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2FUNDAMENTAÇÃO
No Brasil, na área da assistência privada, até muito recentemente, tem sido comum o compromisso dos obstetras de assistir a gestante em qualquer intercorrência, especialmente nos últimos dias da sua gestação, bem como estar disponível para realizar o parto das gestantes às quais atendem durante o pré-natal, mesmo sem qualquer contrapartida por parte das operadoras. Recebem honorários pelas consultas mensais e pelo parto, mas não pela disponibilidade do especialista, o qual pode ser chamado a qualquer hora do dia e da noite, de qualquer
Disponibilidade
Obstétrica
HISTÓRIA
Não existindo obrigação contratual entre o médico e a operadora de plano de saúde para o acompanhamento presencial do trabalho de parto, o médico, do ponto de vista legal e ético, não teria, portanto, o compromisso de realizar tal proce dimento em gestante que tenha acompanhado durante as consultas do pré-natal. Esse entendimento foi assumido inicialmente pela Sociedade de Ginecologia de Minas Gerais e posteriormente de São Paulo e do Paraná. A cobrança da disponibilidade do obstetra para a assistência ao parto está sendo realizada pela maioria dos médicos nesses Estados já há alguns anos.
dia da semana para o procedimento de urgência que caracteriza o parto.
O contexto atual de baixa remuneração para o parto e demais procedimentos, aliado às condições de trabalho ruins e à falta de remuneração para essa disponibilidade, têm alterado sobremaneira a realidade dos profi ssionais. Muitos vêm deixando de realizar obstetrícia, o que vem suscitando queixas por parte das pacientes e questionamentos por parte dos colegas médicos quanto à possibilidade de cobrar diretamente da gestante por tal ato.
D i a n t e d e u m c r e s c e n t e descontentamento por parte dos obstetras que procuravam suas entidades representativas em todo o Brasil, alguns Conselhos Regionais, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula a ação de Operadoras de planos de saúde e que vinha sendo muito questionada sobre o assunto, ofi ciaram o Conselho Federal de Medicina (CFM) no processo-consulta nº 55/12 para que desse seu parecer quanto à cobrança dos médicos obstetras de honorários particulares pela disponibilidade para realização do parto.
so c ied a d e g o ia na d e g in ec o l o g ia e o b ste tríc ia
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3Parecer CFM nº 39/12
Aos oito de novembro de 2012, o CFM emitiu seu parecer, o qual redigimos abaixo textualmente:
Ementa: ”É ético e não confi gura dupla cobrança o pagamento de honorário pela gestante referente ao acompanhamento presencial do trabalho de parto, desde que o obstetra não esteja de plantão e que este procedimento seja acordado com a gestante na primeira consulta. Tal circunstância não caracteriza lesão ao contrato estabelecido entre o profi ssional e a operadora de plano e seguro de saúde”.
No mesmo parecer, o CFM fi naliza dizendo: “o CFM não caracteriza como dupla cobrança o valor recebido pelo obstetra referente ao acompanhamento presencial do trabalho de parto, haja visto que ele não receberá honorário da operadora do plano de saúde pela realização do parto.”
Em Goiás, a partir do parecer do CFM, os médicos começaram a cobrar pela disponibilidade do acompanhamento presencial do parto e, como era de se esperar, a população reagiu negativamente uma vez
Desdobramentos
que o pensamento de obrigatoriedade da presença do médico de sua escolha no momento do parto sem qualquer ônus sempre lhe foi passado como um direito pela operadora de plano de saúde. ANS - A Agência Nacional de Saúde (ANS) aos 16/01/2013 diante de vários questionamentos da mídia registrou seu entendimento sobre a aplicação deste parecer:
“As benefi ciárias de planos de saúde têm direito a todos os procedimentos da segmentação obstétrica descritos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde (cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde), sem nenhum dispêndio além do previsto em contrato. Os contratos em vigor devem ser garantidos. O parecer do CFM afi rma que o procedimento não faz parte do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, não confi gurando dupla cobrança ou infração à ética médica. Considerando esse parecer, alguns requisitos devem ser cumpridos, como:
1) Alterar os contratos entre a operadora e o prestador (recontratualização), deixando claro entre as partes para qual serviço o médico estará contratualizado. As operadoras devem ter prestadores de serviço para todos os procedimentos constantes do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde.
2) Dar transparência ao consumidor sobre a rede disponível, com a atualização dos livros e site com a identifi cação dos respectivos médicos e os serviços por eles prestados: médico pré-natalista e médico obstetra (pré-natal e parto).
Essa nota têm sofrido distorções por parte da mídia e de alguns gestores e operadoras de planos de saúde, induzindo a população a pensar que a ANS teria sido contrária ao parecer do CFM.
