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Disciplina: Filosofia Professor: Daniel de Oliveira Neto

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Academic year: 2021

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Disciplina: Filosofia

Professor: Daniel de Oliveira Neto

1. Da aristocracia a democracia.

Até o período pré-socrático, a educação ideal dos gregos era instituída pelas famílias aristocráticas, que detinham terras e força militar, criando uma educação que cultivava o homem guerreiro, belo e bom. O corpo do grego deveria ser como o do guerreiro, o homem deveria ser valente e ser instruído com a educação dos poetas, como Homero e Hesíodo.

Com o fortalecimento da classe social urbana, o poder vai sendo passado aos poucos dos aristocratas aos cidadãos.

No apogeu da democracia, no “Século de Péricles” o ideal da educação é o bom cidadão: aquele que exerce a cidadania - opina, discute, delibera e vota nas assembleias.

Para dar aos jovens essa boa educação surgem os Sofistas (filósofos do período socrático).

Os sofistas afirmavam que os ensinamentos dos filósofos cosmológicos (pré-socráticos) estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade nenhuma. Ensinavam os jovens a defenderem uma ideia com argumentos e depois a refutá-la (A, e não A) e assim vencer qualquer adversário em discussões, garantindo assim que a sua opinião fosse a mais ouvida. Com isso os jovens poderiam fazer com que suas opiniões prevalecessem na democracia.

2. Aristocracia pode ser definido como um grupo constituído por integrantes de camadas sociais com grande poder político e econômico.

3. Democracia (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas. Mas, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era limitada.

Atualmente a democracia é exercida, na maioria dos países, de forma mais participativa. É uma forma de governo do povo e para o povo.

Formas

As formas mais comuns são: direta e indireta.

Na democracia direta, o povo, através de plebiscito, referendo ou outras formas de consultas populares, pode decidir diretamente sobre assuntos políticos ou administrativos de sua cidade, estado ou país.

Na democracia indireta, o povo também participa, porém através do voto, elegendo seus representantes (deputados, senadores, vereadores) que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram. Esta forma também é conhecida como democracia representativa.

4. Demócrito de Abdera era um sofista:

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- Problema da continuidade:

"Se um cone fosse cortado por um plano em linha paralela à base, o que se deveria pensar das superfícies das duas partes cortadas? Seriam iguais ou desiguais? Se forem desiguais, farão irregular o cone, pois ele terá muitas incisões em forma de degraus e muitas asperezas. Se forem iguais, então as partes cortadas serão iguais, e o cone terá a aparência de um cilindro, que é composto de círculos iguais e não desiguais, o que é o maior absurdo".

- Filosofia de Demócrito:

As coisas na verdade são compostas de átomos.

A sensação (de alguma coisa) é o impacto dos átomos externos (da coisa) sobre os átomos da alma, e os órgãos dos sentidos devem ser simplesmente ''passagens" (póroi = poros) através das quais estes átomos entram.

Demócrito abre a possibilidade de ciência, afirmando que existe uma outra fonte de conhecimento diferente dos sentidos próprios.

O conhecimento "legítimo" não é, apesar de tudo, pensamento, mas uma espécie de sentido interno.

5. Protágoras de Abdera era um sofista:

"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."

- Questão de Justiça

Euathlos começou a estudar para ser advogado. Seu professor, Protágoras, combinou, que o aluno só pagaria as aulas depois de seu primeiro processo, se o ganhasse.

Protágoras ficou bem aborrecido quando Euathlos, resolveu tornar-se um músico sem nunca chegar a assumir um processo no tribunal. Foi então que Protágoras resolveu processá-lo, pois raciocinou que, se Euathlos perdesse a causa, ele, Protágoras, teria vencido, e receberia seu dinheiro. E além disso, se Protágoras perdesse, Euathlos teria ganho sua primeira causa e, apesar de suas declarações de agora ser um músico, teria que pagar igualmente.

Euathlos, porém, raciocinou diferente. "Se eu perder", pensou ele, "terei perdido o meu primeiro processo no tribunal e nesse caso, o acordo inicial me livra de ter de pagar o curso. Se eu ganhar, Protágoras terá perdido o direito de me obrigar a honrar o contrato. Aí também não precisarei pagar coisa alguma".

