0 Mat. Transp. Industrial 130,5 1.005,9 1.766,6 1.892,3 1.315,0 1.271,0 866,0 Total 1 13.715,3 45.771,9 53.988,1 52.251,2 43.687,4 47.599,4 48.013,3

(%) Contrib.2

Bens Intermed. 61,7 63,8

Bens de Capital 20,0 23,2

Bens de Consumo 15,2 10,9

Mat. Transp. Industrial 2,8 2,1

Total 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE. Notas: 1 Não inclui importações de combustíveis e lubrificantes.

2

Contribuição das categorias na variação das importações totais entre 1989-2001.

51.103,4

Importações Brasileiras por Categoria de Uso - 1995-2001 - em US$ Milhões

1995 Acumulado 1995-2001 9.303,9 335.211,9 2,0 25.700,3 7.896,6 8.952,1 1.187,2 43.900,6 206.988,2 67.192,8

A participação dos bens intermediários na pauta de importações pode ser ilustrada considerando-se que, entre 1995 e 2001, esses produtos responderam por US$ 207 bilhões dos US$ 335 bilhões de importações acumuladas no período, o equivalente a 62%.

A propósito, as importações de bens de capital, o segundo mais relevante item segundo as categorias de uso, após atingirem um valor máximo em 1998, têm queda no biênio 1999-2000, retomando com vigor em 2001, quando somam US$ 10 bilhões. De acordo com a metodologia utilizada, verifica-se que, de 1995 a 2001, o país importou cerca de US$ 67 bilhões de bens de capital (20% do total).

As categorias de material de transporte industrial e bens de consumo foram as que apresentaram redução do valor importado compatível com a mudança no câmbio. Em ambos os casos, as importações caíram após atingirem o máximo de importações em 1998. Para bens de consumo a redução foi muito significativa5: de US$ 9 bilhões para uma média de US$ 5,3 bilhões no biênio 2000-01, um recuo de 41%.

Essas constatações são importantes. Os dados mostram que o aumento do consumo intermediário importado foi mantido para além do período pós-mudança da política cambial em 1999. Mais ainda, o valor dessas importações voltou a aumentar com a retomada do crescimento industrial em 2000 e primeira metade de 2001, superando o recorde de importações registrado em 1997. Isso significa dizer que, ao contrário do esperado por diversos analistas, não ocorreu uma redução das necessidades de importações de partes, peças e componentes após a realização dos investimentos em modernização e ampliação da capacidade instalada nos anos 90, mesmo após a correção dos preços relativos.

5 Apesar da redução do valor importado de bens de consumo após a desvalorização cambial de 1999,

(16)

Quem Reagiu À Mudança Cambial?

Essas conclusões correspondem a uma análise agregada das categorias de uso. Uma abordagem mais pormenorizada mostra que, mesmo em categorias de bens intermediários, houve significativa redução de importações em determinados segmentos após a desvalorização cambial de 1999, as quais não voltaram a crescer mesmo com a recuperação da economia em 2000 e primeira metade de 2001.

Nesses casos, pode ter ocorrido a substituição de importações. Vamos analisar separadamente as importações de bens intermediários, bens de consumo e bens de capital.

Bens Intermediários

Como foi observado, as importações de bens intermediários aumentaram desde a mudança cambial, numa indicação que esse segmento como um todo foi “insensível” à mudança da política cambial de 1999. Ainda assim, em diversos casos pode ter ocorrido significativa substituição de importações.

Para um grupo selecionado de bens intermediários, as importações caíram de US$ 6,8 bilhões em 1998 para US$ 5 bilhões em 1999. Apesar da recuperação da economia e do aumento das importações totais de bens intermediários em 2000 e 2001, as importações desse grupo não voltaram a crescer significativamente. Somaram US$ 5,3 bilhões e US$ 5,1 bilhões nesses dois anos.6

De fato, em vários itens, a queda de importações foi significativa e permaneceu após a recuperação do crescimento em 2000/2001, como em:

 produtos minerais não metálicos;  produtos metalúrgicos;

 fios têxteis e tecidos naturais (algodão);  papel, celulose e papelão;

 e, entre os bens intermediários para a indústria de alimentos:  arroz;

 farinha de trigo;  óleos vegetais.

6 Esse grupo inclui: Prod. minerais não met., Laminados de aço, Outros prod. Metalúrgicos, Fab.e

manut. de máq. e equip., Madeira e mobiliário, Papel, cel., papelão e artef., Fios têxteis naturais, Tecidos naturais, Outros produtos têxteis, Arroz beneficiado, Farinha de trigo, Outros produtos veg. Benef., Carne bovina, Óleos vegetais em bruto, Óleos vegetais refinados.

(17)

Os gráficos a seguir, mostram a evolução das importações desses segmentos que foram “sensíveis” à desvalorização cambial.

