EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO 9° ANO: UMA FERRAMENTA DE APRENDIZEGEM
Mara Jessyka Coimbra De MELO¹ - mjessykacoimbra@hotmail.com Layse Kristine Corrêa LOPES¹ - layse-kristine@hotmail.com
Lizandra Cristina Macedo PINTO¹ - lizacrisufpa@gmail.com
Antonio Cláudio Lima Moreira BASTOS² - claudio.mbastos@yahoo.com.br
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Universidade Federal do Pará
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Universidade Federal do Pará / Instituto de Ciências Exatas e Naturais.
RESUMO.A experimentação durante as aulas de Ciências tem papel fundamental, não apenas no despertar o interesse dos alunos, mas também em tornar-se uma ferramenta onde os alunos experimentem o conteúdo podendo estabelecer a dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática. Neste sentido o objetivo do trabalho é tratar a utilização da experimentação em aulas de Ciências Naturais, que abrange o ensino de Química no 9º ano do Ensino Fundamental, mostrando como a experimentação torna-se uma ferramenta para a construção do conhecimento, onde o aluno deixa de ser um mero ouvinte memorizador de conteúdo e passa a compreender e relacionar os assuntos ao seu cotidiano. Utilizamos a pesquisa de abordagem qualitativa- descritiva, onde os dados foram coletados através da aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas para alunos do 9° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Belém, onde primeiramente foi ministrada uma aula teórica com o assunto “Reações Químicas”, seguido do questionário a respeito do conteúdo ministrado na aula, com a intenção de observar o grau de aprendizagem diante da aula teórica; o segundo passo foi aplicada uma aula experimental, seguido de um segundo questionário com a
mesma intenção do primeiro.Os resultados mostraram que com a aula experimental houve um aumento no
nível de aprendizagem dos alunos. Apesar de nunca terem aula prática, os mesmos conseguiram associar teoria e prática. Pode-se concluir que a experimentação pode ser considerada uma ferramenta para a aprendizagem, de forma que a mesma estimula o conhecimento dos alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Ciências Naturais. Experimentação. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A experimentação durante as aulas de Ciências tem papel fundamental, não apenas no despertar o interesse dos alunos, mas também em torna se uma ferramenta onde os alunos experimentem o conteúdo podendo estabelecer a dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática.
Segundo Serafim (2001), “no ensino de Ciências, podemos destacar a dificuldade do aluno em relacionar a teoria desenvolvida em sala com a realidade a sua volta, considerando que a teoria é feita de conceitos que são abstrações da realidade”. Podemos inferir que o aluno que não reconhece o conhecimento científico em relação a situações do seu cotidiano, não e capaz de compreender a teoria.
A importância da experimentação no processo de aprendizagem também é discutida por Bazin (1987), que em uma experiência de ensino não formal de Ciências, aposta na maior significância desta metodologia em relação à simples memorização da informação, método tradicionalmente empregado nas salas de aula.
As atividades experimentais na perspectiva construtivista são organizadas levando em consideração o conhecimento prévio dos alunos. Adotar esta idéia construtivista significa aceitar que nenhum conhecimento é assimilado do nada, mas deve ser construído ou reconstruído em cima de conceitos já existentes. De modo, que a discussão e o diálogo assumem um papel importante, fazendo assim com que as atividades experimentais combinem ação e reflexão (ROSITO, 2003).
A relação teoria-prática tem sido vista e tratada pelos professores como uma via de mão única, em que a prática comprova a teoria. A experimentação é considerada como uma mera
atividade física de manipulação em detrimento da interação e da reflexão (AMARAL; SILVA, 2000).
Muitos professores não têm prática no uso de instrumentos facilitadores de ensino como experimentação, o que acaba tornando-se um obstáculo. Os professores lamentam também a falta de condições para trabalharem a experimentação, referindo-se ao excessivo número de alunos nas turmas, à carga horária reduzida, a falta de materiais, ausência de salas especifica. Contudo, é possível acrescentar a falta de esclarecimento dos professores sobre o papel da experimentação na aprendizagem dos alunos.