- Filosofia de Protágoras

Propõe a relatividade do conhecimento, ou seja, o conhecimento é relativo. Esta doutrina está sintetizada na célebre fórmula: “o homem é a medida de todas as coisas”. Esta máxima significava, mais exatamente que, as coisas dependem de cada homem individualmente considerado. Não a realidade física do objeto, mas a forma como conhecemos cada objeto. 6. Górgias de Leôncio (ou Leontini) era um sofista:

1) Nada existe!

2) Mesmo que exista alguma coisa, não conseguimos conhecê-la. 3) Se conseguíssemos conhecer algo, não o conseguiríamos comunicar.

Foi o primeiro filósofo a dar valor a estética da palavra e a essência da poesia.

Segundo ele os sentidos não conferem com o que diz a inteligência sobre o ser; por sua vez a doutrina do ser da inteligência é insustentável, pois conduz à paradoxos, portanto o ser não existe! Mesmo que exista alguma coisa, não conseguimos conhecê-la. Se conseguíssemos conhecer algo, não o conseguiríamos comunicar.

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As coisas que vemos e ouvimos existem porque são representadas. Ora, pode representar-se o que não existe. Portanto, a representação do ser não nos proporciona o ser e o conhecimento é impossível. Contudo, tomamos conhecimento pela percepção e comunicamo-lo pela linguagem. Mas a linguagem não transmite a experiência pela qual o real se nos dá. Este é incomunicável, porque as coisas não são discursos.

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Hípias de Elis

É o mais famoso dos sofistas, grupo que sobrevivia profissionalmente do ensino de coisas de diversas áreas.

Hípias entendia que a natureza era um todo, composta de coisas distintas, mas exigindo uma atenção especial ao que faz com que ela seja uma. A totalidade da natureza não é que ela seja uma única coisa, mas o cosmos é composto por seres múltiplos particularizados e qualificados a que chama coisas. Estas coisas existem independentemente do conhecimento que o homem delas adquire e da expressão linguística que lhes dá.

A realidade será contínua se não há vazio no universo. Para isso, o universo, que é esférico.

Natureza e lei

Hípias afirma que a natureza e a lei (nomos) são opostas, e devemos optar seguir nossa natureza humana deixando de lado as leis. Segundo ele, as normas não são capazes de instaurar uma justiça verdadeira.

O filósofo afirmava que as leis são um disfarce para o poder. Ele foi o pioneiro do estudo das etnias e estudando diversas legislações, verificou desacordos e contradições entre elas. Então a lei, para ele, será o tirano dos homens. Isto porque a lei tiraniza a natureza.

Segundo Hípias, a natureza tem um papel de uma norma moral que vale para todos e não apenas para algum grupo, como as leis. O homem é espontaneamente bom para com o seu semelhante, pois a natureza cria a socialidade, mas a sociedade destrói.

A justiça é, então, como o direito natural, a exigência da igualdade. Defendia a democracia e queria reformá-la afirmando que os homens devem se integrar e não se excluir. Era crítico do poder comandado por eventuais incompetentes.

Sofistas e Sócrates

Os Sofistas eram contemporâneos de Sócrates e inúmeras vezes foram por ele questionados. Ao dialogar com os Sofistas, Sócrates observa-os e questiona-os sobre inúmeras coisas.

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Sofista Sócrates O Sofista busca o sucesso e ensina as pessoas

como consegui-lo.

Sócrates busca a verdade e incita seus discípulos a descobri-la.

Para o Sofista é necessário fazer-se carreiras (prosperidade no emprego).

Sócrates quer chegar à verdade, desapegando dos prazeres e dos bens materiais.

O Sofista gaba-se de saber tudo e fazer tudo. Sócrates tem a convicção de que ninguém pode ser mestre dos outros.

Para o Sofista, aprender é coisa passiva e facílima, e tudo por um preço módico (médio).

Sócrates defendia que a opinião é individual, mas a sabedoria é universal. A questão da felicidade e honestidade está na prática do agir. As riquezas não interessam aos homens.

A doutrina socrática identifica o sábio e o homem virtuoso. Derivam daí diversas consequências para a educação, como: o conhecimento tem por fim tornar possível a vida moral; o processo para adquirir o saber é o diálogo; nenhum conhecimento pode ser adquirido dogmaticamente, mas como condição para desenvolver a capacidade de pensar; toda a educação é essencialmente ativa, e por ser auto-educação leva ao conhecimento de si mesmo; a análise radical do conteúdo das discussões, retirado do cotidiano, leva ao questionamento do modo de vida de cada um e, em última instância, da própria cidade.