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 Itens Selecionados 5.190 5.616 6.891 6.779 4.998 5.311 5.110 TOTAL 25.700 27.711 31.472 30.450 27.720 32.224 31.711 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500

Prod. minerais não met. 346 379 440 411 312 331 339

Laminados de aço 306 305 455 562 356 440 497

Outros prod. metalúrgicos 558 697 1.081 1.093 749 794 867

Fab.e manut. de máq. e equip. 1.389 1.419 1.880 1.956 1.594 1.712 1.888

(18)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 200 400 600 800 1.000 1.200 Madeira e mobiliário 81 119 195 179 128 150 127

Papel, cel., papelão e artef. 985 895 938 949 753 892 722

Fios têxteis naturais 704 950 873 569 418 385 136

Tecidos naturais 148 98 92 52 33 32 32

Outros produtos têxteis 144 185 235 209 177 184 145

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 50 100 150 200 250 300 Arroz beneficiado 27 46 94 245 157 75 78 Farinha de trigo 31 59 108 70 42 41 37

Outros produtos veg. Benef. 172 177 173 147 83 90 81

Carne bovina 28 36 37 45 37 30 28

Óleos vegetais em bruto 214 208 228 212 121 98 103

Óleos vegetais refinados 59 43 60 80 39 57 30

(19)

Ao lado desses segmentos, cujas importações reagiram à mudança cambial, outros não experimentaram essa reação. Inclusive em alguns casos relevantes, concorreram para elevar as importações de bens intermediários quando a economia voltou a crescer.

Os casos em que as importações não foram reduzidas ou aumentaram, foram:  trigo;

 produtos metalúrgicos não-ferrosos;  material elétrico;

 outros veículos e peças,

 resinas, adubos, tintas e artigos de plásticos;  produtos farmacêuticos e de perfumaria;  produtos químicos e petroquímicos  tecidos artificiais;

 produtos derivados da borracha;  equipamentos eletrônicos.

Nesses casos, certamente não houve substituição de importações, ou se houve (como em artigos de plástico) foi em relativo pequeno montante. Em geral, aqui foram fatores estruturais poderosos que impediram que a substituição de importações decorresse da mera mudança de preços relativos provocada pelas desvalorizações cambiais. São fatores relacionados à escala de produção, acesso à tecnologia e custos tributário e de capital, cuja superação é difícil e pressupõe políticas industriais específicas voltadas, sobretudo, para a área de tecnologia e para a atração de investimentos de grandes empresas, incluindo as empresas globalizadas, além de reformas tanto para a redução do custo tributário do bem produzido em território nacional em relação ao estrangeiro, quanto para a redução do custo de capital interno.

Note-se que as importações de equipamentos eletrônicos caíram significativamente em 2001, porém, não como resultado de uma substituição de importações, mas, sim, devido ao fim de um ciclo de expansão muito forte em telecomunicações, o qual se esgotou nesse ano, e à retração em outros segmentos demandantes de importações como os de informática e bens eletrônicos de consumo. O tema será retomado.

(20)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 Trigo em grão 914 1.283 882 828 832 865 872 Milho em grão 136 46 68 182 79 177 60 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000

Prod. Metal. não ferrosos 1.035 904 1.175 1.145 1.032 1.225 1.227

Material elétrico 1.211 1.327 1.667 1.697 1.505 1.750 2.154

Equip. eletrônicos 2.952 3.371 3.642 3.371 3.770 5.354 4.483

Outros veíc. e peças 2.685 3.207 4.025 4.085 3.948 4.409 4.609

(21)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500

Elem. Quím. não petroq. 1.792 1.825 2.028 2.019 1.922 1.961 2.086

Prod. petroq. básicos 1.047 1.051 1.119 1.091 1.042 1.312 1.234

Resinas 1.242 1.279 1.324 1.295 1.169 1.531 1.461

Adubos 596 783 937 885 786 1.104 1.112

Tintas 400 405 459 475 460 470 467

Outros prod. Quím. 548 623 939 1.061 1.048 1.027 1.077

Produtos farm. e de perf. 1.060 1.219 1.283 1.262 1.347 1.243 1.331

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Prod. deriv. da borracha 700 672 786 776 606 748 727

Artigos de plástico 535 584 654 676 590 622 607

Tecidos artificiais 457 243 249 253 204 281 286

(22)

Bens de Consumo

Foi em bens de consumo que ocorreu de forma generalizada e acentuada a redução das importações e no qual há sinais mais claros de substituição de importações.

Para um conjunto selecionado de itens de bens de consumo7, as importações caíram nada menos do que 50% entre 1999 e 2001 (de US$ 7,5 bilhões em 1998 para uma média de US$ 3,6 bilhões em 2000/01). Foram esses itens que lideraram a queda global das importações de bens de consumo que atingiu 42%.