No que se refere às dificuldades impostas ao ensino experimental, a falta de laboratórios e a pouca qualificação dos professores, são as mais debatidas. Os docentes nem sempre focalizam os aspectos centrais dessa problemática, que dizem respeito à carência em sua formação e à falta de clareza sobre o papel da experimentação na aprendizagem dos alunos.
Ainda são muitos os docentes que lecionam, imaginando ser possível comprovar a teoria no laboratório. Uma visão de ciência neutra, que gera no ensino e na aprendizagem uma visão de sujeito isento, reduzindo de forma passiva o que lhe é apresentado. Na medida em que o professor encara a ciência com a visão „do verdadeiro definitivo‟, o aluno, conseqüentemente, vai reproduzir tal visão, apresentando e interiorizando a falsa idéia de que há uma única resposta plausível para qualquer questão que lhe for proposta (AMARAL; SILVA, 2000).
Segundo Laburú (2005),
“também reitera que a universalização de certos experimentos e a prática didática comum se devem mais ao limitado conhecimento profissional dos professores, que se prendem aos livros escolares e à reprodução de práticas didáticas a qual estiveram submetidos em sua formação.”
Diante do exposto o objetivo deste trabalho é mostrar que a experimentação é uma ferramenta eficiente para a construção do conhecimento, estabelecendo uma dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática.
METODOLOGIA
Este trabalho tem como objetivo a aplicação da experimentação em aulas de Ciências Naturais sobre o conteúdo relacionando “Reações Químicas” no 9° ano do Ensino Fundamental. No intuito de avaliar a melhora no desempenho dos alunos após a realização do experimento.
Como parâmetro de análise utilizou-se a verificação e seleção do conteúdo, a escolha do experimento a ser aplicado sobre o tema abordado e a importância da utilização da experimentação em aulas de Ciências. E para obtenção de dados para análise foi aplicado dois questionários, constituídos com perguntas a respeito do conteúdo ministrado nas aulas (teórica e prática), com a intenção de observar o grau de aprendizagem diante da mesma.
A pesquisa foi realizada em uma turma do 9° ano do ensino fundamental da escola pública, E.M.E.I.F Professor Francisco da Silva Nunes, com 32 alunos no turno da tarde, localizada no bairro do Guamá, no município de Belém.
Inicialmente, foi ministrada à turma uma aula teórica referente ao assunto “Reações Químicas”; após a aula aplicou-se um questionário a respeito do conteúdo ministrado na aula, com a intenção de observar o grau de aprendizagem diante apenas da aula teórica; em seguida realizou-se a aplicação de uma aula experimental referente ao assunto estudado na aula teórica e logo depois foi aplicado um segundo questionário com a mesma intenção do aplicado na aula teórica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A experimentação é uma forma de dinamizar e confrontar teoria e prática. “É fundamental que as atividades práticas tenham garantido o espaço de reflexão, desenvolvimento e construção de idéias, ao lado do conhecimento de procedimentos e atitudes” (BRASIL;PCN,1998).
2; 6% 21; 66% 5; 16% 4; 12% Aprender o conteúdo Aprender as fórmulas Associar conteúdo as fórmulas Outras 25; 78% 5; 16% 2; 6% Conceitos de reação química Assunto interessante Não respondeu
Na analise dos questionários aplicados aos alunos foram destacadas as perguntas mais relevantes para o presente trabalho.
No questionário I aplicado após a aula teórica, percebe-se que 21 dos alunos possui dificuldades em aprender as fórmulas, 5 tem em associar conteúdo a fórmulas, 4 responderam outras, alegando não terem dificuldades nas aulas, e apenas 2 possui dificuldades com o conteúdo. APÊNDICE: A
Questão de número 1: Quais suas dificuldades em relação às aulas de Ciências Naturais (Química)?
Gráfico 1- Dificuldades nas aulas de ciências.
A questão de caráter subjetiva foi elaborada com o intuito dos alunos responderem com suas próprias palavras o conceito que têm sobre Reações Químicas.
Percebe-se que 78% dos alunos atribuem um conceito sobre reação química, 16% dizem que a o assunto e interessante, e apenas 6% optou em não responder a pergunta.
Questão de número 2: Qual conceito você tem com relação ao assunto Reações Químicas?