Sócrates

Nascido em Atenas, por volta de 470 ou 469 a.C. Até hoje este filósofo é sinônimo de integridade moral e sabedoria, pois sempre agiu com ética, responsabilidade, e tornou-se padrão de perfeita cidadania.

Seu método filosófico ideal era o diálogo, através do qual ele se comunicava da melhor forma possível com seus contemporâneos, no esforço de transmitir seus conhecimentos para os cidadãos gregos. Além de deixar para o mundo sua sabedoria sem par, ele também formou dois discípulos fundamentais para a perpetuação e desenvolvimento de seus ensinamentos – Platão e Xenofontes -, embora não tenha deixado por escrito o fruto de suas pregações.

Sua essência crítica e justa o levava a crer que tinha uma importante missão, a de multiplicar seres igualmente dotados de sabedoria, probidade, moderação. Este caminho o levaria a se chocar com a cúpula dos governantes, na qual conquistaria inimigos e insatisfação.

O comportamento de Sócrates desencadeou em sua prisão, acusado por Mileto, Anito e Licon, de perverter a juventude e renegar os deuses cultuados pelos gregos, trocando-os por outros. Recebendo a oportunidade de advogar a seu favor, diante do tribunal e dos homens, ele se recusou a fugir, pois não pretendia renunciar ao que acreditava e ao que pregava a seus conterrâneos. Ele preferia ser condenado pela justiça terrena e preservar, diante da imortalidade, a verdade de sua alma. Assim, optou pela morte, decretada por seus juízes, através do voto da maioria.

Mesmo diante da chance de fugir, arquitetada por seu seguidor Criton, com a complacência da justiça grega, ele recuou, pois não desejava ferir as leis de seu país.

Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as

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coisas do mundo e do ser humano.

Diálogo Socrático

Os sofistas diziam poder falar bem sobre qualquer assunto, pretendendo, pois, serem portadores de um saber universal (saber sobre tudo). Era preciso, então, mostrar que os discursos desses pretensiosos homens eram discursos de ilusão, que convenciam pela emoção ou imaginação e não pela verdade.

Com isso, Sócrates criou um método. A ironia socrática era, antes de tudo, o método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. Desfazendo ilusões, tinha o intuito de alcançar o entendimento.

Porém, exigia que o interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias que coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício era o que ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de parturejar. Como sua mãe, que era parteira, Sócrates julgava ser destinado a não produzir um conhecimento, mas a parturejar as ideias provindas dos seus interlocutores, julgando de seu valor. Significa que ele, Sócrates, não tinha saber algum, apenas sabia perguntar mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a produzirem um juízo segundo uma reflexão e não mais a tradição, os costumes, as opiniões alheias, etc. E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um belo discurso ou se se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo).

Assim, ironia e maiêutica, constituíam, por excelência, as principais formas de atuação do método dialético de Sócrates, desfazendo equívocos e demarcando nuances que permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no logos ou razão.

SÓCRATES

IRONIA E MAIÊUTICA

Os sofistas diziam poder falar bem sobre qualquer assunto. Era preciso, então,

mostrar que tratava-se e ilusão, que convenciam pela emoção ou imaginação e não pela

verdade.

Sócrates criou um método em seus diálogos. A ironia socrática era o método de

perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o,

refutá-lo.

Não tinha o intuito de ridicularizar, mas de fazer irromper da aporia (isto é, do

impasse sobre o conceito de alguma coisa) o entendimento. Porém, sair do estado

aporético exigia que o interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade

das opiniões alheias e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício era a

maiêutica, que significa a arte de parturejar. E quando o juízo era exprimido, cabia a

Sócrates somente verificar se era um belo discurso ou se se tratava de uma ideia que

deveria ser abortada (discurso falso, errôneo).

Assim Sócrates acabou proporcionando a criação de juízos cada vez mais

fundamentados no logos ou razão.

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Apologia de Sócrates (Platão)

Parte: A denúncia de Meleto (adaptado)

Sócrates pergunta a Meleto se ele se importa com a educação dos jovens.

A resposta é positiva.

Sócrates leva Meleto a afirmar que todos contribuem com a formação dos jovens

menos ele.