Destacam-se:

 equipamentos eletrônicos (eletrônica de consumo);  automóveis;

 papel, papelão e artefatos de papel;

 artigos de vestuário e outros produtos têxteis;  produtos de couro e calçados;

 produtos de madeira e mobiliário;

 e bens alimentícios, como arroz beneficiado, carne bovina, laticínios.

As importações de bens de consumo que não caíram significativamente ou aumentaram no período, foram: produtos farmacêuticos e de perfumaria e óleos vegetais refinados.

7

Esse grupo inclui: Outros produtos agropecuários; Equipamentos eletrônicos; Automóveis, caminhões e ônibus; Madeira e mobiliário; Papel, celulose, papelão e artefatos;, Artigos de plástico; Outros produtos têxteis; Artigos do vestuário; Produtos de couro e calçados; Arroz beneficiado; Outros produtos vegetais beneficiados;, Carne bovina; Leite beneficiado; Outros laticínios; Outros produtos alimentares, inclusive rações; Bebidas; Produtos diversos.

(23)

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 Itens Selecionados 7.975 6.405 7.497 7.449 4.171 3.900 3.738 TOTAL 8.952 7.651 8.976 9.016 5.825 5.436 5.248 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 Equipamentos eletrônicos 488 334 294 217 134 103 99 Autom., caminhões e ôn. 3.040 1.560 2.465 2.659 1.214 1.211 1.405

Papel, celul., papelão e artef. 290 379 440 376 237 241 214

(24)

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões 0 50 100 150 200 250 300 350 Madeira e mobiliário 67 79 84 88 42 34 28 Artigos de plástico 38 44 41 31 19 21 19

Outros produtos têxteis 152 153 203 167 95 89 94

Artigos do vestuário 274 277 311 273 160 144 152

Prod. de couro e calç. 237 235 236 143 74 71 81

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Arroz beneficiado 205 223 215 348 118 58 58

Outros prod. Veg. benef. 251 270 326 348 257 212 196

Carne bovina 199 208 233 197 96 128 70

Out. prod. alim. Incl. rações 675 769 753 765 455 414 353

(25)

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Leite benef. 387 346 332 375 347 284 120 Outros laticínios 209 148 118 112 72 66 37 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões

0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400

Prod. farmac. e de perf. 513 736 959 1.129 1.281 1.186 1.206

Óleos veg. refinados 52 85 84 73 87 74 50

(26)

• Bens de capital

Em bens de capital, a redução das importações no segmento de fabricação de máquina e equipamentos e de tratores após a mudança da política cambial sugere que nesses segmentos pode ter ocorrido uma substituição de importações (ver os gráficos a seguir). As observações complementares são que:

 a substituição de importações nesse segmento foi acompanhada de aumento da importação de partes e peças (um item de bem intermediário) para bens de capital;

 em material elétrico e equipamentos eletrônicos classificados como bens de capital não há indício de substituição de importações.

Importações de Bens de Capital - US$ Milhões

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000

Imp. de bens de cap. 7.897 9.319 11.670 10.807 8.828 8.547 10.125

Imp. de peças p/ bens de cap. 5.476 5.911 7.031 6.934 6.801 8.638 8.098

(27)

Importações de Bens de Capital - US$ Milhões 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000

Fabr. manutenção de máquinas e equip. 3.981 4.512 5.643 4.793 4.003 3.321 3.640

Tratores e máquinas terraplanagem 106 88 198 197 100 57 71

Material elétrico 794 871 1.218 1.389 1.166 962 1.631

Equipamentos eletrônicos 1.959 2.630 3.213 3.008 2.465 2.937 3.229

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Convém fazer um balanço geral dos itens que destacamos como segmentos de importações “sensíveis”. Considerando a média de importações nos anos em que a economia voltou a crescer, ou seja, 2000/2001, tendo 1998 como ano base, a redução de importações desses segmentos foi de US$ 3,7 bilhões em bens de consumo, US$ 1,7 bilhões em bens intermediários e US$ 1,6 bilhões em bens de capital. O total, que eqüivale a US$ 7,0 bilhões, pode servir de valor base para a substituição de importações ocorrida após a mudança da política cambial em 1999. Convém sublinhar que esse valor, no qual desponta o segmento de bens de consumo, não inclui o ano de 2002, que é objeto das considerações a seguir.

Valor %

Bens Intermediários 1.669 23,9 Bens de Capital 1.612 23,1 Bens de Consumo 3.710 53,1

Total 6.991 100,0

Redução de Importações em Itens Selecionados - Média de 2000/01 com

Relação a 1998

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE.