Para preservar a relação médico - paciente, além de não correr o risco do obstetra sofrer eventual processo disciplinar e/ou judicial, a SGGO, tendo como base o parecer do CFM nº 39/12, considera fundamental atentar para as recomendações a seguir:
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4CFM –
Devido a essas distorções, no dia 24 de janeiro, o Conselho Federal de Medicina entendeu por bem reafi rmar sua posição em nota divulgada à sociedade.O Conselho reconhece a remuneração pela disponibilidade ao entender que o obstetra disponível é o médico previamente escolhido pela paciente e que se faz presente por ocasião da assistência ao parto. Declara ser ético e autoriza a cobrança de honorários de disponibilidade desde que informe a sua paciente na primeira consulta do pré-natal e celebre um contrato e o consentimento livre e esclarecido.
O CFM afirma que o documento não autoriza ou orienta o médico a fazer cobrança de taxa extra para acompanhar a realização de parto e que o pagamento deve ter origem em apenas uma fonte, portanto não receber da operadora do plano de saúde. “Se isso ocorre, não há dupla cobrança ou pagamento extra, este acordo não é antiético”, esclarece. O pagamento gerará recibo que poderá ser usado em pedido de ressarcimento junto às operadoras ou ao imposto de
renda. A gestante que não optar pelo acompanhamento presencial poderá fazer todo o seu pré-natal com um médico e fazer o parto com profi ssional disponibilizado em hospital de referência indicado pelo plano de saúde. Esta possibilidade já deve estar coberta pelo plano. “Entende-se que a nota divulgada pela ANS, em 16 de janeiro, não se contrapõe ao parecer do CFM 39/2012, solicitando apenas alguns esclarecimentos logísticos que serão providenciados e remetidos em breve”.
Orientações para cobrança de
Disponibilidade Obstétrica
1 - Informar a paciente
Em geral, existe a expectativa da gestante de fazer o parto com o obstetra que a acompanha no pré-natal. Portanto, se o médico obstetra for cobrar sua disponibilidade para a realização do parto, ele deverá informar a paciente na primeira consulta do pré-natal.
É importante informar que o contrato de plano de saúde que a gestante assinou deve garantir a cobertura de obstetras plantonistas nas maternidades credenciadas para realizar o parto.
2 - Formalizar a decisão da gestante
Diante dos esclarecimentos do profissional, a gestante deverá decidir (1) se aceita dar seguimento às consultas de pré-natal com médico que não realizará o parto; (2) remunerá-lo diretamente pela sua disponibilidade de assistência presencial ao parto ou, (3) procurar outro profissional.
Na hipótese de a paciente aceitar remunerar diretamente o profissional pela sua disponibilidade, deve ser firmado um contrato com todas as condições especificadas, inclusive o valor acordado, e assinado também um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ambos com os termos propostos pelo CFM – modelos disponibilizados no site da SGGO: www. sggo.com.br.
Caso a decisão da paciente seja realizar apenas o pré-natal com o obstetra, ciente de que ele não estará disponível para o parto, deve solicitar que a gestante assine termo de ciência sobre as condições de seu atendimento.
3 - Cobrar os honorários definidos apenas da sua paciente.
Atenção: não emita guia à operadora, porque o Conselho Federal de Medicina compreende que isso configuraria dupla cobrança. O profissional pode solicitar a internação da gestante, descrever a cesariana ou o parto normal como habitualmente faz, porém solicitar ao departamento de fatura do hospital que não emita guia à operadora do plano de saúde para o obstetra, pois tal paciente fez acerto de disponibilidade.
4 - Fornecer as informações colhidas durante o pré-natal
Se a sua paciente optar pelo parto com plantonista, deve o cartão de pré-natal/relatório médico estar sempre completo e atualizado, contribuindo para a assistência da gestante integral e com qualidade. Haja com seus costumeiros compromissos e responsabilidades.
5 - Observar o contrato com a operadora/ estatuto da cooperativa
A relação entre operadora de plano de saúde e médico credenciado ou cooperado - definida por meio de contrato ou estatuto - deve ser observada. Não se tem conhecimento de que exista disposição expressa sobre a obrigatoriedade de realizar o parto. Para seguir alcançando melhor remuneração e qualidade de vida é importante que os obstetras ajam com transparência e clareza no diálogo com suas pacientes. Assim, ela poderá compreender claramente a decisão do profissional e fazer sua escolha.