Sócrates pergunta se é melhor viver entre os bons ou os maus, e Meleto responde

que entre os que fazem bem aos outros.

Sócrates pergunta a Meleto se ele acha que Sócrates torna os outros maus

sabendo que vai receber o mau dessas pessoas e se faz isso de propósito. Meleto

responde que sim.

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Platão

Arístocles, que ficou conhecido no mundo inteiro como Platão, nasceu em Atenas,

por volta de 427 a.C. Filho de pais aristocráticos, nasceu em uma família rica, envolvida

com políticos.

Basicamente, suas obras eram escritas em forma de diálogos. Curiosamente, esses

diálogos não apresentam Platão como personagem principal e, sim, Sócrates.

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Visão geral da filosofia platônica

O centro do pensamento platônico, que une toda a sua filosofia, é a

doutrina das

ideias, é a existência de uma realidade além do mundo físico e que é a causa deste

mesmo mundo físico.

O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO

Em resumo, para Platão o mundo se dividia em duas partes:

A primeira parte é

o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um

conhecimento aproximado ou imperfeito, já que para tanto fazemos uso de nossos cinco

(imperfeitos) sentidos (que dão uma noção aproximada da realidade). Neste mundo dos

sentidos, tudo "flui" e, consequentemente, nada é perene (dura para sempre). Nada é no

mundo dos sentidos; nele, as coisas simplesmente surgem e desaparecem.

A outra parte é o

mundo das ideias, do qual podemos chegar a ter um

conhecimento seguro, se para tanto fizermos uso de nossa razão. Este mundo das ideias

não pode, portanto, ser conhecido através dos sentidos. Em compensação, as ideias

(formas) são eternas e imutáveis.

Assim como os filósofos que o antecederam, Platão também queria encontrar

algo de eterno e de imutável em meio a todas as mudanças. Foi assim que ele chegou às

ideias perfeitas, que estão acima do mundo sensorial. Além disto, Platão considerava

essas ideias mais reais do que os próprios fenômenos da natureza. Primeiro vinha a ideia

cavalo e depois todos os cavalos do mundo dos sentidos. A ideia galinha vinha, portanto,

antes da galinha (e do ovo).

Mundo das ideias

Fixo

Razão

Conhecimento

Mundo sensível

Mutável

Sentidos

Opinião

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O Pensamento: A Gnosiologia (a teoria do conhecimento).

Em Platão a filosofia tem um fim prático e moral. Este fim prático realiza-se,

intelectualmente, através da especulação e do conhecimento.

Além do estudo do homem e da moral, Platão amplia seus estudos ao mundo

conhecido e metafísico, isto é, a toda a realidade.

Há uma constante transformação que todas as coisas sofrem: o nascer e o

perecer; o corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta

com a razão. Platão considera o espírito humano de passagem neste mundo e prisioneiro

na caverna do corpo. Deve, transpor este mundo e libertar-se do corpo para realizar o

seu fim, isto é, chegar à sabedoria.

O homem parte da ignorância (agnosis) e, passando pela opinião (doxa) atinge o

conhecimento (episteme).

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Platão e a educação

O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral,

vivendo em um Estado justo.

Rejeitava a educação que se praticava na Grécia em sua época e que estava a

cargo dos sofistas, incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos - sobretudo a

oratória - aos jovens da elite, para torná-los aptos a ocupar as funções públicas. "Os

sofistas afirmavam que podiam defender igualmente teses contrárias, dependendo dos

interesses em jogo, Platão, ao contrário, pensava em termos de uma busca continuada

da virtude, da justiça e da verdade."

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Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é

dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira

-portanto, a educação não pode se restringir aos anos de juventude.

Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça que deveria

ser tarefa de toda a sociedade - preconizava Platão.

A ALEGORIA DA CAVERNA

A narrativa expressa a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são

acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede

iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como

homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano

desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a

única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os

homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à

regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se

gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.

Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e

vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que

na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a

vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é,

estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo

prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão

imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a

enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles

seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais

reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como

são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o

faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de

nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).

Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter

da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da

caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em

que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que

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descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a

realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está

louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.

Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós

que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes,

estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos

corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o

mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os

conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos,

pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender

e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos

esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo

real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam

consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres

sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o

mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o

homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância

e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol

representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao

homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com

Deus).

Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar em uma imagem o que

conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria

narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.

Referências

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