Gráfico 2- Reação Química.
Algumas respostas dos alunos sobre a questão 2:
“reação química nada mais é que a mistura de substâncias com formação de uma nova substância.” (Aluno A)
“reação química e relacionada à composição química de uma ou mais substâncias dando origem a uma nova substância.” (Aluno B)
“o conceito que tenho é que reação química faz parte do cotidiano.” (Aluno C)
“Achei muito interessante o assunto. Reação química é um bom assunto para ser estudar.” (Aluno D)
29; 91% 3; 9% Sim Não 28; 88% 3; 9% 1; 3% Sim Não Não respondeu
Considerando as resposta sobre a participação deles em aulas práticas, percebe-se que a maioria não participou de atividades prática o que equivale a 91% e apenas 9% já participaram de atividades práticas.
Questão de número 8: Você já participou de aulas práticas?
Gráfico 3- Contato dos alunos com atividade experimental.
A ultima questão destacada no questionário aplicado na aula teórica, 94% dos alunos responderam que gostariam de participar de aulas práticas, pois nunca tiveram esse contato, 6% respondeu que não gostariam de participar de atividades praticas, e 3% não responderam.
Questão de número 9: Você gostaria de participar de atividades práticas? Justifique.
Gráfico 4- Interesse dos alunos em terem atividade prática.
No questionário II aplicado na aula experimental, foi feito aos alunos perguntas fechadas e abertas tanto sobre a aula teórica quanto a experimental.
Percebe-se que 47% dos alunos prestaram atenção na aula prática e conseguiram responder a questão associando a teoria com a prática, 44% não conseguiram responder corretamente o que a questão pedia, 6% responderam que não sabiam e 3%optou em não responder.
APÊNDICE: B
Questão de número 4: No experimento „sangue do diabo‟ foi utilizado álcool etílico, amoníaco, água e fenolftaleína! Com base no que aprendeu na aula responda: O que acontece depois de todos os reagentes serem misturados? Porque isso acorre
19; 59% 5; 16% 7; 22% 1; 3% Reagentes -> Produtos Materias -> Reagetes Produtos -> Substância Não respondeu 15; 47% 14; 44% 2; 6% 1; 3% Respondeu corretamente Resposta Vaga Não sabe Não respondeu
Gráfico 5 –Conhecimento Teórico
Baseado no que foi aprendido na aula teórica sobre reação química e exposto novamente na aula prática levando os alunos a relembrarem o que aprenderam na teoria.
Considerando as respostas, percebe-se que 59% conseguiram associar conteúdo e prática, respondendo corretamente que a transformação que ocorre em uma reação química é reagentes → produtos, 22% responderam que a transformação ocorre materiais → reagentes, 16% responderam que ocorre produtos → substâncias e 3% preferiu não responder.
Questão de número 6: Em uma reação química a transformação que ocorre é?
Gráfico 6 – Conhecimento adquirido nas aulas.
Com relação às aulas (teórica e prática) foi questionado dos alunos em qual das atividades eles conseguiram assimilar melhor o assunto. 29 alunos responderam que aprenderam mais com a aula experimental, 2 responderam na aula teórica e 1optou em não responder.
29 2 1 Aula Teórica Aula Prática Não respondeu 29; 91% 2; 6%1; 3% Compreender o assunto Aula interessante Não respondeu
Gráfico 7 – Atividade de melhor percepção.
A ultima questão de caráter subjetivo no intuito dos alunos responderem com suas próprias palavras suas concepções sobre a influência que as aulas práticas têm na construção do conhecimento. 91% dos alunos atribuem à experimentação a compreender melhor o assunto, 6% dizem que as aulas ficam mais interessantes e 3% não responderam. A partir da analise das respostas, verifica-se a visão dos alunos sobre a importância da experimentação nas aulas de ciências.
Questão de número 10: Você considera importante a utilização de atividades práticas no processo de construção de conhecimento? Justifique.
Gráfico 8 – interesse dos alunos pelas aulas experimentais.