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5Primeiro:
Na opinião da maioria das sociedades de g ine colog ia e obstetrícia dos estados, incluindo a SGGO, e também no entendimento da Febrasgo, a disponibilidade do obstetra seria diferente da realização do ato técnico do parto. Portanto, o profissional poderia sim, cobrar a disponibilidade e receber o procedimento do parto da operadora de plano de saúde. O ajuste definido com a paciente de remuneração pela disponibilidade não subtrai o direito do médico ao recebimento dos honorários referentes ao parto, que devem ser pagos pela operadora de plano de saúde. Tal direito está respaldado no contrato fi rmado entre médico e operadora que prevê a remuneração pelo procedimento (parto), mas não pela disponibilidade. Do mesmo modo, o contrato assinado entre o plano de saúde e a consumidora não assegura a disponibilidade do “prenatalista” para realizar o parto. Essa divergência tem sido motivo de reuniões e debates entre representantes das Federadas e da diretoria da Febrasgo com o Conselho Federal de Medicina e estão em andamento.
No entanto, o obstetra deve ter claro que essa liberdade sancionada pelo CFM, de poder cobrar, de forma ética, sua disponibilidade à assistência ao parto da gestante, independente do seu plano de saúde, certamente representa uma grande vitória!
Pontos importantes
Segundo:
Fiquemos alertas às normativas da ANS e das Operadoras de planos de Saúde que deverão vir a seguir tentando modifi car os contratos já estabelecidos com os profi ssionais médicos.
Essas entidades poderão tentar introduzir a disponibilidade do obstetra em contrato e pagar honorários baixos por ela e, portanto, forçar o profissional obstetra a continuar nessa condição de péssima remuneração, mantendo-o em uma atividade de regime de escravidão.
Portanto, vamos pensar juntos e agir juntos para que não nos tomem o que já foi conseguido!!
Saudações
Zelma Ber�ardes Costa
PRESIDENTEDA SOCIEDADE GOIANADE
GINECOLOGIAE OBSTETRÍCIA a b r il d e 20 14
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a V is o
Esclarecimento
importante aos médicos
Há vários anos e principalmente a partir do início da gestão da atual diretoria verifi camos que a maioria dos colegas gineco-obstetras acredita que somente podem operar pacientes de um determinado plano de saúde se forem credenciados ou cooperados daquele plano e esse pensamento incluia especialmente a Unimed de Goiânia e das outras regiões do Estado de Goiás.
Após esclarecimentos junto à Agência Nacional de Saúde (ANS) e após reunião com membros da diretoria da Unimed no dia 13 de março de 2013, a SGGO informa a todos os ginecologistas e obstetras do Estado de Goiás que o médico não credenciado pelo plano de saúde, e isso inclui a Unimed, pode solicitar, não somente exames pelo plano da paciente, como também, solicitar e realizar procedimentos cirúrgicos hospitalares e ambulatoriais pelo plano da mesma (Inciso VI, artigo 2° da resolução CONSU N° 08 de 03 de novembro de 1998).
A paciente tem direito à cobertura d o p r o c e d i m e n t o c i r ú r g i c o independente do cirurgião ser credenciado ou não. Neste caso, os honorários do cirurgião serão acertados pela paciente, porém esta terá direito à cobertura pelo seu plano da internação hospitalar, anestesista, auxiliar e pediatra (se for parto). O profissional não
credenciado deverá internar a paciente e solicitar a guia para o procedimento cirúrgico no papel específico do plano. A operadora deve liberar o procedimento com pagamento do hospital e de toda a equipe médica, exceto do médico não credenciado/cooperado.
Qualquer dúvida ou impedimento para tal, o médico poderá acessar a ANS no Núcleo de Fiscalização de Planos de Saúde – Brasília-DF, através dos telefones (61) 3213-3040 / 3213-3036.
Sentimos-nos felizes em poder informar, de forma clara e verdadeira, os direitos de nós médicos gineco-obstetras neste processo.
Saudações,
Zelma Bernardes Costa
Presidente da SGGO
Reunião com representantes da SGGO e da Unimed Goiás realizada no dia 13 de março de 2013
SGGO REVISTA É O ÓRGÃO INFORMATIVO DA SOCIEDADE GOIANA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
DIRETORIA EXECUTIVA DA SGGO
Presidente: Zelma Bernardes Costa Vice-Presidente: Alexandre Vieira Santos Moraes
1ª Secretária: Mylena Naves de Castro Rocha 2º Secretário: Gilberto de Matos Filho
1º Tesoureiro: Weuler Alves Ferreira 2º Tesoureiro: Samir Antônio Madi Diretora Científico: Rosane Ribeiro Figueiredo Alves Diretor de Defesa Profissional: Maurício Machado da Silveira Diretor de Assuntos Comunitários: José Antônio da Silveira Leão Diretor de Comunicação e Informática: Marcella Fabyanna Santana Brasil
Edição: Tatiana Cardoso Redação: Ana Paula Machado Arte Final: Vinícius Carneiro e Thalitha Miranda
Fotos: Contato Comunicação e arquivo SGGO
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