(28)

As Importações em 2002

Em 2002, o declínio das importações brasileiras foi o destacado fator para que o saldo comercial brasileiro registrasse aumento tão expressivo. O saldo comercial passou de US$ 1,2 bilhões entre janeiro e setembro de 2001 para US$ 7,9 bilhões no mesmo período de 2002, um aumento em valor de US$ 6,7 bilhões. A queda das importações, de US$ 7,3 bilhões (ou 17%), mais do que compensou o declínio das exportações. A análise das importações em 2002, tem, portanto, um significado todo especial, particularmente, em torno às seguintes questões:

 Em que segmentos a queda das importações foi mais intensa?

 Essa redução das importações corresponde à grande desvalorização da moeda nacional ocorrida em 2002 (entre janeiro e setembro de 2002, a desvalorização nominal da moeda frente ao dólar alcançou 41%) e à estagnação da economia ou está refletindo mudanças mais profundas na economia? Em outras palavras, é sustentável essa redução de importações em um quadro de maior crescimento da economia e recuo da cotação do dólar?  Em especial, a queda das importações em 2002 reflete um processo em curso

de substituição de importações?

Uma análise preliminar mostra que a retração acumulada no período, de US$ 7,3 bilhões, contou com um recuo expressivo das importações de bens intermediários (US$ 4,3 bilhões) e, em menor escala, de bens de capital (US$ 1,1 bilhões), combustíveis (US$ 1 bilhão) e bens de consumo (US$ 835 milhões).

Esses números já indicam uma mudança importante na composição da redução das importações nesse ano com relação ao período 1999/01, quando bens de consumo lideraram as quedas verificadas nas importações.

Uma outra observação relevante diz respeito ao principal item de redução das importações em 2002, os bens intermediários: os dados mostram que esta queda foi iniciada não como resultado dos acontecimentos de 2002, mas sim em 2001, a partir do terceiro trimestre desse ano (ver os gráficos abaixo8.

Podemos descartar de imediato dois relevantes segmentos de bens intermediários das possíveis causas para o declínio das importações dessa categoria de uso. Como se pode observar nos dois primeiros gráficos a seguir, as compras externas de produtos intermediários químicos (excetuando-se elementos químicos não petroquímicos) declinou relativamente pouco (de US$ 4 bilhões para US$ 3,7 bilhões) entre 2001 e 2002. Em produtos intermediários farmacêuticos e de perfumaria, as importações aumentaram (de US 978 milhões para US$ 1.128 milhões) no mesmo período.

O que os resultados da pesquisa mostram é que 6 segmentos explicam 77% da redução das importações de bens intermediários e 45% da queda total das importações em 2002.

8 O aumento das importações no terceiro trimestre de 2002 deve ser tomado com reservas. Em julho,

as importações foram particularmente elevadas em função do fim de uma greve na alfândega. Assim, uma parte das importações nesse mês correspondem de fato a importações dos meses anteriores.

(29)

Importações no Periodo Jan./Set. - 2001 e 2002 - US$ Bilhões 43,0 24,9 4,0 7,5 0,7 5,8 0,3 20,6 6,4 0,5 4,8 0,1 3,2 35,7 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Total Bens Intermediários Bens de Consumo Bens de Capital Material de Transporte

Combustíveis Não especificados

Importações - US$ Milhões

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 Bens Intermmediários 8.290 8.349 8.247 6.677 6.316 6.632 7.663 Bens de Consumo 1.376 1.385 1.279 1.219 1.058 1.060 1.087 Bens de Capital 2.483 2.594 2.450 2.567 1.982 1.948 2.457 Combustíveis 1.980 1.906 1.914 1.768 1.273 1.742 1.835 Total 14.430 14.471 14.066 12.440 10.863 11.585 13.214 2001 - I 2001 - II 2001 - III 2002 - IV 2002 - I 2002 - II 2002 - III

(30)

Em outros veículos e peças, no qual se destaca o ramo de autopeças, mas inclui também itens como aviões e peças para a fabricação de aeronaves, a queda das importações é explicada pela redução da produção doméstica e das exportações de aeronaves. Em autopeças, é possível a substituição, mas isso dependerá de decisões estratégicas das empresas globais que operam no setor e de decisões futuras de investimentos.

Em equipamentos eletrônicos e de material elétrico, a margem de substituição de importações é relativamente pequena caso não haja uma política deliberada de atração de investimentos de grandes empresas globais e de ampliação dos investimentos de empresas nacionais do setor. A redução de importações, que, nesses casos, inicia-se claramente já em 2001, não decorre tanto de fatores relacionados às variações cambiais, mas, sim, do fim de um ciclo de expansão muito vigoroso do setor de telecomunicações no Brasil entre os anos de 1998 e 2000, além da queda acentuada dos setores de informática e de eletrônica de consumo desde 2001, deprimindo a demanda de bens importados. As importações de bens intermediários desses segmentos poderão permanecer baixas no próximo ano e, talvez, em 2004, mas a condição para tanto é que os setores referidos acima continuem relativamente deprimidos.