Algumas respostas dos alunos sobre a questão 10: “Sim, porque aprendi mais na aula prática.” (Aluno A)
“Sim, porque com experimento fica melhor de entender o assunto.” (Aluno B) “Sim, porque as aulas são mais interessantes.” (Aluno C)
“Sim, porque eu gostei da aula e também eu nunca tinha tido aula prática para entender melhor o assunto.” (Aluno D)
As atividades de ensino precisam criar espaço para que os alunos aprendam a argumentar cientificamente, aprendam a ler e a fazer as respectivas traduções entre as linguagens utilizadas nas Ciências – a falada, a gráfica e a matemática – e aprendam a escrever e a ler textos científicos (WERTHEIN; CUNHA, 2009, p. 77).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experimentação nem sempre é possível ser trabalhar dentro da sala de aula. Este trabalho pode ser limitado quando a escola não possui recursos (espaço físico, materiais), ou mesmo pelo tempo que leva para ser planejado. No entanto, este trabalho visou traçar um quadro geral sobre a experimentação. Procurou-se determinar as várias fases do pensamento científico, ressaltando a contribuição da experimentação como ferramenta para a aprendizagem.
Destacassem em alguns trechos deste trabalho, as discussões a respeito do papel da experimentação no Ensino de Ciências estão longe de um consenso. No entanto, reconhece-se que sua função vai além de comprovar teorias ou simplesmente motivar os alunos. A experimentação deve ser vista como uma atividade problematizadora que leve o aluno a pensar e a refletir sobre o problema em pauta. Nessa perspectiva, o objetivo da investigação aqui trabalhada foi demonstrar que as atividades experimentais podem ir além da mera ilustração da teoria ou da motivação dos estudantes.
Pode-se dizer que a atividade prática escolhida para a realizada em sala causou empolgação, despertou a curiosidade dos alunos, levando-os a participar da aula. Ao possibilitar o contato com o objeto de estudo, percebemos que os alunos puderam aprimorar os conhecimentos científicos já adquiridos. Isto é, elaborar uma atividade que proporcione uma concepção e um interesse preliminar pela tarefa, levando em consideração as idéias que os alunos já possuem colocando-as em questão mediante contra-exemplos, introduzindo novos conceitos e reelaborando os já adquiridos.
Diante disso, conclui-se que o trabalho executado foi de grande importância, pois, trouxe a tona a discussão da instrumentação no ensino de ciências e a introdução de aulas práticas no ensino, já que, ainda existe uma grande dificuldade de inserir esse tipo de atividade no cotidiano escolar, seja por falta de infra-estrutura (já que os experimentos realizados foram feitos com materiais acessíveis), desinteresse dos professores e alunos agravados pela indisciplina, desmistificando assim que a utilização de experimentos é um processo custoso do ponto de vista pessoal e material.
REFERÊNCIAS
AMARAL, L.O.F.; SILVA, A.C. Trabalho Prático: Concepções de Professores sobre as Aulas Experimentais nas Disciplinas de Química Geral. Cadernos de Avaliação, Belo Horizonte, v.1, n.3, p. 130-140. 2000.
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BAZIN, M. Three years of living science in Rio de Janeiro: learning from experience. Scientific Literacy Papers, 67-74, 1987. Brasil, 1998. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:Ciências Naturais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1998. 136p.
LABURÚ, C. E. Seleção de experimentos de física no ensino médio: uma investigação a partir da fala de professores, Revista Investigações em Ensino de Ciências; V10(2), pp. 161-178, 2005; Disponível em: < http://www.if.ufrgs.br/public>. Acesso em: 24 nov. 2014.
ROSITO, B.A. O ensino de Ciências e a experimentação. In: MORAES, R. (org.).
Construtivismo e Ensino de Ciências: Reflexões Epistemológicas e Metodológicas. 2 ed. Porto
SERAFIM, M.C. A Falácia da Dicotomia Teoria-Prática, Revista Espaço Acadêmico, v.7, 2001. Disponível em: < www.espacoacademico.com.br >. Acesso em: 09 dez. 2014.
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SOUZA, J. R. T. Orientações e normas para elaboração de trabalhos acadêmicos Belém: Ed. da UFPA, 2013.
WERTHEIN, J.; Cunha, C. Ensino de ciências e desenvolvimento: o que pensam os cientistas,
Edição 2, Editora UNESCO, 2009.