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JOSÉ JORGE LETRIA. Ilustrações MIGUEL GABRIEL

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Academic year: 2021

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J O S É J O RG E LE T R I A

  Ilustrações MIGUEL GABRIEL    

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O VALOR DA PALAVRA DADA A História de Egas Moniz

Egas Moniz foi, ao lado de D. Afonso Henriques, a quem serviu como aio, confidente e amigo, um dos fundadores de Portugal. Não houve batalha, momento de alegria ou de tristeza em que ele não estivesse presente.

Quando Afonso Henriques venceu, na Batalha de S. Mamede, as tropas galegas que apoiavam D. Teresa — sua mãe —, Afonso VII de Castela, primo do jovem rei, cercou a cidade de Guimarães e exigiu que ele se rendesse e aceitasse submeter-se ao reino mais poderoso.

— O meu soberano aceita submeter-se à vontade de Vossa Majestade — jurou o aio Egas Moniz, ajoelhando-se diante de Afonso VII e cumprindo assim a vontade do seu senhor.

Porém, Afonso Henriques, agrupando as suas forças, desloca para Coimbra a capital do Portugal que nascia, avança com as suas tropas contra o exército de Afonso VII e vence-o na Batalha de Cerneja, em 1137. Tinha assim condições para fortalecer o Condado Portucalense, que se tornava reino, e para continuar a avançar para sul, conquistando terras e praças-fortes.

Ao fazê-lo, deixou, contudo, uma promessa por cumprir: a que, em seu nome, o aio Egas Moniz fizera a Afonso VII. Homem de palavra, o nobre minhoto decidiu cumpri-la.

Assim nasceu uma lenda que a História não desmente. Egas Moniz partiu para Toledo, capital do reino de Afonso VII, acompanhado pela mulher e pelos filhos.

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Descalço e com uma grossa corda à volta do pescoço, terá

comparecido na corte e, ajoelhando -se na presença do rei, terá declarado:

— Aqui estou, Senhor, para cumprir a promessa feita há nove anos em nome de Portugal. Por ela respondo com a minha vida e a dos que me são mais queridos.

Afonso VII, comovido com a prova de honra do fidalgo português, respondeu-lhe:

— Tens o meu perdão e podes regressar em paz, com a tua família, à terra de onde vieste. Não esquecerei a grandeza do teu gesto.

Também D. Afonso Henriques se emocionou ao ter conhecimento do ato praticado por aquele que o educara e apoiara desde a infância.

Egas Moniz não esquecera a palavra dada e, mesmo oferecendo como penhor a sua vida e a da sua família, quis honrar o que fora prometido. Até Luís de Camões homenageou este fidalgo português, dedicando-lhe uma passagem do Canto III de Os Lusíadas.

Egas Moniz casou-se duas vezes e teve uma dezena de filhas e filhos. Sabe-se que tratou o primeiro rei de Portugal como se fosse um deles, com amor, dedicação e lealdade.

Os livros de História não confirmam nem desmentem esta ida de Egas Moniz a Toledo, mas as lendas também ajudam a tecer a memória dos povos. A D. Afonso Henriques, que lhe agradeceu esta prova de honra, Egas Moniz terá dito apenas: «A vossa palavra era também a minha, e fui honrá-la em nome de ambos e de Portugal.»

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A CORAGEM DE UMA MULHER DO POVO A História da Padeira de Aljubarrota

Chamava-se Brites de Almeida e nasceu no Algarve, onde os pais, gente muito humilde e honrada, tinham uma taberna que servia os que rumavam àquelas bandas.

Diz-se que era corpulenta, valente, de cabelos muito negros e boca grande, sendo tudo menos bonita.

Contando a lenda que tinha seis dedos em cada mão, era um motivo de atração e de falatório sempre pelas piores razões. Mas ai de quem lhe quisesse fazer frente, pois era mais destemida e aguerrida do que qualquer homem!

Depois da morte dos pais, vendeu a taberna e tornou-se feirante, errando de terra em terra a vender o que lhe desse o suficiente para viver.

Dela se contam histórias e aventuras que chegam e sobram para a transformar numa verdadeira lenda. Diz-se que

venceu homens de espada na mão, que fugiu para Espanha e que o

pequeno barco em que viajava foi assaltado por piratas

argelinos que a venderam como escrava a um grande

senhor da Mauritânia.

A verdade é que, depois de todas estas peripécias, acabou por regressar a Portugal e por se fixar na zona de Aljubarrota, onde abriu uma padaria e se casou com um honrado lavrador,

t o r n a n d o - s e p e s s o a respeitada e popular

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Foi em terrenos próximos da sua casa que se travou, em 1385, a famosa Batalha de Aljubarrota. Logo o sangue lhe ferveu nas veias e, sendo mulher de ação, já com 35 anos feitos, quis juntar-se às tropas comandadas pelo condestável D. Nuno Álvares Pereira. Tal não foi possível, mas, ainda assim, aproximou-se o mais que pôde do campo de batalha.

Reconhecida a derrota pelos castelhanos, sete deles, postos em fuga, procuraram abrigo no forno da padaria de Brites, que ali os encontrou quando regressava a casa.

— Nem estes sabem onde e com quem se vieram meter! — terá exclamado Brites de Almeida, ao dar de caras com sete espanhóis muito encolhidos e amedrontados dentro do seu forno.

Mostrando-lhes como era forte e valente, ordenou-lhes que saíssem: — Fora daí, seus malandros! Ou saem a bem ou saem a mal!

Mas eles não lhe obedeceram. E a verdade é que saíram a mal, pois Brites pegou na sua pá de fazer pão e desancou-os a todos, até os deixar mortos num canto. O que a batalha não lhes fez, tratou ela de o fazer.

E de tal modo se entusiasmou com o seu feito, que juntou outras mulheres e lhes disse:

— Vamos pegar em tudo o que tivermos à mão e mostrar o que valemos a outros espanhóis que se tenham

escondido nas nossas casas, palheiros ou estábulos. Nem eles sabem onde se vieram meter!

E assim nasceu, para a lenda e para a História, uma verdadeira heroína portuguesa.

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UM DUELO POR PORTUGAL A História de Inês Negra

Tudo aconteceu no ano de 1388, quando D. João I, o Mestre de Avis, lutava para defender as fronteiras portuguesas dos constantes ataques dos castelhanos, que não desistiam de nos subjugar.

Quando os castelhanos ocuparam Melgaço, no norte de Portugal, Inês, uma mulher do povo que ficou conhecida na História como Inês Negra, abandonou essa praça-forte, mas fez uma jura:

— Eu hei de voltar, e há de ser para ajudar a expulsar o inimigo.

E cumpriu a promessa. Quando as tropas portuguesas avançaram para a reconquista de Melgaço, Inês juntou-se a elas, disposta a tudo para ver o invasor derrotado.

A batalha final entre os dois exércitos, segundo reza a lenda, acabou por nunca acontecer, já que o seu lugar foi ocupado por duas mulheres apenas. Inês, do lado português, e a Arrenegada, do lado dos castelhanos. Embora sendo portuguesa, esta defendia-os com unhas e dentes. Foi ela que do alto das muralhas do castelo desafiou Inês Negra para um combate corpo a corpo. Inês logo aceitou o repto, empunhando uma espada e contando com o apoio caloroso dos soldados do Mestre de Avis.

A Arrenegada, com um golpe certeiro, conseguiu arrancar a espada das mãos de Inês, mas esta serviu-se de uma forquilha, tentando atingir a adversária

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