Quanto às importações de bens intermediários para a fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos e de produtos metalúrgicos não ferrosos, estas estão associadas à queda da demanda interna, com poucas chances de substituição de importações no primeiro caso.

A conclusão é que em bens intermediários há espaço para a substituição de importações e que a desvalorização cambial de 2002 é forte incentivo para que o processo seja desencadeado.

Porém a condição fundamental continua sendo a realização de investimentos que ainda não estão em curso, a atração de empresas globais e a execução de políticas setoriais (como por exemplo, para os setores de química, farmacêutica, eletrônica e material elétrico). Caso contrário, as importações retomarão o curso anterior a 2002, certamente não de forma imediata se a economia recuperar o crescimento, mas com um retardo de dois ou três anos devido à retração de setores como os que foram assinalados.

É neste período de “trégua” de importações de bens intermediários que podem atuar as políticas mencionadas, cujo alcance é de médio prazo.

Um outro fato revelado pela pesquisa é que, em bens de consumo, se forem excluídas as importações de automóveis, não ocorreu significativa redução de importações a despeito da enorme desvalorização cambial. De fato, entre 2001 e 2002 (períodos de janeiro a setembro), as importações de bens de consumo caíram de US$ 4 bilhões para US$ 3,2 bilhões, uma queda explicada em quase toda a sua totalidade pela redução de automóveis (de US$ 1,2 bilhões para US$ 0,6 bilhões). Isso indica que as importações de bens de consumo, que sofreram grande declínio nas desvalorizações de 1999 e 2001 – período em que se processara uma intensa substituição de importações – “estão no osso”. Dessa forma, salvo em automóveis, não há mais espaço para substituição de importações.

(31)

Importação de Bens Intermediários - Jan./Set. - 2001 e 2002 - US$ Milhões 4.028 978 3.695 1.128 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000

Química* Produtos farmacêuticos e de perfumaria

2001 2002

*Petoq. Básica, adubos, resinas, tintas, outros produtos químicos.

Importação de Bens Intermediários - Jan./Set. - 2001 e 2002 - US$ Milhões

3.718 3.595 1.801 1.579 1.494 983 9.881 2.908 2.641 1.000 1.306 1.255 771 13.171 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 11.000 12.000 13.000 14.000 Total 6 segmentos

Outros veículos e peças

Equipamentos eletrônicos

Material elétrico

Elem. químicos não petroq.

Fab. e manut. de máq. e equip.

Prod. metalúrgicos não ferrosos

(32)

Finalmente, em bens de capital, no qual também em rodadas anteriores de desvalorizações cambiais houve substituição de importações, há perspectivas de continuidade desse processo, exceto para os equipamentos eletrônicos classificados nessa categoria. Nesse último caso, as mesmas políticas recomendadas para bens intermediários se fazem necessárias.

A conclusão geral é que a forte queda das importações em 2002 reflete, sem dúvida, a estagnação da economia e a escalada da desvalorização do real em 2002. Mas tiveram efeito significativo sobre as importações o desempenho de alguns setores econômico, altamente demandantes de importações, como os setores de telecomunicações, informática e eletrônica de consumo.

Devido ao estímulo da mudança de preços relativos – o grande encarecimento dos produtos importados devido à desvalorização cambial – a substituição de importações será incentivada. Bastará o incentivo cambial para que ela ocorra em alguns segmentos. Mas em outros, que constituem a maioria, especialmente nos segmentos de bens intermediários, será necessária a complementação através de políticas para incentivar investimentos e atrair empresas, incluindo grandes empresas globais.

Segundo as evidências reunidas na pesquisa, a substituição de importações mais “fácil”, em bens de consumo, já se esgotou com exceção do segmento de automóveis.

Importações no Periodo Jan./Set. - 2001 e 2002 - US$ Bilhões

43,0 24,9 13,2 3,7 3,6 1,8 1,6 1,5 1,0 2,7 2,6 4,0 1,2 5,8 25,4 2,6 1,3 6,4 3,2 0,6 19,0 7,5 35,7 9,9 1,0 0,8 2,9 20,6 1,3 4,8 2,4 1,4 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Total Bens Intermediários - Total 6 segmentos - Outros veículos e peças - Equipamentos eletrônicos - Material elétrico - Elem. químicos não petroq. - Fab. e manut. de máq. e equip. - Prod. metalúrgicos não ferrosos Bens de Capital - Fab. e manut. de máq. e equip. - Equipamentos eletrônicos Bens de Consumo - Automóveis Combustíveis Total 10 Segmentos Inc. Comb.

(33)

Participação (em %) na Redução de Importações Entre Jan./Set. de 2001 e Jan./Set. de 2002 - US$ Bilhões (Redução das Importações no Período: US$ 7,3 bilhões ou 17%)

100 59 45 11 13 11 4 3 3 16 4 16 11 8 13 87 0 20 40 60 80 100 Total Bens Intermediários - Total 6 segmentos - Outros veículos e peças - Equipamentos eletrônicos - Material elétrico - Elem. químicos não petroq. - Fab. e manut. de máq. e equip. - Prod. metalúrgicos não ferrosos Bens de Capital - Fab. e manut. de máq. e equip. - Equipamentos eletrônicos Bens de Consumo - Automóveis Combustíveis Total 10 Segmentos Inc. Comb.

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 100 200 300 400 500 600

Produtos minerais não metálicos 90 95 87 66 68 73 79

Laminados de aço 123 131 118 124 104 79 96

Produtos metalúrgicos não ferrosos 361 318 304 243 262 239 270

Outros produtos metalúrgicos 231 233 226 198 187 209 265

Fab. e manut. de máquinas e equipamentos

489 510 495 395 382 416 457

(34)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 50 100 150 200 250 Madeira e mobiliário 34 38 33 22 21 29 30

Papel, celulose, papelão e artefatos 212 192 167 148 148 143 150

Fios têxteis naturais 48 44 22 21 19 26 21

Outros produtos têxteis 46 37 34 28 29 27 31

2001 - I 2001 - II 2001 - III 2002 - IV 2002 - I 2002 - II 2002 - III

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Arroz beneficiado 26 7 17 28 24 13 10

Outros produtos vegetais beneficiados 23 17 22 20 21 29 27

Óleos vegetais em bruto 25 19 21 35 38 33 39

(35)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 50 100 150 200 250 300 Trigo em grão 244 222 238 168 216 214 242 Soja em grão 13 34 38 54 29 42 55 2001 - I 2001 - II 2001 - III 2002 - IV 2002 - I 2002 - II 2002 - III

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400

Produtos metalúrgicos não ferrosos 361 318 304 243 262 239 270

Material elétrico 558 645 598 353 310 305 385

Equipamentos eletrônicos 1.327 1.259 1.009 886 740 923 978

Outros veículos e peças 1.211 1.333 1.174 890 935 930 1.043

(36)

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões 0 100 200 300 400 500 600 700

Elementos químicos não petroquímicos 489 490 601 473 428 402 477

Produtos petroquímicos básicos 319 290 332 285 236 236 299

Resinas 399 385 362 315 325 357 388

Adubos 164 171 427 349 130 218 411

Tintas 133 116 111 107 93 109 110

Outros produtos químicos 237 241 341 251 249 215 318

Produtos farmacêuticos e de perfumaria 282 338 357 287 340 389 398

2001 - I 2001 - II 2001 - III 2002 - IV 2002 - I 2002 - II 2002 - III

Importações de Bens Intermediários - US$ Milhões

0 50 100 150 200 250

Produtos derivados da borracha 196 208 182 140 178 193 194

Artigos de plástico 162 156 152 137 132 143 149

Tecidos naturais 10 8 8 7 7 6 6

Fios têxteis artificiais 99 93 82 79 83 85 80

(37)

Importações de Bens de Capital - US$ Milhões 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000

Fab. e manut. de máquinas e equipamentos

940 876 911 906 820 737 841

Material elétrico 227 418 378 609 276 419 763

Equipamentos eletrônicos 922 890 751 653 495 442 425

2001 - I 2001 - II 2001 - III 2002 - IV 2002 - I 2002 - II 2002 - III

Importações de Bens de Consumo - US$ Milhões

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

Automóveis, caminhões e ônibus 356 460 358 230 177 205 175

Papel, celulose, papelão e artefatos 62 60 46 47 34 39 37

Produtos farmacêuticos e de perfumaria 261 284 329 331 279 295 303

(38)

A Relação entre Importação e Produção

Análises da Funcex, do BBV-Banco e do Banco Central vêm chamando a atenção para indícios de substituição de importações em dados que relacionam a produção física industrial e o quantum de importação.9

Segundo a Funcex, os dados (reproduzidos abaixo) “corroboram a hipótese de substituição de importações a partir de 1999”. “Na verdade, a trajetória da relação quantum importado/produção industrial indica que a substituição de importações ocorreu de forma relativamente rápida e profunda no caso dos bens de consumo, destacadamente os duráveis. Já nos bens intermediários a resistência tem sido bem maior, indicando um aumento estrutural da dependência de insumos importados. Isto leva a crer que, em um cenário de recuperação da atividade econômica doméstica, as importações destes bens tendem a crescer rapidamente, mesmo na presença de uma taxa de câmbio desvalorizada. O mesmo deve ocorrer nos bens de capital, mas não de forma imediata -apenas no momento em que a economia retomar níveis de investimentos similares aos de meados da década de 90, o que só tende a ocorrer depois que o crescimento doméstico reduzir o atual nível de capacidade ociosa na indústria.” (Boletim Funcex de Comércio Exterior, ano vi - nº 10, outubro de 2002, p. 4),

Total Bens de Capital Bens Intermed. BC Duráveis BC Não-Duráveis dez/95 81,0 60,9 77,0 111,8 88,8 dez/98 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 dez/99 85,4 87,3 89,9 55,5 78,3 jun/01 95,1 84,2 109,3 55,3 81,4 ago/02 82,5 76,4 92,6 35,2 76,0 Fonte: Boletim Funcex de Comércio Exterior, Ano VI - nº 10, Outubro de 2002.

Relação Quantum de Importações/Produção Industrial - Total e Categorias de Uso (Médias Móveis de 12 meses, Dez 98 = 100)

Também a relação entre produção industrial com o quantum de importação de bens intermediários tem sugerido que para produzir a indústria vem reduzindo as compras de bens intermediários importados. Como se pode observar nos gráficos abaixo10, a importação de bens intermediários se “descola” da produção industrial, bem como da exportação de manufaturados, o que estaria indicando uma substituição de importações nos anos de 2001 e 2002.

Os dados são sugestivos e realmente devem estar indicando um processo de substituição de importações, muito embora devam estar refletindo também uma relevante mudança na composição do crescimento da indústria em 2001 (após o recionamento) e 2002. Desde então, vêm sustentando o baixo crescimento industrial nesses anos setores menos dependentes de importações como produtos alimentares, além da extrativa mineral (petróleo) em 2002; o declínio da produção industrial é mais acentuado em setores muito dependentes de importações de bens intermediários, como material elétrico e comunicação.

9

Funcex: Boletim Funcex de Comércio Exterior, ano vi - nº 10, outubro de 2002; BBV-Banco: Atualizando o tema da substituição de importações - o processo continua e alguns setores se destacam, Comentário Semanal, 29 de Outubro de 2002; Banco Central, Focus, 9 de julho de 2002.

10

(39)

Quantum Importado de Bens Intermediários e Produção Industrial - - jan/99 = 100 90 100 110 120 130 140 150

jan/98 jul/98 jan/99 jul/99 jan/00 jul/00 jan/01 jul/01 jan/02 jul/02

90 100 110 120 130 140 150

Tendência do Índice de Produção Industrial Tendência do Quantum Importado de Bens Intermediários

Quantum Exportado de Bens Manufaturados e Quantum de Bens Intermediários - jan/99 = 100

90 100 110 120 130 140 150 160

jan/98 jul/98 jan/99 jul/99 jan/00 jul/00 jan/01 jul/01 jan/02 jul/02

90 100 110 120 130 140 150 160

Tendência do Quantum Exportado de manufaturados Tendência do Quantum Importado de Bens Intermediários

(40)

Análise de Setores Selecionados

A análise a seguir trata de cinco setores: eletroeletrônico; automóveis caminhões e ônibus; químicos diversos; produtos farmacêuticos e perfumaria e indústria têxtil. Adicionalmente, foi selecionado também o setor de outros veículos e peças.

Convém observar que esses são os setores com aumentos mais significativos do coeficiente de importação da indústria de transformação durante o período da abertura, quando o coeficiente de importação da indústria de transformação brasileira duplicou. A participação desses setores na economia nacional é mostrada na tabela a seguir. No valor bruto da produção da indústria de transformação, a participação foi declinante no período analisado, caindo de 22% em 1990 para 17% em 2001. Por outro lado, foi crescente no comércio exterior. A soma das suas exportações, que em 1989 representaram cerca de 19% das exportações totais brasileiras, em 2001 atingiram 25%. Do lado das importações a evolução foi mais expressivo: de 31% em 1989, para 45% em 2001.

A análise também inclui o segmento de bens de capital.

19891 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Valor da Produção 78.802,0 101.128,8 104.619,0 107.238,1 91.458,3 67.454,9 78.387,9 63.836,8 % no total 22,2 22,8 22,5 22,7 20,9 18,5 18,5 17,4 Export. amostra 6.377,8 7.704,9 8.350,7 10.461,8 11.300,3 10.460,1 14.313,2 14.565,3 % no total 18,6 16,8 17,7 19,9 22,2 21,8 26,0 25,0 Import. amostra 4.232,5 17.503,7 18.004,4 22.250,3 21.953,2 19.239,6 22.015,4 21.345,1 % no total 30,9 39,9 39,3 41,2 42,0 44,0 46,3 44,5

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE. Nota:1 Valor da produção e participação no total da indústria de transformação em 1990.

Participação dos Setores da Amostra no Valor da Produção, no Total das Importações e Exportações - 1989, 1995-2001 - em US$ Milhões

Material Eletroeletrônico

Em primeiro lugar, deve ser destacado que esse é um setor no qual quase todas as importações podem ser caracterizadas como bens intermediários. Apesar do expressivo valor classificado como bens de capital, para os objetivos do trabalho pode-se considerar esse montante como bens intermediários, sem perda de poder explicativo11. Uma análise dos dados primários por produto esclarece que esse fato decorre da classificação de diversos bens de informática e telecomunicações como bens de capital, o que pode ser contestável para muitos produtos.

Como mostra a tabela abaixo, trata-se de um setor chave na dinâmica das importações brasileiras, seja por sua elevada participação no total importado pela economia, seja pela grande rigidez de suas importações nos anos posteriores à mudança

11 Como exemplo desse fenômeno podemos citar os componentes do setor de informática, que muitas

(41)

da política cambial até 2001. Os dados mostram que as importações de material eletroeletrônico pela indústria nacional foram crescentes no período: representavam 10% do total em 1989 e 16% em 200112, tendo atingido um pico de 17,6% em 2000. O setor respondeu por 14% das importações totais acumuladas entre 1995 e 2001 e por cerca de 17% das importações acumuladas de bens intermediários e bens de capital nesse mesmo período. Foi responsável ainda por mais de 18% da variação do valor das importações entre 1989 e 2001.

Outro ponto importante é a estabilidade das importações a partir de 1996, sempre acima de US$ 6 bilhões, com máximo de US$ 6,8 bilhões em 1997, se for considerado apenas o período anterior à desvalorização cambial. Após 1999 o valor importado voltou a crescer expressivamente, atingindo o máximo de US$ 8,3 bilhões em 2000, o que corresponde a 17,6% das importações totais. Isso mostra que, passada a desvalorização cambial e com maior nível de atividade, o setor retomou as importações em ritmo muito superior ao restante da indústria de transformação.

Parte da elevação das importações no biênio 2000-01 pode ser explicada pela necessidade de cumprimento de metas por parte das operadoras de telefonia fixa e celular, o que tem por implicação que, uma vez cumpridas as metas do setor, o volume importado tende a reduzir-se para o nível de 1997. A observação pertinente é que já em 2001 (sobretudo no segundo semestre) caiu a importação do setor devido a esse motivo.

Uma análise mais detalhada dos dados por produto ressalta o grande peso dos equipamentos de telecomunicações ao longo da década no setor de material eletroeletrônico e nas importações totais. De um nível relativamente baixo, cerca de US$ 226 milhões em 1999, as importações de telequipamentos atingiram seu máximo no ano 2001: US$ 3,6 bilhões. O gráfico a seguir mostra a evolução da importação de telequipamentos para anos selecionados. Observe-se que as importações cresceram de maneira estável após 1997, bem como houve um crescimento expressivo das exportações entre 1997 e 2000, estabilizando o saldo13 negativo do setor em cerca de US$ 2 bilhões.

1989 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Bens Intermed. (A) 875.210 2.951.907 3.371.289 3.641.614 3.370.956 3.769.794 5.354.306 4.482.667 Bens de Capital (B) 533.978 1.959.367 2.630.276 3.212.717 3.008.284 2.465.119 2.937.378 3.229.237 (A) + (B) 1.409.188 4.911.274 6.001.565 6.854.330 6.379.240 6.234.912 8.291.683 7.711.904 Bens de Consumo 76.220 487.718 333.950 294.187 216.826 134.382 103.372 98.502 Total Setor (C) 1.485.408 5.398.993 6.335.516 7.148.517 6.596.066 6.369.295 8.395.055 7.810.406 Total (D) 13.715.334 43.900.554 45.771.894 53.988.146 52.251.221 43.687.370 47.599.399 48.013.298 (C)/(D) 10,8 12,3 13,8 13,2 12,6 14,6 17,6 16,3 Acumulado % no Acum. Setorial % no Acum. Total Contrib. 2

Bens Intermed. (A) 26.942.532 56,1 8,0 10,5

Bens de Capital (B) 19.442.378 40,5 5,8 7,9 (A) + (B) 46.384.909 96,5 13,8 18,4 Bens de Consumo 1.668.938 3,5 0,5 0,1 Total Setor (C) 48.053.847 100,0 14,3 18,4 Total (D) 335.211.882 - 100,0 100,0 (C)/(D) 14,3 - - -

Fonte: Elaboração própria a partir de dados e informações da Secex e do IBGE. Notas: 1 Não inclui importações de combustíveis e lubrificantes.

2

Contribuição das categorias na variação das importações totais entre 1989-2001.

Importações de Material Eletroeletrônico Total e por Categoria de Uso - 1989, 1995-2001 - em US$ Mil

12 O total importado exclui combustíveis e lubrificantes. 13

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